Apocalipse Adiado: A História das Testemunhas de Jeová (Toronto: University of Toronto Press, 1997, segunda edição) de M. James Penton (1932-), pp. i-xii.

Apocalipse Adiado
A História das Testemunhas de Jeová

SEGUNDA EDIÇÃO

Desde 1876, as Testemunhas de Jeová têm acreditado que estão a viver nos últimos dias do mundo actual. Charles T. Russell, o seu fundador, anunciou aos seus seguidores que os membros da igreja de Cristo seriam arrebatados em 1878, e por volta de 1914 Cristo destruiria as nações e estabeleceria o seu reino na terra. A primeira profecia não se cumpriu, mas o eclodir da Primeira Guerra Mundial deu alguma credibilidade à segunda profecia. Desde esse tempo, as Testemunhas de Jeová têm predito que o mundo acabará 'em breve'. O seu número cresceu para muitos milhões em mais de duzentos países. Elas distribuem um bilião de peças de literatura anualmente e continuam a antecipar o fim do mundo.

O apocalipticismo é o aspecto chave nesta história detalhada, mas existem outros. Como membro de longa data da seita, actualmente expulso, Penton oferece uma visão geral de um movimento religioso notável. O livro está dividido em três partes, cada uma apresentando a história das Testemunhas num contexto diferente: histórico, doutrinal e sociológico. Alguns dos assuntos que ele discute são conhecidos do público em geral, como a oposição da seita ao serviço militar e às transfusões de sangue. Outros envolvem controvérsias internas, incluindo o controlo político da organização e o tratamento da dissensão entre as fileiras.

Penton combinou a visão especial de alguém que está por dentro do movimento com a análise crítica de um observador que agora tem um distanciamento do seu objecto de estudo. Com base nisto, ele criou um estudo profundo de um fenómeno que se expande pelo mundo.

Nesta segunda edição, um posfácio do autor dá-nos uma actualização dos acontecimentos desde que Apocalypse Delayed [Apocalipse Adiado] foi publicado pela primeira vez em 1985. Penton considera mudanças na doutrina, prática e administração em assuntos tais como tratamento médico, educação superior, apóstatas e o apocalipse. Esta edição inclui uma bibliografia revista e aumentada.

M. JAMES PENTON é professor aposentado de história e estudos religiosos, Universidade de Lethbridge, Alberta, Canadá.



APOCALIPSE
ADIADO


A História das
Testemunhas de Jeová

SEGUNDA EDIÇÃO

M. James Penton

UNIVERSITY OF TORONTO PRESS

Toronto Buffalo London


© University of Toronto Press Incorporated 1985, 1997
Publicado em 1985. Segunda Impressão em 1986
Segunda edição 1997
Copyright da tradução portuguesa © 2000-2001 Osarsif. Todos os direitos reservados. https://osarsif.blogspot.com/
Reservados todos os direitos
Toronto Buffalo London
Impresso no Canadá

ISBN 0-8020-7973-3
¥
Impresso em papel sem ácido


Canadian Cataloguing in Publication Data

Penton, M. James, 1932-
Apocalypse delayed : the story of Jehovah's Witnesses

2nd ed.
Includes bibliographical references and index.
ISBN 0-8020-7973-3

I. Jehovah's Witnesses. I. Title.

BX8526.P45 1997 289.9'2 C97-930106-8


A University of Toronto Press agradece a assistência financeira ao seu programa
de publicação concedida pelo Canada Council e pelo Ontario Arts Council.


Para Marilyn -- amiga, camarada,
esposa e irmã em Cristo --
sem a qual este livro
nunca teria sido escrito.


A eternidade parece mais sublime e
benévola se o tempo se torna mais adverso
e mais hostil.

--THOMAS CARLYLE


Índice

ILUSTRAÇÕES  XI
 
TABELAS  XII
 
PREFÁCIO  XIII
 
Introdução  3
 
PRIMEIRA PARTE: HISTÓRIA
 
1 O Começo de um Movimento  13
Charles Russell: Os Anos Iniciais  13
George Storrs  15
Russell e o Objecto e Maneira da Volta de Cristo  17
Dr. Nelson H. Barbour e os Três Mundos  18
Cismas Iniciais: 1878 e 1881  22
O Ministério Independente de Russell  24
A Associação dos Estudantes da Bíblia  29
Russell como o Servo Fiel e Sábio  33
As Tribulações Maritais de Russell  35
O Cisma do Novo Pacto  40
Adversários Externos de Russell  42
Últimos Anos e Morte de Russell  44
 
2 A Criação de uma Teocracia  47
Joseph Franklin Rutherford  47
O Cisma da Watch Tower de 1917  48
Os Estudantes da Bíblia e a Primeira Guerra Mundial  55
Reorganização no Pós-Guerra  56
Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão  57
O Ministério de Rutherford  58
Congressos  58
O Poder Crescente de Rutherford  59
O Novo Nome  62
O Desenvolvimento do Governo Teocrático  62
Alienação Social Crescente  65
O Crescimento da Comunidade dos Estudantes da Bíblia/Testemunhas  68
A Vindicação do Nome de Jeová  69
O Ataque à Religião  70
A Grande Multidão  71
Vida Pessoal e Últimos Dias de Rutherford  72
Morte e Legado de Rutherford  74
 
3 A Era de Expansão Global  77
Os Sucessores de Rutherford  77
O Caso Olin Moyle  80
A Remodelação da Comunidade das Testemunhas  83
O Crescimento da Comunidade das Testemunhas  84
As Assembleias do Novo Mundo  86
Lutando Pela Liberdade de Adoração  88
Comissões Congregacionais e Desassociação  89
Uma Desaceleração no Crescimento  91
Mantenham-se Vivos Até 1975  91
Liberalização Organizacional e Congregacional  96
 
4 Fracasso Profético, Reacção e Rebelião  99
Resposta ao Fracasso Profético  99
O Ataque aos Intelectuais  103
Fechando as Portas do Céu  108
Vacilações Doutrinais  109
O Crescimento da Dissensão  117
As Testemunhas de Jeová Hoje  123
 
5 Relações com o Mundo  127
Atitudes em Relação a Outras Religiões  127
Perseguição Religiosa  130
A Natureza da Propaganda Anti-Testemunhas  133
A Acusação de Sedição  135
As Concepções das Testemunhas Sobre as Relações com o Estado  138
Oposição à Pregação  141
Serviço Militar  142
Exercícios Patrióticos e Neutralidade Política  143
Perseguição Marxista  146
Compromissos das Testemunhas com o Mundo  146
Atitudes Sociais Gerais  151
Transfusões de Sangue  153
Separação e Preocupações Sociais  154
 
SEGUNDA PARTE: CONCEITOS E DOUTRINA
 
6 Base da Autoridade Doutrinal  159
O Escravo Fiel e Discreto  159
Revelação Progressiva  165
Teologia Natural e a Bíblia  171
Interpretação Bíblica  176
Filosofia da História  179
 
7 Doutrinas Principais  184
Teologia  184
Cristologia e Soteriologia  185
Relacionamentos Pactuados  187
Criaturas Espirituais  189
A Natureza do Homem  190
Baptismo e a Ceia do Senhor  191
A Igreja  193
A Grande Multidão  194
Criação  196
Cronologia Bíblia e Profecias Escatológicas  197
A Ressurreição  201
A Santidade da Vida e do Sangue  202
O Trabalho de Pregação  206
 
TERCEIRA PARTE: ORGANIZAÇÃO E COMUNIDADE
 
8 Estrutura Organizacional  211
A Hierarquia das Testemunhas  211
O Presidente da Watch Tower Society  214
O Corpo Governante  216
Comissões do Corpo Governante  220
A Sede Mundial  221
As Corporações Legais  227
Riqueza da Watch Tower  229
Literatura da Watch Tower  231
Superintendentes de Distrito e de Circuito  233
Filiais  236
Anciãos e Servos Ministeriais  237
Pioneiros  239
Reuniões Congregacionais  241
Evangelismo  242
Controlos Organizacionais Formais  245
Controlos Informais  249
Eficiência Organizacional  251
 
9 A Comunidade das Testemunhas  253
Membros, Recrutamento e Conversão  253
Sexo, Casamento e a Família  261
Educação  270
Entretenimento, as Artes e a Literatura  274
Valores Morais e Relacionamentos Sociais  279
Comportamento Moral  283
Atitudes Étnicas e Raciais  284
A Saúde Mental das Testemunhas  288
Zelo Decrescente  292
Dissonância e Dissensão  295
Resposta à Dissensão  297
Os Efeitos da Política da Watch Tower  300
A Instabilidade e Conservadorismo das Testemunhas  302
 
Conclusão  303
 
As Testemunhas de Jeová desde 1985: Um Posfácio  307
 
NOTAS  337
 
BIBLIOGRAFIA  399
 
ÍNDICE  425


Ilustrações

  • A Tabela das Eras de Russell  28
  • Assistência dos Estudantes da Bíblia ao Memorial 1917-28  61
  • O Ano de Resgate de Jeová -- Um calendário proposto pelas Testemunhas de Jeová  67
  • Auge de publicadores activos 1928-58  92
  • Auge de publicadores activos 1959-82  92
  • Assistência ao Memorial 1928-58  93
  • Assistência ao Memorial 1959-82  93
  • Anti-Catolicismo típico da Watch Tower Society  128
  • A perspectiva das Testemunhas sobre a sua perseguição na Europa  132
  • A perspectiva da Watch Tower sobre Franklin Roosevelt e o Novo Pacto nos Estados Unidos  137
  • Uma 'conspiração' contra as Testemunhas de Jeová na questão da saudação à bandeira  144
  • A ressurreição terrestre  200
  • O conceito da Sentinela sobre um ministro do evangelho  207
  • Vestimenta bem aprumada e boa apresentação beneficiam os ministros cristãos  208
  • O diagrama idealizado da Sentinela sobre o governo teocrático das Testemunhas de Jeová  212
  • A estrutura organizacional das Testemunhas de Jeová  213
  • Vias de mobilidade organizacional ascendente entre as Testemunhas de Jeová  240
  • O Sagrado Matrimónio -- a conceito da The Golden Age sobre a natureza do matrimónio  263
  • O trovador honesto -- o conceito da The Golden Age sobre a natureza da música romântica  264
  • Imbecilidade -- a perspectiva da Watch Tower sobre a educação superior  272
  • Média e auge de publicadores, 1986-95  308
  • Número de baptizados, 1986-95  309
  • Assistência ao Memorial, 1986-95  310
  • Percentagem de crescimento de publicadores activos em países desenvolvidos e mundialmente, 1986-95  313

Tabelas

  1. Crescimento mundial das Testemunhas de Jeová, 1942-77  84
  2. Crescimento mundial das Testemunhas de Jeová, 1968-76  96
  3. Rácio entre pioneiros e publicadores das congregações, 1950-80  292
  4. Auge de publicadores e assistência ao Memorial, 1950-80  293
  5. Percentagem de crescimento de publicadores em países desenvolvidos, 1986-95  312

Apocalipse Adiado: A História das Testemunhas de Jeová (Toronto: University of Toronto Press, 1997, segunda edição) de M. James Penton (1932-), pp. xiii-xxviii, pp. 1-2.

Prefácio

M. James Penton


O prefácio de um autor não devia ser uma apologia pro vita sua, mas este tem de o ser, pelo menos em parte. O motivo é que há uns oito anos eu escrevi o livro Jehovah's Witnesses in Canada: Champions of Freedom and Worship [Testemunhas de Jeová no Canadá: Campeões da Liberdade e da Adoração], uma obra que é muito diferente do presente volume no tom. Consequentemente, é devida alguma explicação àqueles leitores que se podem interrogar por que é que nesse livro eu apresento uma visão muito favorável sobre as Testemunhas e neste apresento uma visão muito mais crítica.

Os factos são os seguintes: O meu bisavô, Henry Penton, tornou-se num Estudante da Bíblia, nome pelo qual as Testemunhas de Jeová eram então conhecidas, por volta de 1900. Pouco tempo depois, a minha avó, Margaret Thomas Penton, também se converteu; e depois, através dela, todos os membros da minha família imediata se tornaram Testemunhas de Jeová. Em resultado disso, os meus avós e pais sofreram muito durante as duas guerras como membros de uma religião que, no Canadá, estava sob restrição governamental durante a Primeira Guerra Mundial e sob proscrição definitiva durante a Segunda Guerra Mundial. Assim, cresci num lar de Testemunhas e senti pessoalmente muitos dos eventos que descrevo em Jehovah's Witnesses in Canada e também no presente estudo.

Ao longo dos anos, servi em muitas capacidades em congregações das Testemunhas de Jeová nos Estados Unidos, Porto Rico e Canadá. Entre 1973 e 1979 fui ancião das Testemunhas na comunidade onde tenho actualmente o meu lar, Lethbridge, Alberta [Canadá]. Portanto é muito natural que eu decidisse escrever um livro sobre as Testemunhas no Canadá e, em particular, sobre a sua longa luta pela liberdade religiosa sob a lei canadiana.

Conforme penso ter demonstrado em Jehovah's Witnesses in Canada, a comunidade das Testemunhas teve um impacto muito importante na lei canadiana, facto também reconhecido por membros dos meios jurídicos canadenses tão conhecidos como o falecido Jean-Charles Bonenfant, Walter Tarnopolsky e Thomas Burger. No que diz respeito à sociedade em geral, elas foram definitivamente 'campeões da liberdade de expressão e de adoração'. Além disso, enquanto minoria oprimida, por vezes elas estavam sinceramente preocupadas com as liberdades civis e direitos de outros. Mas nesse estudo anterior, eu não discuti outra faceta das Testemunhas de Jeová -- o facto de em muitos sentidos elas se parecerem com os Puritanos Ingleses e da Nova Inglaterra do século dezassete que, ao mesmo tempo que estavam dispostos a lutar contra as tiranias de uma igreja estabelecida e de um rei despótico no nome da liberdade cristã, estavam igualmente dispostos a ser tirânicos para com dissidentes nas suas próprias fileiras.

A seguir à publicação de Jehovah's Witnesses in Canada, o Professor Herbert Richardson do St Michael's College da University of Toronto instou comigo para que realizasse um estudo que serviria como perspectiva geral da história, doutrina e comunidade das Testemunhas. Contudo, à medida que comecei a investigar a história do movimento nos Estados Unidos de um modo que não tinha feito previamente, fiquei com cada vez mais dúvidas sobre as alegações tradicionais das Testemunhas no que diz respeito à autoridade espiritual. Além disso, tomei conhecimento dos estudos que estavam sendo feitos por alguns académicos Testemunhas, como Richard Rawe, de Salt Lake, Washington; Jerry Bergman, de Bowling Green, Ohio; e Carl Olof Jonsson, de Partille, Suécia. Todos eles estavam a descobrir informações que tornavam certos aspectos da doutrina das Testemunhas inacreditáveis para muitos de nós que trabalhávamos no campo.

Ainda assim, tal como esses homens e muitos outros -- que, praticamente sem excepção, foram excomungados ou renunciaram às Testemunhas de Jeová -- eu estava muito relutante a deixar a comunidade na qual fora criado. Com o passar do tempo não tive alternativa. À medida que eu viajava por todo o Canadá e Estados Unidos fazendo a minha investigação, fui-me apercebendo cada vez mais das severas punições a que Testemunhas individuais estavam sendo sujeitas em todo o lado pelos seus líderes quando diferiam de algum modo das doutrinas ou políticas organizacionais oficiais, ou até quando pessoalmente incorriam no desfavor de alguém em posição de autoridade na organização. Em resultado disso, viajei para a sede mundial das Testemunhas de Jeová em Brooklyn, Nova Iorque, no Verão de 1979, simultaneamente para continuar a minha investigação e para expressar um sentimento de preocupação e frustração sobre o que estava a ocorrer no interior da comunidade das Testemunhas a Raymond Franz, que nessa altura era membro do corpo governante das Testemunhas de Jeová e homem que eu conhecera pela primeira vez e aprendera a respeitar enquanto ensinava na University of Puerto Rico, em 1959.

A minha deslocação a Brooklyn foi desoladora. Embora todos os que encontrei na sede de Brooklyn fossem basicamente leais ao movimento, havia muitos que, tal como eu, acreditavam que as Testemunhas de Jeová precisavam de passar por uma reforma ou, no mínimo, uma renovação espiritual. Porém, o corpo governante não parecia estar preparado para escutar qualquer conselho do exterior. Raymond Franz admitiu que tinha conhecimento de muitos dos problemas sérios que eu descrevi, mas ele pediu-me para ser paciente. No entanto, isso era algo que eu já não podia fazer de boa consciência. Consequentemente, depois de regressar a casa, em Agosto de 1979, decidi expressar por escrito para a liderança das Testemunhas como um todo as minhas preocupações e críticas sobre o que estava a ocorrer na comunidade das Testemunhas em geral -- decisão que, depois de um ano de grande labuta pessoal, levou à minha desassociação pública ou excomunhão das Testemunhas de Jeová, sob acusações equivalentes a heresia.

Estes acontecimentos levaram-me a parar a minha investigação e escrita durante algum tempo. Além de achar necessário continuar a minha própria reorientação espiritual em desenvolvimento e dar muito tempo e atenção a muitos outros que foram forçados a deixar a comunidade das Testemunhas quando ficaram comigo, senti que devia deixar passar algum tempo antes de completar o presente trabalho. Dessa forma, eu esperava poder recuperar alguma da objectividade que inevitavelmente se perde durante um período de grande crise espiritual. Com o passar do tempo, contudo, peguei na minha caneta e completei Apocalypse Delayed: The Story of Jehovah's Witnesses [Apocalipse Adiado: A História das Testemunhas de Jeová].

Os meus leitores decidirão se consegui ser justo e razoavelmente objectivo na minha apresentação. No entanto, há alguns pontos que gostaria de salientar. Ao apresentar a informação, tentei documentar as minhas declarações escrupulosamente. Quando alguma informação específica que apresento não é adequadamente documentada ou não é do conhecimento público, tentei sempre classificá-la como rumor. No que diz respeito ao tratamento das doutrinas das Testemunhas, evitei tomar uma posição definitiva, excepto onde pode ser demonstrado que estas doutrinas são certas ou erradas, historicamente, empiricamente ou logicamente. Não é da responsabilidade de um historiador, que é o que sou em primeiro lugar, argumentar a partir de uma posição doutrinal particular. A questão de saber se as doutrinas das Testemunhas são 'ortodoxas' ou 'heterodoxas' de um ponto de vista religioso é pouco relevante para um historiador enquanto tal. No entanto, também não tenho que apresentar uma apologia devido ao facto de fazer o que espero que sejam avaliações com conhecimento de causa derivado tanto da minha própria experiência como da minha investigação. Isto não é só o meu direito; é o meu dever.

É necessário dizer algumas palavras sobre a organização de Apocalipse Adiado. Conforme se pode constatar, está dividido em três partes: a primeira, histórica; a segunda, conceptual e doutrinal; a terceira, sociológica e psicológica. Esta estrutura, é claro, foi adoptada com um propósito especial. Estudos anteriores sobre as Testemunhas de Jeová usaram os mesmos géneros académicos, mas geralmente misturaram-nos de tal modo que é difícil distinguir a abordagem em qualquer momento específico. Portanto, para evitar este problema, tentei separar discretamente os vários géneros disciplinares que usei ao examinar as Testemunhas de Jeová.

Naturalmente, tenho uma grande dívida para com aqueles que estudaram as Testemunhas de Jeová antes de mim. Em particular, aprendi muito da perspicácia de homens como William Cumberland, Joseph Zygmunt, Alan Rogerson, James Beckford, Melvin Curry, Gérard Hébert, Quirinus Munters, Bryan Wilson e muitos outros que examinaram as Testemunhas de um ponto de vista académico, em vez de apologético ou polémico. Acima e para além destes, porém, baseei-me muito no excelente estudo de Timothy White, A People for His Name [Um Povo para o Seu Nome].

Como todos os acima citados, excepto Cumberland, Hébert e White, são sociólogos profissionais, baseei-me muito nos seus trabalhos, especialmente nos capítulos 8 e 9, sobre organização e comunidade. Embora tenha tentado desenvolver algumas perspectivas novas nesses capítulos, baseado tanto em estudos académicos como no meu conhecimento em primeira mão sobre as Testemunhas de Jeová, não tentei criar quaisquer teorias sociológicas novas ou profundas. Penso que isso deve ser feito -- se é que há de ser feito -- por alguém com capacidades como cientista social muito maiores do que as que tenho ou alguma vez terei. Ainda assim, espero que alguma da informação que providenciei na terceira secção de Apocalipse Adiado possa ser útil a cientistas sociais bem como a pessoas leigas interessadas.

Pela ajuda que me deram em obter informação nova e significativa, devo muito a Richard Rawe, Jerry Bergman, Heather e Gary Botting, Jacques Dupond, Edward Dunlap, Dwane Magnani, Carl Prosser, Willy Holiday e James Parkinson. Contudo, a minha maior dívida de apreço neste assunto é para com Carl Olof Jonsson e Raymond Franz, que foram ambos muito generosos em providenciar informação que só eles possuíam. Raymond Franz também me ajudou muito na leitura de uma versão preliminar deste trabalho para verificar a exactidão, bem como Peter Gregerson e John Poole. Os meus colegas James Tagg, Dean Frease, e Reginald Bibby examinaram a versão preliminar de um ponto de vista académico e o Professor Bibby em particular fez várias sugestões importantes para ajudar a melhorá-la. Outros que merecem menção pela sua ajuda são Herbert Richardson, Moses Crouse, James Beverley, e Edward Orchard e Bahir Bilgin, que deram assistência importante traduzindo materiais de línguas que não domino.

Recebi muita ajuda em obter materiais de pesquisa da University of Lethbridge. Alguns anos atrás a universidade concedeu-me uma bolsa que me permitiu comprar cerca de 1.800 dólares de fontes primárias sobre os Adventistas, Estudantes da Bíblia e Testemunhas de Jeová. Desde então, também tem providenciado outras bolsas pequenas mas muito úteis e recentemente ajudou-me na obtenção uma bolsa do Social Sciences and Humanities Research Council of Canada para a preparação final do meu manuscrito. Mas não é só à universidade que quero expressar os meus agradecimentos; várias pessoas de lá deram-me ajuda especial na preparação do texto de Apocalipse Adiado. Estas incluem Owen Holmes, Lawrence Hoye, Phil Connolly, Ian Newbould, Ellie Boumans, Leanne Wehlage, Lana Cooke, Kerry Bullock e Stan Devitt. Lisa Atkinson ajudou em editar, e a dactilografia final do manuscrito foi feita por Charlene Sawatsky e Evelyn Harris.

Na University of Toronto Press, desejo agradecer a Virgil Duff pelo seu apoio constante e Beverley Beetham-Endersby pelos muitos melhoramentos editoriais que ela fez neste trabalho. Foi um prazer trabalhar com ambos.

Também estou grato tanto ao Social Sciences and Humanities Research Council of Canada como à Canadian Federation for the Humanities. Em particular, agrada-me dizer que este livro foi publicado com a ajuda de uma bolsa da Canadian Federation for the Humanities, usando fundos providenciados pelo Sciences and Humanities Research Council of Canada. Também recebi assistência do Publications Fund of the University of Toronto Press.

Acima de tudo, estou em dívida para com o meu filho David, que me ajudou com muitas sugestões sobre assuntos de estatística em várias partes deste livro, e à minha amorosa esposa, Marilyn. Sem a sua ajuda constante, Apocalipse Adiado nunca teria visto a luz do dia.

M. JAMES PENTON
The University of Lethbridge
Lethbridge, Alberta [Canadá]
Julho de 1984


[imagem]
Nelson H. Barbour. Desenho a tinta por Otto Rapp, baseado num original do século XIX.

[imagem]
Charles T. Russell, aos 27 anos
The Watch Tower Reprints, vol. I (1919)


Charles e Maria Russell, c. 1890
The Jerry Bergman collection

[imagem]
John Paton
The Jerry Bergman collection

[imagem]
J. F. Rutherford
The M. James Penton collection

[imagem]
Leo Greenlees, W. Glen How, Nathan H. Knorr, Percy Chapman -- Montreal 1947
The M. James Penton collection

[imagem]
Betel, Brooklyn, Nova Iorque
Postal da Torre de Vigia (1958)

[imagem]
A maior gráfica ou "fábrica" da Sociedade Torre de Vigia, Brooklyn, Nova Iorque
Postal da Torre de Vigia (1958)


Frederick W. Franz
The Raymond V. Franz collection


Raymond V. Franz
The Raymond V. Franz collection


Uma perspectiva dissidente sobre um ataque a uma das principais doutrinas da Torre de Vigia


APOCALIPSE ADIADO

Salvo indicação em contrário, todas as citações bíblicas são da
Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas


Apocalipse Adiado: A História das Testemunhas de Jeová (Toronto: University of Toronto Press, 1997, segunda edição) de M. James Penton (1932-), pp. 3-10.

Introdução

M. James Penton


A comunidade religiosa agora conhecida como Testemunhas de Jeová originalmente desenvolveu-se até se tornar numa seita separada na década de 1870 e assim tem permanecido desde então. H. Richard Niebuhr em 1929 supôs que uma seita, confrontada com sucesso crescente, mobilidade social ascendente dos seus membros e reconciliação com o mundo, tornar-se-ia quase automaticamente numa denominação -- uma seita rotinizada e acomodada.1 Contudo, isto não aconteceu com as Testemunhas, como tem sido reconhecido por sociólogos da religião tão conhecidos como Bryan Wilson e Thomas O'Dae. Em vez disso, as Testemunhas de Jeová tornaram-se numa 'seita estabelecida',2 que embora rotinizada, ainda é hostil à sociedade em geral.

O factor motivador por detrás do seu desenvolvimento como seita e da sua insistência em permanecer como tal -- um movimento religioso alienado do mundo que afirma ser o único portador da 'verdade' -- tem sido a sua peculiar escatologia milenarista. Melvin Curry escreveu recentemente: 'De facto, podemos dizer apropriadamente que o milenarismo tem sido o factor determinante em muitas mudanças doutrinais e organizacionais entre as Testemunhas de Jeová.'3 Porém, mesmo no reconhecimento desse facto, Curry não foi suficientemente longe. Deve ser dito que, se não fosse a sua escatologia milenarista nas suas várias formas, as Testemunhas de Jeová não teriam crescido até se tornarem no grande movimento sectário mundial que são agora, nem manifestariam as peculiares características organizacionais e sociológicas que têm agora.

Nenhum outro movimento sectário cristão têm sido tão insistente em profetizar o fim do mundo actual de um modo tão definitivo em datas tão específicas como as Testemunhas de Jeová, pelo menos desde os Milleritas e os adeptos do Segundo Adventismo do século XIX, que foram os predecessores milenaristas directos das Testemunhas. Durante os anos iniciais da sua história, eles encararam datas específicas -- 1874, 1878, 1881, 1910, 1914, 1918, 1920, 1925, e outras -- como tendo um significado escatológico definido. Charles Taze Russell, o seu fundador, organizador e primeiro presidente da Watch Tower Society (a sociedade legal primária deles), acreditava originalmente que 1874 tinha marcado o início da 'presença invisível' de Cristo, que 1878 e depois 1881 veriam a 'mudança' dos membros da igreja de corpos carnais para corpos espirituais, e que 1910 presenciaria o início dos problemas globais que levariam ao fim do mundo -- um evento que ocorreria em 1914. Quando estas profecias falharam, tiveram de ser reinterpretadas, espiritualizadas ou, em alguns casos, completamente abandonadas.4 Porém, isto não dissuadiu Russell nem os seus seguidores de estabelecer novas datas, ou de simplesmente proclamar que o fim deste mundo ou sistema de coisas estava apenas a poucos anos ou talvez mesmo meses de distância. Como Melvin Curry apropriadamente observa: 'A cronologia bíblica é a massa de farinha dos milenaristas. Pode ser esticada para se adaptar a qualquer tabela cronológica que se precise, ou pode ser reduzida a uma massa de datas e números sem significado de modo que predições futuras possam ser modeladas a partir da massa inicial.'5 Assim, durante mais de um século, o tema constante dos Estudantes da Bíblia--Testemunhas de Jeová tem sido: 'O fim está próximo; Cristo revelar-se-á em breve para trazer destruição sobre as nações e sobre todos os que se opõem ao seu reino messiânico.'

É evidente que o apocalipse não veio quando os Estudantes da Bíblia--Testemunhas esperavam; de facto, tem sido adiado vez após vez. No entanto, paradoxalmente, esse facto tem sido tanto um trunfo como uma fraqueza. É verdade que houve grande desapontamento e alguma 'peneiração' de membros quando falharam profecias que envolviam datas específicas. Mas, tal como os adeptos do Segundo Adventismo antes deles, os líderes dos Estudantes da Bíblia--Testemunhas sempre têm argumentado que a 'coisa [ou coisas] erradas tinham ocorrido no tempo certo.' Apesar de tudo, eles têm defendido que o seu plano de salvação e tabelas cronológicas para o fim deste mundo e para a aurora do próximo têm estado correctas, ou pelo menos aproximadamente correctas. Por isso Deus na realidade tem-lhes dado 'nova luz', 'verdade actual' e tem-nos favorecido e àqueles que os escutam de um modo especial. Se, por conseguinte, alguém quer ter a aprovação de Deus, tem de estar em associação próxima com aqueles que conhecem verdadeiramente o significado do plano divino -- o 'canal' ou 'organização' de Deus -- e, por definição, com aqueles que a dirigem.

Esse apelo a um conhecimento especial, uma espécie de gnosticismo, tem sido comum a vários grupos dentro do Judaísmo, Cristandade, e Islão durante séculos. Basta que nos lembremos dos exemplos de messias cabalísticos como Abraham Abulafia, Solomon Molka, e Sabbatai Zevi dentro do Judaísmo, os Montanistas, os Anabaptistas de Münster, os Homens da Quinta Monarquia, os Milleritas, os Adventistas, os Mórmons, e outros do Cristianismo; e a tradição Mahdista dentro do Islão, para vermos como isso tem ocorrido. Além disso, é relativamente fácil reconhecer que tais movimentos surgiram a partir das tradições histórico-proféticas das grandes religiões monoteístas do Médio-Oriente cujas cosmologias são tão diferentes daquelas das grandes religiões orientais. Pois se, conforme essas grandes religiões monoteístas ensinam, a história se está realmente a encaminhar para algum lado e tem algum propósito último, então é importante saber porquê, como, onde e quando. Por isso, se alguém sabe as respostas a estas questões, pode alegar que tem conhecimento e autoridade especiais.

Líderes e movimentos religiosos não são os únicos que fizeram alegações equivalentes a autoridade 'profética'; alguns movimentos seculares também o fizeram. Marx e os seus seguidores fizeram-no certamente com a sua doutrina do determinismo histórico e, em menor grau, os movimentos Fascistas fizeram o mesmo. A dialéctica Hegeliana, que é fundamental para o 'socialismo científico', tem as suas raízes no conceito Judeo-Cristão da progressão linear na história, e o sonho de Hitler de um 'Reich de mil anos' foi plagiarizado do apocalipticismo Judeu, do livro de Revelação e dos ensinos dos primeiros Pais da igreja Cristã. Assim, num sentido muito real, tanto o Marxismo como o Fascismo são movimentos quase religiosos cujos líderes tiveram pretensões de autoridade quase religiosas ou 'proféticas'.

As pretensões de tais 'movimentos proféticos' -- e todos os discutidos acima foram-no ou são-no -- muitas vezes levam a algum género de totalitarismo. Afinal, duvidar dos que alegam possuir a verdade com um 'V' maiúsculo é fazer de si mesmo inimigo de 'Deus', da 'luz', da 'revelação', da 'história', do 'povo', da 'nação', ou de qualquer outra coisa que esteja a ser usada como base para a autoridade do líder ou líderes proféticos. Por isso as pessoas têm de adoptar uma posição: Têm de ser a favor da liderança ou contra ela; têm de ser ou filhos da luz ou filhos da escuridão. Assim, à medida que esses movimentos proféticos se desenvolveram, tornaram-se insistentes em guiar, dirigir e disciplinar os seus próprios aderentes e em manter uma atitude de alienação em relação ao mundo exterior.

Foi exactamente isto que aconteceu às Testemunhas de Jeová. Nos seus anos formativos, o movimento dos Estudantes da Bíblia, como as Testemunhas eram então chamadas, era bastante 'liberal' no sentido em que acreditava que outros Cristãos -- em particular vários Protestantes -- eram parte da igreja de Cristo e podiam ganhar a salvação. Todavia, com o passar do tempo, Russell e os seus seguidores ficaram persuadidos de que ele tinha um papel especial: ele é que era 'aquele servo' mencionado em Mateus 24:45-47, que devia providenciar 'alimento no tempo apropriado' para a casa da fé. Consequentemente, por volta da primeira década do século XX, ele começou a encorajar o seu rebanho a realizar Estudos da Bíblia direccionados ou Bereanos, em vez de um estudo livre da Bíblia, e em 1910 asseverou que os seus Studies in the Scriptures [Estudos das Escrituras] eram praticamente a Bíblia em forma de tópicos.6 No entanto, Russell tentava sempre persuadir os seus seguidores em vez de os obrigar. Assim, ficou para o seu sucessor, o Juiz Joseph F. Rutherford, a tarefa de metamorfosear os Estudantes da Bíblia, governados congregacionalmente, nas Testemunhas de Jeová altamente estruturadas, governadas 'teocraticamente', entre os anos 1917 e 1938. O que Leon Trotsky declarou sobre o partido Comunista sob Lenin foi praticamente o que aconteceu às Testemunhas sob Rutherford.7 Eles evoluíram de um movimento com uma base de apoio bastante ampla, democraticamente governado, para um movimento governado por um único homem, um ditador. Por isso, não surpreende que pelo menos um estudioso das Testemunhas de Jeová na era pós-Rutherford, Werner Cohn, as tenha comparado a vários movimentos totalitários.

Escrevendo há mais de vinte e cinco anos em The American Scholar [O Erudito Americano], Cohn declarou que através de um estudo detalhado das Testemunhas de Jeová, ele estava em condições de as colocar na mesma categoria sociológica 'proletária' de várias seitas religiosas radicais, do movimento tradicional da juventude alemã (o Wandervögel), de vários grupos de juventude Sionistas, e dos Nazis e comunistas.8 Ao declarar isto, ele queria dizer que as Testemunhas de Jeová são um grupo socialmente separado que tem um sentimento de alienação em relação às sociedades mais amplas em que vivem. No entanto, além de as classificar ele examinou e analisou a escatologia milenar básica e as visões utópicas que sublinham a natureza da sua comunidade e, através desse exame e análise, explicou a natureza do seu sistema de 'governo teocrático' virtualmente totalitário. Cohn diz:

A forma de cebola [do governo] das Testemunhas de Jeová é quase um duplicado exacto da [forma de governo] dos totalitários. Há o líder e a elite que o rodeia; há várias classes de oficiais de campo e várias classes de membros das fileiras. Algumas destas classes são reconhecidas institucionalmente -- há 'pioneiros', 'pioneiros especiais' e 'publicadores da companhia' (o escalão mais baixo) -- embora o sistema de estratificação como um todo não esteja institucionalizado nem seja completamente estável. Recordemos que embora existissem vários estratos oficiais de membros nazis -- as S.A., as S.S. e as suas várias formações especiais, entre muitos outros -- o sistema de estratificação dos Nazis como um todo dependia das posições momentâneas relativas do partido, da polícia do Estado e do exército, bem como de uma identificação com uma clique pessoal. O arranjo das Testemunhas é similar.9

A análise de Cohn é indubitavelmente válida embora possa parecer demasiado severa para o leitor que conhece as Testemunhas de Jeová como 'pessoas pacíficas e bons vizinhos'. No entanto, se ele tivesse pintado a sua imagem de forma mais ampla, talvez a sua análise não parecesse tão áspera. Pois será que o sectarismo, o exclusivismo e o totalitarismo não têm eles próprios frequentemente as suas raízes nas grandes tradições monoteístas do passado e do presente? Não é o conceito da raça escolhida, do Judaísmo, basicamente sectário? Não era o Cristianismo primitivo um culto até à crucificação de Cristo e uma seita até ao tempo do Imperador Constantino? Também, será que a primitiva liderança colectiva sob os apóstolos e anciãos da igreja não evoluiu muito rapidamente para o papel de bispos monárquicos? No tempo da Reforma, não estavam os Católicos, os Calvinistas, os Anglicanos e por fim até os mais benignos Luteranos, dispostos a executar os hereges? E, muitas vezes, será que a doutrina extra ecclesiam nulla salus, conforme expressa em dezenas de formas diferentes, não significava lealdade à liderança, clero, hierarquia ou seja lá o que for, de um culto, seita ou até de uma grande igreja como a de Roma? Assim, o que Cohn diz sobre das Testemunhas de Jeová poderia ser dito sobre muitos movimentos religiosos e políticos organizados do ocidente. Mas isso não desvirtua a correcção da sua análise; só a coloca num enquadramento histórico mais amplo.

Porém, há um aspecto importante em que as Testemunhas de Jeová são únicas; elas têm pregado o milenarismo há mais tempo e mais consistentemente do que qualquer outro grande movimento sectário do mundo moderno. O milenarismo tem sido um fenómeno comum a muitos movimentos ao longo dos séculos, mas pelo menos na sua forma puramente religiosa, teve em geral de ser relegado para um plano inferior, espiritualizado, ou abandonado dentro de pouco tempo. Por volta do segundo século da era cristã, a igreja já estava avançando na direcção de abandonar a excitação milenarista do primeiro século. Milenaristas extremos, como Papias e os Montanistas, tornaram-se num embaraço para cristãos sóbrios,10 e na parte oriental do Império Romano até o livro de Revelação caiu em disputa entre os membros da igreja durante algum tempo. Novamente, quando o milenarismo ganhou alguma popularidade durante a alta Idade Média, durante a Reforma e no século XVII, raramente ou nunca se tornou num conceito doutrinal importante que tenha sido defendido durante mais de uma geração; e quando isso aconteceu, geralmente a segunda vinda de Cristo e o milénio foram preditos para algum ponto no futuro distante.11 Assim, o padrão normal tem sido os movimentos milenaristas renderem-se, ignorarem ou modificarem significativamente os seus ensinos milenaristas -- como aconteceu com os Adventistas do Sétimo Dia, os Santos dos Últimos Dias e muitos fundamentalistas -- ou tornarem-se muito isolados da sociedade -- algo que ocorreu com os Cristadelfos. Surpreendentemente, isto não aconteceu às Testemunhas de Jeová que, apesar de muitos fracassos proféticos durante mais de um século, continuaram a pregar a proximidade do milénio e cresceram até se tornarem um movimento com cerca de 2,7 milhões de membros activos e vários milhões de aderentes adicionais por todo o mundo.

As Testemunhas estabeleceram um império de impressão e edição altamente sofisticado, desenvolveram um programam missionário mundial e uma organização hierárquica altamente estruturada para governar a sua comunidade, sendo tudo isto feito através da sua principal associação legal, a Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania. Apesar do seu espírito sectário, elas também tiveram um profundo impacto em muitas das sociedades em que têm vivido, em particular nas do mundo de língua inglesa. Sobretudo nos Estados Unidos e no Canadá, elas têm tido uma grande influência na lei constitucional e têm feito muito para ampliar direitos civis em áreas como a liberdade de expressão, adoração e imprensa. Elas também têm feito muito para obrigar muitos países a levar os objectores de consciência mais a sério do que no passado.12 E, finalmente, elas têm servido simultaneamente como críticos do exercício da profissão médica e cobaias para a medicina em resultado da sua recusa em aceitar transfusões de sangue. Assim, a sua história, doutrinas, comunidade e os seus problemas actuais têm um significado que poucos movimentos sectários similares têm hoje.

A história das Testemunhas de Jeová não é inteiramente uma história de sucesso. Em anos recentes, o tempo e a história parecem tê-las apanhado. Elas já não se podem gabar, como fizeram tanto na década de 1950 como na de 1970, dizendo que eram a religião cristã que crescia mais rapidamente; e nem podem dizer que são uma comunidade unida. Hoje elas são dilaceradas por cismas pequenos mas significativos e estão sendo analisadas e criticadas por ex-membros como nunca antes na sua história.

Em muitos sentidos, as Testemunhas tornaram-se fossilizadas. Já há muitas décadas elas têm seguido as mesmas técnicas missionárias com poucos ajustes que contemplem as mudanças sociais ou tecnológicas. Elas tornaram-se cada vez mais hostis a novos desenvolvimentos intelectuais, ao mundo intelectual e a intelectuais com uma mentalidade independente dentro das suas próprias fileiras. E, o que é ainda mais significativo, a sua liderança tornou-se uma casta que se auto perpetua e que se recusa a abrir-se a criticismo novo e construtivo de praticamente qualquer tipo.

A seriedade desta situação é revelada nos acontecimentos que se abateram sobre as Testemunhas desde 1975. Antes dessa data, durante um período de nove anos, os líderes das Testemunhas, e especialmente o actual presidente da Watch Tower Society, Frederick W. Franz, proclamaram esse ano como a data provável para o fim do mundo, e uma nova excitação milenarista varreu a comunidade das Testemunhas. Em resultado disso, o número de novos convertidos disparou de forma significativa, em especial entre os anos 1968 e 1975. Porém, tal como sempre aconteceu no passado, as Testemunhas sofreram um desapontamento: o apocalipse foi novamente adiado; houve novamente uma 'peneiração' dos membros -- desta vez na ordem das centenas de milhares. Além disso, uma liderança envelhecida parecia incapaz de desenvolver algo como uma resposta satisfatória para aquilo que não aconteceu em 1975. Durante vários anos depois deste último fracasso profético, a única explicação dada pela Watch Tower Society foi uma explicação que eles tinham abandonado antes de 1966.13

Porém, gradualmente os líderes das Testemunhas tentaram desviar a atenção do seu rebanho enfatizando novamente o evangelismo: Mais pessoas têm de ter a oportunidade de ouvir as boas novas de que o milénio está prestes a surgir perante um mundo que não sabe disso, e só as Testemunhas de Jeová serão salvas da ira de Deus na batalha do Armagedom. Curiosamente, porém, o actual corpo governante das Testemunhas não fez qualquer tentativa séria de rever a sua tabela cronológica escatológica, e presentemente a Watch Tower Society ainda ensina, tal como tem feito durante muitas décadas, que o fim tem de vir antes de desaparecer a geração que tinha idade suficientemente para saber o que estava a acontecer em 1914, o ano que agora é assinalado como sendo o começo da presença invisível de Cristo e o estabelecimento do seu governo régio no céu. Embora alguns membros dos corpo governante tenham tentado recentemente mudar a sua última 'data âncora' de 1914 para 1957,14 a maioria do corpo recusou apoiar essa mudança. Portanto, neste momento as Testemunhas de Jeová ainda são confrontadas com a possibilidade de outra grande refutação em assuntos de profecia no futuro próximo.15

As páginas seguintes são, pois, uma tentativa de dar uma visão geral da história, sistema doutrinal, e comunidade das Testemunhas de Jeová desde que surgiram na segunda metade do século XIX e de demonstrar que, embora o seu milenarismo essencialmente adventista tenha sido durante muito tempo a base do seu crescimento e sucesso, também é a sua maior fraqueza. Como o fim deste mundo tem sido adiado para elas durante mais de cem anos -- algo que nunca esperaram que acontecesse -- elas não se têm podido ajustar satisfatoriamente aos acontecimentos mundiais ou a um mundo que, na sua perspectiva, continua 'gemendo'.


Apocalipse Adiado: A História das Testemunhas de Jeová (Toronto: University of Toronto Press, 1997, segunda edição) de M. James Penton (1932-), pp. 11-46.

Primeira Parte: História

Capítulo 1: O Começo de um Movimento

M. James Penton


As Testemunhas de Jeová surgiram do meio religioso do protestantismo americano do fim do século XIX. Embora elas possam parecer muito diferentes dos protestantes tradicionais e rejeitem algumas doutrinas centrais das grandes igrejas, num sentido real são os peculiares herdeiros americanos do adventismo, dos movimentos proféticos do evangelismo britânico e americano do século XIX, do metodismo, e do milenarismo proveniente tanto do anglicanismo do século XVII como do não-conformismo protestante inglês. De fato, existe muito pouco no seu sistema doutrinal que seja exterior à vasta tradição protestante anglo-americana, embora existam certos conceitos que elas têm mais em comum com o catolicismo do que com o protestantismo. Se elas são únicas em muitos aspectos -- como indubitavelmente são -- isso deve-se simplesmente às combinações e permutações teológicas particulares das suas doutrinas, em vez de ser por causa da novidade. Também tem de ser sublinhado que o impulso tanto das suas idéias como das suas práticas tem sido desenvolvido principalmente, senão mesmo exclusivamente, nos Estados Unidos durante o fim do século XIX e no século XX. Por isso, a menos que compreendamos algo dos amplos temas da história americana durante este período, é difícil compreender as Testemunhas de Jeová. No entanto, dito isto, o melhor modo de começar o estudo das Testemunhas é examinar a história pessoal de um homem -- Charles Taze Russell, o primeiro presidente do que é agora a Watch Tower Bible and Tract Society [Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados], a principal pessoa responsável pela divulgação das doutrinas que serviram como base para os ensinos dos International or Associated Bible Students [Estudantes da Bíblia Internacionais (ou Associados)], nomes pelos quais as Testemunhas eram conhecidas antes de 1931.

Charles Russell: Os Anos Iniciais

Nascido em 1852 em Pittsburgh, Pennsylvania, Russell1 foi criado como presbiteriano pelos seus pais profundamente religiosos, Joseph L. e Eliza Birney Russell, ambos de descendência escocesa-irlandesa (Ulster Protestante). Quando ele era criança, a mãe tinha-o encorajado a considerar o ministério cristão, mas depois de ela morrer, o pai treinou-o para se tornar seu sócio nos negócios. O jovem Russell recebeu uma educação modesta em escolas públicas, complementada pelo estudo sob tutores privados. Quando ele tinha catorze anos, o seu pai começou a empregá-lo na administração da sua loja de vestuário e no ano seguinte enviava-o a várias centenas de milhas de distância, a Filadélfia, como seu agente de compras. Pouco tempo depois ele tornou-se sócio do pai, e juntos desenvolveram um grande negócio de lojas de vestuário. No fim da década de 1870 ou nos primeiros anos da década seguinte ele tinha acumulado uma fortuna apreciável.2

Apesar do seu sucesso no mundo dos negócios, Russell continuou muito mais interessado em assuntos religiosos. Enquanto rapaz ele tinha sido um calvinista devoto que por vezes escrevia avisos tenebrosos acerca do fogo do inferno em lugares públicos conspícuos para encorajar os trabalhadores a emendar os seus caminhos iníquos.3 Contudo, ele ainda estava na adolescência quando tanto ele como o pai começaram a tornar-se de certa forma 'libertos' religiosamente. Charles juntou-se à igreja congregacionalista local, que era menos austera do que a igreja presbiteriana, e Joseph começou a mostrar interesse no Adventismo.4 Então, quando tinha apenas dezasseis anos de idade, Charles Russell 'começou a ficar abalado na fé a respeito de muitas doutrinas que aceitara há muito tempo.' De fato, tal como tantos jovens sérios, ele 'caiu presa fácil da lógica da infidelidade.' Ao tentar converter um 'infiel', não foi capaz de defender com sucesso as suas crenças e perdeu a fé na Bíblia. Ainda assim, ele continuou a orar a Deus e continuou a sua busca da verdade.

O motivo por que o jovem piedoso ficou abalado não é difícil de perceber. Conforme os seus escritos mais antigos mostram, ele foi poderosamente influenciado pelo espírito racionalista da sua época e, da adolescência em diante, nunca deixou de se interrogar sobre como um Deus amoroso podia punir pecadores com os tormentos infinitos do inferno de fogo. Mas igualmente importante, sem dúvida, foi o sentimento de Russell para com o Todo-Poderoso. Para ele, Deus era seu pai num sentido preeminente, e como ele tinha tido sempre um relacionamento tão caloroso e amoroso com o seu pai humano, Joseph Russell, parece que ele nunca poderia conceber que o Senhor Jeová fosse outra coisa senão uma deidade misericordiosa.

Algures em 1869, Jonas Wendell, um pregador do Advento Cristão, estava a realizar um serviço num 'salão poeirento, pouco asseado', em Allegheny, Pennsylvania. Russell deparou-se com a reunião, ficou e escutou. Em resultado disso, a sua fé na Bíblia foi restaurada. Porém, ele não se tornou num 'Segundo Adventista' nesse tempo nem, do seu próprio ponto de vista, em qualquer altura posterior. Quase imediatamente ele contactou vários amigos que começaram a estudar as Escrituras com ele. Sob a sua liderança, foi formada uma classe de estudo da Bíblia que haveria de evoluir gradualmente até se tornar num movimento separado.

Tem sido dada muita atenção aos conceitos e ensinos de Russell; surpreendentemente, pouca atenção tem sido dada às fontes dos mesmos, quer pelos seus amigos quer pelos seus inimigos. As razões são um tanto complexas. Parece que, como muitos dos seus seguidores o encararam durante muito tempo como sendo o 'servo fiel e sábio' de Mateus 24:45-47 e o 'Mensageiro Laodicense',5 eles enfatizaram o seu papel pessoal como líder religioso em vez do seu débito para com os seus predecessores. Ao contrário, os seus críticos têm estado ansiosos por representar as doutrinas dele como não tendo qualquer tradição respeitável por detrás e, por essa razão, também fracassaram em examinar com qualquer profundidade as origens do seu pensamento. Além disso, as próprias Testemunhas de Jeová têm estado tão envolvidas na proselitização na expectativa do apocalipse, que têm tido pouco tempo ou desejo de estudar os seus próprios antecedentes. Mas Russell identificou pelo menos alguns dos homens e o movimento para com os quais estava em dívida por terem-no ajudado a chegar ao sistema doutrinal que desenvolveu ao longo de quarenta e cinco anos.

Ele indicou francamente a sua 'dívida para com os adventistas bem como outras denominações' e mencionou duas pessoas, George Stetson e George Storrs, que lhe tinham oferecido assistência espiritual. Falando sobre o período de 1869 a 1872, ele disse: 'O estudo da Palavra de Deus com estes amados irmãos levou-me, passo a passo, até esperanças mais verdejantes e brilhantes para o mundo, embora não tenha sido senão em 1872 que eu obtive uma imagem clara do trabalho do nosso Senhor como o nosso preço de resgate, que descobri que a força e a fundação de toda a esperança de restituição reside nessa doutrina.'6

Quem, pois, eram Stetson e Storrs, e quais foram as contribuições deles para o pensamento de Russell? A resposta à primeira parte desta pergunta é que ambos tinham longos antecedentes no 'Segundo Adventismo'. De fato, Stetson era um ministro do Advento Cristão,7 enquanto Storrs8 tinha sido um dos principais fundadores da Life and Advent Union [União da Vida e do Advento]. Contudo, ambos eram de mentalidade independente e pouco depois de Russell e dos seus amigos terem começado o seu estudo da Bíblia, Storrs cortou todos os laços com a União.

George Storrs

Destes dois homens que influenciaram Russell, George Storrs foi de longe o mais importante. Nascido em 1796 em Lebanon, New Hampshire, ele, tal como Russell, foi criado num austero ambiente calvinista. Mas aos vinte e nove anos de idade tornou-se num convertido ao metodismo e mais tarde foi ordenado ministro da Igreja Metodista Episcopal. A sua posição por fim tornou-se insustentável quando na década de 1830 tornou-se num adversário aberto da escravatura nos Estados Unidos. Em 1840 ele renunciou da igreja.

Mais importante foi o fato de em 1837 ele ter lido um tratado da autoria do 'Diácono' Henry Grew,9 um pastor de origem inglesa, ex-batista, de Filadélfia. Devido ao tratado, Storrs passou a acreditar no que é chamado 'condicionalismo':10 a idéia de que o homem não tem uma alma imortal mas, antes, ganha a vida eterna sob a condição de receber tal dádiva de Deus através de Cristo. Depois disso, Storrs tornou-se no principal proponente americano do condicionalismo, ou 'aniquilacionismo',11 como era por vezes chamado, e do ensino de que os mortos estão inconscientes ou dormindo até à ressurreição. Em 1841 ele publicou An Inquiry: Are the Souls of the Wicked Immortal? In Three Letters [Uma Pesquisa: Será Que as Almas dos Iníquos são Imortais? Em Três Cartas], e no ano seguinte uma ampliação do mesmo tema em An Inquiry: Are the Souls of the Wicked Immortal? In Six Sermons [Uma Pesquisa: Será Que as Almas dos Iníquos são Imortais? Em Seis Sermões]. Significativamente, cerca de 200.000 cópias de Six Sermons estavam em circulação nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha em 1880.12

Em 1842 Storrs também se envolveu com o movimento liderado por William Miller, um batista de New England que estava convencido, com base no seu cálculo da 'cronologia bíblica', que o segundo advento de Cristo ocorreria algures entre março de 1843 e março de 1844. Storrs tornou-se então um dos principais apoiantes da escatologia Millerita e pregou por toda a parte em 1842 e 1843 a respeito do esperado advento. Quando Cristo não apareceu como Miller tinha esperado, um re-exame dos seus cálculos pelos seus seguidores produziu a sugestão de que o Senhor Jesus viria nas nuvens em outubro de 1844. Quando essa data também não trouxe o advento, Storrs abandonou o movimento Millerita. De fato, ele sentiu que ele e outros tinham sido mesmerizados pelo emocionalismo Millerita. Além disso, William Miller e alguns líderes Milleritas proeminentes rejeitaram a doutrina do condicionalismo de Storrs. No entanto, a associação de Storrs com os Milleritas e com os seus sucessores, os vários aderentes do Segundo Adventismo, levou à adoção do condicionalismo por vários movimentos dos séculos XIX e XX: a Igreja do Advento Cristão, os Adventistas do Sétimo Dia, a União da Vida e do Advento, a Igreja Mundial de Deus, e talvez os Cristadelfos.13 Durante a sua associação com o Millerismo em 1843, Storrs fundou um jornal chamado Bible Examiner [Examinador da Bíblia] que passou a ser publicado numa base regular em 1847. O seu objetivo era expresso no lema 'Não há Imortalidade nem Vida Eterna a não ser somente através de Jesus Cristo'. Em 1863 o Bible Examiner tinha-se tornado tão influente que os seus apoiantes juntaram-se a Storrs na formação da União da Vida e do Advento. Como resultado, foi-lhe pedido que editasse um jornal semanal chamado Herald of Life and the Coming Kingdom [Arauto da Vida e do Reino Vindouro]. Ao mesmo tempo, ele suspendeu a publicação do Examiner.

Em 1871 ele separou-se da União da Vida e do Advento. Anteriormente ele tinha acreditado que o destino final de todos os homens seria fixado inalteravelmente na morte, sem levar em consideração a inevitável ignorância na qual tinham sido colocados nesta vida. Depois ele abandonou essa crença, ensinando que aqueles que tinham morrido sem conhecimento de Cristo receberiam uma oportunidade de aprender sobre o seu sacrifício em favor deles depois de uma ressurreição na terra e, caso se mostrassem fiéis, receberiam a dádiva da vida eterna numa terra paradísica restaurada. Os seus associados na União da Vida e do Advento rejeitaram essa posição, e Storrs fez renascer o Bible Examiner.

Por volta dessa época Russell estava a tomar conhecimento de Storrs, e é perfeitamente óbvio que Storrs contribuiu muito para o pensamento do jovem da Pennsylvania. Um exame do Bible Examiner revela claramente que Russell aprendeu as doutrinas do resgate expiatório de Cristo e a restituição da humanidade a uma terra paradísica diretamente de Storrs e dos seus associados14 e ainda, é claro, a doutrina do condicionalismo. Também é evidente que a prática de celebrar o Memorial da Ceia do Senhor uma vez por ano na suposta data da Páscoa judaica, 14 de Nisã, tal como é feito pelas Testemunhas de Jeová hoje, foi algo que Russell aprendeu do editor de Bible Examiner.15 Finalmente, os sentimentos negativos de Russell em relação às igrejas e organizações religiosas podem ter vindo diretamente de Storrs. Mas Russell não obteve de Storrs a sua atitude igualmente negativa em relação à autoridade secular, ao voto ou ao serviço militar. Jonathan Butler está errado ao descrever Storrs como um adventista 'apocalíptico apolítico'.16 De fato, em Herald of Life and the Coming Kingdom [Arauto da Vida e do Reino Vindouro] Storrs opôs-se regularmente ao pacifismo e apoiou a supressão dos Estados Confederados pelos exércitos da União durante a Guerra Civil Americana devido ao seu intenso ódio à escravatura.17

Russell e o Objeto e a Maneira da Volta de Cristo

Não se deve assumir que Russell e os seus associados durante os anos 1869 a 1875 estavam simplesmente a tomar as suas idéias de Storrs e de Stetson. Russell era um estudante ávido e começou a desenvolver o seu próprio sistema doutrinal baseado num exame meticuloso das Escrituras, de vários comentários da Bíblia e de idéias comuns a muito do protestantismo americano do século XIX. Por exemplo, ele seguiu o Dr. Joseph A. Seiss, um proeminente pastor luterano de Filadélfia e editor do Prophetic Times [Tempos Proféticos] (1863-1881), o principal jornal milenarista nos Estados Unidos durante a segunda metade do século XIX, ao afirmar que Cristo fora ressuscitado no espírito, não na carne.18 Além disso, depois de examinar a Emphatic Diaglott, uma tradução interlinear da recensão de Griesbach do Novo Testamento de Benjamin Wilson, um membro da Igreja de Deus (Fé de Abraão), ele notou que a palavra grega parousia, traduzida 'vinda' na King James Version, muitas vezes significa mais propriamente 'presença'. Assim ele passou a defender que nos últimos dias, imediatamente antes da sua revelação em ira na batalha do Armagedom, Cristo estaria invisivelmente presente. Nesse tempo, apenas os seus seguidores fiéis sabiam esse fato. Assim, em meados da década de 1870,19 Russell imprimiu e publicou 50.000 cópias de um pequeno panfleto intitulado The Object and Manner of Our Lord's Return [O Objeto e Maneira da Volta de Nosso Senhor] para tornar conhecidas as suas idéias.

Algumas das idéias presentes em The Object and Manner eram comuns a grande parte do protestantismo evangélico do século XIX. Por exemplo, Russell tirou informação diretamente dos comentários bíblicos de Adam Clarke e de Sir Isaac Newton,20 do qual tirou a interpretação historicista padrão21 do livro de Revelação. Muitos outros dos seus conceitos, tal como são apresentados no panfleto, parecem ter sido obtidos diretamente de George Storrs e do adventismo.

Mas as idéias principais em The Object and Manner não vieram das fontes citadas por Russell. Num artigo em três partes publicado recentemente em The Bible Examiner [O Examinador da Bíblia],22 Carl Olof Jonsson demonstra claramente que existiram muitos outros tanto na Grã-Bretanha como na América que acreditavam no que é chamado 'doutrina da vinda em duas etapas', a idéia da presença invisível de Cristo antes da sua revelação no fim do mundo atual e o ensino de um arrebatamento invisível dos santos durante a sua presença ou parousia -- tudo idéias apresentadas em The Object and Manner. De fato, Jonsson mostra de forma muito conclusiva que estes conceitos foram originados em 1828 por Henry Drummond, um evangélico inglês proeminente que, com Edward Irving, foi um co-fundador da Igreja Católica Apostólica, ou Irvinguitas. Mais tarde, porém, muitas das idéias de Drummond foram popularizadas e espalhadas por toda a Grã-Bretanha e Estados Unidos por John Nelson Darby, da Irmandade de Plymouth (que tinha estado em associação próxima com Drummond e Irving), pelo Reverendo Robert Govett, um clérigo anglicano, e nas décadas de 1860 e 1870 pelo Rainbow [Arco-íris], um importante jornal milenarista britânico que foi editado em 1886 e 1887 pelo bem conhecido tradutor da Bíblia Joseph B. Rotherham. Além disso, as doutrinas de Drummond foram adotadas pelo Dr. Joseph Seiss. Portanto, conclui Jonsson, Russell com toda a probabilidade tomou emprestadas as idéias centrais que aparecem em The Object and Manner of Our Lord's Return destes predecessores milenaristas e, em particular, de Seiss. Jonsson declara: 'É bastante óbvio que Russell não originou por si mesmo a sua opinião sobre a vinda e presença invisível de Cristo, mas tomou-a de outros, e embora isso não possa ser estabelecido com certeza absoluta, a evidência disponível indica fortemente que ele plagiarizou as opiniões do Dr. Seiss nesta matéria.'23

O Dr. Nelson H. Barbour e os Três Mundos

Em janeiro de 1876 Russell entrou em contato com o Herald of the Morning [Arauto da Manhã], publicado em Rochester, Nova Iorque, pelo Dr. Nelson H. Barbour, um pregador adventista independente que também tinha sido um Millerita e associado de George Storrs. Barbour tinha estado ligado ao círculo do qual Jonas Wendell fora membro. Tal como Wendell, ele usou a cronologia que dizia que o ano 1873 tinha marcado 6.000 anos desde a criação de Adão.

No Herald of the Morning [Arauto da Manhã] Barbour e um co-trabalhador, John H. Paton, tinham ido muito para além de Wendell e dos seus associados, que tinham originalmente acreditado que 1873 presenciaria o segundo advento e a consumação da terra por fogo. Quando nada de visível aconteceu naquele ano, eles primeiro ficaram muito perplexos até que B. W. Keith,24 um leitor do Herald, descobriu a tradução de Benjamin Wilson de parousia como 'presença'. Então, tal como Russell, Barbour e Paton começaram a acreditar na idéia de uma presença invisível de Cristo, que eles achavam ter começado segundo o plano em 1874.

Russell, que anteriormente tinha rejeitado a cronologia e o estabelecimento de datas dos adventistas, tal como George Storrs depois de 1844, agora pagou as despesas de Barbour para que visse a Filadélfia encontrar-se com ele e mostrar-lhe 'completamente e biblicamente, se pudesse, que as profecias indicavam 1874 como sendo a data em que começara a presença do Senhor e a "colheita".' Conforme o jovem mercador, então com apenas vinte e quatro anos, declarou mais tarde: 'Ele veio, e a evidência satisfez-me.'25 Mais uma vez Russell ficou impressionado por idéias racionalistas.

Seguiram-se imediatamente vários desenvolvimentos importantes. Russell deu o seu apoio financeiro ao Herald of the Morning [Arauto da Manhã], deu dinheiro a Barbour para preparar um livro representando as suas crenças a respeito do fim da era, e reduziu certas atividades de negócios para se envolver em viajar e pregar enquanto Barbour escrevia e publicava. Pouco depois, segundo o relato de Russell, ele pediu que Paton se lhe juntasse na pregação e também lhe pagou as despesas. Assim começou uma breve mas importante associação.

As particularidades das datas que Barbour explicou a Russell foram expostas na primavera de 1877 em Three Worlds and the Harvest of This World [Três Mundos e a Colheita Deste Mundo], o livro que Russell o tinha encorajado a escrever. Embora apresentasse os nomes dos dois homens como autores, o livro foi composto inteiramente por Barbour.26 Consequentemente, Three Worlds, com a sua cronologia elaborada, especulação profética e escatologia, continha alguns dos seus pensamentos originais, além de conceitos tirados de várias fontes. Entre outras coisas, ele continuou a usar o sistema ano-dia27 de interpretação de numerosas profecias; também aceitou a idéia de um 'ano profético' de 360 dias28 e uma interpretação historicista do livro de Revelação. Mais significativo, ele foi buscar muita informação aos estudos milenaristas de vários escritores do século XIX ao formular um sistema que demonstrou 'correspondências' biblico-matemáticas surpreendentes, um fato que impressionou grandemente Russell e que levou muitos milhares de pessoas a aceitar o sistema de Barbour desde esse tempo.

Quais foram, então, os principais aspectos do 'plano da redenção' conforme delineado em Three Worlds? Primeiro, como indica o título dessa obra, Barbour viu a história dividida em três grandes períodos, ou 'mundos', além de várias dispensações dentro desses mundos. Isso, porém, não era importante em si mesmo. Antes, o que era significativo era que ele inferiu que se podia calcular as datas das várias eras a partir da cronologia e das profecias da Bíblia e assim determinar o cronograma de Deus para a segunda vinda de Cristo, o arrebatamento dos santos, e a restauração da terra a um paraíso como o Éden.

Barbour não tinha dúvidas de que o bispo James Usher, cuja cronologia era então usualmente impressa nas margens das bíblias King James Version, tinha estado errado nos seus cálculos da idade da humanidade. Ele tinha 'cento e vinte e quatro anos a menos'.29 Sem hesitar perante as dificuldades da cronologia bíblica, Barbour escreveu: 'uma noite passada com a Bíblia, papel e lápis, junto com uma determinação completa para conhecer exatamente o que ela ensina, habilitá-lo-á a dominar todo o assunto, e medir por si mesmo.' Usando este método, ele calculou simplesmente que seis mil anos de história humana tinham terminado no outono de 1873 e declarou que estava prestes a começar uma 'manhã de alegria' para a humanidade. Como um dia para o Senhor é mil anos, segundo o salmista, tinham passado seis 'dias'. O sétimo, o milênio, seria um grande sábado de restituição.30 Igualmente importante era o conceito dos dois pactos das dispensações judaicas e do evangelho. Com a sua aritmética simples, Barbour calculou a idade da dispensação judaica que, acreditava ele, se estendera durante um período de 1845 anos desde a morte de Jacó até à morte de Cristo em 33 E.C. Então, baseando-se na sua interpretação de Isaías 40:2 na King James Version: "Confortai-vos, confortai-vos, meu povo, diz o vosso Deus; confortai Jerusalém e gritai-lhe que a sua guerra [margem: tempo designado] cumpriu-se, que a sua iniquidade está perdoada, pois ela recebeu da mão do Senhor, a dobrar, por todos os seus pecados', ele argumentou que a dispensação do evangelho tem de ser o 'dobro' da mesma extensão de tempo da era judaica. Assim, começando na morte de Cristo, ele defendeu que a era do evangelho tem de terminar em 1878.31

Além disso, como as duas dispensações eram paralelas em todos os sentidos, e os últimos três anos e meio da era judaica, desde o batismo de Cristo até à sua crucificação, tinham sido uma 'época de colheita', o mesmo tem de ser verdade para o período desde o outono de 1874 até à primavera de 1878. Consequentemente, Barbour esperava que os santos fossem levados no arrebatamento neste último ano. Ele estava tão certo disso, que quando elaborou Three Worlds em 1877 escreveu: 'Se tem o espírito de uma criancinha, por favor arranje um grande pedaço de papel, a sua Bíblia e lápis, e comece com Gên. 5:3. Deixe-me dizer-lhe, mais alguns meses e "A Colheita terá passado, o verão acabado."'32

Para fortalecer ainda mais os seus argumentos, ele usou o que era conhecido como o ciclo dos jubileus. Sob a lei mosaica, todo o qüinquagésimo ano era um ano no qual as possessões, quer fossem pessoais ou ancestrais, deviam reverter aos seus proprietários ou aos herdeiros dos seus proprietários. Os escravos também deviam ser libertos. Por isso, Barbour viu no ano do jubileu um tipo para o grande dia de restituição de Deus -- o milênio. Mas ele também o viu como tendo significado para o início da era milenar. Segundo Barbour, se os jubileus tivessem continuado a ser celebrados desde a era judaica até ao seu próprio dia, um ano de jubileu teria ocorrido em 1875, começando (para ser exato) em 6 de abril.33

Ao desenvolver o seu sistema, Barbour foi grandemente influenciado pelo seu velho mentor, William Miller, e incorporou algumas das idéias de Miller no seu sistema. Ele acreditava, por exemplo, tal como muitos outros, que o 'tempo, tempos e metade de um tempo' de Revelação 12:14 tinham terminado em 1798 e que os 2.300 dias (anos) de Daniel 8:14 tinham terminado em 1843. 'O erro de [Miller e] do movimento de 1843 não foi no argumento que prova que os "dias" acabaram ali, mas em assumir que cobriam toda a visão.'34 No entanto, por muito importantes que as idéias de Miller fossem para Barbour, não foram mais importantes do que as do inglês John Aquila Brown.35

Talvez o aspecto mais importante de interpretação profética encontrado em Three Worlds ao qual as Testemunhas de Jeová ainda aderem largamente envolva o cálculo da duração dos 'tempos dos gentios' mencionados em Lucas 21:24. Isso foi algo que intrigou Russell. Depois de o aprender de Barbour, ele publicou um artigo no Bible Examiner de outubro de 1876 intitulado 'Gentile Times: When Do They End?' [Tempos dos Gentios: Quando Terminam?]36 Portanto Russell realmente tornou sua essa interpretação mesmo antes da publicação de Three Worlds. No entanto, na realidade, o sistema de calcular os tempos dos gentios nem se originou com ele, como muitas vezes se crê, nem com Barbour.

De fato, foi John A. Brown quem primeiro explicou o que considerava ser a chave para a duração desses tempos num livro chamado Even-Tide, publicado em Londres em 1823. O que ele propôs foi que o típico reino de Judá tinha caído sob domínio gentio em 604 a.C. Depois disso, não haveria governo de Deus na terra até quatro grandes impérios -- o babilônico, o medo-persa, o macedônio e o romano -- terem o seu domínio. Então Cristo, como herdeiro de Davi, governaria em Jerusalém. Mas quanto tempo passaria antes que esses impérios expirassem? Brown encontrou aquilo que era para ele a resposta no quarto capítulo do livro de Daniel.

Nesse capítulo, Nabucodonosor, o rei de Babilônia, é retratado como tendo tido um sonho de uma grande árvore. Por ordem divina, a árvore foi cortada e uma banda colocada sobre o toco, e não lhe seria permitido crescer novamente até terem passado 'sete tempos'. Quando Daniel interpretou o sonho, foi aplicado diretamente a Nabucodonosor que haveria de passar por sete tempos (anos?) de loucura antes de ser restaurado ao seu trono. Mas Brown viu em Nabucodonosor um tipo da família humana. Antes da sua loucura ele era visto como representante da teocracia judaica; durante a sua loucura foi encarado como um tipo das 'animalescas' nações gentias; e depois da sua recuperação, um tipo do reino messiânico de Jesus Cristo.

Para calcular os 'sete tempos' Brown raciocinou que estes eram sete anos de 360 dias proféticos cada. Usando o princípio ano-dia, ele simplesmente multiplicou 360 dias por sete e chegou a um período de 2.520 anos. Finalmente, contando 2.520 anos desde 604 a.C., chegou ao ano 1917 A.D., que designou como a data para o fim daqueles tempos.37

Barbour decidiu que Brown tinha marcado o início dos sete tempos -- que ele encarava como os tempos dos gentios -- dois anos mais tarde. Ele defendia que os tempos dos gentios tinham começado com aquilo que acreditava ter sido a data da destruição de Jerusalém por Nabucodonosor. Assim, em vez de usar 1917 como o término para esses tempos, calculando ligeiramente diferente ele marcou-os como tendo a sua conclusão no outono de 1914.38 Nesse ano, o reino de Cristo viria para assumir domínio completo sobre a terra, e os judeus, como povo, seriam restaurados ao favor de Deus. Durante o intervalo entre o tempo em que escreveu Three Worlds e 1914, Barbour esperava que ocorressem muitas coisas. Além do arrebatamento dos santos, ele acreditava que o mundo testemunharia um tempo de tribulação como nunca antes vira.39

Barbour estava muito impressionado pelo seu próprio sistema. Ele declarou que 'não estava disposto a admitir que o seu cálculo estivesse errado nem sequer um ano'. Para ele havia 'esta quantidade de evidência':

Muitos dos argumentos, a maioria deles, de fato, não são baseados na teoria ano-dia, e alguns deles, nem sequer são baseados na cronologia; e no entanto existe harmonia entre todos eles. Se você resolveu um problema difícil em matemática, pode muito bem duvidar se possivelmente não terá feito algum erro de cálculo. Mas se resolveu esse problema de sete maneiras diferentes, todas independentes umas das outras, e em cada um dos casos alcançou o mesmo resultado, seria um louco se continuasse a duvidar da exatidão desse resultado.40

Até George Storrs, um homem há muito tempo hostil a tal estabelecimento de datas escatológico, encarava a cronologia de Barbour como 'a melhor que jamais vi'. Embora ele tornasse claro que não podia concordar com as conclusões a que Barbour tinha chegado, indicou que não tinha qualquer vontade de se lhes opor.41 E não é de admirar que qualquer pessoa vivendo na América do fim do século XIX e impressionada pelas assim chamadas 'provas' matemáticas pudesse encarar Three Worlds como um importante estudo profético, se tivesse a tenacidade de lê-lo. Referindo-se ao sistema de Barbour, tal como adotado por Russell praticamente sem mudança, Timothy White comenta: 'Os padrões cronológicos, profecias e paralelos de Russell são suficientes para desafiar a imaginação. Cada uma das datas 1799, 1874 e 1914 são o resultado de vários métodos de cálculo inteiramente independentes. Todo o sistema torna-se muito harmonioso e equilibrado.'42

Three Worlds é portanto um trabalho muito importante. De fato, contém dentro de si a maior parte das idéias que Russell e aqueles em associação com ele haveriam de promulgar durante os cerca de quarenta anos seguintes. Mesmo hoje, muitos dos conceitos desse livro -- embora freqüentemente, mas nem sempre, alterados de modo importante -- ainda são ensinados pelas Testemunhas de Jeová. Assim Barbour, que na melhor das hipóteses recebe não mais do que uns poucos parágrafos, geralmente hostis, nos relatos costumeiros das Testemunhas sobre a sua história,43 foi e é um dos maiores contribuintes para todo o seu sistema doutrinal.

Cismas Iniciais: 1878 e 1881

Pouco tempo depois, Barbour, Russell e Paton estavam unidos para pregar e publicitar as idéias delineadas em Three Worlds. Russell começou rapidamente a fazer convertidos, incluindo A. D. Jones, um dos seus funcionários, e A. P. Adams, um ministro metodista da Nova Inglaterra. Mas rapidamente surgiram problemas. O pequeno bando de adventistas sem nome esperava, como Three Worlds ensinava, que a primavera de 1878 os veria, como santos escolhidos de Cristo, levados embora para o céu. Quando isso não aconteceu, ocorreu desilusão e divisão.

Russell permaneceu leal aos ensinos expressos em Three Worlds enquanto Barbour enveredou por outra direção. Russell desenvolveu a explicação de que aqueles morrendo no Senhor de 1878 em diante teriam uma ressurreição celestial imediata em vez de terem de dormir nas suas sepulturas; portanto, defendia ele, 1878 foi um ano marcado. Mas Barbour recusou-se a adotar essa solução e começou todo um novo exercício no estabelecimento de datas.44 Além disso, ele tomou então uma posição em conflito com a defendida tanto por Russell como por Paton sobre a natureza da expiação. Segundo Russell: 'O Sr. Barbour pouco depois escreveu um artigo para o Herald negando a doutrina da expiação -- negando que a morte de Cristo fosse o preço de resgate de Adão e da sua raça, dizendo que a morte de Cristo não foi mais um pagamento da penalidade pelos pecados do homem do que a introdução de um alfinete através do corpo de uma mosca, causando-lhe sofrimento e morte, seria considerado por um pai humano como um pagamento justo pelo mau comportamento do seu filho.'45

Russell discordou da nova posição de Barbour e seguiu-se um cisma. Barbour era um homem particularmente orgulhoso, severo, e certamente tinha sido o membro mais proeminente da pequena associação que se tinha formado em 1876. Mas Russell estava determinado a diferir dele naquilo que considerava uma doutrina fundamental. Ele argumentou abertamente contra a posição de Barbour sobre a expiação e obteve o apoio de Paton num artigo que foi publicado no Herald de dezembro de 1878. No início de 1879 a separação entre Barbour -- com A. P. Adams no seu campo -- e Russell e Paton tornou-se completa. Russell acusou Barbour de retirar dinheiro que ele (Russell) tinha depositado e de o tratar como se fosse seu. Então, quando Russell fundou uma nova revista, Zion's Watch Tower and Herald of Christ's Presence [Torre de Vigia de Sião e Arauto da Presença de Cristo], Barbour 'derramou sobre o Editor da TORRE os mais vis insultos pessoais'.46 O que se seguiu foi uma batalha entre os ex-associados para ganhar apoio dos que recebiam os dois jornais, pois os leitores deles eram as mesmas pessoas.47 Nesse tempo, Paton, tanto como Russell, servia como líder daqueles que se tinham separado de Barbour. Russell insistiu com Paton para que escrevesse um livro chamado Day Dawn [Aurora do Dia], para substituir Three Worlds, e A. D. Jones concordou em publicá-lo. Contudo, foi principalmente Russell quem empreendeu a luta com Barbour e foi ele que produziu um pequeno livro chamado Tabernacle Teachings [Ensinos do Tabernáculo] em resposta a algumas das críticas que Barbour fizera às suas doutrinas.

Paton não objetou abertamente a qualquer das idéias de Russell; evidentemente ele era um homem muito mais pacífico do que Barbour. Mas também ele começou a produzir artigos que Russell encarava como uma negação da doutrina da expiação como resgate. Consequentemente, em 1881, ele recusou-se a publicar mais artigos de Paton e os dois separaram-se com alguma amargura.48

Em 1881, dos cinco associados principais que tinham tomado uma posição a favor das doutrinas delineadas em Three Worlds, só A. D. Jones continuou em associação com Russell; e mesmo esse relacionamento não resistiu. Com a bênção de Russell, Jones fundou um jornal chamado Zion's Day Star [Estrela do Dia de Sião] na cidade de Nova Iorque. Dentro de um ano, também ele negou a teoria do resgate de Russell e posteriormente haveria de repudiar a própria Bíblia.49

O Ministério Independente de Russell

Pode muito bem ser dito, portanto, que Russell, ainda um jovem com menos de trinta anos de idade, assumiu a liderança daqueles que apoiavam os seus ensinos, não tanto porque o desejasse fazer, mas antes porque se sentiu compelido a manter uma defesa daquilo que considerava ser uma doutrina cristã básica -- a teoria da expiação enquanto resgate ou, de fato, expiação substitutiva. Além disso, ele estava determinado a apegar-se à cronologia de Russell mesmo depois do próprio Barbour ter abandonado certos aspectos dela. Portanto, embora ele pareça não ter tido idéias de grandeza específicas nesse tempo, achava que Deus estava a guiá-lo e dirigi-lo de um modo muito definido.

Que ele não tinha um desejo a longo prazo de se estabelecer a si próprio como um novo profeta americano ou o fundador de uma nova religião, nos anos 1879 até 1881 pelo menos, é evidente a partir da sua escatologia de curto prazo. Novamente baseando a sua conclusão na cronologia de Barbour, ele assumiu que a 'chamada celestial' ou colheita dos supostos '144.000 santos eleitos' de Revelação 7 e 14, terminaria em 1881. Escrevendo em maio de 1881, ele declarou: 'o favor que termina este outono, é o de entrar na companhia da Noiva [os 144.000]. Acreditamos que a porta de favor está agora aberta e qualquer um que consagre tudo e dê tudo, pode vir ao casamento e tornar-se membro da Noiva, mas neste ano a companhia será declarada completa e a porta para essa chamada celestial (não a porta da misericórdia) será fechada para sempre.'50

Melvin Curry escreve: 'O efeito desta predição a curto prazo foi duplo: serviu para desviar a atenção dos Estudantes da Bíblia do desapontamento de 1878 e forneceu um ímpeto para uma maior atividade evangelística';51 não obstante, Russell estava sem dúvida sério em acreditar nessa predição. Pois ele também predisse que em 1881 as igrejas (Babilônia) começariam a desmoronar-se e, mais importante, ele esperava que o arrebatamento dos santos -- dos quais se considerava a si próprio membro -- teria lugar nesse ano.52 Em vez de planear empreender uma grande campanha evangélica para além das três décadas e meia seguintes, ele esperava estar no céu com o seu Senhor.

De fato, em novembro de 1880, ele 'quase criou uma crise' entre os seus seguidores ao sugerir que o arrebatamento ou 'mudança' seria 'invisível para os seres carnais, tal como é Ele [Cristo], e os Anjos.'53 Na edição de dezembro da Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião], ele escreveu a respeito da mudança:

Portanto agora, comparando escritura com escritura, tentaremos definir o modo como isto será cumprido. Primeiro, não pensamos que as escrituras ensinam que aqueles que são levados, serão levados para qualquer local (não para o Monte Sião, nem qualquer ponto específico), nem pensamos que aqueles, quando tomados, e durante algum tempo depois disso, serão invisíveis para os à sua volta. Não, acreditamos que, depois de serem tomados, eles serão visíveis e em todo o aspecto exatamente iguais, mas na realidade, eles não serão os mesmos que eram antes de serem tomados, pois, se fossem, então ser tomado não significaria nada.54

Por outras palavras, conforme ele prosseguiu explicando, eles seriam seres espirituais materializados, como o Cristo ressuscitado que tinha aparecido como homem.

Mais tarde, ele mudou novamente a sua posição tanto quanto à natureza como quanto ao tempo do arrebatamento. Escrevendo em maio de 1881, ele disse: 'Quanto a quando a nossa mudança ocorrerá, só podemos dizer: Segundo o nosso entendimento, ocorrerá em qualquer altura depois de 2 de outubro de 1881, mas não sabemos de nenhuma evidência das escrituras quanto a em que tempo seremos mudados de naturais para espirituais, de mortais para imortais.'55 Algumas vezes ele até fez declarações que à superfície parecem ser falsidades descaradas. Por exemplo, na edição de maio de 1881 de Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião] (na página 224 desse jornal conforme reimpresso em forma de volume em 1919), ele declara: 'A TORRE DE VIGIA nunca afirmou que o corpo de Cristo será mudado para seres espirituais neste ano. Tal mudança ocorrerá algures. Nós não tentamos dizer quando, mas dissemos repetidamente que isso não poderia ter lugar antes do outono de 1881.' No entanto, na edição de janeiro de 1881 da mesma revista, na página 180 das reimpressões, A. D. Jones, um 'contribuinte regular' para a Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião], tinha escrito: 'No artigo a respeito da nossa mudança, no jornal de dezembro [Zion's Watch Tower (Torre de Vigia de Sião) de dezembro de 1880], nós expressamos a opinião de que isso estava mais perto do que muitos supunham, e embora não tentássemos provar [que] a nossa mudança [ocorreria] em qualquer tempo em particular, ainda assim propomos olhar para algumas das evidencias que parecem mostrar a tradução ou mudança da condição natural para a espiritual, a ocorrer nesta altura ou no outono do nosso ano 1881.' E não pode haver qualquer dúvida que o próprio Russell concordava com Jones. Na página 172 das reimpressões da edição de 1880, ele declara que 'a "chamada celestial" -- para ser a noiva -- o templo[,] terminará no outono de 1881' e depois mais adiante, na mesma página, diz: 'Quando "o corpo", "a noiva", "o templo", ficar assim completo, todos terão sido assim mudados.'

Como pode isto ser explicado? Temos de assumir que Russell foi completamente desonesto? Provavelmente não. Parece, em vez disso, que ele estava a racionalizar tanto para si como para os seus leitores e estava a praticar auto-engano em grande escala. Embora as suas conjeturas escatológicas e posteriores negações das mesmas possam parecer ultrajantes para o leitor comum hoje, eram tão surpreendentemente contraditórias que a explicação mais razoável é que o próprio Russell acreditasse nelas.56 Ele era evidentemente sincero ao acreditar que o seu ministério não duraria mais do que uns poucos anos no máximo.

Mesmo antes, em 1879, o papel de Russell como um líder religioso do fim do século XIX e princípio do século XX, tinha começado a revelar-se. Nesse ano ele casou com uma mulher muito capaz e inteligente, Maria Frances Ackley. Mas não deu consideração à idéia de se estabelecer numa calma vida de casado. Em vez disso, ele e os seus associados estavam atarefados a organizar uns trinta grupos de estudo ou congregações em sete estados entre a costa leste dos Estados Unidos e Ohio. No ano seguinte, ele fez arranjos para visitar essas congregações -- mais conhecidas por eclésias, classes ou igrejas -- para passar sessões de seis horas de estudo com cada uma. Além disso, começou a estabelecer um padrão fixo de reuniões baseado no costume da sua congregação original em Allegheny/Pittsburgh.

Apesar das suas vacilações doutrinais, o seu zelo infatigável e personalidade dinâmica prenderam a atenção de outros numa medida muito maior do que no caso das atividades ou personalidades dos seus associados iniciais. Ele era também notado pela sua grande habilidade em falar e pelo seu entusiasmo e bondade pessoal. Por isso não é surpreendente que fosse em breve reconhecido em geral como o 'Pastor', uma posição para a qual foi eleito pelos seus irmãos em Allegheny/Pittsburgh em outubro de 1876, e mais tarde em muitos outros centros.57

O seu otimismo sem limites e a fé de que Deus estava a dirigi-lo levaram-no a anunciar [o objetivo de] 1.000 pregadores logo em 1881.58 Também, quando um após outro dos seus associados rejeitaram a doutrina da expiação como ele entendia que as Escrituras a ensinavam, começou a escrever uma corrente de artigos, livros, panfletos e sermões, cujo número é enorme.

Ao todo, as suas obras totalizaram cerca de 50.000 páginas impressas, e na altura da sua morte cerca de 20 milhões de cópias dos seus livros tinham sido impressos e distribuídos por todo o mundo.59 Embora ele nunca tivesse tido qualquer treinamento universitário ou seminarista formal -- um fato que os seus adversários nunca lhe permitiram esquecer -- o seu estilo de escrita era razoavelmente bom. As suas obras demonstravam que tinha um amplo conhecimento do mundo em que vivia e de boa parte da literatura contemporânea e histórica.

A partir de 1880, o Pastor Russell e os seus associados começaram a publicar e a distribuir tratados. Em 1881 ele produziu dois pequenos livros: Tabernacle Teachings [Ensinos do Tabernáculo], mencionado acima, e Food for Thinking Christians [Alimento Para Cristãos Reflexivos] que deu, entre outras coisas, um esboço do seu pensamento em assuntos tais como a expiação, a ressurreição, a predestinação e o livre arbítrio, a parousia, e o 'plano das eras' de Deus. Foram distribuídas cerca de 1,45 milhões de cópias de Food for Thinking Christians [Alimento Para Cristãos Reflexivos].60 O que estava a acontecer era que um novo movimento religioso se estava a começar a desenvolver.

Russell, seguindo os passos de George Storrs, a princípio não queria estabelecer outra denominação, nem se considerava a si mesmo como tendo qualquer papel particular para além de ser um pregador e irmão em Cristo. Ele recusou ver-se como um profeta ou uma pessoa divinamente inspirada em qualquer sentido.61 Além disso, ele rejeitou desde cedo qualquer nome denominacional, dizendo que ele e os seus irmãos na fé prefeririam ser conhecidos como membros da 'Igreja de Cristo', não tivesse esse nome sido já tomado por outro grupo.62 Ainda assim, Russell e os seus companheiros crentes estavam postos de parte de muitas maneiras, e portanto estavam a ser obrigados a tornar-se uma organização religiosa separada e distinta.

Eles já tinham começado a desenvolver as suas próprias práticas e formas de governo congregacionais. Tinham-se separado da maioria das igrejas pela sua aceitação do condicionalismo, o entendimento básico da redenção de George Storrs, e pela escatologia pré-milenarista. Depois, através das separações de Barbour e de Paton, elos diretos com o adventismo foram enfraquecidos. Mas se tudo isso não fosse suficiente, em 1882 Russell rejeitou abertamente a doutrina da Trindade e adotou o que é geralmente encarado como uma teologia ariana.63 Assim ele separou-se muito definitivamente de outra forma dos seus anteriores associados, Barbour e Paton, e até de George Storrs, que não tinha sido claro sobre qualquer doutrina respeitante à natureza de Deus.64 Outro modo em que as congregações e indivíduos isolados associados com Russell em breve se tornariam distintos era na sua insistência em tornarem-se uma irmandade pregadora. Na edição de julho-agosto de 1881 de Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião], página 241 nas reimpressões, Russell perguntou: 'QUEM DEVE PREGAR? Respondemos', disse ele, 'Todos os que recebem o espírito de unção e são assim reconhecidos como membros do corpo de Cristo'. Assim, esperava-se de todos aqueles que encaravam Russell como seu Pastor que pregassem aos seus vizinhos de todas as formas razoáveis, uma prática seguida pelas Testemunhas de Jeová até hoje. No entanto, ao contrário das Testemunhas, eles não encaravam a pregação como seu dever primário. Em vez disso, estavam interessados em reunir um pequeno rebanho de santos que, através de santificação gradual e desenvolvimento de caráter, se tornariam novas criaturas em Cristo.65 Russell e os seus associados acreditavam que a vasta maioria da humanidade receberia a sua oportunidade de alcançar a salvação durante o milênio. Não havia, por isso, qualquer necessidade de pregar a todos. A conversão dos pagãos nesse tempo era difícil, embora não impossível, ao passo que a conversão dos judeus, na maioria dos casos pelo menos, teria de esperar até depois de 1914.66

Ao longo dos anos seguintes, Russell tornou-se bem conhecido por todo o mundo ocidental. Usando a sua riqueza pessoal, em 1886 publicou o volume I de Millennial Dawn Series [Série da Aurora do Milênio] ou os Studies in the Scriptures [Estudos das Escrituras]. Esse livro, que se tornou conhecido como The Divine Plan of the Ages [O Plano Divino das Eras], teve larga circulação; até à data da morte de Russell tinham sido distribuídas 4.817.000 cópias.67 Em 1889 ele produziu o volume II, The Time Is at hand [O Tempo É Iminente]; em 1891, o volume III, Thy Kingdom Come [Venha o Teu Reino]; em 1897, volume IV, The Battle of Armageddon [A Batalha do Armagedom]; em 1899, o volume V, At-one-ment between God and Man [Expiação entre Deus e o Homem]; e em 1904, o volume VI, The New Creation [A Nova Criação]. Ao longo do mesmo período, a Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião] foi distribuída ainda mais extensamente, e numerosos colportores distribuíram livros, folhetos e tratados da Watch Tower [Torre de Vigia] por toda a América e em outras terras. Em 1881, já tinham sido enviados a Inglaterra dois missionários,68 e poucos anos


A Tabela das Eras de Russell (retirado de The Divine Plan of the Ages [O Plano Divino das Eras])

mais tarde, os Estudantes da Bíblia, como se chamavam a si mesmos nessa época, começaram a organizar congregações no Canadá.69 Na altura da Primeira Guerra Mundial eles encontravam-se em muitas terras.

Tornou-se necessária maior organização ao longo dos anos. Para preencher essa necessidade, em 1884 Russell incorporou a Zion's Watch Tower Tract Society, agora conhecida como Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania [Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados de Pennsylvania]. Anos mais tarde, quando ele mudou a sede da sociedade para Brooklyn, Nova Iorque, outra corporação, a People's Pulpit Association [Associação do Púlpito do Povo], agora Watchtower Bible and Tract Society of New York, Incorporated, foi formada em 1909. Em 1914 foi estabelecida uma corporação britânica conhecida como International Bible Students Association [Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia].

Russell não se tornou conhecido -- e os Estudantes da Bíblia não cresceram em número -- apenas em resultado da distribuição da literatura da Watch Tower; ele provou ser um evangelista espantosamente ativo que fez numerosas viagens por todo o território dos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Europa e à volta do mundo. Ele envolveu-se em importantes debates com dois pregadores proeminentes, Dr. E. L. Eaton da Igreja Metodista Episcopal e L. S. White dos Discípulos de Cristo.70 A partir da primeira década do século XX, os seus sermões passaram a ser impressos em milhares de jornais que eram lidos por quinze a vinte milhões de pessoas semanalmente.71 Além disso, ele falou freqüentemente em convenções dos Estudantes da Bíblia que, particularmente de 1893 em diante, se tornaram numa característica regular da vida dos Estudantes da Bíblia.

Finalmente, nos últimos anos da sua vida, sob a sua direção a Watch Tower Society [Sociedade Torre de Vigia] produziu o 'Photo-Drama of Creation' [Foto-Drama da Criação], um programa que combinava slides pintados à mão e imagens móveis, sincronizado com discos fonográficos que continham discursos gravados e música. Só nos Estados Unidos, o 'Foto-Drama' foi visto por cerca de dez milhões de pessoas durante os anos da Primeira Guerra Mundial. Na tempo em que Russell morreu, ele tinha-se tornado Pastor e principal porta-voz para um movimento internacional com milhares de membros.

A Associação dos Estudantes da Bíblia

O movimento que Russell organizou a princípio tinha poucas das marcas organizacionais de uma seita ou denominação. Tal como George Storrs, Russell detestava as igrejas da cristandade, vendo-as como Babilônia, a Grande. Ainda assim, ele achava possível ser um membro gerado pelo espírito da verdadeira igreja -- a igreja de Cristo -- enquanto ainda membro de uma das igrejas da cristandade. Contudo, depois de reconhecer que 'a simplicidade maior de Cristo' não era geralmente observada exceto entre os membros da Associação dos Estudantes da Bíblia, era necessário que os verdadeiros cristãos deixassem a cristandade nominal -- particularmente depois de 1881 -- e se associassem primariamente com outros verdadeiros cristãos, membros da Nova Criação -- os Estudantes da Bíblia. Mas tal associação devia ser inteiramente livre e voluntária. Ao descrever a natureza das congregações dos Estudantes da Bíblia em 1915, Russell declarou:

Em certa ocasião fui abordado por um ministro da igreja Reformada. Ele queria saber como é que eu administrava a minha igreja. Eu disse-lhe: 'Irmão --, eu não tenho igreja.' Ele disse: 'Sabe o que quero dizer.' Respondi: 'Também quero que saiba o que quero dizer. Nós afirmamos que só há uma igreja. Se o senhor pertence a essa igreja, pertence à nossa igreja.' Ele olhou-me com surpresa. Depois disse: 'O senhor tem uma organização; quantos membros há nela?' Respondi: 'Não sei dizer; nós não mantemos listas de membros.' 'Vocês não mantêm qualquer lista dos membros?' 'Não. Nós não mantemos qualquer lista; os nomes deles estão escritos no céu.' Ele perguntou: 'Como é que o senhor tem a sua eleição?' Eu disse: 'Nós anunciamos uma eleição; e todo e qualquer do povo de Deus, que seja consagrado e se costume reunir conosco nesta companhia, ou congregação, pode ter o privilégio de expressar o seu julgamento sobre quem seria a preferência do Senhor para anciãos e diáconos na congregação.' 'Bem,' disse ele, 'isso é a própria simplicidade.' Eu acrescentei: 'Nós não pagamos salários; não há nada para fazer as pessoas disputar. Nós nunca fazemos coletas.' 'Como é que conseguem o dinheiro?', perguntou ele. Respondi: 'Ora, Dr. --, se eu lhe disser a verdade mais simples o senhor dificilmente conseguirá acreditar nela. Quando as pessoas se interessam por este caminho, não encontram qualquer cesto colocado sob o seu nariz. Mas elas vêem que há despesas. Elas dizem a si mesmas: "Este salão custa algo, e vejo que é servido um almoço grátis entre as reuniões para aqueles que vivem a alguma distância. Como é que posso dar algum dinheiro a isto[?]"' Ele olhou-me como se pensasse: 'Por quem me toma -- por um ingênuo?' Eu disse: 'Ora, Dr. --, estou a dizer-lhe a verdade nua e crua. Eles fazem-me esta mesma pergunta: "Como é que posso dar algum dinheiro a esta causa?" Quando uma pessoa recebe uma bênção e tem algum meio, ele quer usá-lo para o Senhor. Se não tem meios, por que deveríamos picá-lo por isso?'

Não há nada de onde sair, como organização, se uma pessoa for um Estudante Internacional da Bíblia. Não se pode sair de algo para o qual não se entrou. Se alguém me puder dizer como é que entrou em Babilônia por se ter interessado nos assuntos da Watch Tower Bible and Tract Society [Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados], que me mostre como e ele sairá, e eu sairei com ele.72

Conforme Russell indicou, todos os anciãos e diáconos dos Estudantes da Bíblia nas suas congregações eram eleitos. Se a maioria da congregação não achava que eles estavam a ensinar ou a comportar-se corretamente, tinha o direito de não os eleger novamente para o cargo no ano seguinte.73 E se houvesse um cisma? Aqueles que discordavam da maioria podiam simplesmente formar outra eclésia e podiam continuar em associação com os Estudantes da Bíblia, desde que não negassem doutrinas fundamentais. É claro que, depois de terem deixado a sua anterior eclésia, não deviam interferir com as suas atividades.74

A disciplina da igreja não era direito nem responsabilidade de quaisquer funcionários em eclésias locais ou entre os Estudantes da Bíblia, mesmo incluindo o próprio Russell. Quando interrogado sobre se os anciãos se podiam sentar num tribunal de inquirição, ele foi brusco: 'A palavra do Senhor não autoriza que qualquer tribunal de Anciãos, ou de qualquer outra pessoa, se tornem abelhudos. Isto seria voltar às práticas da Idade das Trevas durante a inquisição; e nós estaríamos mostrando o mesmo espírito dos inquisidores.'75 Vez após vez Russell colocou o maior valor na liberdade cristã e no direito de todos serem dirigidos pela sua própria consciência.76

Que dizer das dificuldades nas várias congregações de Estudantes da Bíblia? Russell acreditava que a maioria dos problemas podiam ser resolvidos por amor e nunca se deveriam tornar assuntos sérios. Contudo, se houvesse um assunto grave, os indivíduos deveriam ser guiados pelo conselho de Jesus em Mateus 18:15-18. Segundo esses versículos, se um irmão pecasse contra um membro da congregação, este deveria contatar o outro pessoalmente para resolver o assunto. Se isso falhasse, ele podia tomar outros dois ou três para averiguar os fatos e procurar a reconciliação. Só se esse segundo passo falhasse é que ele levaria o seu caso perante toda a congregação para julgamento. Se o irmão em erro não se arrependesse então do seu pecado, aquele contra quem se pecou e a eclésia deviam tratá-lo legitimamente como um 'homem pagão e um publicano' -- isto é, como se não fosse cristão de modo nenhum.77

E se o pecado de uma pessoa fosse contra a eclésia como um todo? Seguindo os passos acabados de enunciar, uma pessoa podia, se não se arrependesse, ser desassociada da congregação. Mas Russell reconheceu que as maiorias podiam estar tão erradas como os indivíduos e enfatizou a necessidade de unanimidade quase completa na congregação ao privar uma pessoa da associação cristã.78 Mesmo se uma pessoa fosse desassociada por uma eclésia particular, isto não significava que ela era ostracizada em todas as circunstâncias sociais ou por todos os outros Estudantes da Bíblia. Assim, a disciplina era moderada e mantida em não mais do que o mínimo para preservar a harmonia pessoal e congregacional. Para além disso, Russell e os Estudantes da Bíblia recusavam-se a ir, pelo menos em teoria.

Russell também acreditava em muita tolerância e latitude na crença. Comentando Romanos 14:5: 'esteja cada [homem] plenamente convencido na sua própria mente', em New Criation [Nova Criação], ele reconheceu que embora a unidade cristã fosse importante, era essencial notar que a uniformidade doutrinal não devia ser imposta: 'O povo do Senhor não só tem cabeças desenvolvidas de modo diferente, e diferenças em experiência e educação, mas além disso eles têm idades diferentes como Novas Criaturas -- bebês, jovens, maduros.' É claro que todos tinham de reconhecer e concordar com certas doutrinas: 'Eles têm de compreender os [aspectos] fundamentais -- que todos eram pecadores; que Cristo Jesus, nosso Líder, nos redimiu pelo seu sacrifício consumado no Calvário[,] que estamos agora na Escola de Cristo para sermos ensinados e equipados para o Reino e o seu serviço; e que ninguém entra nesta Escola exceto depois de uma completa consagração de todo o seu ser para o Senhor.'79 Para além disto, havia grande liberdade. Mesmo o batismo em água não era absolutamente necessário,80 e cada um devia ter o direito de expressar os seus sentimentos em todas as questões doutrinais de uma maneira ordeira.81 Ninguém devia deixar de o reconhecer como irmão, a menos que ele se recusasse a concordar com os poucos aspectos fundamentais. Por isso, Russell e os Estudantes da Bíblia tomaram como seu lema não oficial: 'Nos aspectos essenciais, unidade; nos não essenciais, caridade.'82

Apesar de não querer tornar-se um líder religioso autoritário, Russell tornou-se um líder religioso dominante. Afinal era ele que tinha tomado a iniciativa de pregar no período de 1877 a 1881; e quando se separou dos seus anteriores associados, Barbour, Paton e os outros, foi só ele que teve o ímpeto, a habilidade pessoal, e o dinheiro para desenvolver um movimento religioso significativo. Além disso, como ele continuava a dirigir a Zion's Watch Tower Society [Sociedade Torre de Vigia de Sião] depois da sua incorporação em 1884, foi ele que pôde manter o controlo sobre o que era publicado na literatura dos Estudantes da Bíblia, sobre as atividades dos colportores que distribuíam essa literatura,83 e sobre as atividades de pregadores viajantes chamados 'peregrinos'84 que, depois de 1894, visitavam regularmente as congregações dos Estudantes da Bíblia. Embora ele não usasse intencionalmente a Sociedade como uma agência centralizada -- ele encarava-a como não mais do que uma organização de negócios -- ainda assim ela teve tendência a tornar-se o veículo através do qual os Estudantes da Bíblia passaram a ser soldados numa comunidade religiosa mais coesa.

À medida que o tempo foi passando, Russell também teve tendência a impor cada vez mais os seus próprios ensinos aos Estudantes da Bíblia. Isso não foi porque ele estivesse sedento de poder, mas simplesmente porque acreditava tão firmemente que tinha descoberto a 'verdade atual' e queria que outros a conhecessem. Em 1895 ele sugeriu que as eclésias estudassem parágrafo por parágrafo os seus volumes de Studies in the Scriptures [Estudos das Escrituras] publicados até esse tempo.85 Em 1905 ele estabeleceu o que eram conhecidos como Estudos Bereanos -- estudos direcionados em vários tópicos escolhidos pelo próprio Russell para todo o movimento. Em resultado disso, o estudo da Bíblia versículo por versículo foi substituído em praticamente todas as congregações pelos Estudos Bereanos que, portanto, significavam que Russell podia exercer maior controlo sobre as crenças dos seus seguidores.86

Em 1910 Russell ensinou, e sem dúvida acreditava, que os seis volumes de Studies in the Scriptures [Estudos das Escrituras] 'eram praticamente a Bíblia ordenada por tópicos.'87 Embora isto fosse um exagero grosseiro, pelo qual foi severamente censurado,88 duas coisas devem ser reconhecidas: (1) Russell, embora autor dos seis volumes, não era o originador da maior parte das idéias neles, e (2) embora ele acreditasse que os Estudos Bereanos eram superiores ao estudo 'livre' da Bíblia, deu liberdade a cada eclésia para decidir que sistema adotaria.89 O seu poder era persuasivo em vez de coercivo, em nítido contraste com a política atual da Watch Tower Society [Sociedade Torre de Vigia].

Contudo, havia um grande perigo naquilo que Russell estava a fazer. Em The Watch Tower [A Torre de Vigia] de Janeiro de 1913 ele escreveu: 'Nós não paramos para perguntar o que o Irmão Calvino ou o Irmão Wesley ensinaram, nem o que outros ensinaram antes ou depois deles. Nós recuamos até aos ensinos de Cristo e dos apóstolos e profetas, e ignoramos todos os outros ensinos. É verdade que todas as denominações alegam mais ou menos a mesma coisa, mas eles estão mais ou menos impedidos de o fazer devido às suas tradições e credos. Eles vêem através de lentes coloridas. Nós ignoramos tudo isso e esforçamo-nos para ver as palavras de inspiração somente à luz do contexto, ou à luz refletida de outras passagens das Escrituras.'90 De fato, ele estava a praticar auto-engano em grande escala, e os Estudantes da Bíblia, tanto como quaisquer outros, estavam a olhar através de 'lentes coloridas'. Conforme Timothy White diz: 'Os comentários dele tornaram-se para muitos como os credos que ele tanto desprezava'.91

Russell como o Servo Fiel e Sábio

Uma das principais razões porque Russell se estava a enganar a si próprio era que, apesar das suas boas intenções e falta de disposição para assumir o papel de profeta, depois de 1895 ele detinha uma posição entre os Estudantes da Bíblia que era mais do que apenas a do seu Pastor. O que aconteceu foi que a Sra. Russell, que nesse tempo defendia vigorosamente o seu marido contra os anteriores associados, inventou uma nova doutrina a respeito de Mateus 24:45-47. Esse texto, na King James Version, diz: 'Quem é, então, o servo fiel e sábio, a quem o seu senhor fez governante sobre os seus domésticos, para lhes dar alimento na época devida? Abençoado é aquele servo, a quem o seu senhor encontrar, quando vier, a fazer isso. Em verdade vos digo, que ele o fará governante sobre todos os seus bens.' E Maria Russell decidiu aplicar o termo 'servo fiel e sábio' da ilustração de Jesus ao seu marido.

Anteriormente, Russell tinha defendido que 'esse servo' era realmente uma ilustração para a igreja -- o pequeno rebanho de 144.000 mencionados em Revelação 7 e 14.92 Mas a sua esposa apontou para o fato de o 'servo' ser singular, enquanto a igreja, os 'domésticos' [ou casa] da fé, ser plural. Além disso, se a igreja era 'aquele servo' e também os 'domésticos', acabaria por se estar a servir a si própria. Escrevendo em dezembro de 1895, Maria Russell enfatizou fortemente o seu ponto a George Woolsey, um Estudante da Bíblia de Nova Iorque:

Mas quando chegamos a Mat. 24:45-51, parece-me ser um caso totalmente diferente [de Revelação 16:15]. Aqui são trazidos à nossa atenção -- 'aquele servo', 'os seus co-servos' e os 'domésticos'. Ora, se o Senhor desejasse indicar um servo principal da verdade, e co-servos assistindo-o em servir o alimento na época devida à casa da fé, ele não podia ter escolhido linguagem mais precisa para transmitir esse pensamento. E, pelo contrário, ignorar tal ordem e razoabilidade no relato, na minha mente lança toda a narrativa em confusão, tornando os 'servos' (plural) e 'aquele servo' termos intercambiáveis.93

Depois ela continuou argumentando que como Cristo estava presente e tinha assumido o seu cargo de rei em 1878, a casa da fé estava sendo ricamente aprovisionada com 'alimento no tempo apropriado' por um servo.94 Ela não teve de dizer especificamente a quem se referia.

Russell foi um pouco cauteloso em adotar a doutrina da sua mulher, provavelmente porque tinha sido acusado há pouco tempo de ser autoritário. Não obstante, ele estava sem dúvida lisonjeado pelo novo e aumentado papel que ela, pela sua exegese, tinha criado para ele. Assim ele aceitou a lógica da sua interpretação, e os seus próprios escritos começaram a fazer declarações ligeiramente veladas no sentido de ele ser 'aquele servo'.95 É verdade que Russell nunca se chamou a si próprio o 'servo fiel e sábio' publicamente. Também, ele estava convencido que se 'aquele servo' se tornasse infiel e indiscreto, Deus lançá-lo-ia fora.96 Para ele o papel de 'servo' era um serviço amoroso, não uma superintendência arrogante. No entanto, é certo que ele se encarava a si próprio como o 'servo fiel e sábio', apesar dos comentários da Watch Tower Society [Sociedade Torre de Vigia] durante as últimas décadas que dizem o contrário.97 A Edição Memorial da The Watch Tower [A Torre de Vigia] de 1.º de Dezembro de 1916 tornou isto explícito: 'Milhares de leitores dos escritos do Pastor Russell acreditam que ele preencheu o cargo daquele "servo fiel e sábio", e que o seu grande trabalho foi dar à casa da fé o alimento na época devida. A sua modéstia e humildade impediram-no de reivindicar abertamente este título, mas ele admitiu isso em privado.'98

Outro título que lhe foi dado pelos seus seguidores foi o 'Mensageiro Laodicense'. Segundo Three Worlds, as sete igrejas da Ásia Menor mencionadas nos primeiros três capítulos de Revelação representavam a igreja de Cristo como um todo durante diferentes eras. A igreja laodicense era vista como um tipo da 'última fase da igreja'.99 Consequentemente, como os Estudantes da Bíblia acreditavam que a última fase tinha começado em 1874, e Russell estava sendo usado como porta-voz escolhido de Jeová para a exposição de 'novas verdades' para a igreja, ele era, por definição, o 'Mensageiro Laodicense'.100 Um terceiro título dado a Russell era 'o homem com o tinteiro'. Em Ezequiel 9, o profeta teve uma visão de seis homens com armas de matança nas suas mãos e um sétimo homem com um tinteiro de escritor no seu lado. O sétimo homem devia colocar uma marca nas testas dos habitantes de Jerusalém que estavam suspirando e chorando por causa das abominações cometidas na cidade. Outros que não fossem marcados dessa forma deviam ser mortos pelos seis homens com armas. Os Estudantes da Bíblia acreditavam que esta visão teria um cumprimento antitípico durante a segunda presença de Cristo, e Russell era portanto visto como aquele marcando os que suspiravam e choravam devido às abominações cometidas na antitípica Jerusalém, ou Cristandade.101

Com efeito, para os Estudantes da Bíblia, o Pastor Charles Taze Russell tornou-se o porta-voz de Deus, o seu canal, dispensando alimento espiritual de um modo que nenhum outro podia.102 Conforme notado, Russell sempre acreditou que o alimento tinha de ser bíblico, e num sentido real ele sempre tentou manter a tradicional doutrina sola scriptura -- só a Bíblia -- do protestantismo. No entanto, ao lhe conferirem um papel de ensino especial, os Estudantes da Bíblia (e o próprio Russell) estavam a começar a adotar algo semelhante ao conceito Católico Romano de um magisterium do papado.

As Tribulações Maritais de Russell

Apesar de sucesso e adulação, Russell não escapou a problemas ou a críticas amargas. Durante a sua vida, ocorreram dois cismas agudos entre os Estudantes da Bíblia: o primeiro em 1894 que resultou do sentimento entre alguns dos seus co-trabalhadores de que ele era demasiado dominador; o segundo em 1908 e 1909 devido ao assunto doutrinal do Novo Pacto. Muito mais dolorosa, porém, foi a sua separação da esposa em 1897, o julgamento que legalizou essa separação em 1906, e a amargura que se seguiu. A separação de Russell da sua esposa infelizmente ocasionou e continua a ocasionar ataques severos e largamente injustos à sua reputação. Um exame de perto sobre o que ocorreu a partir de documentos originais103 demonstra esse fato claramente.

Durante muitos anos Maria Russell foi uma apoiante leal do seu marido; ela até serviu como secretária-tesoureira da Zion's Watch Tower Society [Sociedade Torre de Vigia de Sião]. Quando ocorreu o cisma de 1894, ela dirigiu uma digressão de palestras às congregações de Estudantes da Bíblia em defesa de Russell. Mas pouco depois os dois desentenderam-se. Logo desde o início, o relacionamento entre eles era de certa forma pouco saudável, pela maioria dos padrões. Quando casaram, eles tinham entrado num acordo de que a sua união não devia ser consumada nesse tempo, nem deviam coabitar no futuro.104 Tomado com base no seu entendimento de Mateus 19:12 e numa atitude Vitoriana em relação ao sexo, [o acordo] sem dúvida causou alguma tensão entre eles. Russell parecia não ter problema, pois evidentemente ele tinha pouco interesse num relacionamento físico. Ele parece ter tido pouca libido, talvez devido à sua preocupação constante com assuntos religiosos. No entanto, ele declarou que se a sua esposa lhe tivesse pedido, ele teria cumprido as suas obrigações para com a sexualidade dela.105 Ele simplesmente 'preferia viver uma vida de celibatário'. Mas o caso deve ter sido muito diferente com ela. Embora ela 'concordasse e expressasse o mesmo como sua preferência', no seu julgamento para divórcio de comida e cama, o advogado dela 'tentou concluir disso que ela foi privada de um dos maiores prazeres da vida'.106 Desta declaração e dos acessos de ciúmes dela, pode-se reconhecer que Maria Russell era, compreensivelmente, uma mulher sexualmente frustrada. Estranhamente, quase ninguém que discutiu as dificuldades maritais de Russell lidou com qualquer destes detalhes, embora o Pastor Russell o tenha feito de forma muito cândida.

Mas as dificuldades sexuais não eram a causa direta da sua discórdia. Antes, a causa era o desejo de Maria de um maior reconhecimento e autoridade, ligado a uma disputa de família sobre assuntos de dinheiro. Pelo menos em 1894, estava a começar a desenvolver-se entre os Russells uma séria tensão. Maria estava a tornar-se profundamente ciumenta em relação a qualquer atenção que o seu marido mostrasse para com outras mulheres, incluindo Rose Ball, uma rapariga adolescente a quem os Russells encaravam quase como uma filha adotiva.107 Além disso, Maria ressentiu-se daquilo que considerava ser a falta de respeito de Russell por ela. Ela era uma pessoa com muito mais educação do que ele. Não só se tinha graduado da escola secundária, como também recebeu treino de professora na Pittsburgh Curry Normal School. Por isso ela estava habilitada para ajudar o seu marido na redação da Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião], escreveu numerosos artigos para esse jornal, e foi co-autora dos primeiros quatro volumes de Studies in the Scriptures [Estudos das Escrituras].108 Não obstante, talvez porque não havia um relacionamento íntimo entre eles, ele mostrava pouco interesse por ela exceto como uma assistente de redação e edição. Por isso ela passou a sentir que ele não tinha mais consideração por ela do que por uma criada.109

Alguns dos que se envolveram na revolta de 1894 contra a autoridade de Russell, que resultou em cisma, simpatizaram com Maria e tentaram recrutá-la para a sua causa. Segundo o Pastor, estes 'conspiradores tentaram semear discórdia no coração da minha esposa através de lisonja, argumentos sobre os direitos das mulheres, etc.'110 Mas na realidade eles provavelmente apenas acharam que ele era desnecessariamente condescendente para com ela -- o que parece ser justificado. No entanto, quando os críticos de Russell dentro da Sociedade o atacaram abertamente para expor os seus problemas maritais, foram demasiado longe: Maria permaneceu lealmente, embora não estivesse a ser totalmente honesta, ao lado do marido. 'O nosso lar', disse ela, 'longe de ser um lar discordante, é o exato oposto, -- muito feliz.'111 Ela também defendeu o caráter moral do pastor e empreendeu a digressão mencionada anteriormente para falar a favor dele. E foi depois do seu regresso em dezembro de 1895 que ela indicou abertamente que acreditava que ele era o 'servo fiel e sábio' de Mateus 24:45-47.112

No entanto, mesmo quando Maria estava defendendo e promovendo Russell publicamente, os dois estavam em disputa amarga. Segundo a declaração juramentada dela, em 1895 Russell propôs uma separação: 'Ele propôs, com base em incompatibilidade, que nos separássemos', afirmou ela, 'e se eu fizesse isso, ele dar-me-ia aquela casa na qual estávamos vivendo, e quando eu recusei a sugestão, ele disse que se eu não concordasse com isso, não receberia nada.'113

Sem dúvida o comportamento de Russell em relação à esposa nesta ocasião foi cruel, e as suas próprias declarações mostram que ele tinha uma opinião exaltada de si mesmo nas suas relações com ela.114 No entanto, ela também parece não ter estado sem séria falta durante esse tempo. Ele tinha chegado a um ponto de exasperação extrema, acreditando que ela lhe queria dizer o que fazer no seu ministério. 'Eu era', declarou ele, 'continuamente assediado com sugestões para alterações nos meus escritos.'115

Parte do problema era, claro, que Russell e a sua mulher tinham opiniões muito diferentes sobre a natureza do papel de uma mulher no casamento. Ele era um tradicionalista e, condizente com as atitudes comuns entre os cristãos americanos do seu tempo, acreditava que as esposas tinham a obrigação de estar subordinadas aos seus maridos. Ela, em contraste, estava a tornar-se de certa forma uma feminista. Falando acerca dela em 1895 e pouco depois, ele disse mais tarde: 'as idéias dos direitos das mulheres e a ambição pessoal começaram a vir ao de cima, e eu percebi que a campanha ativa da Sra. Russell em minha defesa, e a recepção muito cordial que lhe foi dada pelos queridos amigos [...] fizeram-lhe mal por aumentarem o seu auto-apreço.'116 Deste ponto de vista, portanto, a desaprovação dele em relação às idéias e comportamento dela não só era própria mas também, como cabeça cristão dela, era um dever. Ela, claro, não via as coisas desse modo. Escrevendo em 1906 numa pequena apologia chamada The Twain One [O Par], ela argumentou a favor da igualdade dos sexos e defendeu que as mulheres deviam corretamente servir como instrutoras na igreja. Pensando com toda a probabilidade no seu próprio casamento, ela declarou: 'Se alguém na igreja se torna impulsivo, a igreja precisa de ter cuidado. Ou se o marido cristão, desencaminhado pelo adversário através do orgulho, ou egoísmo, ou amor do poder, pretender assim dominar a sua esposa e interferir com a suprema aliança dela com Deus, então a esposa cristã tem de se acautelar, e não se deixar encantar através de uma "humildade voluntária" que colocaria sob um jugo de servidão ao pecado uma alma a quem Cristo fez livre.'117

Em 1896 Maria Russell enfrentou outro problema, de sua própria autoria. Se Russell era o 'servo fiel e sábio' de Mateus 24:45-47 como ela tinha postulado, como é que ela podia tomar uma atitude tão negativa em relação à autoridade dele? A resposta é que ela rapidamente chegou à conclusão de que ele estava a tornar-se o 'servo mau' descrito nos quatro versículos seguintes do mesmo capítulo. O relato de Russell diz:

Gradualmente a interpretação dela sobre 'aquele servo' influenciou-lhe a mente. Primeiro ela sugeriu que tal como no corpo humano há dois olhos, dois ouvidos, duas mãos, dois pés, etc., isto poderia representar apropriadamente o par -- ela e eu como necessariamente um no casamento e no espírito e no Senhor. Mas a ambição não parou aqui -- (é uma planta de crescimento pouco parcimonioso). Dentro de um ano a Sra. Russell tinha concluído que a última parte da declaração (nomeadamente, Mateus 24:45-51) não era meramente um aviso, mas teria cumprimento real -- que isso significava que o seu marido cumpriria esta descrição, e que ela em conseqüência tomaria o seu lugar como 'aquele servo' em dispensar alimento na época devida.118

É impossível dizer se a declaração de Russell é inteiramente verdadeira ou não. No entanto, parece razoável acreditar que ele estava a apresentar os fatos. Maria foi a originadora da doutrina do 'servo fiel e sábio' e mais tarde defendeu que ele se tornara infiel a esse cargo. Também, ela pensava que era capaz de fazer tudo o que ele tinha feito como 'aquele servo'. Ainda assim, não há evidência de que ela tenha alguma vez aplicado abertamente o título a si mesma.

No início de 1897 a fratura entre os dois ampliou-se, e Maria organizou 'um comitê [da igreja] segundo as instruções de Mat. 18:17' para ouvir acusações contra Russell. Além de levantar a questão de saber se ela tinha ou não o direito de publicar artigos não censurados na Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião] -- um assunto sobre o qual os dois tinham estado a discutir -- ela levantou dois assuntos adicionais. Primeiro, ela e a irmã, Emma Ackley Russell, acusaram o Pastor de ter influenciado impropriamente o seu pai, Joseph Russell, ao preparar o testamento. Joseph tinha casado com Emma alguns anos antes e tinha tido uma filha dela na sua velhice. Mas quando ele quis preparar um testamento, tinha-se voltado para o filho para conselho -- um fato que tinha enfurecido Emma. Ela evidentemente acreditava que o seu enteado, que também era seu cunhado, estava a tentar enganá-la e à sua criança, e Maria concordou. Segundo, Maria acusou Russell de ter falhado em mostrar o devido respeito a ela numa certa reunião.119

Russell respondeu que o testamento ofensivo tinha sido destruído algum tempo antes para aplacar Emma e era por isso um assunto morto. Quanto à sua suposta rudeza para com a esposa na reunião em questão, ele afirmou que tinha pedido perdão cinco vezes anteriormente, e ela já o tinha perdoado cinco vezes. Sem surpresas, o comitê inteiramente constituído por homens ficou do lado do Pastor. Eles devem ter ficado desconcertados pelas respostas de Russell às acusações contra ele, e um deles, W. E. Page, de Milwaukee, Wisconsin, deve ter ficado mais do que um pouco perturbado por ter sido trazido de centenas de milhas de distância para mediar aquilo que era pouco mais do que uma disputa doméstica. Quanto à questão da exigência da Sra. Russell de que lhe fosse permitido escrever o que desejasse na Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião], eles 'disseram-lhe delicadamente mas muito claramente que nem eles nem quaisquer outras pessoas no mundo tinham o direito de interferir com a Administração da TORRE DE VIGIA pelo Irmão Russell: que isso era apenas uma incumbência dele, e só ele era responsável pela sua administração.'120

Embora os Russells se tenham beijado e feitos as pazes, as tréguas entre eles não duraram muito. A pedido dela, ele pô-la a mandar numa reunião semanal de mulheres da igreja dos Estudantes da Bíblia de Allegheny. Assim, ela tornou-se a líder de um grupo de mulheres que depressa se tornou um centro de descontentamento contra o Pastor. Evidentemente, também, Maria foi apoiada pelas suas irmãs, Emma Russell, Lena Guibert e Laura Raynor, em levar a cabo uma campanha de boatos contra ele e em declarar que elas já não eram mais membros da igreja de Allegheny.121

Quando Russell soube do que se estava a passar, tomou ação drástica. Em clara violação dos seus próprios princípios declarados, ele convocou algumas das mulheres apoiantes da sua esposa perante uma reunião do corpo de anciãos da igreja de Allegheny para acusá-las de calúnia. Usando o argumento de que Maria e as suas irmãs se tinham retirado da igreja, ele excluiu-as da reunião. Em seguida, ele escreveu cartas iradas ao seu pai, a Emma Russell e a Laura Raynor, nas quais lhes pediu que 'não recebam, nem abriguem, nem recebam como hóspede a minha esposa sob o vosso teto sob nenhum pretexto'. Assim ele tentou de forma bem sucedida afirmar a sua autoridade tanto na congregação como na sua própria casa; e os Russells tentaram de novo outra reconciliação. Em setembro de 1897 Russell, Maria e as suas irmãs assinaram um acordo escrito para esquecer as ofensas passadas e para se tratarem uns aos outros com bondade. Mas em 9 de Novembro do mesmo ano, Maria deixou a sua casa marital, para nunca mais voltar.122

Ela viajou imediatamente para Chicago, onde tentou de novo lançar acusações contra Russell perante aquela que era a segunda maior congregação de Estudantes da Bíblia no mundo. Quando não conseguiu realizar nada ali, ela propôs voltar para o seu marido. Mas ele recusou recebê-la, a menos que ela concordasse com as suas condições. Em janeiro de 1899, ela regressou a Allegheny para viver com a então viúva Emma Russell e para renovar os seus ataques públicos ao Pastor. Quinze meses depois os Russells fizeram as pazes novamente e Maria mudou-se para uma casa de hóspedes que era propriedade de Russell, perto da casa da sua irmã. Embora recusasse apoiá-la diretamente, ele forneceu-a de mobiliário e permitiu-lhe viver dos proveitos que ela podia obter de vários hóspedes.

Embora estivessem a viver separados, as tréguas entre eles não duraram muito. Entre abril de 1899 e os meses iniciais de 1903, Maria Russell pôs de lado dinheiro suficiente para preparar, imprimir e publicar um tratado que era um relato das suas relações com o seu marido ao longo dos anos e era mais um ataque amargo contra ele. Nesse tratado ela publicou correspondência entre eles e tentou, com algum sucesso, retratá-lo como um tirano arrogante. Para tornar as coisas piores, ela distribuiu tratados a todos os Estudantes da Bíblia que pôde alcançar e enviou pacotes adicionais de tratados a vários clérigos, com uma nota dizendo que eles deviam pôr os tratados em circulação entre os Estudantes da Bíblia em todos os lugares onde isso fosse possível.

Russell ficou furioso, para dizer o mínimo, e decidiu punir a esposa pela sua ação. Algures em meados de março de 1903, ele e vários associados da Casa da Bíblia, a sede da Torre de Vigia, tomaram posse da casa dos hóspedes na qual ela e quatro ou cinco hóspedes viviam, e removeu todos os pertences pessoais deles. Russell até chegou ao ponto de tomar a bolsa da sua esposa com todo o dinheiro de rendas que ela ainda tinha aí e quase se envolveu numa luta de murros com um dos locatários quando este descobriu que as suas propriedades e as do seu companheiro de quarto tinham sido removidas dos seus quartos. Sem surpresas, Russell foi rapidamente posto em tribunal. Dois hóspedes furiosos processaram-no por violar os seus contratos de arrendamento, um deles acusou-o de assalto, e Maria processou-o para obter um divórcio de comida e cama. Russell perdeu em todos os casos, exceto na acusação de assalto, da qual foi absolvido.123

Maria Russell acabou por se tornar no opositor mais amargo do seu marido. No seu julgamento para separação, ela tentou magoá-lo de um modo muito incorreto declarando que ele tinha dito que 'ele era como uma medusa flutuando, abraçando todos os que respondessem'. Embora esse testemunho fosse proibido e ela admitisse mais tarde sob juramento que não pensava que ele fosse culpado de adultério, a Sra. Russell foi bem sucedida em macular a reputação do seu marido.124 Mais tarde, a batalha deles continuou sobre a questão da recusa dele em pagar o apoio financeiro decidido pelo tribunal, e novamente ela fez tudo o que era legalmente possível para fazê-lo parecer mal aos olhos do mundo. Ele alegou que não tinha o dinheiro e de qualquer maneira sem dúvida não queria dá-lo pois ela pretendia usar parte desse dinheiro para imprimir e publicar ataques contra ele.125 Embora ela sem dúvida tivesse algumas queixas muito justificadas contra ele, é difícil não sentir que, pelo menos de 1903 em diante, o comportamento dela em relação a ele foi completamente vingativo. No entanto, ao longo dos anos, ao avaliar as disputas amargas entre Charles e Maria Russell, os historiadores não conseguiram chegar sequer perto de um consenso na questão de saber qual dos dois tinha mais culpa.126

O Cisma do Novo Pacto

Pouco depois do caso do divórcio de Russell, veio o amargo e significativo cisma do Novo Pacto. Basicamente, o que aconteceu é que durante a sua disputa com Nelson Barbour, Russell tinha desenvolvido o que veio a ser conhecido como 'a doutrina do Mistério', algo que o jovem Pastor, os seus seguidores, e muitos outros desde então conceberam como 'uma nova verdade'. De fato, o Mistério, conforme entendido por Russell, significava que não só Jesus, o homem, se tinha oferecido a si mesmo como sacrifício de resgate pela humanidade, mas o corpo de Cristo, os 144.000 membros da sua igreja, também participavam no trabalho de resgate e expiação.127 Claro que Russell não se apercebeu que esta 'nova verdade' tinha de um modo geral sido parte da doutrina católica durante séculos.128 Isso, porém, não importava. O que importava era que em resultado da doutrina do Mistério, ele também passou a defender que os membros da igreja de Cristo não estavam sob o Novo Pacto de que as Escrituras falavam como substituindo o pacto que Deus tinha feito com Israel através de Moisés. A razão é que o Novo Pacto não se podia aplicar a toda a humanidade até que todos os membros do corpo de Cristo tivessem sido sacrificados, ressuscitados, arrebatados, e se juntassem ao seu Senhor no céu. E depois de 1881, Russell não esperava que isso acontecesse senão em 1914.

Em 1880 ele foi muito explícito sobre o Novo Pacto. Ele declarou enfaticamente: 'Não deve ser interpretado como sendo o pacto de Deus conosco -- "a semente", não [deve ser interpretado] que foi parte do pacto abraâmico, e embora em harmonia um com o outro, não são o mesmo, nem é o "novo pacto" feito com a igreja de modo nenhum.'129 No entanto, visto que, conforme já foi demonstrado, Russell certamente nem sempre era um pensador claro, dentro de um ano, aparentemente muito inconscientemente, ele reverteu para a opinião cristã tradicional segundo a qual a igreja estava sob o Novo Pacto.130 Conforme Timothy White nota, ele parece ter estado completamente confuso sobre o assunto.131 Não obstante, como a maioria dos Estudantes da Bíblia vivendo na primeira década do século XX tinham-se juntado ao movimento depois de 1880, nada sabiam sobre os seus pensamentos anteriores. Consequentemente, quando Russell reafirmou o seu ensino de 1880 com alguns embelezamentos, muitos dos Estudantes da Bíblia mais qualificados ficaram chocados.

Russell provavelmente não teria notado a discrepância nos seus ensinos se não fosse Paul S. L. Johnson, um qualificado mas excêntrico colportor que haveria de ter uma grande influência na história dos Estudantes da Bíblia em anos posteriores. Johnson tinha sido criado como judeu, foi convertido ao cristianismo, tornou-se pastor luterano e finalmente Estudante da Bíblia. Sendo talvez o associado de Russell com melhor educação e mais estudioso, através de pesquisa ele encontrou a opinião de Russell de 1880, indicou-a a Russell, e encorajou-o a reafirmá-la.132 Escrevendo na edição de janeiro de 1907 de Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião], Russell fez isso.

Muitos associados próximos fizeram o seu melhor para que Russell abandonasse esta peculiar doutrina reafirmada do Novo Pacto. Pois ele não só defendia que a igreja não estava sob ou dentro desse pacto, mas até dizia que os 144.000 não precisavam nem tinham um mediador. O mediador para o resto da humanidade, o Cristo, seria Jesus e a igreja juntos -- a Cabeça e o corpo.133 Mas não era possível persuadir Russell a abandonar esta doutrina.

A teimosia de Russell fez muitos dos seus Estudantes da Bíblia críticos acreditar que ele se estava a tornar autocrático, e os seus sentimentos nesta matéria foram reforçados por um assunto secundário -- o curioso caso do 'voto'. O caso do divórcio de Russell trouxe à atenção o assunto de 'conduta própria entre os sexos' entre os Estudantes da Bíblia. Assim, no início de 1908, o Pastor desenvolveu e adotou um voto [ou promessa solene] ao Senhor que, entre outras coisas, declarava: 'Prometo ainda que, com a excepção abaixo, vou em todas as alturas e em todos os lugares comportar-me em relação aos do sexo oposto em privado exatamente como faria em público -- na presença de uma congregação do povo do Senhor, e tanto quanto seja razoavelmente possível evitarei estar sozinho num quarto com qualquer pessoa do sexo feminino, a menos que a porta do quarto fique bem aberta -- excepção feita no caso da esposa, filhos, mãe e irmãs.'134

É claro que ninguém objetou a Russell tomar tal voto. No entanto, ele não parou nesse ponto; ele começou a promover o voto para outros. Primeiro, sugeriu que todos os peregrinos a tempo inteiro e parcial trabalhando sob os auspícios da Sociedade Torre de Vigia, e todos os 'irmãos da família da Casa da Bíblia' em Pittsburgh, também deviam fazer esse voto. Numa carta geral de março de 1908, ele pediu que todo o peregrino e membro da família da Casa da Bíblia se 'vinculasse com um voto para o Senhor' e que indicasse a Russell por escrito que tinha feito isso.135

Seguiu-se uma tempestade. A maioria daqueles a quem se requeria que tomassem o voto fizeram isso, mas alguns objetaram fortemente a toda a idéia. Estes últimos citaram alguns dos ensinos anteriores de Russell contra votos e expressaram ressentimento por o seu Pastor ter tomado a liberdade de publicar os nomes dos que tinham tomado o voto, no que eles encararam como uma forma menos do que subtil de exercer pressão espiritualmente.136 Russell respondeu com animosidade. Disse ele: 'Parece evidente que alguns irmãos normalmente brilhantes perderam a sua educação no que diz respeito ao significado da palavra "voto"' e afirmou que não tinha forçado ninguém a tomar o voto.137 Embora concordasse em não publicar no futuro os nomes dos que tinham tomado o voto, ele escreveu: 'continuem a avisar-nos, se fazem favor, quando tomarem o voto. Nós vamos preservar uma lista alfabética que pode vir a ser útil em algum momento.'138 Claro que os seus críticos passaram imediatamente a encarar esta lista como uma lista de lealdade e ficaram ainda mais alienados. Assim, o voto tornou-se um segundo sinal de alarme para muitos daqueles preocupados com o assunto do Novo Pacto.

Os principais oponentes da reafirmada doutrina de Russell sobre o Novo Pacto e do voto eram tanto Estudantes da Bíblia proeminentes como homens e mulheres que estavam entre os associados próximos e queridos de Russell. Eles incluíam A. E. Williamson (marido da sobrinha do Pastor); M. L. PcPhail; E. C. Henninges, a sua esposa, Rose; e a própria irmã de Russell, Mae Land.139 Entre estes, McPhail tinha servido como o primeiro peregrino a tempo inteiro da Torre de Vigia em 1894.140 Henninges tinha servido durante algum tempo como secretário-tesoureiro da Watch Tower Society [Sociedade Torre de Vigia], tinha promovido atividades dos Estudantes da Bíblia na Inglaterra, e tinha estabelecido um escritório de filial da Torre de Vigia em Melbourne, Australia.141 Além disso, ele era casado com Rose Ball, a filha adotiva dos Russell e a jovem mulher a quem, segundo Maria Russell tinha afirmado, o seu marido contara a infame história da medusa.142

Em 1909 Henninges escreveu uma longa carta de protesto a Russell.143 Pouco depois foi posta em circulação uma 'carta aberta' dirigida 'a todos os [Estudantes da Bíblia] que compreendem a necessidade de ficarem firmes para o Senhor e a Sua Palavra no meio de tentações subtis e julgamentos deste tempo presente: a todos os que apreciam Jesus como seu Mediador, e o Seu sangue do Novo Pacto como a sua base de favor durante esta Era do Evangelho.'144 A seguir à publicação desta carta, a maioria da congregação de Melbourne, alguns americanos -- incluindo Williamson em Brooklyn -- e outros Estudantes da Bíblia em todo o mundo saíram para formar os New Covenant Believers [Crentes no Novo Pacto].145

Russell não queria que os Crentes no Novo Pacto saíssem e teria continuado em associação com eles. O que ele parece não ter percebido é que a sua posição como 'servo fiel e sábio', editor da Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião], e Pastor eleito das congregações de Estudantes da Bíblia lhe dava um papel proeminente como seu guia espiritual. Assim, era impossível opor-se aos seus ensinos e continuar dentro da comunidade dos Estudantes da Bíblia, e os Crentes no Novo Pacto recusaram-se a permanecer calados. Para eles a doutrina tradicional do Novo Pacto era tão importante em 1909 como a doutrina da expiação substitutiva tinha sido para Russell em 1878. Consequentemente, várias centenas de um total de talvez 10.000 Estudantes da Bíblia separaram-se.146 Russell parece não ter compreendido que tinha contribuído grandemente para o sectarismo que tanto odiava.

Adversários Externos de Russell

Problemas causados por cismas entre Estudantes da Bíblia e contendas domésticas não eram as únicas tribulações que Russell sofreu. Muito cedo na sua carreira ele passara a encarar a maioria dos clérigos como falsos pastores: Eles não estavam a fazer qualquer esforço para pregar o reino de Cristo, eram freqüentemente influenciados pela alta crítica, ou estavam ensinando as doutrinas do fogo do inferno ou da imortalidade da alma, que desonram a Deus. Além disso, ele encarava a passagem de pratos de coleta na igreja como uma violação do princípio bíblico: 'De graça recebestes, de graça dai'. Por isso ele adotou como uma espécie de marca registrada nos anúncios das suas reuniões as palavras: 'Entrada Livre, Não se fazem Coletas'.147 Tanto Russell como os Estudantes da Bíblia deixavam transparecer os seus sentimentos a respeito dos 'falsos pastores' na página impressa e onde quer que fossem. Em resultado disso, remexeram num ninho de vespas.

Naturalmente, Russell ficou sob intenso ataque pessoal. Jornais e eclesiásticos individuais insinuaram, depois da sua separação legal em 1906, que ele era um adúltero.148 Ele foi acusado de trapaça financeira, particularmente no que ficou conhecido como o episódio do Trigo Milagroso. Ele foi rotulado de perjuro por um eclesiástico batista canadiano, o Reverendo J. J. Ross, que afirmou que Russell tinha mentido na posição de testemunha dizendo que 'sabia grego', quando não sabia. Tanto o caso do Trigo Milagroso como o de Ross merecem algum comentário.

Em 1904 um homem chamado Stoner, que nada sabia acerca de Russell ou dos Estudantes da Bíblia, descobriu em Fincastle, Virginia, [E.U.A.], uma variedade de trigo espantosamente produtiva a que chamou 'Trigo Milagroso'. Sete anos depois, dois Estudantes da Bíblia doaram trinta alqueires desse trigo à Sociedade Torre de Vigia para serem vendidos a um dólar cada libra como grãos de semente. Os lucros -- uns 1.800 dólares -- deviam ser usados pela Sociedade para levar a cabo as suas atividades. Russell não ganhou nada pessoalmente dos lucros, mas os seus inimigos alegaram que a venda foi uma fraude religiosa. Um jornal de Nova Iorque, o Brooklyn Daily Eagle, atacou-o e ridicularizou tanto Russell como o Trigo Milagroso num cartoon.

Russell processou o Eagle mas perdeu. Ele foi evidentemente muito sincero em vender o famoso grão mas foi mais entusiástico sobre as suas qualidades do que devia. O Trigo Milagroso aparentemente nada mais era do que uma estirpe mutante, uma 'sport'. Depressa perdeu a sua vitalidade fora do normal e não era, como ele verdadeiramente acreditava, um sinal de que a terra seria restaurada em breve a condições paradísicas.149

A acusação de J. J. Ross de que Russell cometeu perjúrio tem sido repetida e têm acreditado nela repetidamente. No entanto, foi Ross, e não Russell, quem deu um falso testemunho. Num panfleto publicado depois da ação criminal de Russell contra ele, Ross citou fora do contexto o seu advogado como perguntando a Russell se ele 'conhecia o grego'. Na realidade, o que o advogado, George Lynch-Staunton, perguntou foi: 'Conhece o alfabeto grego?' Russell respondeu simplesmente: 'Oh, sim'. Ele não fez qualquer alegação sobre conhecer algo mais do grego ou qualquer outra segunda língua para além disso. Portanto Ross distorceu a verdade.150

É impossível lidar aqui com todos os julgamentos e tribulações de Russell, mas um exame cuidadoso de cada um indica que ele era basicamente honesto mesmo quando estava completamente enganado. De fato, a sua vida pessoal foi em geral livre de mácula. Além disso, ele era geralmente um homem atrativo, bondoso, que estava completamente devotado ao cargo de despenseiro que acreditava ser o seu. Mas não pode haver dúvida de que ele tinha um pouco de orgulho arrogante e que por vezes era sincero ao ponto da ingenuidade. Num relacionamento importante -- o seu casamento -- faltou-lhe sensibilidade e afeição normal. Embora sem dúvida ele fosse inocente de fraude no assunto do Trigo Milagroso, devia ter tido melhor senso do que vender grão com esse nome em apoio do evangelismo. Se ele tivesse usado um pouco de premeditação, teria compreendido o mau cheiro que tal especulação comercial causaria. Também, se ele tivesse tomado tempo para pensar, teria reconhecido a frustração sexual da sua esposa e ter-se-ia tornado um marido para ela em mais do que apenas no nome. Mas apesar dessas falhas reais, ao compará-lo com outros líderes religiosos americanos do século XIX e início do século XX, como Joseph Smith, Ellen White, Mary Baker Eddy e Amee Semple McPherson, a personagem de Russell sai-se muito bem.

Últimos Anos e Morte de Russell

Durante os seus últimos anos, Russell era tratado com muito respeito pela comunidade dos Estudantes da Bíblia, e os seus sermões eram publicados tanto na América como na Europa, enquanto ele viajava extensamente de comboio e barco a vapor. De muitas maneiras, a vida deve ter sido agradável para ele. Nas viagens ele não poupava despesas para tornar as coisas muito confortáveis para si e para os seus companheiros de viagem, que incluíam médicos, generais aposentados, professores e juizes. Quando ele visitava as suas congregações dispersas, era regularmente rodeado por homens e mulheres que o adoravam. Afinal, não era ele o seu Pastor, 'aquele servo'? Ainda assim, a sua vida estava longe de ser um mar de rosas. Esteve quase constantemente envolvido em litígios entre 1903 e 1913, e durante esse período foi severamente criticado tanto pelos eclesiásticos como por alguns segmentos da imprensa. Também trabalhou arduamente, obrigando-se a continuar quando a sua saúde começava a falhar. Finalmente, à medida que 1914 se aproximava, ele começou a ficar nervoso com a possibilidade da não confirmação da profecia dos Tempos dos Gentios que tinha sido uma parte tão proeminente dos seus ensinos desde antes da sua separação de Nelson Barbour.

Durante anos, Russell e os Estudantes da Bíblia tinham esperado que as nações gentias do mundo desaparecessem na destruição durante esse ano, ou talvez em 1915 se a data 1914 se provasse errada. Os santos deviam ser levados para o céu para estar com Cristo (visto que isso não tinha acontecido em 1874, 1878 ou 1881) e o domínio milenar de Cristo sobre a terra devia começar. Contudo, à medida que o ano fatídico se aproximava, Russell começava a ser vago nas suas idéias a respeito dele. Originalmente, ele tinha estado absolutamente certo de que 1914 traria o fim. Em The Time Is at Hand [O Tempo É Iminente] ele tinha escrito que 1914 marcara 'o limite mais longínquo do domínio do homem imperfeito',151 mas nas primeiras décadas do século XX ele estava a tornar-se cada vez mais cauteloso. Melvin Curry declara:

Russell usou vários artifícios para negar antecipadamente o efeito do falhanço profético. Primeiro, negou que era inspirado e argumentou que as suas predições eram baseadas na fé e consequentemente não eram infalíveis, no entanto, ele ainda argumentou que a evidência bíblica era tão forte 'que a fé na cronologia quase se torna conhecimento'. Segundo, afirmou que este falhanço em predizer com exatidão os eventos de 1914 'meramente provaria que a nossa cronologia, o nosso "relógio de alarme", despertou um pouco antes do tempo', e que 'o erro não podia ser muito grande'. Por exemplo, ele concedeu que os Tempos dos Gentios 'podem terminar em outubro de 1914, ou em outubro de 1915'. Terceiro, ele reduziu as predições de modo que foram restringidas a eventos sobrenaturais não-empíricos, como o término da 'licença de poder atribuída às nações gentias' e o fim do 'período de colheita da Era do Evangelho'. Quarto, em 1904 ele inverteu a seqüência de eventos cuja ocorrência se esperava e argumentou que 'anarquia mundial' seguir-se-ia ao fim dos Tempos dos Gentios em 1914, em vez de preceder esse fim. Quinto, ele mudou a sua predição de que o colapso da cristandade seria 'súbito e horrível' e passou a negar que as nações 'todas cairão em pedaços nesse ano'. Em vez disso, afirmou que a fase terrestre do reino seria estabelecida mais tarde do que 1914; isto deixou um período de tempo depois do término da licença dos gentios para a queda das nações e o 'estabelecimento gradual do reino na terra'. Finalmente, ele comparou o seu possível erro cronológico com outras incertezas bíblicas.152

No entanto, Russell continuou a acreditar naquilo que era agora o seu próprio sistema, e em 1913 houve grande excitação milenarista entre os Estudantes da Bíblia. Assim, quando a Primeira Guerra Mundial eclodiu em 1914, Russell viu isso como uma confirmação das suas especulações cronológicas e proféticas. Ao contrário de muitos dos seus seguidores, mesmo na sede da Watch Tower Society [Sociedade Torre de Vigia] em Brooklyn, ele não foi vencido pelo fato de não terem sido levados embora nas nuvens. No seu livro Faith on the March [A Fé em Marcha], A. H. Macmillan conta o que aconteceu no outono de 1914: 'sexta-feira de manha (2 de outubro) nós estávamos todos sentados na mesa do pequeno almoço quando Russell desceu. Ao entrar na sala ele hesitou um momento como era seu costume e disse alegremente: "Bom dia a todos." Mas nesta manhã, em vez de continuar para o seu lugar como era normal, ele bateu palmas vigorosamente e anunciou: "Os tempos dos gentios terminaram; os reis já tiveram seus dias." Todos nós aplaudimos.'153

Estudantes da Bíblia dispersos em muitas partes do mundo aplaudiram. Embora 1914 não tivesse trazido o fim, tal como as Testemunhas de Jeová hoje eles estavam muito dispostos a aceitar a idéia de que o eclodir da Primeira Guerra Mundial na Europa tinha realmente provado que a cronologia Barbour/Russell era basicamente sólida.154 No entanto, embora a vinda da guerra tenha salvo a sua comunidade de outra grande crise de fé -- pelo menos imediatamente -- criou outros problemas extremamente graves. Por um lado, como na opinião deles os Tempos dos Gentios tinham terminado, o 'apocalipticismo apolítico' dos Estudantes da Bíblia aumentou grandemente. Russell tomou uma posição mais forte em apoio da objeção de consciência e condenou os eclesiásticos no Canadá por agirem como agentes de recrutamento para os 'dentes do dragão da guerra.'155 É claro que ao tomarem esta posição nos Estados Unidos entre 1914 e 1916 ele e os seus seguidores não estavam fora da tendência da maioria dos seus compatriotas. Mas o mesmo não era verdade em outras partes do mundo; e no verão de 1916 Russell foi proibido de entrar no Canadá por funcionários de imigração canadianos, furiosos com ele por 'interferir com o recrutamento' no Império Britânico.156

Muito mais sério para os Estudantes da Bíblia foi o fato de Russell ter morrido em grande dor num comboio no sudoeste dos Estados Unidos em 31 de outubro de 1916.157 Ele estava cansado e doente há algum tempo mas insistiu em continuar os seus deveres de pregação e pastoreio para o seu rebanho disperso mesmo até ao fim. Pois nos seus últimos anos de vida ele estava convencido que a Primeira Guerra Mundial terminaria em 1918 na batalha do Armagedom e no arrebatamento da igreja.158 Assim, embora a sua morte o tenha salvo da desilusão que poderia ter sentido se tivesse vivido para ver a guerra acabar e sem que as nações do mundo passassem para o esquecimento, veio numa ocasião muito inoportuna para os seus seguidores. Eles não tinham esperado ver o seu Pastor, 'aquele servo', morrer antes do fim do mundo e não estavam psicologicamente preparados para continuar o seu ministério e o deles no futuro. Mais significativo, eles haviam de ficar grandemente perturbados pelo fato de a igreja mais uma vez não ter sido 'levada para casa' para o céu, os judeus não serem restaurados à Palestina, e as nações do mundo não estarem quebradas em pedaços como Russell tinha predito, quando a guerra acabou com o Tratado de Versailles em vez do apocalipse. De fato, o movimento dos Estudantes da Bíblia quase desapareceu em 1917 e 1918 devido a lutas entre os sucessores de Russell e devido à perseguição de governos seculares e turbas que se lançaram sobre eles depois de os Estados Unidos entrarem na guerra em abril de 1917. Embora Russell tivesse feito alguns planos para a sua morte e a continuação do seu trabalho depois disso, não podia ter imaginado o que estava para acontecer em breve.


Apocalipse Adiado: A História das Testemunhas de Jeová (Toronto: University of Toronto Press, 1997, segunda edição) de M. James Penton (1932-), pp. 47-76.

Capítulo 2: A Criação de uma Teocracia

M. James Penton


Em 6 de janeiro de 1917, o Juiz Joseph Franklin Rutherford,1 que durante alguns anos tinha sido o advogado pessoal de Russell, foi escolhido como presidente da Watch Tower Bible and Tract Society [Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados] e suas organizações associadas para substituir o falecido Pastor. Com a sua eleição, começou uma nova era na história dos Estudantes da Bíblia/Testemunhas de Jeová.

Joseph Franklin Rutherford

Nascido em 8 de novembro de 1869 no Missouri e criado na pequena quinta dos seus pais Batistas, Rutherford era um homem muito diferente de Russell. Em vez de crescer numa atmosfera de grande cidade sob a orientação amorosa de um pai próspero e benevolente, Rutherford teve de trabalhar muito duramente quase na pobreza. Graças a um grande esforço pessoal, ele estudou direito sob o velho sistema de aprendizado então muito comum nos Estados Unidos e passou nos seus exames de advogado em 1892. Em algumas ocasiões serviu como juiz substituto. Provavelmente em resultado destas experiências iniciais, e de um compromisso com os ideais populistas de William Jennings Bryan,2 ele desenvolveu uma forte personalidade, uma simpatia sincera embora raramente exteriorizada pelos oprimidos, e um desprezo completo pelo alto comércio, pelos políticos e, mais tarde, pelo clero.

Tal como Russell, Rutherford era um homem alto que, só pela sua presença, impunha respeito. Ele tinha uma voz alta, estrondosa, e parecia mesmo um senador americano de um Estado do Sul ou de perto das fronteiras. Ao lidar com amigos ele podia ser despótico; ao lidar com inimigos, implacável. A história oficial da Sociedade Torre de Vigia, Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose [As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino], descreve-o como 'um tipo de pessoa enérgica e direta' com uma 'frontalidade na abordagem de problemas ao lidar com os seus irmãos que fazia com que alguns ficassem ofendidos.'3 De fato, ele era mal-humorado e por vezes brusco até ao ponto da grosseria, tendo um temperamento explosivo que podia ocasionalmente exaltá-lo até chegar à violência física. Também tinha um sentido de auto-justificação que o levava a encarar qualquer pessoa que se lhe opusesse como sendo do Diabo. Mais curioso ainda é o fato de apesar de em alguns aspectos ele ser um Puritano dos Puritanos, em outros era completamente dissoluto. Usava linguagem vulgar, sofria de alcoolismo, e foi certa vez acusado publicamente por um dos seus associados mais próximos de ter assistido a um espetáculo burlesco de nus, em companhia de dois anciãos e uma jovem mulher Estudante da Bíblia numa noite de quarta-feira antes da celebração do Memorial da Ceia do Senhor.4

No entanto, havia muito mais sobre ele do que esta descrição resumida, muito pouco lisonjeira, indicaria. Rutherford entrou em contato com os Estudantes da Bíblia pela primeira vez em 1894. Em 1906 ele foi batizado e pouco depois tornou-se um peregrino. Depois de algum tempo, ele tornou-se bastante popular entre os seus companheiros de crença porque, como advogado, travou batalhas em tribunal para limpar o nome de Russell, debateu publicamente em defesa das doutrinas dos Estudantes da Bíblia e, em 1915, escreveu uma apologia em benefício de Russell, intitulada A Great Battle in the Ecclesiastical Heavens [Uma Grande Batalha nos Céus Eclesiásticos].

Assim, foi a habilidade de Rutherford, a sua retórica dinâmica, e a sua disposição de lidar com os adversários dos Estudantes da Bíblia como um Jeremias do século 20 que fez dele um sucessor lógico de Russell. Consequentemente, apenas dois meses depois da morte de Russell, Rutherford foi eleito unanimemente como presidente da Sociedade Torre de Vigia e seus órgãos associados, embora Russell certamente não o tivesse designado como seu herdeiro espiritual.

De fato, Russell esperava que a sua posição como principal porta-voz para os Estudantes da Bíblia fosse assumida por uma liderança coletiva. Segundo a vontade dele, The Watch Tower [A Sentinela] devia estar sob a superintendência de uma comissão editorial de cinco pessoas, e nenhum artigo devia ser publicado sem o acordo de pelo menos três membros dessa comissão.5 Curiosamente, Rutherford não foi nomeado para a comissão e foi nomeado apenas como um de cinco membros alternativos possíveis.6 Portanto, embora Russell não tivesse tido qualquer intenção de passar a sua autoridade ou papel intacto para qualquer sucessor individual, Rutherford tinha outras idéias.

Rutherford era um autocrata que obviamente acreditava que para o bem da Sociedade -- e de todos os Estudantes da Bíblia -- ele devia governá-la com mão de ferro em vez de simplesmente administrar as decisões do seu corpo de diretores. Embora ele se recusasse a assumir o título de 'Pastor' em deferência para com a memória de Russell,7 usou a reverência dos Estudantes da Bíblia por Russell como uma estaca para a sua própria autoridade. Além disso, é óbvio que desde antes da sua primeira eleição, ele pretendia ter tanto ou mais poder do que o seu predecessor.8

O Cisma da Watch Tower de 1917

A história oficial das Testemunhas sugere que durante o curto período entre a morte de Russell e a eleição de Rutherford como presidente da Torre de Vigia, outros estavam conspirando para também alcançar esse cargo. São mencionadas várias figuras entre os 'conspiradores', mas o arquivilão, segundo este relato, era Paul S. L. Johnson. Assim, Johnson é descrito como sendo o principal instigador daquilo que em breve se tornaria um grande cisma na comunidade dos Estudantes da Bíblia durante o verão de 1917. Resumidamente, o relato da Torre de Vigia diz o seguinte.

Antes da sua morte, Russell tinha dado instruções a Alexander H. Macmillan, o seu assistente presidencial pessoal, para enviar Johnson à Grã-Bretanha para supervisionar as atividades da Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia (IBSA) ali. Consequentemente, como parte do triunvirato que administrou os assuntos da Sociedade desde novembro de 1916 até à primeira semana de 1917, Rutherford despachou-o para Londres. Quando ele chegou, descobriu a organização britânica em tumulto e demitiu dois dos gerentes locais da Sociedade, H. J. Shearn e William Crawford. Segundo Johnson, estes homens estavam a conspirar para criar uma organização separada independente da Sociedade Torre de Vigia da América. Mas o próprio Johnson então tentou assumir um papel independente e alegou que ele, pessoalmente, era o sucessor de Russell e o encarregado que pagava o denário, mencionado na parábola de Jesus em Mateus 20:1-16. Depois de receber informação sobre o que se passava, Rutherford enviou um cabograma a Johnson ordenando-lhe que restabelecesse Shearn e Crawford.9

Nesse ponto Johnson começou a enviar cabogramas a Rutherford, com a certeza de que se ele fosse 'iluminado', iria apoiar Johnson. Ele acreditava que Rutherford era 'sem dúvida a vítima duma campanha de cabogramas engendrada por Shearn e Crawford'.10 Por isso ele enviou cabogramas com 85 a 115 palavras cada, nos quais se identificou a si próprio e a outros com Esdras, Neemias e Mordecai. Evidentemente ele pediu a Rutherford para servir como seu 'braço direito'.11

Rutherford ficou convencido que Johnson estava louco e enviou-lhe um cabograma, com a ordem de regressar à América. Depois disso Johnson enviou um cabograma para o Vice-Presidente da Torre de Vigia, Alfred I. Ritchie e para o Secretário-Tesoureiro William E. Van Amburgh, os outros dois membros do triunvirato, repudiando a autoridade de Rutherford. Usando a declaração de poderes que lhe fora concedida quando tinha sido enviado para a Grã-Bretanha, ele bloqueou a conta bancária dos Estudantes Internacionais da Bíblia e assumiu o controlo dos escritórios de Londres da IBSA. Ele e outro Estudante da Bíblia chamado Housden apoderaram-se de toda a correspondência, abriram o cofre da associação, e apoderaram-se de todo o dinheiro em caixa. Em resultado disso, Rutherford, que nessa altura era presidente, enviou por escrito um cancelamento da designação de Johnson e o advogado deste foi obrigado a desistir de um processo em tribunal para proibir os partidários de Rutherford de usarem as 800 libras que tinham sido temporariamente bloqueadas no banco.12

Liderados por Jesse Hemery, um partidário de Rutherford, um grupo de Estudantes da Bíblia nos escritórios e na residencial de Londres da IBSA acabaram por barricar Johnson no seu quarto. Para escapar, ele foi obrigado a sair pela janela e descer agarrando-se ao cano de escoamento de água. Depois disso, ele regressou a Nova Iorque, onde 'Rutherford concluiu que Johnson estava perfeitamente são em cada ponto, exceto um, a saber, sobre si mesmo.'13 Rutherford então reorganizou o trabalho da Sociedade na Grã-Bretanha sob Hemery e trouxe a paz. Johnson continuou a pedir para ser enviado de volta para aquele país, mas Rutherford recusou-se a enviá-lo.14

Seguiu-se uma luta áspera entre Joseph F. Rutherford e quatro membros da diretoria da Sociedade Torre de Vigia: Alfred I. Ritchie (que em janeiro tinha sido substituído na vice-presidência por Andrew N. Pierson), Robert H. Hirsh, Isaac F. Hoskins, e Dennis Wright. Segundo a versão da Torre de Vigia sobre estes acontecimentos, estes homens estavam descontentes com Rutherford no início de 1917 e 'ambiciosamente procuraram obter controle administrativo da Sociedade.' Em resultado disso, quando Johnson regressou a Brooklyn, ele influenciou a diretoria para trabalhar contra Rutherford.15

O relato da Torre de Vigia em seguida afirma que a diretoria decidiu emendar os estatutos da Sociedade com o objetivo de despojar Rutherford da sua autoridade legítima e transformá-lo numa figura ornamentativa. Em resultado disso, Rutherford foi obrigado a removê-los dos cargos. Ele obteve a opinião escrita de um advogado de Filadélfia, que não era Estudante da Bíblia, dizendo que como os quatro diretores não tinham sido eleitos legalmente em janeiro de 1917, mas eram meramente designados por Russell, não tinham direito legal de continuar no controlo da Sociedade. O Anuário das Testemunhas de Jeová de 1976 declara:

C. T. Russell designara tais homens quais diretores, mas os estatutos da Sociedade exigiam que os diretores fossem eleitos pelo voto dos acionistas. Rutherford tinha dito a Russell que os recomendados tinham de ser confirmados por meio de voto na seguinte reunião anual, mas Russell jamais dera tal passo. Assim, apenas os diretores principais que tinham sido eleitos na reunião anual de Pittsburgo eram membros da diretoria devidamente constituídos. Os quatro recomendados não eram membros legais da diretoria. Rutherford sabia disso durante todo o período de dificuldades, mas não mencionara isso, esperando que tais diretores cessassem sua oposição. No entanto, a atitude deles mostrava que não estavam aptos a ser diretores. Corretamente, Rutherford os demitiu, e designou quatro novos membros da diretoria, cuja designação pudesse ser confirmada na seguinte reunião geral da Sociedade, no início de 1918.16

Assim, em 12 de julho de 1917 Rutherford declarou secretamente que os quatro tinham sido removidos e substituiu-os por A. H. Macmillan, W. E. Spill, J. A. Bohnet, e G. H. Fisher, todos apoiantes de Rutherford que seriam confirmados na seguinte reunião geral da Sociedade.17

Em 17 de julho, Rutherford lançou The Finished Mystery [O Mistério Consumado] como um sétimo volume dos Studies in the Scriptures [Estudos das Escrituras] de Russell.18 Russell tinha falado muitas vezes da sua intenção de escrever o sétimo volume19 mas nunca tinha encontrado a 'chave' ou, mais provavelmente, o tempo e energia para o escrever. Agora, porém, Rutherford lançava um livro constituído por vários comentários retirados das obras de Russell, e por numerosos acréscimos dos co-autores, Clayton J. Woodworth e George H. Fisher, num comentário sobre Revelação, Ezequiel e o Cântico de Salomão. Descrito como sendo o trabalho póstumo do Pastor Russell, O Mistério Consumado era uma interpretação alegórica dos três livros das Escrituras e um panegírico a Russell.

O lançamento de The Finished Mystery [O Mistério Consumado] para a família do Betel da Torre de Vigia reunida -- o pessoal -- ao pequeno almoço, foi como uma bomba e, segundo a história da Torre de Vigia, serviu para causar um cisma aberto. Johnson, os diretores depostos e os seus apoiantes censuraram Rutherford num debate longo, amargo, à mesa do pequeno almoço.20 Em 27 de julho, para manter a paz, Rutherford pediu a Johnson para sair de Betel e, pouco depois, ele saiu com os ex-diretores.21

Em tudo isto, os apoiantes de Rutherford retrataram-no como sendo paciente e completamente justificado nas suas ações. Alexander H. Macmillan, escrevendo muitos anos depois, observou: 'Ele fez tudo o que podia para ajudar os seus opositores a verem o seu erro, fazendo várias reuniões com eles, tentando raciocinar com eles e tentando mostrar-lhes como o proceder deles era contrário à escritura da Sociedade e a todo o programa que Russell tinha seguido desde que a organização fora formada.'22 Mas, de fato, o relato oficial da Torre de Vigia e o retrato que Macmillan faz de Rutherford não passam de completas distorções da verdade.

Mesmo a descrição básica dada nos relatos da Torre de Vigia não é exata. É bem verdade que vários indivíduos viam-se a si mesmos como sucessores de Russell em perspectiva em novembro e dezembro de 1916. Também é verdade que Paul Johnson era uma pessoa estranha, errática, que causou muitos problemas a Russell através dos seus maus conselhos e que tinha visões de glória, para dizer o mínimo.23 Fora isso, a versão oficial [da Torre de Vigia] sobre os eventos de 1917 é falsa história.

Em primeiro lugar, Rutherford e os seus apoiantes estavam a praticar duramente políticas da igreja [ou congregação] e não eram anjos. Embora Rutherford certamente tivesse sido o candidato mais proeminente para a presidência, a sua eleição tinha sido largamente engendrada por dois homens -- Alexander H. Macmillan e William E. Van Amburgh.24 Segundo, à época da sua eleição, ele tinha insistido que os diretores aprovassem uma série de regulamentos que davam aos representantes da Sociedade uma autoridade grandemente ampliada.25 Terceiro, a designação que Rutherford fez para a escrita e publicação de The Finished Mystery [O Mistério Consumado] foi uma ação de exercício de autoridade demonstrando falta de consideração, unilateral, que certamente ignorou os direitos e prerrogativas da diretoria de vários membros da comissão editorial da Sociedade.26 Embora Rutherford alegasse que estava exercendo direitos que lhe tinham sido conferidos sob a escritura da People's Pulpit Association [Associação Púlpito do Povo] que dava ao presidente 'a supervisão geral e controlo e administração dos negócios e assuntos da dita corporação', isto não lhe dava poderes plenipotenciários para formular políticas.27 Além disso, tal como é o caso hoje com a Sociedade Torre de Vigia de Nova Iorque, a People's Pulpit Association [Associação Púlpito do Povo] era, para todos os efeitos práticos, tratada como subsidiária da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados e recebia dessa corporação todos os seus fundos de operação. Quarto, ele e o seu 'gabinete de cozinha' praticamente ignoraram os direitos de supervisão, não só dos quatro diretores, mas também do Vice-Presidente Pierson.28 Quinto, Rutherford, ao tentar agir como Russell fizera, de fato estava a ignorar os desejos expressos de Russell conforme delineados no seu testamento.29 E, finalmente, se Rutherford tivesse alguma vez sido levado a tribunal por ter demitido os quatro diretores, ele podia muito bem ter perdido. A sua afirmação de que eles não tinham sido legalmente eleitos não tem sustentação se for examinada de perto, particularmente no caso de Robert Hirsh, que nunca tinha sido designado por Russell e, durante algum tempo, fora apoiante de Rutherford. Depois, também, tal como apontaram o Vice-Presidente Pierson, os advogados dos diretores demitidos, e Paul Johnson, se os diretores não tinham sido legalmente eleitos, também não o tinham sido os três representantes da Sociedade: Rutherford, Pierson e Van Amburgh. Para poderem ser escolhidos como representantes em janeiro de 1917, eles precisavam de ter sido legalmente eleitos diretores. No entanto, não o tinham sido, e por isso, segundo a própria lógica de Rutherford, não detinham legalmente os cargos.30

A sugestão de que Rutherford e os seus apoiantes eram razoáveis, ao passo que os seus adversários não eram, também dificilmente se ajusta aos fatos. Macmillan, que continuava como assistente do presidente sob Rutherford, era um homem inteligente com uma personalidade aberta, agradável. Mas ele também era profundamente odiado pelos diretores que o viam como um conspirador e um político religioso de primeira ordem.31 Van Amburgh, um homem esperto, magro, de cabelo branco, com óculos e pêra, detestava procedimentos democráticos e controlava as contas da Torre de Vigia de modo que ninguém além do presidente da Sociedade as pudesse ver.32 Durante o julgamento do Trigo Milagroso, ele tinha prejudicado o Pastor Russell tanto quanto o ajudara, por não estar disposto a dar um testemunho franco.33 Mas o menos racional de todos era Clayton J. Woodworth, um dos co-autores de The Finished Mystery [O Mistério Consumado]. Em anos posteriores ele haveria de se provar um completo maníaco em assuntos de saúde e um odiador da profissão médica, ao passo que em 1917 era dado ao gênero de interpretações selvagens, alegóricas, nas quais Paul Johnson também se envolvera.

Com respeito a essas interpretações alegóricas, Woodworth até foi além de Johnson, um fato que levou um historiador a comentar que 'com toda a probabilidade, Johnson era tão são como os seus acusadores'.34 De fato, somos tentados a perguntar se, no que ao uso das Escrituras diz respeito, eles não eram todos igualmente malucos. Woodworth usou Mateus 20 para interpretar as atividades dos Estudantes da Bíblia em 1917 tal como Johnson tinha tentado fazer antes, e Rutherford e aqueles à sua volta evidentemente aceitaram as idéias de Woodworth. Num panfleto de cinco páginas intitulado The Parable of the Penny [A Parábola do Denário], Woodworth afirmava que o denário de fato representava The Finished Mystery [O Mistério Consumado], Cristo era o 'Senhor do vinhedo', e o 'encarregado' a quem Cristo falou na ilustração não era outro senão o Juiz Rutherford. As três centenas de colportores da Sociedade foram comparadas aos membros do grupo de Gideão em Juizes 7:3, 19-23. Os diretores demitidos eram vistos como os trabalhadores que queriam mais do que um denário como pagamento e que se queixaram contra o 'dono da casa'. Nesse caso, também se defendia que Rutherford era aquele 'dono'.

Sem dúvida foi o comportamento pessoal de Rutherford, no entanto, em vez do comportamento dos seus partidários, o que causou a maior parte dos problemas. Ele era extremamente secretivo e recusou-se a mostrar qualquer sentido de responsabilidade perante a diretoria. Ele não só manteve a impressão de The Finished Mystery em segredo do corpo editorial da Sociedade, mas também usou para a sua impressão dinheiro doado que nunca foi colocado nas contas da Sociedade.35 Igualmente sério, ele e Van Amburgh recusaram peremptoriamente que outras pessoas inspecionassem os livros da Sociedade ou fizessem uma auditoria. Quando o Vice-Presidente Andrew N. Pierson, o homem que tinha originalmente nomeado Rutherford para o cargo de presidente, pediu para vê-los, foi-lhe dito que só o poderia fazer se concordasse em renunciar ao seu cargo.36 Pierson declarou publicamente por escrito: 'Nós nunca tivemos um relatório satisfatório do tesoureiro desde que tenho sido um diretor. Não sabemos qual é a situação do trust fund, nem qual é a situação da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados. Quais são as relações financeiras entre a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados e a Associação do Púlpito do Povo? Como é investido o trust fund? Quais são os títulos de crédito? Quanto rendem?'37 Depois, também, poucos viam em Rutherford a bondade que Macmillan via. Johnson afirmou que durante as audições que o Juiz fez com ele depois de regressar da Grã-Bretanha, Rutherford foi tanto cruel como cheio de ódio.38

Imediatamente antes de Johnson ter sido obrigado a sair de Betel em 27 de julho de 1917, os diretores depostos e o Vice-Presidente Pierson afirmaram que Rutherford voltou-se contra ele num acesso de raiva e atacou-o fisicamente. O relato completo deles declara:

Na refeição do meio-dia, o Irmão Rutherford relatou à família de Betel que nós seríamos obrigados a deixar o lar de Betel ao meio-dia de segunda-feira. Os irmãos então consideraram seu dever fazer uma declaração à Família. O Irmão Rutherford desejava que a Família só ouvisse a declaração dele; mas nós insistimos, e um de nós disse que desejava ler uma carta do Irmão Pierson declarando que ele 'tomaria posição a favor da antiga diretoria'. O Irmão Rutherford recusou-se a deixar que a carta fosse lida e gritou que o Irmão Johnson tinha ido ver o Irmão Pierson e tinha deturpado o assunto para ele. Depois de o Irmão Johnson ter negado isso firmemente, o Irmão Rutherford correu para ele e, usando força física, que quase levantou o irmão Johnson no ar, disse num acesso de fúria: 'Você vai deixar esta casa antes da noite; se você não sair, será posto fora.' Antes de anoitecer esta ameaça foi cumprida. Os pertences pessoais do Irmão Johnson foram literalmente postos fora do Lar de Betel e foram colocados irmãos como vigias em várias portas para o impedir de entrar novamente na casa.39

De fato, ao tomar o controlo completo da Sociedade Torre de Vigia em 1917, Rutherford agiu exatamente como se estivesse a levar a cabo uma purga ao estilo do partido comunista em vez de proteger a Sociedade de 'opositores'. Ele não tinha visto nada de errado em mandar Macmillan chamar um polícia para que Wright, Hoskins, Ritchie e Hirsh -- nessa altura plenamente reconhecidos como diretores da Sociedade Torre de Vigia -- fossem expulsos dos escritórios da Sociedade na Hicks Street,40 apesar de ele ainda estar sob obrigação de os encarar como irmãos em Cristo. E quando os quatro foram obrigados a abandonar o Betel de Brooklyn, foram tratados com a maior rudeza que Rutherford e os seus apoiantes conseguiam manifestar. Mais tarde Hirsh e Hoskins foram removidos de diretores da People's Pulpit Association [Associação Púlpito do Povo], provavelmente de forma bastante ilegal, quando em 31 de julho Rutherford e Macmillan usaram procurações de detentores das ações dessa organização, que lhes tinham sido confiadas para a eleição de janeiro anterior, para fazerem uma votação e removê-los dos cargos.41

Não se deve inferir disto que os diretores demitidos estavam sem falhas; não estavam. A eclésia de Nova Iorque dos Estudantes da Bíblia viu falhas em ambos os lados das querelas no interior da Sociedade.42 O Vice-Presidente Pierson vacilou entre Rutherford e os seus adversários, mas no fim morreu em associação com o presidente da Sociedade.43 No entanto, retrospectivamente, o que Ritchie, Hirsh, Hoskins e Wright exigiam de Rutherford parece muito mais razoável do que a Sociedade gostaria de admitir hoje. Talvez mesmo os representantes da Sociedade saibam isso. Tão recentemente como em 1950, quando William Cumberland, então trabalhando numa dissertação de doutoramento na Universidade de Iowa, procurou examinar os documentos da Sociedade relativos ao cisma de 1917, eles recusaram-se a deixá-lo vê-los. Ele foi obrigado a obtê-los dos Dawn Bible Students [Estudantes da Bíblia da Aurora], em muitos sentidos os herdeiros dos adversários de Rutherford.44

A expulsão de Johnson e dos ex-diretores de Betel foi seguida por uma guerra de panfletos, com as várias partes apresentando as suas versões da questão. Os oponentes de Rutherford esperavam desalojá-lo na próxima reunião anual dos detentores das ações da Sociedade, agendada para janeiro de 1918. Eles sugeriram que Menta Sturgeon, o secretário privado de Russell e o homem que estava com ele quando morreu, daria um bom presidente.45 Mas Rutherford puxou-lhes completamente o tapete debaixo dos pés. O juiz convocou uma sondagem democrática entre os Estudantes da Bíblia em novembro de 1917. Embora a sondagem não fosse vinculativa, lançou a base para a reeleição dele e dos seus associados. Sem dúvida a comunidade dos Estudantes da Bíblia olhava para a Sociedade como uma instituição sagrada porque esta tinha estado associada tão de perto com Russell. Assim, como Rutherford controlava a Sociedade durante o outono e inverno, ele obteve o apoio da maioria dos Estudantes da Bíblia, embora uns poucos soubessem o que se estava a passar.46

Quando os detentores das ações se reuniram, Rutherford foi reeleito ao passo que os seus oponentes só receberam uma pequena percentagem dos votos. Até o Vice-Presidente Pierson, que tinha vacilado no seu apoio ao juiz, falhou em manter uma posição na diretoria.47 Consequentemente, os quatro diretores depostos e Johnson tinham de se submeter a Rutherford e aos seus associados ou separar-se permanentemente. Eles escolheram este último rumo.

Na primavera de 1918 os dissidentes resolveram reunir-se separadamente para a celebração anual do Memorial da Refeição Noturna do Senhor, com aqueles grupos de Estudantes da Bíblia que os apoiavam. Desenvolveram-se dois novos movimentos: um à volta de três dos quatro anteriores diretores da Torre de Vigia, e outro à volta de Paul Johnson. Estes foram o Pastoral Bible Institute [Instituto Bíblico Pastoral] e o Laymen's Home Missionary Society [Sociedade Missionária da Casa do Leigo].48 Na costa oeste dos Estados Unidos e do Canadá um terceiro grupo, chamndo-se a si mesmos 'Standfasters' [Intransigentes], também se separou da Sociedade. Embora sem dúvida eles tivessem sido afetados pelos acontecimentos de Nova Iorque, a sua preocupação primária era que a Sociedade não se tinha oposto com firmeza ao envolvimento em ações patrióticas durante a Primeira Guerra Mundial.49

Os Estudantes da Bíblia e a Primeira Guerra Mundial

Conforme indicado anteriormente, Russell e os Estudantes da Bíblia opunham-se fortemente à participação na guerra. Embora a vissem como um cumprimento da profecia, eles encaravam as nações envolvidas como estando controladas por demônios e fora do favor de Deus. Em resultado disso, homens dos Estudantes da Bíblia que se recusavam a servir como combatentes quando eram convocados para o serviço militar muitas vezes passavam por aprisionamento e tratamento brutal, e em alguns casos foram executados.50

Quando a Sociedade Torre de Vigia lançou uma campanha acutilante contra o apoio do clero à guerra nos Estados Unidos, Canadá e Grã-Bretanha durante o verão de 1917, a reação não se fez esperar. Durante o outono desse ano os Estudantes da Bíblia canadianos distribuíram em grandes números O Mistério Consumado e tratados intitulados The Bible Students Monthly [O Mensário dos Estudantes da Bíblia], e ambos continham ataques ao militarismo e ao clero.51 Em janeiro de 1918, o governo canadiano baniu essas publicações e começou uma campanha de perseguição em larga escala contra os Estudantes da Bíblia.52

O clero e outros levantaram um clamor contra eles nos Estados Unidos. Estudantes da Bíblia começaram a ser presos, atacados por multidões, cobertos por alcatrão e penas, e molestados em todo o país.53 Foram dadas ordens de prisão para oito diretores da Sociedade Torre de Vigia: J. F. Rutherford, W. E. Van Amburgh, A. H. Macmillan, R. J. Martin, C. J. Woodworth, G. H. Fisher, F. H. Robinson e Giovanni De Cecca. A acusação contra eles era sedição sob os termos da Lei Americana de Espionagem. Em 21 de junho, sete deles foram sentenciados a vinte anos [de prisão] cada um na penitenciária federal de Atlanta, Georgia [E.U.A.]; De Cecca foi condenado a dez anos. Treze dias mais tarde, depois de lhes ter sido recusada fiança enquanto esperavam pela apelação, os oito foram levados para Atlanta, onde ficariam detidos durante nove meses. Nesse tempo, o resto do pessoal da sede da Sociedade Torre de Vigia mudou-se de Brooklyn de volta para Pittsburgh. Embora eles continuassem a publicar The Watch Tower and Herald of Christ's Presence [A Torre de Vigia e Arauto da Presença de Cristo], em praticamente tudo o resto os Estudantes da Bíblia pareciam estar quase destruídos enquanto movimento.54

Depois do inverno, Rutherford e os seus diretores associados foram encorajados pela sua reeleição para os cargos por membros da Sociedade Torre de Vigia reunindo-se em Pittsburgh em janeiro de 1919. Macmillan encarou essa eleição como um sinal do favor de Jeová. Admitindo involuntariamente que todas as eleições anteriores dos representantes da Sociedade tinham sido predeterminadas -- incluindo aquela realizada em 1917 -- ele disse ao Juiz Rutherford: 'Esta é a primeira vez desde que a Sociedade foi incorporada que se tornou claramente evidente quem Jeová gostaria que servisse como presidente.'55 Claro que o grupo anti-Rutherford já tinha sido purgado das fileiras da Sociedade e já não era uma ameaça. Em segundo lugar, os diretores detidos eram agora vistos como mártires por Estudantes da Bíblia que estavam eles próprios a ser perseguidos. Considerando todas as coisas, teria sido surpreendente se Macmillan não tivesse recebido o seu sinal de favor divino.

Em março de 1919, o Juiz Louis Brandeis do Supremo Tribunal dos Estados Unidos ordenou que Rutherford e os seus diretores associados fossem libertados sob fiança. Em abril, o Juiz Ward do Segundo Tribunal Federal de Apelação de Nova Iorque declarou: 'Os réus neste caso não tiveram o julgamento moderado e imparcial ao qual tinham direito, e por esta razão o julgamento é anulado.' Um ano mais tarde o governo dos Estados Unidos desistiu de todas as acusações contra eles.56

Reorganização no Pós-Guerra

Depois da sua libertação de Atlanta, o Juiz Rutherford começou uma grande reorganização das atividades dos Estudantes da Bíblia. Em 4 de maio de 1919, ele discursou num congresso em Los Angeles, e quando os seus comentários foram bem recebidos, ele decidiu convocar um congresso geral dos Estudantes da Bíblia americanos e canadianos em Cedar Point, Ohio.57 Em Cedar Point ele declarou que os Estudantes da Bíblia têm de 'levar ao mundo a mensagem divina de reconciliação'; e para ajudá-los ele anunciou a publicação de uma nova revista, The Golden Age [A Idade de Ouro],58 em violação de uma provisão específica no testamento de Russell.59

No outono de 1919, os Estudantes da Bíblia começaram a distribuição regular de casa em casa da The Golden Age.60 Mais importante, em 1920 'trabalhadores de classe', isto é, Estudantes da Bíblia individuais envolvidos em evangelização pública, começaram a relatar as suas atividades à Sociedade Torre de Vigia. Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose [As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino] indica de forma um tanto incorreta o que estava então ocorrendo sob o novo presidente da Sociedade Torre de Vigia: 'O endurecimento da responsabilidade de pregação começou em 1920 quando se requereu que todos na congregação que participavam no trabalho de pregação entregassem um relatório semanal. Antes de 1918 só os colportores ou pioneiros [evangelistas a tempo inteiro] tinham relatado a sua atividade de serviço. Designações específicas de território estavam sendo feitas às congregações para o seu próprio trabalho de campo. No primeiro ano de relatórios, 1920, havia 8.052 "trabalhadores de classe" e 350 pioneiros.'61 Assim começou uma das maiores campanhas de proselitismo na história -- uma campanha que continua até hoje.

Rutherford estava ansioso por estender as atividades de pregação a terras fora dos Estados Unidos. Assim, em 1920, ao mesmo tempo que o trabalho de pregação pública estava sendo reorganizado ao nível congregacional, ele fez várias mudanças importantes na organização dos Estudantes da Bíblia no estrangeiro. O escritório da filial canadiana dos Estudantes Internacionais da Bíblia foi mudado de Winnipeg, Manitoba, para Toronto, Ontário.62 Numa viagem à Grã-Bretanha, continente europeu, Palestina e Egito, o juiz providenciou para o estabelecimento de um escritório e complexo de impressão numa filial Centro-Européia da Torre de Vigia em Zurique, Suíça.63 Adicionalmente, ele criou outra filial em Ramallah, Palestina, à vista de Jerusalém.64 Em 1921 houve mais expansão, e a Torre de Vigia contava dezoito filiais estrangeiras e doze escritórios de filial americanos, formados para servir grupos de línguas estrangeiras nos Estados Unidos.65

Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão

Um fator importante no crescimento do número e atividade dos Estudantes da Bíblia durante o início da década de 1920 era algo mais do que organização melhorada; era a campanha 'Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão'. Pouco antes da sua detenção em 1918, o Juiz Rutherford tinha dado um discurso com esse título na Califórnia, mas não foi senão em setembro de 1920 que um livro com o mesmo nome foi publicado e anunciado por um grande programa de discursos e anúncios em jornais. O livro foi traduzido para onze línguas estrangeiras -- incluindo yiddish, malaio e burmês -- e tornou-se um best-seller. O que evidentemente suscitou tanto interesse, além do título da nova publicação, foi a sugestão de que o milênio começaria em 1925. Essa projeção, baseada nos cálculos do Ano do Jubileu originalmente publicados em Three Worlds, levou Rutherford a especular que haveria uma 'restauração completa' da humanidade nesse tempo. Além disso, ele declarou: 'podemos esperar em 1925 a volta desses homens fiéis de Israel [Abraão, Isaque e Jacó], ressurgindo da morte e completamente restituídos à perfeição humana, os quais serão visíveis e reais representantes da nova ordem das coisas na terra.'66

É verdade que o juiz, tal como o Pastor Russell antes dele, não alegava inspiração para as suas idéias e no ano seguinte adotou uma posição mais cuidadosa em The Harp of God [A Harpa de Deus]. Ali ele observou: 'A cronologia, pelo menos em certa medida, depende de cálculos exatos e há sempre alguma possibilidade de erros. Profecia cumprida é o registo de fatos físicos que realmente existem e estão definitivamente fixos.'67 No entanto, nem Rutherford nem os seus colegas prestaram realmente muita atenção a essa qualificação e continuaram a proclamar as predições publicadas em Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão. Por exemplo, em The Way to Paradise [O Caminho Para o Paraíso], publicado em 1924, William E. Van Amburgh profetizou em detalhe ainda maior tudo o que ocorreria no ano seguinte e imediatamente depois.68 Consequentemente, à media que 1925 se aproximava, foi gerada grande excitação entre os Estudantes da Bíblia. Segundo relatos ainda circulados por pessoas que eram membros da comunidade dos Estudantes da Bíblia naquela época, muitos desistiram dos seus negócios, empregos e até venderam as suas casas na expectativa de em breve estarem vivendo num paraíso terrestre. Assim, quando o Juiz Rutherford admitiu na Watch Tower de 15 de fevereiro de 1925 que talvez se tivesse esperado demasiado para aquele ano,69 era tarde demais. Muitos agricultores Estudantes da Bíblia tanto no Canadá como nos Estados Unidos recusaram-se a semear os seus campos na primavera e ridicularizaram os seus correligionários que o fizeram. Assim, quando 1926 chegou sem o aparecimento de Abraão e dos outros 'notáveis da antigüidade', e sem sinais do paraíso, houve grande desapontamento.

Embora Rutherford não admitisse qualquer culpa real sobre o assunto nas publicações da Sociedade, ele deu desculpas descaracterizadas em congressos da IBSA. Evidentemente, ele também estava desgostoso. Num discurso público dado na Austrália no início de 1975, o atual [1985] presidente da Sociedade Torre de Vigia, Frederick W. Franz, declarou que o juiz tinha admitido 'que fizera figura de asno em 1925'. No entanto, isto não o impediu de continuar a proclamar que o fim do mundo estava 'iminente' e que poderia ser esperado dentro de poucos anos ou até poucos meses. O fato de ele ter profetizado falsamente também não lhe parece ter dado segundos pensamentos sobre a campanha de pregação dos Estudantes da Bíblia, sobre o seu ministério ou o seu desejo de manter e aumentar os seus poderes pessoais. Mas como os acontecimentos acabariam por mostrar, muitos Estudantes da Bíblia tinham um sentimento muito diferente: a débâcle de 1925, junto com o crescente ressentimento contra o presidente da Torre de Vigia, levaria muitos milhares a sair do movimento nos anos seguintes.

O Ministério de Rutherford

Durante os anos que se seguiram a 1925, Rutherford fez sair um dilúvio de novos livros e folhetos, incluindo Deliverance [Libertação] em 1926, Creation [Criação] em 1927, Reconciliation [Reconciliação], Government [Governo] e Life [Vida] em 1929, e vários outros até à publicação de Children [Filhos], a sua última obra, em 1941. De fato, ele produziu uma média de um livro por ano, e as suas publicações alcançaram um total de 36 milhões de cópias.70 Mas ele não era apenas um escritor. Ele provou ser em todos os pormenores tanto um dínamo humano como o Pastor Russell tinha sido. Vez após vez ele discursou nos congressos da Torre de Vigia, na rádio nacional e internacional entre meados da década de 1920 e 1937, e em muitas gravações de fonógrafos.

Congressos

Também muito importante foi o fato de Rutherford ter transformado os congressos dos Estudantes da Bíblia/Testemunhas de Jeová em grandes eventos de publicidade. Embora os congressos tivessem sido importantes durante a vida de Russell, pouco mais eram do que reuniões espirituais para os próprios Estudantes da Bíblia. Sob Rutherford isso mudou dramaticamente.

Entre 1922 e 1928 a Sociedade Torre de Vigia realizou uma série de congressos que as Testemunhas de Jeová hoje acreditam terem sido os sete toques angélicos de trombeta mencionados em Revelação 8:1-9 e 11:15-19.71 Assim, cada congresso condenou parte da 'organização de Satanás' ou o próprio Satanás. Em 1922, em Cedar Point, Ohio, o apoio do clero à Liga das Nações foi condenado como deslealdade ao reino de Cristo. Imediatamente depois, cerca de 45 milhões de cópias de uma resolução nesse sentido foram distribuídas em todo o mundo. No ano seguinte, em Los Angeles, os Estudantes da Bíblia presentes aprovaram uma resolução intitulada 'Um Aviso', que mais uma vez atacava o clero e também foi circulada por todo o mundo. Em Columbus, Ohio, em 1924, eles adotaram a 'Acusação' contra homens do clero e distribuíram ainda mais cópias de um tratado intitulado Ecclesiastics Indicted [Acusados os Eclesiásticos] do que tinham feito com resoluções anteriores. Depois, em 1925, em Indianapolis, Indiana, proclamaram uma 'Mensagem de Esperança' para a humanidade mas continuaram a condenar a cristandade e os seus líderes religiosos. Em Londres, Inglaterra, em 1926, eles bradaram em aprovação de 'Um Testemunho aos Governante das Nações', que censurava a Grã-Bretanha e o mundo. No ano seguinte, em Toronto, Ontario, o Juiz Rutherford leu uma resolução a 15.000 Estudantes da Bíblia reunidos, intitulada 'Aos Povos da Cristandade'. Um discurso de apoio, 'Liberdade para os Povos', foi transmitido por uma cadeia internacional de cinqüenta e três estações de rádio, um número espantoso para aquele tempo. Finalmente, em 1928, em Detroit, Michigan, os Estudantes da Bíblia aceitaram uma 'Declaração Contra Satanás e a Favor de Jeová'.72

Em anos posteriores outros congressos também foram de grande importância, especialmente um realizado em Washington, DC, em 1935, e outro realizado em St. Louis, Missouri, em 1941. Nesta assembléia, a última do Juiz Rutherford, estiveram presentes cerca de 115.000 pessoas,73 e as Testemunhas de Jeová puderam desafiar abertamente a terrível perseguição que então as estava a atingir como uma onda gigante em resultado da acusação de que elas eram não eram patrióticas e eram inimigas das nações em que viviam.

O Poder Crescente de Rutherford

Ao mesmo tempo que estava a realizar as suas atividades de escrita e pregação, Rutherford gradualmente começou a ganhar maior controlo sobre a comunidade dos Estudantes da Bíblia. Ele tinha-se tornado absoluto no que dizia respeito aos negócios da Sociedade em 1917. Em 1925 ele tornou-se igualmente absoluto na determinação de quais as doutrinas que deviam ser ensinadas nas publicações da Torre de Vigia. Passando por cima das objeções da comissão editorial da Sociedade, ele publicou um artigo importante e revolucionário em termos doutrinais, intitulado 'Nascimento da Nação'.74 Em resultado disso, ele destruiu a comissão.75 Mas as eclésias ainda eram relativamente independentes sob os seus próprios anciãos eleitos. No entanto, isso não duraria muito. Tal como Paul Johnson tinha suspeitado anteriormente,76 Rutherford estava determinado a colocá-los sob o controlo centralizado da Torre de Vigia em nome do que ele mais tarde decidiu chamar 'Governo Teocrático'.

Segundo Rutherford, o propósito principal da comunidade dos Estudantes da Bíblia era pregar. Para cumprir esse requisito, tinha de ser feito tudo para promover o evangelismo -- especialmente evangelismo de porta a porta com as publicações da Sociedade. Assim, todos os congressos de 1919 em diante enfatizaram a importância de anunciar a mensagem da Torre de Vigia.

Com o passar do tempo, a barragem constante de propaganda convenceu muitos Estudantes da Bíblia de que, num sentido estranho, eles tinham de 'publicar ou perecer'. Na década de 1920 Rutherford passou a afirmar que todos os cristãos têm de pregar publicamente em cumprimento de Mateus 24:14. No entanto, apesar de tal pressão constante, outros -- talvez a maioria -- resistiram a ser arregimentados para o trabalho de pregação. Muitos ainda mantinham a crença, dos tempos de Russell, de que a edificação do caráter ou santificação cristã era mais importante do que o proselitismo. Muitos também não podiam aceitar o argumento de que se requeria que todos testemunhassem de porta em porta. E, mais importante, muitos anciãos eleitos ressentiram-se da crescente autoridade e manipulação da Sociedade sobre as congregações locais. Consequentemente, para atingir o seu objetivo de um domínio completo sobre a comunidade dos Estudantes da Bíblia, Rutherford teve de tomar algumas medidas. Entre estas, ele teve de destruir o conceito de santificação ou desenvolvimento do caráter, e também a idéia de que Russell tinha sido o servo fiel e sábio.

Para realizar a primeira medida, ele publicou um artigo na The Watch Tower [A Sentinela] de 1.º de maio de 1926, na qual desacreditou completamente o termo 'desenvolvimento do caráter'. Curiosamente, se olharmos para esse artigo e o compararmos com as declarações de Russell na matéria, veremos que Rutherford estava a atacar um straw man [caricatura ou deturpação das declarações de Russell]. No entanto, ao desacreditar o velho conceito dos Estudantes da Bíblia da santificação como 'obra de retidão', ele pode, paradoxalmente, colocar maior ênfase na obra do evangelismo.

Era óbvio, porém, que enquanto a Sociedade distribuísse as obras de Russell e continuasse a encará-lo como o servo fiel e sábio, os Estudantes da Bíblia estariam relutantes em adotar inquestionavelmente as idéias de Rutherford. Assim, na Watch Tower [Sentinela] de 1.º de janeiro de 1927 Rutherford publicou um artigo que foi obviamente produzido para desacreditar a reputação de Russell. Entre outras coisas esse artigo declarou: 'O esquema do inimigo é afastar o homem de Deus, induzindo o homem a reverenciar algum outro homem; e dessa forma muitos caem no laço do Diabo.'77

Pouco depois, em fevereiro do mesmo ano, a Sociedade abandonou a idéia de que Russell tinha sido o servo fiel e sábio; dali em diante 'aquele servo' devia ser encarado como sendo o remanescente dos eleitos de Deus na terra -- aqueles dos 144.000 santos de Revelação 14:1 que ainda não se tinham juntado a Cristo na glória celestial.78

Ao mesmo tempo que Rutherford estava a desacreditar a memória de Russell e os seus ensinos, ele estava


Assistência ao memorial dos Estudantes da Bíblia, 1917-1928

a aumentar a sua própria autoridade. Conforme Timothy White indica de forma tão convincente através da citação de excertos da The Watch Tower [A Sentinela], o que Rutherford fez foi mudar a definição do termo 'Sociedade' para passar a significar a inteira comunidade dos Estudantes da Bíblia -- de fato, a igreja. Segundo White, em 1919 e 1920 Paul Johnson pôs em circulação um artigo intitulado 'The Church Organized in Relation to the Society' [A Igreja Organizada em Relação com a Sociedade]. Nesse artigo Johnson argumentou que a Sociedade devia ser o servo da igreja (os Estudantes da Bíblia) em vez de ser o seu dono. Em resposta, Rutherford defendeu que: 'Embora a Sociedade seja uma pessoa jurídica que tem necessariamente representantes e servos, em si mesmos estes não constituem a Sociedade. Num sentido mais amplo, a Sociedade é composta do corpo de cristãos organizados de maneira ordeira sob a direção do Senhor para o desempenho do seu trabalho.' Por esta definição, conforme White afirma, Rutherford estava a alegar que por ser o presidente da Sociedade, ele era também de fato o 'presidente da igreja.'79 Embora o juiz não se atrevesse a fazer essa alegação de forma tão explícita, por volta de 1940 a Sociedade Torre de Vigia tinha passado a reconhecer esse fato abertamente. Consolation [Consolação] (a The Golden Age [A Idade de Ouro] sob um novo nome) declarou: 'A Teocracia é presentemente administrada pela Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, da qual o Juiz Rutherford é o presidente e administrador geral.'80

O Novo Nome

Durante os anos que se seguiram a 1919, Rutherford e os seus associados rotularam os seus companheiros Estudantes da Bíblia que já não aceitavam as direções da Sociedade como 'servos iníquos', a 'classe de Judas' e a 'classe de Dalila'. No entanto, muitos Estudantes da Bíblia associados com a Torre de Vigia ainda continuavam a encarar tais pessoas como irmãos em Cristo. Consequentemente, para diferenciar mais claramente os seus seguidores dos muitos Estudantes da Bíblia independentes, em 26 de julho de 1931, às 16 horas, Rutherford leu uma resolução perante um congresso da Torre de Vigia reunido em Columbus, Ohio, na qual os convidou para que aceitassem o novo nome: 'Testemunhas de Jeová'.81

Os argumentos que o Juiz usou eram uma obra prima de lógica falaciosa e má exegese. Por exemplo, ele usou Isaías 62:1, 2 na tradução de Rotherham para mostrar que o povo de Deus haveria de receber 'um novo nome'. Mas, conforme Timothy White observa, se ele se tivesse dado ao trabalho de ler mais dois versículos teria descoberto que o novo nome seria 'Hefzibá', e não 'Testemunhas de Jeová'.82 No entanto, a escolha do novo nome foi um audacioso golpe de gênio da parte de Rutherford. Pois provavelmente mais do que qualquer outra coisa, deu uma proeminência e singularidade aos apoiantes da Torre de Vigia que nada mais poderia ter dado. Também serviu como uma importante separação psicológica em relação a Russell e ao passado dos Estudantes da Bíblia, e foi um passo importante na criação de um arranjo 'teocrático' altamente centralizado sob Rutherford e os seus sucessores escolhidos a dedo. É claro que isso ofendeu alguns Estudantes da Bíblia que antes tinham permanecido leais à Sociedade; de fato, isso representava a adoção de um nome sectário em violação de um dos ensinos mais sentidos de Russell. Mas Rutherford sem dúvida queria que tais pessoas se submetessem ou abandonassem o movimento de qualquer maneira. Para o juiz, todos os que não estavam completamente a favor dele, estavam contra ele -- e contra Jeová também.

O Desenvolvimento do Governo Teocrático

As mudanças nas doutrinas dos Estudantes da Bíblia a respeito de escatologia, desenvolvimento do caráter e o servo fiel e sábio levaram muitos a sair do movimento.83 O artigo 'Nascimento da Nação' em 1925 por si só evidentemente fez com que muitos saíssem.84 Porém, enquanto as congregações ou eclésias locais fossem governadas pelos seus próprios anciãos e organizassem os seus próprios assuntos, podiam, se assim entendessem, ignorar a maior parte dos pronunciamentos de Rutherford e continuar em associação com outros Estudantes da Bíblia. Por isso, Rutherford decidiu dominar os anciãos ou, se isso não resultasse, aboli-los como classe.

Conforme observado anteriormente, ele usou o argumento de que a Sociedade (a inteira comunidade dos Estudantes da Bíblia) era consagrada para levar a cabo um grande testemunho ou trabalho de pregação nos 'últimos dias'. Consequentemente, qualquer pessoa que se opusesse ao trabalho da Sociedade (a Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados) conforme dirigida pelo seu presidente, estava a opor-se à vontade de Deus. Assim, ele disse que os anciãos que se recusassem a obedecer às ordens de Brooklyn eram 'vaidosos', 'arrogantes' e uma legião de outros epítetos que Rutherford gostava de usar para se referir a eles.85

O juiz era demasiado prudente para simplesmente atacar os anciãos sem ter outros para colocar no seu lugar. Durante os anos de 1919 a 1932, ele aumentou gradualmente o seu controlo sobre congregações locais de Estudantes da Bíblia através do desenvolvimento de novas atividades de pregação dirigidas pela Sociedade, que foram colocadas sob a superintendência dos diretores de serviço que tinham primeiro sido nomeados para distribuir a The Golden Age [A Idade de Ouro] em 1919. Estas novas atividades incluíam a circulação de várias resoluções adotadas em congressos e, a partir de 1926, a distribuição de casa em casa de literatura da Torre de Vigia. Consequentemente, o que Rutherford estava a fazer era construir em cada congregação um corpo de diretores pregadores partidários da Sociedade. Embora fossem nomeados localmente pelas eclésias, eram designados pela Sociedade, e tendiam a ser leais a Rutherford e à Sociedade em todos os assuntos.86

Ao mesmo tempo, Rutherford decidiu enfraquecer a autonomia congregacional mudando a natureza das reuniões locais. Ele sugeriu que as reuniões tradicionais de oração e testemunho dos Estudantes da Bíblia fossem divididas em duas partes, uma delas tornando-se uma 'reunião de serviço' -- dedicada quase exclusivamente a promover o trabalho de pregação pública. Discursos públicos ou sermões, proferidos sobre vários temas selecionados pelos anciãos, foram desencorajados ao passo que foram encorajados estudos da The Watch Tower [A Sentinela], do tipo pergunta-e-resposta. Assim, gradualmente e subtilmente, o juiz passou a controlar mais e mais a dieta espiritual administrada às congregações dos Estudantes da Bíblia.87

Rutherford e os seus apoiantes ainda estavam, tão tarde como em 1932, irritados com a independência de alguns anciãos e a sua má vontade em aceitar inquestionavelmente as ordens da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados. Depois de muita discussão, o juiz decidiu resolver o problema eliminando os anciãos. Assim, apareceu na Watch Tower [Sentinela] de 1.º de fevereiro de 1932 uma carta -- obviamente plantada ali tendo em vista eventos futuros -- de Charles Morrell, um Estudante da Bíblia de longa data e secretário privado do Presidente do Supremo Tribunal Canadiano, Sir Lyman Duff. A carta, que apareceu na página 47, diz:

A seguinte pergunta é submetida tanto para consideração como para resposta, pois suponho que se o ponto envolvido for sólido, será tratado pela Watch Tower [Sentinela] no devido tempo.

Essencialmente, o apóstolo diz que o espírito santo fez dos anciãos superintendentes do rebanho de Deus. Tendo o próprio Senhor agora assumido a superintendência de Sião, ainda há justificação para o serviço de anciãos?

Expresso de forma diferente, não era o propósito do Senhor limitar a jurisdição dos anciãos ao tempo da ausência da terra do Senhor Jesus, começando com a sua ascensão, e dando o espírito santo como guia e instrutor, e a vinda de Cristo Jesus ao templo?

Evidência externa para isto pode residir no fato de ter havido lugar para considerável criticismo dos anciãos em anos recentes, particularmente desde 1922. Chamados a servir, muitos deles provaram ser 'um espinho na carne' da Sociedade, dos diretores, da organização de serviço e dos trabalhadores fiéis. A eleição deles, supostamente expressando a 'Vontade do Senhor' pelo espírito santo, freqüentemente resultou em oposição à 'mente do Senhor' conforme manifestada através da Sociedade.

Será que a remoção do espírito santo não implica o fim do governo da igreja das 'fileiras para cima', e a vinda do Rei ao seu templo não implica o governo da igreja do 'trono para baixo'? E se é assim, não temos nós uma organização dual, governada do 'trono para baixo' e das 'fileiras para cima'?

Sendo a resposta afirmativa, não seria nos interesses do reino, e biblicamente correto, dispensar completamente os anciãos e diáconos, e substituí-los por instrutores da mesma maneira como são nomeados os diretores?

Com caloroso amor cristão, pela Sua graça, sou,

Vosso irmão,

Charles Morrell, Ontario.

Em 'resposta' direta às perguntas de Morrell, os números de 15 de agosto e 1.º de setembro de 1932 da The Watch Tower [A Sentinela] exigiram a abolição dos anciãos congregacionais eleitos, indo ao extremo de afirmar que o cargo de ancião era claramente antibíblico. Em resultado disso, acabou-se com o sistema de anciãos e diáconos democraticamente eleitos que tinha existido durante mais de cinqüenta anos. Dali em diante, as publicações da Sociedade continuaram a lançar ridículo sobre os anciãos eleitos. Eles foram descritos como 'arrogantes' e 'preguiçosos', não estando dispostos, pelo menos na maioria dos casos, a envolverem-se no trabalho de pregação das boas novas do reino de Cristo.88 De fato, o principal pecado deles tinha sido a sua recusa em trabalhar seriamente de livre vontade sob o Juiz Joseph Franklin Rutherford.

Durante algum tempo, as comissões de serviço que substituíram os anciãos e diáconos foram eleitas pelas congregações locais. Mas em 1938 todos os seus representantes ou 'servos', como eram então chamados, passaram a ser nomeados pela Sociedade Torre de Vigia. A democracia congregacional foi substituída pelo governo teocrático. Os Estudantes da Bíblia, agora Testemunhas de Jeová, tinham-se tornado um exército de evangelizadores. Até os nomes que usavam eram de natureza militar. Já não se deviam mais referir às suas congregações como 'classes', 'eclésias' ou 'igrejas' como tinham feito durante tanto tempo; agora eram 'companhias' sob 'servos de companhia', os sucessores dos diretores de serviço. Os colportores eram agora evangelizadores a tempo inteiro conhecidos como 'pioneiros', muitos dos quais tinham servido como 'atiradores de elite' numa guerra espiritual contra o Diabo e o seu sistema.

Alienação Social Crescente

Outras mudanças significativas sob a presidência de Rutherford contribuíram para tornar os Estudantes da Bíblia/Testemunhas de Jeová sociologicamente mais sectários ou, como Werner Cohn os descreveu, mais 'proletários' no sentido Marxista original desse termo.89 Com efeito, eles tornaram-se mais completamente isolados e alienados do resto da sociedade num sentido psicológico, uma comunidade que vive e trabalha em, mas não comunga de, sociedades mais amplas.

O Juiz Rutherford passou a achar, por exemplo, que seriam ressuscitadas menos pessoas do que Russell pensava. O Pastor, um ser humano geralmente caloroso e bondoso, não tinha acreditado na salvação universal, mas tinha chegado perto disso. Mas para choque de muitos Estudantes da Bíblia, em 1923 The Watch Tower [A Sentinela] declarou diretamente que não havia esperança para o clero da cristandade.90 Mais tarde, Estudantes da Bíblia dissidentes foram classificados como 'servos iníquos' e 'o homem da perdição' e por isso foram condenados à destruição eterna.91 No fim da década de 1930, a literatura da Sociedade estava a ensinar, em nítido contraste com as opiniões de Russell, que Adão e Eva, Caim e os habitantes de Sodoma e Gomorra, Salomão, os escribas e fariseus e uma legião de outros tinham perecido eternamente. Além disso, a literatura passou a defender que qualquer pessoa que rejeitasse a mensagem das Testemunhas de Jeová depois de 1918, e todas as crianças pequenas incluindo bebês de colo que morressem no Armagedom não teriam esperança de ressurreição.92 E embora Estudantes da Bíblia ao estilo antigo que continuavam em associação com a Sociedade muitas vezes se recusassem discretamente a aceitar tais ensinos, os novos convertidos, que substituíram gradualmente e em breve superaram em número o punhado de leais à Torre de Vigia dos dias de Russell, aceitavam-nos.

Nas edições da The Watch Tower [A Sentinela] de 1.º de junho e 15 de junho de 1929, Rutherford também introduziu uma nova exegese de Romanos 13:1-7, que fez com que as Testemunhas encarassem o Estado secular como demoníaco e virtualmente sem aspectos redentores. Em 1932, ele e a Sociedade abandonaram uma longa tradição que tinha ensinado que judeus naturais e o Sionismo tinham um papel especial no plano divino de Jeová; agora as próprias Testemunhas deviam ser encaradas como o único Israel de Deus.93 E em 1935 as Testemunhas, encorajadas pelas ações dos seus irmãos na Alemanha e por um discurso do Juiz Rutherford, tomaram uma posição mais forte contra a saudação de bandeiras nacionais e levantar-se quando eram entoados hinos nacionais.94

Rutherford e aqueles que lhe eram próximos também tinham uma influência cada vez maior sobre as Testemunhas de outras maneiras. O Juiz era um homem muito tendencioso e com preconceitos profundos. Assim, como um populista à maneira antiga, ele tinha uma muito alardeada simpatia pelos pobres e, seguindo as pisadas de Russell, geralmente manifestava um senso de tolerância racial. No entanto, curiosamente, a sua aparente simpatia para com os judeus e negros era muitas vezes misturada com uma intolerância branca, [típica] do sul da América, em relação a esses grupos. Por exemplo, enquanto dava um discurso sobre o regresso dos judeus à Palestina na profecia, num congresso dos Estudantes da Bíblia em Winnipeg, Manitoba, no início da década de 1920, ele disse: 'Estou a falar do judeu da Palestina, não estou a falar do pequeno indivíduo de nariz curvo e ombros inclinados que fica de pé nas esquinas das ruas tentando extorquir-lhe todos os tostões que você tem.'95 No que diz respeito às mulheres, ele era completamente misógino. Ele viveu afastado da esposa durante anos e odiava feministas. Assim, ele até chegou ao extremo de sugerir que era moralmente errado para homens cristãos levantar o chapéu às senhoras, levantar-se quando elas entravam numa sala, ou mostrar qualquer deferência particular a mulheres. Ele encarava o Dia da Mãe como uma conspiração feminista. Mas talvez mais espantoso ainda, ele citou abertamente a descrição de Kipling de uma mulher como 'um novelo de cabelo e um saco de ossos.'96 Como seria de esperar, muitas Testemunhas, particularmente trabalhadores das classes baixas, de colarinho azul, adotaram os valores do juiz, explícita ou implicitamente.

O juiz por vezes também era uma pessoa austera e a austeridade tornou-se um regra da vida das Testemunhas. Natal, festas de aniversário e outros costumes populares foram descritos como sendo de origem pagã, anti-cristãos, e consequentemente não deviam ser celebrados ou praticados.97 Durante algum tempo até foram proibidos os cânticos nas congregações.98 Barbas, freqüentemente usadas por muitos Estudantes da Bíblia em imitação do Pastor Russell, foram proibidas nos escritórios e tipografias da Torre de Vigia em todo o mundo.99 A barba era encarada como um sinal de presunção, embora muitas Testemunhas mais antigas ignorassem Rutherford neste assunto e continuassem a usar barba.

Rutherford não era a única influência da comunidade dos Estudantes da Bíblia/Testemunhas de Jeová nas décadas de 1920 e 1930, embora certamente fosse a mais importante. Clayton Woodworth era uma segunda influência, e por isso também merece alguma descrição. Conforme observado anteriormente, Woodworth era mais do que apenas um pouco excêntrico. Como conseqüência disso, ele haveria de impor às Testemunhas algumas idéias muito pouco ortodoxas através das páginas da The Golden Age [A Idade de Ouro], da qual era editor. Entre outras coisas, ele odiava a Associação Médica Americana, negava a teoria das doenças provocadas por germes, atacava constantemente as vacinas contra a varíola como sendo um costume nojento de injetar pus animal no sistema humano, e levou a cabo uma vendetta contra a indústria do alumínio. Os utensílios de alumínio, segundo Woodworth, eram venenosos.100 Assim, as Testemunhas receberam dele mais algumas atitudes e práticas estranhas. Muitas vezes, quando ficavam mal dispostas depois de comerem num restaurante ou café, as famílias de Testemunhas atribuíam a sua indisposição aos utensílios de alumínio em vez de a uma intoxicação alimentar, embora esta última hipótese fosse mais provavelmente a causa.

Talvez a atividade mais extrema de Woodworth tenha sido a criação de um novo calendário para as Testemunhas de Jeová. Nas edições da The Golden Age [A Idade de Ouro] de 13 de março, 27 de março e 10 de abril de 1935, ele publicou um artigo em três partes intitulado 'The Second Hand in the Timepiece of God'. Com o seu zelo típico, ele derramou vitríolo verbal sobre o clero da Igreja de Roma e passou a descrever praticamente todos os calendários em uso corrente como sendo do Diabo. Depois de uma discussão muito enrolada sobre vários textos bíblicos e

[imagem]
O Ano de Resgate de Jeová (da The Golden Age [A Idade de Ouro] de 13 de março de 1935, p. 381)

cálculos astronômicos, ele apresentou o seu novo calendário 'teocrático' na página 381 da The Golden Age [A Idade de Ouro] de 13 de março. Todos os nomes dos meses e dos dias da semana eram diferentes daqueles normalmente usados. Além disso, o novo calendário começava com a crucificação em vez de começar com o nascimento de Cristo, e os novos anos deviam começar na primavera. Finalmente, o número de dias nos novos meses foi um pouco modificado. Felizmente, o Juiz Rutherford teve o bom senso de nunca permitir que o calendário teocrático de Woodworth fosse usado.

O Crescimento da Comunidade dos Estudantes da Bíblia/Testemunhas

Durante a maior parte da administração de Rutherford, o crescimento do número de Estudantes da Bíblia/Testemunhas foi surpreendentemente lento, particularmente se considerarmos a grande quantidade de literatura da Torre de Vigia distribuída, o número de sermões de Rutherford pregados através da rádio, e o número de horas gastas na realização de visitas domiciliares por zelosos 'publicadores do reino'. Praticamente não houve crescimento permanente antes de 1928, e durante a década seguinte o número de publicadores ou pregadores ativos aumentou apenas 2,97% por ano para um total de 59.047.101 Em 1938 apenas 69.345 assistiram ao Memorial anual da Ceia do Senhor.102 Portanto, em termos numéricos, até esta altura dificilmente se poderia dizer que as Testemunhas de Jeová se tinham tornado num grande sucesso, e a grande campanha de proselitismo de Rutherford provavelmente alienou muito mais membros do público do que atraiu.

Um dos principais fatores inibindo um crescimento mais rápido era que, ao mesmo tempo que estavam sendo feitos numerosos novos convertidos, quase tantos Estudantes da Bíblia de longa data estavam cortando a sua associação com a Sociedade.103 Mudanças doutrinais contínuas e a luta entre o Juiz Rutherford e os anciãos levou muitos mais a afastarem-se; e quando em 1929 e 1930 um movimento mais ativo, tradicionalmente 'Russellita', o Dawn Bible Students Association, começou a surgir, muitos juntaram-se-lhes.104 Depois disso, quando as Testemunhas de Jeová procuravam a associação mais liberal e tradicional dos Estudantes da Bíblia, tendiam a gravitar para esse grupo.

No entanto, lentamente, as Testemunhas de Jeová começaram a expandir-se e nos últimos anos da vida do juiz milhares de novos convertidos juntaram-se-lhes. Vários fatores, todos merecendo alguma análise, foram responsáveis por esse crescimento. Estes incluem a organização melhorada sob governo teocrático, a doutrina da vindicação do nome de Jeová, a nova doutrina da 'grande multidão' e condições graves em todo o mundo, provocadas pela Depressão, a ascensão do Fascismo e o eclodir da Segunda Guerra Mundial. Finalmente, a firme fidelidade das Testemunhas durante perseguição terrível nas décadas de 1930 e 1940 deu-lhes uma proeminência e simpatia que atraiu muita gente a eles.

O governo teocrático mudou a natureza da comunidade das Testemunhas. Não só os servos de companhia e os seus assistentes eram nomeados diretamente pela Sociedade, mas as companhias locais eram organizadas em 'zonas' sob 'servos de zona' que as visitavam regularmente para encorajar o trabalho de pregação e 'manter a unidade de ação'. Eram reunidas cerca de vinte congregações numa área particular para formar uma zona e de tempos a tempos eram realizados congressos de zona. As zonas eram por sua vez organizadas em regiões sob servos regionais que visitavam as zonas na época dos congressos. Em 1.º de outubro de 1938, os Estados Unidos estavam divididos em onze regiões que estavam subdivididas em 148 zonas.105 Assim, o governo teocrático compreendia a criação de um sistema plenamente desenvolvido de governação teocrática com 'servos' que detinham exatamente tanta autoridade entre as Testemunhas de Jeová como os arcebispos e bispos entre os Católicos Romanos. E estes servos enfatizavam, até um ponto como nunca antes tinha sido feito, que se uma pessoa queria ser aprovada pela Sociedade, e consequentemente por Jeová, ela tinha de pregar.

Em 1938 eram poucos os Estudantes da Bíblia de mentalidade mais independente que ainda permaneciam em associação com a Sociedade Torre de Vigia. Opor-se à teocracia de qualquer modo significava ser rotulado de 'perturbador' e evitado. Com poucas excepções, isto significava que a maioria das Testemunhas de Jeová apoiavam completamente a pregação de casa em casa e tudo o resto publicado na The Watchtower [A Sentinela]. Conforme uma Testemunha idosa da Califórnia disse: 'Se The Watchtower [A Sentinela] dissesse que a lua era feita de queijo verde, eu acreditaria nisso.' Felizmente, The Watchtower [A Sentinela] não foi tão longe; no entanto, quando a Sociedade instruía as Testemunhas a levar a cabo uma campanha de evangelização sob todas e quaisquer circunstâncias, elas estavam prontas a obedecer até à própria morte. Não admira que os Nazis as considerassem um movimento político perigoso e rival.106

A Vindicação do Nome de Jeová

Um fator importante por detrás desse zelo era a doutrina da vindicação do nome de Jeová, uma doutrina que ainda é ensinada pelas Testemunhas de Jeová hoje. Sob Russell, a doutrina central dos Estudantes da Bíblia tinha sido o resgate expiatório de Cristo que era visto como a expressão do amor de Deus pela Humanidade. Consequentemente, para Russell e para os Estudantes da Bíblia dos seus dias, o Novo Testamento era encarado como sendo mais importante do que o Velho Testamento. Embora às vezes enfatizassem a importância da ira de Deus, não era uma doutrina primária para eles. Sob Rutherford, tudo isso mudou. Escrevendo na página 320 do livro Jehovah [Jeová], publicado em 1934, ele declarou taxativamente: 'Deus providenciou que a morte de Cristo Jesus, o seu amado filho, fornecesse o resgate ou preço redentor para o homem; mas essa bondade e amor para com a humanidade são secundários em relação à vindicação do nome de Jeová.' O juiz enfatizou como, sendo fiel à sua comissão, as testemunhas de Deus ao longo da história tinham tido uma parte na vindicação do nome divino. Mas a vindicação definitiva do Todo-Poderoso viria no Armagedom quando os iníquos fossem destruídos. Usando interpretação alegórica, Rutherford argumentou que ao trazer vingança sobre os iníquos nos dias do antigo Israel, Jeová estava simplesmente prefigurando o que faria nos últimos dias deste mundo iníquo. Por isso tornou-se da máxima importância que os homens escolhessem entre juntar-se a Jeová, a Cristo e à Teocracia, ou desaparecer junto com o Diabo e o seu sistema na batalha do grande dia de Deus, o Todo-Poderoso.

Significativamente, a doutrina da vindicação do nome de Jeová era de muitas maneiras como a doutrina de João Calvino sobre a majestade de Deus. Igualmente significativo, foi sem dúvida um dos principais fatores no desenvolvimento de um zelo ardente, quase fanático, nas Testemunhas do século vinte exatamente como o ensino de Calvino tinha feito entre os seus seguidores no século dezasseis. Isso significava que, tal como os calvinistas dessa era, as Testemunhas tornaram-se cada vez mais intolerantes para com tudo e todos que não estivessem em harmonia com a nova nação de Deus, a Teocracia, como eles a viam.

O Ataque à Religião

Ligada à doutrina da vindicação do nome de Jeová estava uma campanha rancorosa de invectivas contra aqueles que as Testemunhas encaravam como inimigos de Deus. O juiz Rutherford e os seus associados próximos nunca esqueceram o trauma de 1918 e 1919. Assim, até à sua morte em 1942, ele lançou uma série se ataques ao comércio, política e religião -- 'os três principais instrumentos do Diabo'. No que diz respeito ao capitalismo, o juiz odiava-o tal como Russell antes dele, e é de certo modo compreensível que os Estudantes da Bíblia e as Testemunhas da década de 1930 tenham sido ocasionalmente acusadas de simpatias marxistas, ou pelo menos socialistas.107 O juiz, no entanto, não tinha os políticos de esquerda em mais alta conta do que quaisquer outros; ele afirmava que seriam todos destruídos no Armagedom. Porém, nem o comércio nem a política receberam o abuso verbal que Rutherford, Woodworth e as Testemunhas lançaram sobre as igrejas e, em particular, sobre o clero.

Rutherford, corretamente, culpou membros do clero pela sua detenção em 1918 e, embora ele certamente fosse contrário ao protestantismo e judaísmo, guardou os epítetos da sua escolha para os padres e hierarquia da Igreja de Roma. Por exemplo, num estilo típico, no livro Enemies [Inimigos], o juiz declarou: 'Todas as organização na terra que estão em oposição a Deus e ao seu reino, por conseguinte, tomam necessariamente o nome de "Babilônia" e "meretriz", e esses nomes aplicam-se especificamente à organização religiosa que ocupa a liderança, a igreja Católica Romana, que afirma ser a mãe da assim chamada "religião cristã". Essa poderosa organização religiosa, predita nas Escrituras, usa o método das meretrizes para induzir políticos e traficantes comerciais e outros a caírem nos seus braços e renderem-se aos supostos charmes dela.'108

Os ataques de Rutherford tornaram-se cada vez mais vitriólicos, particularmente à medida que as Testemunhas ficaram sob terrível perseguição na Alemanha Nazi, Itália, Grã-Bretanha, Canadá e Estados Unidos. Depois ele até passou a usar o termo 'religião' para significar religião falsa, que condenou publicamente como 'um laço e uma extorsão'.109 E, à medida que as jeremíadas de Rutherford foram ficando mais severas, as Testemunhas derivaram mais deleite em publicá-las.

Quando em meados da década de 1930 o juiz foi obrigado a sair das ondas de rádio em resultado da pressão tanto da comunidade comercial como das igrejas no Canadá e nos Estados Unidos,110 a Sociedade Torre de Vigia produziu discos de fonógrafo com as suas denúncias tonitruantes, que eram tocadas em fonógrafos portáteis levados de casa em casa por Testemunhas de Jeová voluntárias. Noutros casos, essas mesmas Testemunhas tocavam os discursos de Rutherford através de altifalantes para comunidades inteiras, muitas vezes de católicos irados. Num caso, na província do Quebec, elas chegaram ao extremo de construir um carro sonoro com proteções de chapa -- do qual ainda existem várias imagens -- a partir do qual podiam transmitir condenações à Igreja de Roma para turbas hostis em duas línguas.

Noutros casos, centenas de publicadores das Testemunhas invadiram vilas e cidades hostis, muitas vezes em violação de leis locais contra vendedores ambulantes e em face de ameaças de prisões em massa.111 Por fim, em demonstrações tanto de coragem como do seu desprezo pelo 'mundo de Satanás', um grande número delas, jovens e idosas, homens e mulheres, marchavam através de cidades e vilas do mundo de língua inglesa no que eram chamadas 'marchas de informação'. Espalhados em longas filas, eles caminhavam através de passeios movimentados, carregando sinais e placares com slogans cunhados pelo Juiz Rutherford, como 'Religião É Laço e Extorsão' e 'Sirva Deus e Cristo o Rei'.112

Naturalmente, muitos achavam o comportamento das Testemunhas ofensivo e bizarro. No entanto, os seus ataques constantes ao comércio, política e religião atraíram muitos. Durante a década de 1920 e ao longo da Depressão, líderes sindicais muitas vezes elogiavam o Juiz Rutherford devido aos ataques dele ao alto comércio.113 Trabalhistas, políticos liberais e socialistas admiravam as suas denúncias igualmente severas de Mussolini, Hitler, Franco e movimentos de extrema direita em todo o mundo. Milhares de protestantes e anti-clericais concordavam com tudo o que as Testemunhas tinham a dizer sobre a hierarquia Católica Romana e admiravam a coragem delas ao dize-lo. Finalmente, como as Testemunhas de Jeová muitas vezes buscavam abertamente o martírio e o encaravam com bravura, até os seus inimigos começaram a desenvolver um grau de respeito por elas.

A Grande Multidão

Provavelmente o fator mais significativo para o crescimento mais rápido da comunidade das Testemunhas durante os últimos anos da vida de Rutherford foi a nova doutrina da 'grande multidão'. Quase desde o princípio do seu ministério, o Pastor Russell tinha ensinado que os Estudantes da Bíblia eram membros da classe eleita dos 144.000 mencionados em Revelação 7 e 14, que reinariam como reis-sacerdotes com Cristo durante o milênio. Além disso, ele enfatizou que a vasta maioria da Humanidade herdaria vida perfeita através da ressurreição num paraíso restaurado -- a terra. Mas além dos 'eleitos' e da maioria dos humanos salvos, The Watch Tower [A Sentinela] tinha ensinado que havia um terceiro grupo, a 'grande multidão' de Revelação 7:9, que receberia vida celestial num plano secundário. The Watch Tower [A Sentinela] também explicou que haveria uma 'classe de ovelhas' mencionada em Mateus 25:31-46, que seria separada dos 'cabritos' no tempo do fim. Em 1932 Rutherford declarou que essas 'ovelhas' eram retratadas por Jonadabe, líder recabita da antigüidade que se tinha juntado ao Rei Jeú de Israel quando este destruiu os sacerdotes de Baal da Rainha Jezabel.114

Esses conceitos eram complexos e, mais importante, significavam que as Testemunhas viam o seu trabalho de pregação como dirigido apenas ao ajuntamento dos 144.000 eleitos de Deus. O próprio Jeová lidaria com as outras classes da Humanidade no seu próprio tempo devido. Tudo isso mudou dramaticamente quando, na primavera de 1935, o presidente da Sociedade Torre de Vigia fez um discurso em Washington, DC, no qual argumentou que a 'grande multidão', as 'ovelhas' de Mateus 25 e os 'Jonadabes' eram todos uma classe que receberia vida eterna na terra como recompensa pela sua fé e obediência ao reino de Cristo.115 Em resultado disso, as Testemunhas sentiam que tinham de reunir um grande número de pessoas para a organização de Deus de modo que pudessem ser salvas da iminente batalha do Armagedom, para a vida numa nova terra. Em vez de simplesmente pregar para reunir os eleitos e anunciar o vindouro fim do mundo, elas iniciaram um esforço muito mais concentrado para ganhar conversos.

Vida Pessoal e Últimos Dias de Rutherford

Algum tempo depois de se ter tornado presidente da Sociedade Torre de Vigia, o Juiz Rutherford e a sua esposa, Mary, estavam discretamente separados. Embora ela seja geralmente descrita por Testemunhas mais antigas como 'uma semi-inválida que não podia render ao juiz as suas obrigações maritais', a separação deles não se ficou a dever só à falta de saúde dela ou ao trabalho dele. Eles estavam alienados e obviamente tinham muita amargura entre si, embora o motivo exato não seja claro. Talvez fatores que causaram contendas entre eles tenham sido o temperamento colérico e convencido de Rutherford e o seu evidente caso sério de alcoolismo.

Embora as Testemunhas de Jeová tenham feito tudo o que era possível para esconder relatos dos hábitos de bebida do juiz, estes são simplesmente demasiado notórios para poderem ser negados. Ex-trabalhadores da sede da Torre de Vigia em Nova Iorque contam histórias sobre os seus estados de embriaguez. Outros contam histórias de como por vezes era difícil fazê-lo chegar à tribuna para dar discursos nos congressos, devido à sua embriaguez. Em San Diego, Califórnia, onde ele passou os verões desde 1930 até à sua morte, uma senhora idosa ainda fala de como lhe vendeu grandes quantidades de bebidas alcoólicas quando ele vinha comprar medicamentos à farmácia do marido dela. Mas talvez o relato mais revelador dos hábitos de bebida de Rutherford seja aquele que apareceu numa carta aberta que lhe foi dirigida pelo anterior superintendente da filial da Torre de Vigia no Canadá, Walter Salter.

Durante anos, Salter foi um amigo e confidente próximo do juiz, mas em 1936 ele afastou-se do juiz devido a divergências doutrinais e foi desassociado. Em 1 de abril de 1937 ele publicou a carta mencionada anteriormente, que era uma violenta acusação pessoal contra Rutherford e que, nos seus contornos gerais, é bastante exata. Assim, Salter afirmou que tinha comprado 'whisky a 60 dólares cada caixa' para o presidente da Torre de Vigia 'e caixas de aguardente e outras bebidas alcoólicas, além de caixas de cerveja sem conta,' tudo com o dinheiro da Sociedade. Para que ninguém pensasse que estas bebidas eram para outros, o ex-superintendente da filial no Canadá declarou: 'Uma garrafa ou duas de bebidas alcoólicas não chegava; era para o PRESIDENTE e nada era demasiado bom para o PRESIDENTE.' Depois de descrever o estilo de vida faustoso de Rutherford, Salter disse com amarga ironia: 'E, ó Senhor, ele [Rutherford] é tão corajoso e a fé que tem em Vós é tão grande que se esconde atrás de quatro paredes, ou rodeia-se literalmente de guarda-costas armados e põe-se a clamar os seus sonhos ... e manda-nos de porta em porta para enfrentar o inimigo enquanto ele vai de "bebida em bebida" e diz-nos que se não formos de porta em porta seremos destruídos.'

No que diz respeito a acomodações e confortos pessoais, Salter relata que Rutherford vivia como um príncipe ou barão da indústria. Ele alugou um apartamento com mobílias luxuosas em Nova Iorque, que segundo a estimativa de Salter valia pelo menos 10.000 dólares por ano, durante a Depressão. Além disso, o presidente da Torre de Vigia tinha uma 'residência palacial' em Staten Island, 'camuflada' como se fosse essencial para a estação de rádio da Sociedade, a WBBR. Também em Staten Island, ele mantinha uma residência pequena, numa zona remota da floresta, onde se podia isolar do mundo. Além disso, eram mantidos para ele alojamentos dispendiosos em vários outros sítios incluindo Londres e, antes da subida dos Nazis ao poder, em Magdeburgo [na Alemanha]. E como se tudo isso não fosse ainda suficiente, devido à sua saúde ele começou a construir Bete-Sarim em 1929, uma mansão em San Diego [na Califórnia] que se tornaria a sua casa de inverno.

Estranhamente, Rutherford encontrou uma desculpa doutrinal para construir Bete-Sarim na qual, pelo menos em parte, ele pode ter mesmo acreditado. Segundo a exegese de Sociedade sobre o Salmo 45:16 (Versão Rei Jaime) -- 'Em vez de teus pais haverá teus filhos, a quem poderás fazer príncipes em toda a terra' -- Cristo ressuscitaria Abraão, Isaque, Jacó, Davi e muitos outros servos de Jeová pré-cristãos para governar a Humanidade durante o milênio. Além disso, tinha sido dito a Daniel, também um destes 'notáveis da antigüidade', que ele estaria na sua herança 'no fim dos dias', e a Sociedade Torre de Vigia ensinou que isto seria antes do Armagedom. O Juiz Rutherford e a Sociedade concluíram assim que esses homens fiéis pré-cristãos podiam voltar a qualquer momento nos poucos anos ou meses seguintes. De fato, muitas Testemunhas de Jeová comuns freqüentemente esperavam que os 'príncipes' ressuscitados estivessem presentes no próximo grande congresso da Torre de Vigia. Assim, quando foi supostamente doado ao juiz o dinheiro para construir Bete-Sarim numa propriedade de cem acres em San Diego, ele 'humildemente' fez a escritura para si em nome de Davi e dos outros 'príncipes' que em breve precisariam de um lugar agradável para residir.116 Isso, porém, não o impediu de viver ali com um séquito bastante numeroso de aderentes e com um dos seus dois Cadillacs de dezasseis cilindros que, segundo o folclore popular das Testemunhas, lhe tinha sido dado 'como o maior homem na terra' por um crente abastado de Iowa.

Apesar de tudo isto, de algum modo estranho o Juiz Joseph Franklin Rutherford continuava a levar a sério a si mesmo e às doutrinas que proclamava. Consequentemente, quando a Segunda Guerra Mundial veio, parecia-lhe ser o cumprimento de profecias apocalípticas, e ele ficou convencido que a guerra levaria diretamente à destruição tanto dos demônios como da Humanidade iníqua no Armagedom. Assim, no último ano da sua vida, à medida que ele mostrava sinais inconfundíveis de ser um homem muito doente morrendo de cancro, a partir de Bete-Sarim ele começou a desmantelar parte da estrutura organizacional que tinha estabelecido pouco tempo antes. Em dezembro de 1941 ele descontinuou os cargos de servos regionais e de zona e acabou com o costume de realizar congressos de zona. Nesse tempo ele escreveu: '"O estranho trabalho" do Senhor [o trabalho de pregação pública] está a aproximar-se do fim e requer pressa, com vigilância, sobriedade e oração.'117 Porém, ele insistiu que todas as Testemunhas deviam continuar esse trabalho até Deus mandar parar. 'Com plena determinação de ser obedientes ao Senhor', disse ele, 'que estas palavras do Senhor sejam um slogan orientador: "Esta coisa farei" que é anunciar A TEOCRACIA.'118

Morte e Legado de Rutherford

Rutherford morreu em Bete-Sarim em 8 de janeiro de 1942, depois de uma doença prolongada. No entanto, ele morreu ainda ativo ou, como os seus companheiros Testemunhas relataram, 'combatendo com as suas botas calçadas'.119 Ele tinha expressado o desejo de ser sepultado num desfiladeiro cerca de noventa metros abaixo da Casa dos Príncipes que ele tinha usado e gozado durante muito tempo enquanto aguardava o regresso dos 'notáveis' da antigüidade pré-cristã,120 mas isso não aconteceria. A área não estava projetada para a criação de cemitérios privados e os vizinhos queixaram-se dizendo que sepultar o juiz onde ele tinha pedido diminuiria o valor das suas propriedades. Por isso, funcionários locais recusaram-se a conceder uma autorização de enterro.121 Publicações da Torre de Vigia asseveraram amargamente que este era simplesmente um último ato de despeito da organização do Diabo contra o porta-voz fiel de Jeová que partira,122 e Testemunhas locais levaram a cabo uma prolongada batalha de três meses para honrar o último desejo de Rutherford.

Registos do caso mostram que havia pouca substância para as acusações da Torre de Vigia sobre preconceito religioso,123 e evidência física em Bete-Sarim sugere que os vizinhos tinham alguma razão para preocupação. Em vez de querer sepultar o corpo Rutherford numa simples campa do desfiladeiro, como mais tarde afirmaram, os seus aderentes pessoais mais próximos -- a 'família' de Bete-Sarim -- queriam colocá-lo numa grande cripta de cimento, muito imponente, que começaram a construir quando ele estava a morrer. Consequentemente, os vizinhos sem dúvida receavam que o prospectivo túmulo de Rutherford se poderia muito bem tornar num monumento que seria visitado por Testemunhas de Jeová de todo o lado.

Claro que isso não aconteceu. Quando funcionários do Condado de San Diego finalmente recusaram autorização para que o Juiz Rutherford fosse enterrado em Bete-Sarim, os seus restos mortais foram levados para Rossville, Nova Iorque, e colocados ali,124 e foram rapidamente esquecidos por todos exceto uns poucos amigos próximos. Os registos da tentativa de enterrá-lo em Bete-Sarim mostram que nem os funcionários da Torre de Vigia nem a sua viúva e filho, Malcolm, pareciam muito preocupados com a sua última morada, pois eles foram notórios nas audições sobre o assunto pela sua ausência. Além disso, como o próprio juiz tinha ensinado as Testemunhas a serem leais à organização de Jeová, a teocracia, em vez de a qualquer homem, eles foram rápidos em dar a sua completa lealdade aos seus sucessores no Betel de Brooklyn. Assim, hoje apenas um punhado de Testemunhas, que têm cerca de sessenta anos ou mais, sabem bastante sobre o homem que reformulou o seu movimento, e são ainda menos as que sabem que Bete-Sarim e a cripta de cimento inacabada de Rutherford ainda existem como monumentos a ele -- embora a Casa dos Príncipes já não seja mantida para todos os homens justos desde Abel até João, o Batizador.

No entanto, o verdadeiro monumento do Juiz Rutherford não é uma cripta de cimento; é o movimento que, depois da morte do Pastor Russell, ele pastoreou através dos dias negros da Primeira Guerra Mundial e reformulou depois. Num sentido real, foi ele, em vez do Pastor, quem desenvolveu as Testemunhas de Jeová no que elas são hoje -- um fato continuamente enfatizado pelos grupos de Estudantes da Bíblia anti-Torre de Vigia. Embora sem dúvida ele fosse uma pessoa dura, implacável e freqüentemente desagradável cujo raciocínio era dominado muito mais por casuística do que os seus companheiros Testemunhas gostariam de admitir, é provável que só alguém como ele pudesse ter criado a base para fazer das Testemunhas de Jeová o movimento sectário importante, mundial, que são hoje. Pois sob o seu exterior severo ele parece ter acreditado, tal como Russell antes dele, que tinha uma missão divinamente designada. Apesar dos cismas dos Estudantes da Bíblia, perseguição externa, prisão pessoal, e o falhanço do fim do mundo em 1918 ou 1925, ele conseguiu manter o controle sobre um corpo de homens e mulheres zelosos que continuaram a aguardar a aproximação da revelação de Cristo e a batalha do Armagedom. E foi a sua dureza e capacidades organizacionais, por vezes impopulares, que acabariam por dar às Testemunhas de Jeová a personalidade férrea que precisavam para passar através da perseguição das décadas de 1930 e 1940.

Conforme William Whalen notou, o Juiz Joseph F. Rutherford foi para o Pastor Charles T. Russell o que Brigham Young foi para o profeta Mórmon Joseph Smith.125 Embora Smith e Russell fossem líderes religiosos capazes, em grande medida ambos eram visionários muito ingênuos que podiam -- através do uso de imaginação fértil -- enganar tanto a si mesmos como a outros. Mas Young e Rutherford eram pragmáticos duros que deram um grau de permanência aos movimentos que dominaram. Embora o juiz tivesse pouco tempo ou interesse numa esposa, e muito menos num harém, ainda assim ele parecia-se com o severo Mórmon Lião do Senhor em muitos aspectos -- embora provavelmente nem as Testemunhas de Jeová nem os Mórmons apreciem a comparação.


Apocalipse Adiado: A História das Testemunhas de Jeová (Toronto: University of Toronto Press, 1997, segunda edição) de M. James Penton (1932-), pp. 77-98.

Capítulo 3: A Era de Expansão Global

M. James Penton


Quando o juiz Joseph F. Rutherford morreu, as Testemunhas de Jeová estavam sob proibição total em muitas partes do mundo. Muitas definhavam em prisões ou em campos de concentração. Mesmo nos Estados Unidos, o Supremo Tribunal decidiu que os filhos de Testemunhas tinham de saudar a bandeira quando a lei o exigisse ou enfrentar a expulsão das escolas públicas. Por serem encaradas como não patriotas que fugiam aos seus deveres, que nem saudavam a bandeira nem lutavam pelo seu país, foram sujeitas a violência de multidões não experimentada por qualquer religião na América desde a perseguição aos mórmones no século 19.

Conforme já indicado, o juiz tinha acreditado que o apocalipse estava próximo no início da década de 1940, e ele viu na perseguição às Testemunhas o ataque final dos inimigos de Deus, tanto espirituais como humanos, ao pequeno rebanho de irmãos de Cristo e à grande multidão. No entanto, os homens mais próximos dele evidentemente acreditavam que o fim não viria sem que eles, pessoalmente, dirigissem um trabalho de pregação mundial numa escala maior do que Russell ou Rutherford.

Os Sucessores de Rutherford

Os homens que sucederam a Rutherford no poder na hierarquia da Sociedade Torre de Vigia eram um grupo muito unido cujas qualidades mais salientes eram a habilidade administrativa, uma devoção total ao conceito do juiz sobre o trabalho de pregação, e um senso de lealdade à Sociedade como representante da organização de Deus. Eram, acima de tudo, homens da organização a 100%, com tudo o que esse termo implica.

O mais destacado entre este grupo era Nathan Homer Knorr,1 o último vice-presidente de Rutherford e o homem que foi eleito para o substituir como presidente em 13 de Janeiro de 1942. Embora jovem, encarado por muitos dos seus associados como pouco mais do que um dos sicofantes de Rutherford, e exteriormente um homem de maneiras muito mais moderadas do que o seu predecessor, Knorr era um homem com uma vontade de ferro. Determinado a expandir as actividades de pregação das Testemunhas de Jeová até que o próprio Senhor Jeová desse a ordem para parar, ele haveria de presidir sobre o desenvolvimento das Testemunhas até serem uma grande força religiosa de milhões no período a seguir à Segunda Guerra Mundial.

Nascido em Bethlehem, Pennsylvania, em 1905, Knorr foi criado na igreja Reformada dos seus antepassados holandeses. Mas aos 16 anos associou-se com os Estudantes da Bíblia. Em 1923 tornou-se colportor a tempo inteiro e foi convidado para o Betel de Brooklyn, que continuou a ser a sua casa até pouco antes da sua morte. Em 1932 ele tinha-se tornado director geral dos escritórios e da gráfica de publicações da Sociedade Torre de Vigia em Nova Iorque. Dois anos depois tornou-se director dessa empresa e em 1940 tornou-se membro e vice-presidente da Watchtower Bible and Tract Society of Pennsylvania (Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados de Pennsylvania). Ele obteve quase toda a sua experiência como uma Testemunha de Jeová leal nos escritórios centrais da Sociedade e continuou muitos dos programas iniciados por Rutherford.

Knorr era uma pessoa severa, género homem de negócios. Só ocasionalmente, em especial quando estava com amigos próximos e missionários Testemunhas por quem tinha uma afeição real, é que ele demonstrava o bom humor exuberante mostrado pelo Juiz Rutherford quando se estava a divertir, ou a bondade tantas vezes manifestada pelo Pastor Russell. Mas ele podia ser sisudo e severo como Rutherford para todo e qualquer um que, aos seus olhos, fosse desleal ou falhasse nos seus deveres. Além disso, ele às vezes era petulante, indelicado e completamente mau para aqueles por quem tinha desenvolvido uma antipatia. Embora ele próprio se tivesse queixado de ser 'podado' ou ter recebido uma chicotada verbal pública dada pelo Juiz Rutherford perante os seus co-trabalhadores em Betel,2 quando assumiu o manto do Juiz, ele também assumiu o costume de 'podar' outros, em alguns casos de forma contundente.3 À medida que os anos foram passando, ele tornou-se cada vez mais uma figura paternalista cujo carácter não era diferente dos seus antepassados calvinistas. Apesar disso, tal como o Pastor Russell e o Juiz Rutherford antes dele, apreciava um estilo de vida confortável e uma boa mesa. Ao contrário deles, Knorr tinha uma apreciação normal e saudável pelo sexo oposto.

Embora possuísse pouca ou nenhuma habilidade como escritor, e certamente não tendo o carisma pessoal dos seus predecessores, em muitos aspectos Knorr era um homem mais hábil que ambos. Sob a sua administração foi concluída uma política de minimizar o papel e o prestígio de indivíduos, que Rutherford tinha começado, pelo menos para outros. Em 1942 Knorr desenvolveu a política de publicar toda a literatura da Torre de Vigia anonimamente -- uma política que ainda é seguida -- e de despersonalizar a correspondência emitida pela Sociedade. Em vez de apresentarem o nome do escritor, as cartas deviam simplesmente ser carimbadas com a 'assinatura' Watchtower Bible and Tract Society, Inc. Desta forma, fazia-se sentir à comunidade das Testemunhas que devia ser leal a uma organização, à organização do Senhor, em vez de a algum homem.

Claro que pode ter havido outra razão pela qual Knorr queria desenvolver este culto da despersonalização. Como ele era incapaz de pesquisar e escrever as principais publicações da Sociedade, sabia que não conseguiria ganhar o prestígio que tanto Russell como Rutherford tinham obtido como autores. Por isso Nathan Knorr pode muito bem ter querido esconder a sua própria inadequação ao fazer que toda a literatura da Torre de Vigia fosse publicada sob anonimato. Mais importante, porém, ele procurou transformar as Testemunhas de Jeová num grupo de pregadores do Reino de Jeová muito mais sofisticado, moral e eficaz do que alguma vez tinham sido no passado.

O homem que se tornou vice-presidente de Knorr em 1942 foi o novo conselheiro legal da Sociedade, Hayden Cooper Covington.4 Nascido em 1911, em Hopkins County, Texas, Covington estudou direito na San Antonio Bar Association School of Law e foi admitido na barra do Texas em 1933. No ano seguinte foi baptizado como Testemunha. Em 1939 foi convidado para o Betel de Brooklyn para ajudar na onerosa tarefa de defender os casos judiciais das Testemunhas nos tribunais.

Covington era alto, bem parecido, orador eficaz e advogado muito capaz. Durante o período entre 1939 e 1955 defendeu aproximadamente 50 casos por ano e compareceu perante o Supremo Tribunal dos Estados Unidos em 41 casos diferentes envolvendo questões da Carta dos Direitos Americana. Mas era um homem muito orgulhoso, por vezes arrogante, que podia combinar argumentos libertários, que usava caracteristicamente nos tribunais, com as opiniões mais completamente autoritárias que é possível imaginar quando falava da autoridade espiritual e organizacional da directoria da Sociedade Torre de Vigia.5 Embora trabalhasse de perto com Knorr, os dois muitas vezes entravam em conflito sobre vários assuntos e desenvolveram um profundo sentimento de ressentimento mútuo.6 O excesso de trabalho e a tensão acabaram por ser a desgraça de Covington e no início da década de 1960 foi obrigado a deixar Nova Iorque com um grave problema de bebida. Depois de ser desassociado e readmitido, morreu como Testemunha de boa reputação em 1979.7 Mas em 1942 ele estava no ponto alto da sua vida e pronto a fazer contribuições importantes para os seus irmãos.

Uma terceira figura, e também de importância primordial entre aqueles que sucederam a Rutherford no poder, era Frederick William Franz.8 Nascido a 12 de Setembro de 1893 em Covington, Kentucky, Franz transformou-se num jovem profundamente religioso que cedo decidiu tornar-se ministro presbiteriano. Enquanto estava a frequentar a Universidade de Cincinnati em 1913, o seu irmão enviou-lhe algumas publicações da Torre de Vigia. Pouco depois, ele ficou convencido com os ensinos dos Estudantes da Bíblia. Na primavera de 1914 desistiu das aulas antes de ter completado o seu terceiro ano para se tornar um activo colportor dos Estudantes da Bíblia. Em 1920 foi convidado para o Betel de Brooklyn e, em 1922, fez o discurso no baptismo de Nathan Knorr. Na universidade Franz tinha sido um estudante honroso e, embora não lhe tenha sido oferecida uma bolsa Rhodes como A. H. Macmillan afirmou, os seus professores evidentemente consideraram recomendá-lo para uma bolsa.9 Quando saiu da Universidade de Cincinnati ele sabia alemão e conseguia ler latim e grego. Mais tarde, aprendeu espanhol, português e francês, e adquiriu conhecimento que lhe permitia ler hebraico. Consequentemente, ao longo dos anos, ele haveria de se tornar um ajudante altamente útil para Rutherford, e mesmo antes da morte do juiz tornar-se-ia o principal exegeta e perito bíblico da Sociedade. Embora não fosse imediatamente escolhido como um dos representantes da Sociedade, a sua amizade íntima com Knorr e o seu papel como a fonte primária da doutrina da Torre de Vigia deu-lhe uma imensa autoridade, embora indirecta. Ele gradualmente tornou-se o 'oráculo' da Sociedade.

Franz, que se tornaria vice-presidente da Torre de Vigia em 1949 e presidente em 1977, é uma pessoa baixa, entusiástica e exteriormente atraente. Embora seja um orador poderoso, por vezes bombástico, com uma estranha cadência no discurso, é uma pessoa muito mais congenial do que Rutherford ou Knorr. Ao lidar com outros, ele tem sido geralmente tratável e educado, pelo menos enquanto não é desafiado. No entanto, em muitos sentidos ele pode correctamente ser descrito como excêntrico, com algumas das características de um Paul Johnson ou de um Clayton Woodworth. As suas interpretações alegóricas de 'tipos' proféticos têm sido muitas vezes confusas, pomposas e desnecessariamente complicadas. Além disso, os seus discursos públicos algumas vezes têm embaraçado Testemunhas sensíveis. Por exemplo, em 1958, num congresso internacional onde estava um quarto de milhão de pessoas, ele comparou raparigas adolescentes a vacas no cio. E, apesar das suas maneiras normalmente agradáveis, ele não é menos autoritário do que foram Rutherford, Knorr, Covington e muitos outros altos funcionários da Torre de Vigia. De facto, Franz, mais do que qualquer outra pessoa excepto Rutherford, criou uma aura de quase autoridade mística à volta dos cargos de presidente da Torre de Vigia e da directoria da Sociedade Torre de Vigia.

Junto com Knorr, Covington e Franz estavam vários apoiantes de Rutherford de longa data que estavam com a Sociedade desde os tempos de Russell e vários homens mais jovens. Entre os de longa data contavam-se William Van Amburgh, Alexander H. Macmillan e Hugo Reimer. Entre os mais jovens estava Grant Suiter, que se tornaria secretário-tesoureiro da Torre de Vigia depois da morte de Van Amburgh em 1947. Assim, quando o Juiz Rutherford morreu, não houve qualquer luta pelo poder como tinha havido em 1917. Estavam todos determinados a ver o sucessor que o juiz escolhera a dedo, Knorr, eleito para a presidência no interesse da teocracia, e não seria permitido a nenhuma Testemunha de Jeová que questionasse ou sequer criticasse as suas actividades terrestres.

O Caso Olin Moyle

O nível de completo autoritarismo a que a Sociedade e os seus directores tinham chegado é indicado pelo caso Olin Moyle.10 Acompanhado pela esposa e pelo filho, Peter, Moyle tinha vindo da sua casa no sul de Wisconsin para o Betel de Brooklyn em 1935 para agir como conselheiro legal para a Sociedade Torre de Vigia e para lutar nos muitos casos de liberdade de adoração que as Testemunhas enfrentariam durante os 4 anos seguintes. Moyle provou ser uma Testemunha fiel e dedicada que aparentemente não tinha quaisquer divergências doutrinais sérias com o Juiz Rutherford. No entanto, com o passar do tempo, ele tornou-se crítico em relação ao comportamento pessoal do juiz e ao que encarava como conduta imprópria da parte de membros da família de Betel. Consequentemente, em 21 de Julho de 1939 submeteu uma carta aberta de renúncia a Rutherford como protesto pelo que considerava ser as condições morais baixas na sede da Torre de Vigia. Nessa carta ele acusava o juiz de tratamento grosseiro do pessoal, acessos de raiva, discriminação e linguagem obscena.

Embora fosse um abstémio, dificilmente Moyle poderá ser acusado de ser demasiado crítico em relação aos hábitos de bebida dos seus irmãos em Betel, e ele foi muito exacto na sua avaliação das acções pretensiosas e coléricas de Rutherford, e das tiradas à mesa do pequeno almoço. Além disso, ele estava simplesmente ansioso por corrigir o que para ele eram exemplos graves de conduta não cristã e por afirmar que Rutherford tinha uma responsabilidade imediata de remediar as condições que tinham causado a sua renúncia e protesto. Mas Rutherford, que por vezes tinha dificuldade em distinguir a sua própria posição da posição de Jeová e de Cristo Jesus, encarou a carta de Moyle como nada menos que apostasia. O relato que se segue, da The Watchtower [A Sentinela] de 15 de Outubro de 1939 (pp. 316-317 [em inglês]) indica a atitude de Rutherford e dos directores:

INFORMAÇÃO

Tendo em consideração que este é o tempo em que Deus está a remover da sua organização tudo o que pode ser abalado, 'para que aquelas coisas que não podem ser abaladas possam permanecer' (Hebreus 12:26, 27), os membros do corpo de directores da WATCH TOWER BIBLE AND TRACT SOCIETY [Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados], para a informação e protecção daqueles que são devotados à organização de Deus, solicitam que a Watchtower [Sentinela] publique o que se segue:

Em 21 de julho de 1939, um artigo escrito sob a forma de carta, assinado por O. R. Moyle, foi deixado na secretária da portaria do Lar de Betel, endereçado ao presidente da Sociedade. Como esse artigo envolve toda a família de Betel, foi devidamente trazido perante o corpo e perante a família. A carta, estando repleta de declarações falsas, caluniosas e difamatórias, foi vigorosamente condenada pelo corpo de directores e por todos os membros da família de Betel. O corpo adoptou por unanimidade a seguinte Resolução, que também foi aprovada pela família:

'Numa reunião conjunta dos corpos de directores da corporação de Pennsylvania e da corporação de Nova Iorque da Sociedade de Bíblias e Tratados, realizada no escritório da Sociedade em Brooklyn, Nova Iorque, neste dia 8 de agosto de 1939, na qual outros membros da família estiveram presentes, foi lida aos ditos corpos e na presença de O. R. Moyle, uma carta datada de 21 de julho de 1939, escrita pelo dito Moyle e endereçada ao presidente da Sociedade.

'Durante os últimos quatro anos foram confiadas ao escritor dessa carta as matérias confidenciais da Sociedade. Agora parece que o escritor dessa carta, sem desculpa, calunia a família de Deus em Betel, e identifica-se a si próprio como um que fala iniquidades contra a organização do Senhor, e que é um murmurador e queixoso, exactamente como as Escrituras predisseram (Judas 4-16; 1 Coríntios 4:3; Romanos 14:4).

'Os membros do corpo de directores ressentem-se das críticas injustas que aparecem na carta, desaprovam o escritor e as suas acções, e recomendam que o presidente da Sociedade termine imediatamente o relacionamento de O. R. Moyle com a Sociedade como conselheiro legal e membro da família de Betel.'

À parte o parágrafo introdutório que anuncia o propósito do escritor de deixar Betel numa determinada data, todos os parágrafos dessa carta são falsos, repletos de mentiras, e são uma difamação iníqua e calúnia não só contra o presidente mas contra toda a família, e por essa razão a carta não foi publicada pela Sociedade. Ele pediu à Consolation [Consolação, revista das Testemunhas de Jeová] que publicasse a sua carta, e Moyle, tendo sido recusado o seu pedido, agora faz com que o seu artigo calunioso seja publicado e posto a circular entre algumas companhias [congregações] dos consagrados, fazendo com que o mesmo seja lido publicamente, e depois pelas suas próprias palavras, que podem ser chamadas 'falinhas mansas', ele finge estar em harmonia com a Sociedade, e assim engana ainda mais os incautos. O propósito dele mesmo ao publicar adicionalmente [o artigo] é justificar-se a si mesmo e 'causar divisão entre os irmãos', duas coisas que são condenadas na Palavra de Deus (Lucas 16:15; Romanos 16:17, 18). Por esta razão os irmãos devem ficar de sobreaviso. Estando 'a carta acima mencionada' repleta de mentiras levantadas contra os irmãos, é odiada por Jeová; 'Seis coisas o Senhor odeia; sim, sete são uma abominação para ele... uma testemunha falsa que fala mentiras, e aquele que semeia discórdia entre os irmãos' -- Provérbios 6:16-19.

Ao induzir outros a juntarem-se-lhe na circulação e publicação desta carta difamatória entre os consagrados, ele faz outros participarem no seu erro. O artigo difamatório, estando em oposição e contra os interesses do governo Teocrático, está apenas agradando ao Diabo e aos seus agentes terrestres.

Durante quatro anos foram confiados a Moyle os assuntos confidenciais da Sociedade, e então, sem desculpa, ele assalta e calunia aqueles que confiaram nele. Foram confiados a Judas assuntos confidenciais por Jesus Cristo, e Judas provou a sua infidelidade por fornecer aos inimigos aquilo que eles podiam usar, e que usaram mesmo, contra o Senhor. Aquele que calunia os irmãos do Senhor, calunia o próprio Senhor, e as Escrituras apontam claramente qual será o fim de tais. Tendo sido avisados, cada um deve escolher se quer juntar-se ao 'escravo mau' e sofrer as consequências (Mateus 24:48-51) ou permanecer fiel a Jesus e ao seu governo por Cristo Jesus. Escolhei a quem quereis servir. [Assinado:] Fred W. Franz, N. H. Knorr, Grant Suiter, T. J. Sullivan, W. P. Heath, W. H. Reimer, W. E. Van Amburgh, M. Goux, C. A. Wise, C. J. Woodworth. Aprovado para publicação. J. F. Rutherford, Presidente.

Moyle processou judicialmente o corpo de directores tanto da Sociedade de Pennsylvania como da de Nova Iorque por difamação. Depois de muito litígio, conseguiu receber 15.000 dólares mais os custos do tribunal, dois anos depois da morte do juiz.11 Mas nem Rutherford nem os directores estavam dispostos a tentar fazer as pazes com uma pessoa que acreditavam ser um 'Judas' e um 'escravo mau'. Pareciam dispostos a aceitar a notoriedade e a má reputação que ganharam por causa do assunto com o objectivo de manterem o princípio central da autoridade inquestionável para fazer o que queriam.

Em Wisconsin, o estado natal de Moyle, as congregações das Testemunhas dividiram-se quanto ao assunto, tendo algumas pessoas saído do movimento. No entanto, a maioria apoiou Rutherford e a Sociedade, e mostrou abertamente o seu desprezo por Moyle. A Companhia das Testemunhas de Jeová de Jefferson escreveu: "Estamos completamente de acordo com a palavra de Jeová, a Bíblia, que ele nos está agora revelando através do seu canal terrestre, A Sentinela."12 A Companhia de Waupun declarou: "recusamo-nos absolutamente a considerar as cartas maliciosas que aqueles da classe do 'escravo mau' têm posto a circular entre os irmãos, procurando auto-justificação e simpatia."13 E bem ilustrativa das atitudes das Testemunhas em geral é uma carta de Granville e Grace Fiske, que assinaram como "Seus irmãos e companheiros gafanhotos".14 Nessa carta escreveram: "Não sabemos qual é o conteúdo da carta escrita pelo Sr. Moyle, nem queremos saber. Para nós basta que o nosso grande Deus, JEOVÁ, se agrade em vos usar a todos no seu serviço, e esteja a fazer chover sobre vós as bênçãos".15

Embora possam parecer extremas para algumas pessoas, incluindo algumas Testemunhas de Jeová, era este tipo de profissões de lealdade cega, automática, que Rutherford e aqueles que lhe sucederam queriam ouvir do "exército de gafanhotos" de Testemunhas. Em 1954, muitos anos depois do caso Olin Moyle, Frederick Franz e Hayden Covington foram ao extremo de declarar que as Testemunhas de Jeová até têm de aceitar ensinos falsos vindos da Sociedade Torre de Vigia para ganharem a vida eterna. Conforme Covington declarou nessa altura, a Sociedade queria ter "unidade a todo o custo, porque acreditamos e temos a certeza de que Jeová Deus está a usar a nossa organização, o corpo governante da nossa organização, para a dirigir, embora sejam cometidos erros de tempos a tempos".16

A Remodelação da Comunidade das Testemunhas

Knorr estava decidido a melhorar o trabalho de pregação das Testemunhas de Jeová. Quase de imediato ele restaurou o sistema de servos de zona e servos regionais.17 Com o passar do tempo os servos de zona passaram a ser conhecidos como servos ou superintendentes de circuito e os servos regionais como servos ou superintendentes de distrito. Em 1946 Knorr providenciou congressos de circuito duas vezes por ano18 e em 1948 e 1949 congressos de distrito anuais.19 Embora congressos locais, nacionais e internacionais tivessem sido realizados desde o tempo de Russell, e se tivessem tornado acontecimentos públicos muito importantes sob Rutherford, Knorr agora planeava-os numa base regular, mais facilmente acessíveis a todas as Testemunhas que desejassem comparecer. Mais importante, no entanto, foi o facto de em 1943 ele ter tomado providências para o estabelecimento de uma "escola do ministério teocrático" em cada congregação das Testemunhas e a escola de treinamento missionário de Gileade em South Lansing, Nova Iorque.20 Todos estes acontecimentos tiveram um efeito profundo na comunidade das Testemunhas.

Novos desenvolvimentos organizacionais e educacionais começaram a produzir grandes mudanças. Knorr estava ligeiramente mais cônscio das relações públicas do que Rutherford tinha estado. Apesar de acontecimentos como o caso Moyle e o criticismo amargo contínuo contra "a política, o comércio e a religião", a comunidade das Testemunhas começou gradualmente a adoptar uma aparência mais sofisticada. Em 1948 Bete-Sarim foi vendida.21 Os periódicos que substituíram A Idade de Ouro -- Consolação (de 1937 a 1946) e Despertai! (de 1946 até hoje) -- abandonaram discretamente várias posições que tinham feito a Sociedade parecer ridícula; desapareceram as tiradas contra as vacinas e o envenenamento por alumínio. A literatura da Torre de Vigia assumiu um tom mais comedido e controlado, pelo menos em comparação com o tom que tinha mantido sob o Juiz Rutherford. As Testemunhas enquanto povo também usaram gradualmente mais tacto e tornaram-se mais eficazes na sua evangelização. As escolas do ministério teocrático nas congregações ensinaram muitos a melhorar o seu uso da linguagem e a tornarem-se pregadores de porta em porta mais hábeis e melhores oradores públicos. Ao longo dos anos, Gileade treinou classe após classe de missionários zelosos que Knorr enviou para muitas partes do mundo "para pregar as boas novas do reino e reunir as outras ovelhas de Cristo". É para esses graduados de Gileade que tem de ir muito do crédito pelo crescimento das Testemunhas no período durante os últimos anos da Segunda Guerra Mundial e nos anos depois disso.

O Crescimento da Comunidade das Testemunhas

É difícil perceber quão bem sucedidas as Testemunhas seriam durante a presidência de Knorr a menos que vejamos algumas das estatísticas muito conservadoras da Sociedade Torre de Vigia sobre a matéria. A Tabela 1, elaborada a partir dessas estatísticas, mostra o número de Testemunhas activas, isto é, aqueles "publicadores" que se envolveram em tentar converter outros para a sua fé, em vez de todos os que aceitaram as doutrinas das Testemunhas. "Assistência ao Memorial" indica quantas pessoas se reuniram para a celebração anual da Refeição Nocturna do Senhor.

Ano Auge de Publicadores Assistência ao Memorial
1942
1947
1952
1957
1962
1967
1972
1977
115.240
207.552
456.265
716.901
989.192
1.160.604
1.658.990
2.223.538
98.076
335.415
667.099
1.075.163
1.639.681
2.195.612
3.662.407
5.107.518
Tabela 1: Crescimento mundial das Testemunhas de Jeová, 1942-1977

Seria errado inferir que esse aumento ocorreu somente por causa dos esforços das próprias Testemunhas de Jeová através do seu proselitismo quase inacreditavelmente activo. Acontecimentos políticos e sociais ao redor do mundo ajudaram-nas grandemente. Por exemplo, quando em 1945 Testemunhas alemãs saíram dos campos de concentração de Hitler ou, em alguns casos, viram-se expulsas dos territórios polacos e checos ocupados na Silésia e nos Sudetas, estavam em terríveis dificuldades. Mas começaram imediatamente a reorganizar-se em congregações e a pregar aos seus vizinhos. Sem dúvida o seu registo anti-nazi e a sua proclamação de um paraíso no novo mundo soavam bem a muitos alemães fartos da guerra e esfomeados. Consequentemente, em 1946, cerca de 500 publicadores adicionais estavam sendo acrescentados às suas fileiras a cada mês.22 Assim elas começaram mais uma vez a crescer rapidamente, e o seu número aumentou dramaticamente até ao famoso Wirtschaftswunder ou milagre económico da década de 1960 ter entorpecido o interesse religioso do povo alemão.

Em 1946 a Sociedade Torre de Vigia registou um total de 11.415 Testemunhas alemãs;23 em 1950 relatou um auge de 52.473.24 Neste ano, as autoridades comunistas da Alemanha de Leste baniram-nas no que tinha sido a zona de ocupação russa, e a Sociedade deixou de divulgar estatísticas sobre as Testemunhas na República Democrática Alemã. No entanto, em 1955 só a Alemanha Ocidental relatou 54.635 publicadores25 e em 1960 quase 69.000.26

Em Itália aconteceu praticamente a mesma coisa. Só havia 138 publicadores nesse país em 1946.27 Mas as Testemunhas começaram imediatamente a aumentar em número de forma ainda mais dramática do que os seus irmãos na Alemanha. Só no ano 1950 aumentaram uns espantosos 69% para 1.211 publicadores.28 Dez anos mais tarde havia aproximadamente 6.000 delas.29 No entanto, isto era só o começo. Ao contrário da Alemanha, a Itália nunca experimentou de uma prosperidade material dramática. Assim, durante as duas últimas décadas [1964-1984] a população de Testemunhas italianas tem continuado a aumentar de forma espantosa. Em 1984 havia cerca de 117.000 Testemunhas italianas activas.30 A mesma história haveria de se repetir em muitas terras ao redor do mundo. Praticamente em todo o lado depois da Segunda Guerra Mundial, o nascimento da Era Atómica, a fome, a pobreza, a Guerra Fria, a Guerra da Coreia, e o medo praticamente universal de que a humanidade poderia estar a viver perto do apocalipse levaram muitos milhares de pessoas a aumentar as fileiras das Testemunhas de Jeová, mesmo em territórios comunistas.

Durante algum tempo depois da Segunda Guerra Mundial as Testemunhas eram relativamente livres em países da Europa de leste tais como a Alemanha de Leste, a Polónia, a Checoslováquia e a Hungria. E o seu crescimento nessas terras era tão rápido como na Alemanha Ocidental e na Itália. Assim, quando os comunistas as colocaram sob proscrição depois de apenas cinco anos de liberdade, elas eram suficientemente numerosas e devotas para continuar a converter pessoas.31

Surpreendentemente, elas fizeram o mesmo na União Soviética sob perseguição terrível. Embora não houvesse praticamente nenhuma Testemunha nesse país antes da guerra, elas apareceram ali em força em 1945. Tropas soviéticas que tinham sido convertidas aos ensinos das Testemunhas em campos de guerra alemães trouxeram a nova fé para a sua terra de origem. Mais importante, comunidades inteiras de Testemunhas foram anexadas à URSS junto com os territórios que antes tinham sido parte da Polónia, Checoslováquia e Roménia. Curiosamente, portanto, através das suas políticas até Estaline, um homem que odiava religião, contribuiu para o crescimento e difusão das Testemunhas de Jeová.32

As Assembleias do Novo Mundo

Talvez o exemplo mais destacado do sucesso das Testemunhas tenha sido a série de congressos internacionais gigantescos patrocinados pela Sociedade Torre de Vigia no fim da década de 1940 e durante a década de 1950. O primeiro realizado na América do Norte foi em Cleveland, Ohio, no verão de 1946, ao qual assistiram mais de 80.000 pessoas.33 Mas o congresso de Cleveland foi muito menos espectacular do que os três que foram realizados na cidade de Nova Iorque em 1950, 1953 e 1958.

Em 1950 dezenas de milhares de americanos e canadianos afluíram ao Estádio Yankee para participar na "Assembleia do Aumento da Teocracia". Cerca de 75.000 pessoas foram alojadas em lares de Nova Iorque, e em 8 de Agosto, 123.707 pessoas ouviram um discurso de N. H. Knorr intitulado "Poderá Viver Para Sempre em Felicidade na Terra?" Embora o Departamento de Imigração dos Estados Unidos tenha impedido a entrada de centenas de Testemunhas estrangeiras que tentavam vir para a assembleia devido às suas crenças contra a guerra, dez mil delas provenientes de setenta e sete terras conseguiram assistir.34 Além de ser uma reunião tão grande de pessoas, o congresso de 1950 foi bem sucedido de muitas outras formas. A Sociedade Torre de Vigia lançou várias publicações novas que seriam de grande valor para as Testemunhas. Em 1946 em Cleveland a Sociedade produzira pela primeira vez um extenso estudo doutrinal sobre os ensinos das Testemunhas de Jeová, intitulado "Let God Be True" ["Seja Deus Verdadeiro"]. Depois, em Nova Iorque, o Presidente Knorr apresentou pela primeira vez a New World Translation of the Christian Greek Scriptures [Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs], a versão das próprias Testemunhas do Novo Testamento. Durante a mesma assembleia, a Sociedade lançou Defending and Legally Establishing the Good News [Defendendo e Estabelecendo legalmente as Boas Novas] por Hayden Covington, que podia ser usado pelos publicadores sob assédio ou detenção da polícia devido à pregação de porta em porta. Por fim, publicou Evolution Versus the New World [Evolução Versus o Novo Mundo], a primeira de uma série de publicações da Torre de Vigia impressas para apoiar a doutrina da criação divina directa de plantas e espécies animais.35

Em 1953 foi realizado o segundo grande congresso em Nova Iorque, chamado "Assembleia da Sociedade do Novo Mundo". Em termos de números foi ainda maior que o de 1950. No domingo, 26 de Julho, mais de 165.000 pessoas, com cerca de 50.000 delas num campo de reboques em New Market, New Jersey, ouviram Knorr proferir outro discurso público.36

Dois anos depois a Sociedade preparou uma série de congressos internacionais, dos quais o mais importante foi realizado em Nuremberga, Alemanha. No domingo final desse congresso, 107.423 pessoas assistiram ao discurso público de Knorr, a maior audiência que alguma vez assistira a uma assembleia das Testemunhas de Jeová na Europa. A assembleia de Nuremberga foi realizada no estádio Zeppelinwiese onde, menos de duas décadas antes, Adolf Hitler tinha falado a comícios nazis desde a imponente Steintribuene (Tribuna de Pedra). Naturalmente, os fiéis das Testemunhas estavam em regozijo. No início da década de 1930 Hitler tinha prometido expulsá-las da Alemanha ou destruí-las e tinha tentado fazê-lo. Mas elas tinham sobrevivido aos campos de concentração dele; e enquanto ele e o Terceiro Reich tinham perecido, elas tinham triunfado. Consequentemente, elas viram a assembleia de Nuremberga como prova excepcional de providência divina e do favor de Jeová.37

O maior de todos os congressos das Testemunhas seria, no entanto, realizado na cidade de Nova Iorque em 1958. Nesse ano, a Sociedade Torre de Vigia alugou tanto o Estádio Yankee como o Polo Grounds, que seria demolido pouco depois, pois percebeu que nenhum estádio individual seria capaz de comportar as vastas multidões de Testemunhas que haveriam de descer sobre a maior cidade da América. E tinham toda a razão. De 27 de Julho a 3 de Agosto milhares e milhares de delegados de 123 terras e ilhas dos mares assistiram às sessões para ouvir discurso após discurso proferido pelos líderes da Sociedade. Além disso, na quarta-feira, 30 de Julho, um total de 7.123 homens e mulheres foram baptizados na área de banhos de Ocean Beach nas águas frias de Long Island Sound. Alguns dos baptizadores ficaram entorpecidos com o frio e exaustos por baptizarem os seus novos irmãos, mas a Sociedade pôde gabar-se de terem sido imersas 4.136 pessoas a mais do que em Pentecostes. Depois, na sexta-feira seguinte, o vice-presidente da Sociedade, Frederick Franz, leu uma declaração que foi adoptada por 194.418 homens, mulheres e crianças então presentes, dizendo que actualmente o clero da cristandade é a classe mais repreensível na terra. Por fim, no domingo, 3 de Agosto, Nathan Knorr discursou perante uma multidão gigantesca de 253.922 almas sobre o assunto "O Reino de Deus Reina -- Está Próximo o Fim do Mundo?"38

As Testemunhas ficaram muito impressionadas com esta assembleia, bem como a imprensa, muitos homens de negócios, e o público em geral, especialmente em Nova Iorque. Novos convertidos eram muitas vezes feitos entre os muitos moradores de Nova Iorque a quem as famílias das Testemunhas tinham alugado quartos. Os jornais deram reportagens positivas sobre a ordem e a boa educação das Testemunhas. Polícias de Nova Iorque ficaram contentes com o respeito que os delegados visitantes lhes mostraram.39 Mas funcionários, trabalhadores dos restaurantes e outros muitas vezes ficaram contentes por verem as Testemunhas de Jeová irem-se embora. A presença delas causava trabalho excessivo e eram notoriamente fracos clientes e fracos a dar gorjeta. As igrejas e a imprensa religiosa também não ficaram particularmente alegres com as diatribes das Testemunhas contra o clero. Mais significativo, no entanto, foi o facto de os responsáveis da cidade de Nova Iorque ficarem preocupados com o impacto que as vastas multidões de visitantes tinham sobre instalações no interior da cidade. Eles perceberam, tal como a Sociedade Torre de Vigia, que nenhum congresso similar podia ser realizado no futuro. Havia simplesmente demasiadas Testemunhas de Jeová. Assim, o congresso de 1958 foi a última das grandes assembleias internacionais centralizadas das Testemunhas a ser realizada num único local. Dali em diante, seriam realizadas muitas assembleias de distrito e "internacionais" mais pequenas em todo o mundo.

Lutando Pela Liberdade de Adoração

Outro factor importante sob a administração de Knorr foi a maneira como as Testemunhas de Jeová levaram a cabo batalhas legais em sociedades democráticas. Durante o fim da década de 1930 e ao longo de toda a Segunda Guerra Mundial elas foram sujeitas a perseguição terrível nos Estados Unidos. A sua recusa em saudar a bandeira e prestar serviço militar, e a sua insistência em continuar uma campanha de pregação de porta em porta por vezes sem tacto fez com que elas se envolvessem em problemas sérios tanto com o público como com as agências de cumprimento da lei. De facto, entre 1933 e 1951 houve 18.866 detenções de Testemunhas americanas e cerca de 1.500 casos de violência de multidões contra elas.40 Depois da guerra os seus irmãos canadianos na província do Quebeque passaram por perseguição similar. Em resultado disso, a Sociedade Torre de Vigia recorreu aos tribunais para obter reparação das ofensas.

Embora o Juiz Rutherford tenha sido o primeiro a usar processos judiciais na defesa da comunidade dos Estudantes da Bíblia/Testemunhas, e as Testemunhas já estivessem a obter decisões favoráveis do Supremo Tribunal dos Estados Unidos antes da morte dele, as Testemunhas tiveram grandes vitórias durante a presidência de Knorr, principalmente sob a direcção de Hayden Covington. Conforme discutido mais completamente no Capítulo 5, Covington levou as Testemunhas a uma vitória judicial após outra perante os mais altos tribunais da América. Entre 1938 e 1955 elas haveriam de litigar um total de 45 casos perante o Supremo Tribunal dos Estados Unidos e ganhariam 36.41 Mas Covington não merece todo o crédito por ter lutado nas batalhas judiciais das Testemunhas. Victor V. Blackwell, um advogado da Louisiana e digno cavalheiro do sul, desempenhou um papel importante como advogado delas.42 O mesmo fez W. Glen How, um excepcional advogado canadiano que haveria de duplicar perante o Supremo Tribunal do Canadá o que Covington fizera perante o Supremo Tribunal dos Estados Unidos.43

Significativamente, a luta das Testemunhas pela liberdade de adoração e pelo direito de fazer proselitismo publicamente serviu para criar um sentimento real de esprit de corps entre elas. Isso aconteceu especialmente no Quebeque. Consequentemente, as batalhas legais talvez tenham sido mais importantes para as comunidades de Testemunhas enquanto meios de elevar o moral do que foram em ganhar aceitação legal e um grau de boa vontade, especialmente nos Estados Unidos e no Canadá. Curiosamente, porém, à medida que as Testemunhas de Jeová estavam a começar a ganhar uma reputação muito favorável como campeões da liberdade de expressão e de adoração, e a alegrar-se com isso, a Sociedade Torre de Vigia começou a estabelecer um sistema de "lei teocrática" que era extremamente não liberal.

Comissões Congregacionais e Desassociação

Mesmo depois de 1938 foi deixado às congregações locais um 'fragmento' de autonomia pois podiam nomear um painel de homens capazes de entre os quais o servo de zona, na sua qualidade de representante da Sociedade, escolheria um.44 No entanto, Knorr mudou isso, e substituiu essas nomeações por "comissões congregacionais" de três homens. Estas comissões mais o servo de circuito deviam nomear prospectivos "servos" da congregação para serem designados pela Sociedade Torre de Vigia.45

Mais significativo era o facto de essas comissões deverem agora agir como tribunais da igreja ou "comissões judicativas". Durante os dias de Russell e até durante grande parte da presidência de Rutherford, os Estudantes da Bíblia ou Testemunhas eram julgados perante toda a "igreja" ou congregação local, numa tentativa de seguir a ordem de Jesus em Mateus 18:17. Sob o novo arranjo esse costume foi abolido. The Watchtower [A Sentinela] de 15 de Maio de 1944 declarou: "O ofendido pode dizer à 'igreja'. Segundo a ordem teocrática isto não significaria uma reunião congregacional com todos presentes, mas antes dize-lo àqueles encarregues do cuidado da congregação e que a representam em capacidades especiais de serviço."46 O que isto significava era que a Sociedade Torre de Vigia tinha realmente estabelecido uma classe clerical, apesar de negações em contrário, e tribunais de igreja que eram inquisições segundo a definição do dicionário e no sentido legal do termo. Deviam cumprir "o papel de juiz, jurados e acusação do réu".

A princípio as comissões judicativas congregacionais agiram principalmente contra pessoas que discordavam abertamente com os ensinos e políticas da Sociedade. Esses eram os que "criavam divisões" ou "promoviam seitas" conforme descrito em Romanos 16:17, 18 e Tito 3:10, 11. No entanto, de 1952 em diante, durante muitos anos, não seria este o caso. Aquilo com que a Sociedade ficou preocupada em primeiro lugar desde essa data até o fim da década de 1970 foi "manter a organização limpa". Consequentemente, através de comissões das congregações, começou a desassociar fornicadores, adúlteros, bêbedos e pessoas culpadas de outras práticas imorais.47 Com o passar do tempo, a Sociedade alargou o número de ofensas pelas quais uma pessoa podia ser expulsa da comunidade das Testemunhas. Por exemplo, foi declarado que se uma Testemunha de Jeová dedicada se associasse com uma pessoa desassociada, isso era o suficiente para desassociar a Testemunha48 tal como também tomar uma transfusão de sangue depois de 1961.49

A desassociação tornou-se uma arma terrível. As Testemunhas em situação regular não podiam falar com pessoas desassociadas, nem sequer cumprimentá-las. Ao tratar de negócios, deviam relacionar-se com elas tão pouco quanto possível. Quando morressem, não deviam assistir aos seus funerais. Para todos os efeitos e propósitos, eram encaradas como eternamente condenadas. Timothy White descreve vivamente o significado de tudo isto:

"Quando uma pessoa se torna Testemunha, corta de si mesma todos os anteriores amigos e constrói uma vida inteiramente nova completamente envolvida com a sua nova religião. Ela torna-se separada do mundo, renuncia a muitos dos seus passatempos, desportos e outros interesses. Mesmo o seu trabalho secular torna-se de importância secundária. Se for extrovertido, como todas as Testemunhas bem sucedidas têm de ser, ele ganha felicidade neste novo papel de vendedor espiritual. O seu interesse e energia passam a estar centrados nas várias actividades da Sociedade do Novo Mundo -- preparando discursos, conduzindo estudos, ensinando os seus filhos, assistindo a assembleias e trabalhando nelas e associando-se com os novos amigos que encontrou. Uma desassociação corta-o súbita e completamente de tudo isto. Os seus irmãos evitam-no com medo de ficarem em idêntica condição e ele já não pode continuar a fazer discursos nas reuniões. Não pode discutir religião de modo nenhum com a sua esposa e ela assume o ensino das crianças com medo que ele as contamine com ideias erradas."50

A possibilidade de readmissão para desassociados arrependidos foi mantida. Mas frequentemente isso requeria sentar-se silenciosamente nas reuniões sem que ninguém falasse com o penitente entre um e três anos; e quando ele era readmitido na associação, geralmente ainda era mantido sob 'observação' e eram-lhe negados alguns privilégios congregacionais.51 Durante anos, se uma pessoa fosse desassociada, era-lhe dito que nunca mais poderia ser designada para um cargo sob a direcção da Sociedade.52

Naturalmente, essa disciplina severa tendia a moldar as Testemunhas de Jeová numa comunidade extremamente moralista, embora nem sempre moral. Elas tornaram-se notadas por estilos de vida estritos, que eram muitas vezes encarados pelos seus vizinhos menos devotos como super-piedosos e por vezes muito tolos. No entanto, esse facto tinha pouco ou nenhum impacto sobre as Testemunhas. A desassociação também tinha outros efeitos. Em terras africanas onde a poligamia era comum, era dito aos varões africanos para desistirem de todas as esposas excepto a primeira, ou teriam de encarar a exclusão da comunidade das Testemunhas. Em outras partes do mundo onde eram comuns casamentos consensuais, as Testemunhas eram obrigadas a legalizar as suas uniões. Em sítios como África, América Latina e ilhas do Pacífico Sul, as Testemunhas de Jeová impuseram aos seus aderentes valores matrimoniais tradicionalmente europeus e norte-americanos num âmbito muito mais amplo do que qualquer movimento missionário importante nos tempos modernos.53 Curiosamente, embora muitos fossem desassociados quando se recusavam a obedecer a estes padrões monógamos e legalistas então tão estritamente impostos pela Sociedade Torre de Vigia, aqueles que obedeciam aparentemente tornavam-se mais zelosos. Tal como a própria Sociedade, eles tinham muito orgulho em serem membros de uma organização "moralmente limpa".

Claro que a desassociação também aumentou grandemente o controlo tanto de superintendentes congregacionais locais como da Sociedade sobre as Testemunhas fiéis. No entanto, não parecia haver muitas objecções a isso, enquanto a maioria das pessoas foram desassociadas por infracções morais como imoralidade sexual e embriaguez. Houve espantosamente poucas queixas públicas durante as décadas de 1950 e 1960 sobre o que, em outras comunidades religiosas, poderia ter criado forte oposição à autoridade entre muitos membros.54

Uma Desaceleração no Crescimento

Um factor interessante relacionado com o crescimento no número de convertidos feitos pelas Testemunhas de Jeová desde a Primeira Guerra Mundial é que o maior número de conversões ocorreu (1) durante períodos em que a Sociedade Torre de Vigia apontou para uma data apocalíptica específica iminente, ou (2) quando o mundo estava no meio de guerra ou de séria guerra fria. Por exemplo, o crescimento foi muito rápido entre 1919 e 1925, mas foi lento desde 1926 até boa parte da década de 1930. Embora algum do pequeno aumento no número de Testemunhas durante este último período tenha sido causado pelo facto de muitos estarem a sair do movimento em reacção à criação do "arranjo teocrático" do Juiz Rutherford, isso não explica tudo. Conforme foi dito, o crescimento tornou-se novamente significativo imediatamente antes da Segunda Guerra Mundial e continuou elevado ao longo da década de 1940 e início da década de 1950. Apesar da criação e desenvolvimento de uma organização pregadora altamente eficiente sob Knorr, nos últimos anos da década de 1950 os aumentos em percentagem no número de convertidos começaram a abrandar. Durante a maior parte da década de 1960 o aumento também foi relativamente lento, certamente em comparação com o que tinha sido nas décadas anteriores da administração do terceiro presidente da Torre de Vigia.

Os gráficos apresentados em baixo dão uma imagem razoavelmente clara da natureza do crescimento das Testemunhas durante os anos entre 1928 e 1982.

Mantenham-se Vivos Até 1975

O crescimento no número de publicadores durante as décadas de 1940 e 1950 tinha muitas vezes sido usado pela Sociedade Torre de Vigia como prova do favor divino. Os líderes da Torre de Vigia exultavam com a descrição jornalística das Testemunhas de Jeová como "a religião que cresce mais rapidamente no mundo". Eles também pareciam gozar de um sentimento de satisfação peculiarmente americano, não só pelos aumentos dramáticos no número de baptismos e novos publicadores Testemunhas, mas também pela construção de novas gráficas, sedes de filiais, e pelas quantidades fenomenais de literatura que publicavam e distribuíam. Maior parecia ser sempre melhor. Oradores visitantes do Betel de Brooklyn muitas vezes mostravam slides ou filmes sobre a gráfica da Sociedade em Nova Iorque ao mesmo tempo que se tornavam eloquentes para audiências de Testemunhas em redor do mundo sobre as quantidades de papel usado para imprimir as revistas A Sentinela e Despertai! Portanto, quando os grandes aumentos do início da década de 1950 foram substituídos pelo aumento lento dos dez ou doze anos seguintes, isto foi de certa forma desanimador tanto para os líderes das Testemunhas como para Testemunhas de Jeová individuais ao redor do mundo.

O resultado desses sentimentos da parte de algumas Testemunhas foi uma crença de que talvez o trabalho de pregação estivesse praticamente completo: talvez as outras ovelhas tivessem sido reunidas. Talvez o Armagedom estivesse iminente. Mas em 1966 a Sociedade electrizou a comunidade das Testemunhas ao apontar para o ano 1975 como o fim de seis mil anos de história humana e, por isso, com toda a probabilidade, o início do milénio. Fê-lo num novo livro intitulado Life Everlasting in Freedom of the Sons of God [Vida Eterna na Liberdade dos Filhos de Deus].

Nas páginas 28 e 29 desse livro, o autor, que mais tarde se revelou ser Frederick Franz, declara:

"Desde o tempo de Ussher, fizeram-se estudos intensivos da cronologia bíblica. Neste século vinte, realizou-se um estudo independente que não acompanha cegamente certos cálculos cronológicos tradicionais da cristandade, e a tabela de tempo publicada, resultante deste estudo independente, fornece a data da criação do homem como sendo 4026 A.E.C. Segundo esta cronologia bíblica fidedigna, os seis mil anos desde a criação do homem terminarão em 1975 e o sétimo período de mil anos da história humana começará no outono (segundo o hemisfério setentrional) do ano 1975 E.C.

"Assim, seis mil anos da existência do homem na terra acabarão em breve, sim, dentro desta geração. Jeová Deus não tem limite de tempo, conforme está escrito no Salmo 90:1, 2: "Ó Jeová, tu mesmo mostraste ser uma verdadeira habitação para nós durante geração após geração. Antes de nascerem os próprios montes ou de teres passado a produzir como que com dores de parto a terra e o solo produtivo, sim, de tempo indefinido a tempo indefinido, tu és Deus." Portanto, do ponto de vista de Jeová Deus, a passagem destes seis mil anos da existência humana são apenas como que seis dias de vinte e quatro horas, pois este mesmo salmo (versículos 3 e 4) prossegue, dizendo: "Fazes o homem mortal voltar à matéria quebrantada e dizes: 'Retornai, filhos dos homens.' Pois mil anos aos teus olhos são apenas como o ontem que passou e como uma vigília durante a noite." Assim, dentro de poucos anos em nossa própria geração atingiremos o que Jeová Deus poderia considerar como o sétimo dia da existência do homem.

"Quão apropriado seria se Jeová Deus fizesse deste vindouro sétimo período de mil anos um período sabático de descanso e livramento, um grandioso sábado de jubileu para se proclamar liberdade através da terra a todos os seus habitantes! Isto seria muito oportuno para a humanidade. Seria bem apropriado da parte de Deus, pois, lembre-se de que a humanidade ainda tem na sua frente o que o último livro da Bíblia Sagrada chama de reinado de Jesus Cristo sobre a terra por mil anos, o reinado milenar de Cristo. Jesus Cristo, quando na terra há dezenove séculos, disse profeticamente a respeito de si mesmo: "Porque Senhor do sábado é o que é o Filho do homem." (Mateus 12:8) Não seria por mero acaso ou acidente, mas seria segundo o propósito amoroso de Jeová Deus que o reinado de Jesus Cristo, o "Senhor do sábado," correspondesse ao sétimo milênio da existência do homem."

Contudo, foi só em 1968 que a nova data para o fim do mundo actual foi realmente enfatizada. Nos congressos de distrito desse ano foi lançada uma nova publicação de tamanho de bolso intitulada The Truth That Leads to Eternal Life [A Verdade Que Conduz à Vida Eterna], para substituir o antigo texto 'Let God Be True' ['Seja Deus Verdadeiro'] como principal instrumento de estudo para fazer novos convertidos. Mais importante, porém, foi o facto de a Sociedade ter sugerido que estudos domiciliares com pessoas interessadas usando o novo livro deverem ser limitadas a um período não superior a seis meses. No fim desse período os potenciais convertidos já deviam ser Testemunhas de Jeová ou pelo menos já deviam estar assistindo às reuniões nos salões do reino. Sugeriu-se que o tempo era tão reduzido que se as pessoas não aceitassem "a Verdade" num período de seis meses, devia dar-se a outros a oportunidade de aprendê-la antes que fosse demasiado tarde. Escusado será dizer, a tremenda pressão levou muitos catecúmenos a entrar na carruagem apocalíptica da Sociedade. Além disso, muitas Testemunhas mornas também começaram a ser revigoradas espiritualmente. Então, no outono de 1968, a Sociedade começou a publicar uma série de artigos nas revistas Despertai! e Sentinela que não deixavam qualquer dúvida que a Sociedade esperava que o mundo acabaria em 1975.55

É verdade que a literatura da Sociedade nunca declarou dogmaticamente que 1975 marcaria definitivamente o fim. Os seus líderes, em particular Frederick Franz, sem dúvida tinham aprendido alguma coisa com o falhanço de 1925. Não obstante, a vasta maioria das Testemunhas de Jeová pouco ou nada sabia sobre esse ou outros falhanços apocalípticos anteriores. Por essa razão, muitos, senão a maioria, aceitaram a nova data sem reservas. Isso sucedeu especialmente no caso dos evangelistas mais activos. Superintendentes de circuito usaram o argumento de que o fim estava iminente para encorajar o proselitismo. Evangelistas pioneiros usaram-no como forma de validação da sua vocação e modo de vida.

Também é verdade que muitas Testemunhas mais antigas e muitos com melhor educação questionaram a especulação da Sociedade a respeito de 1975. No entanto, esses que duvidavam foram muitas vezes obrigados a permanecer silenciosos. Para muitos, duvidar da nova data era questionar o próprio "escravo fiel e discreto". A recusa em ficar exteriormente excitado ou a negação aberta do plano da Sociedade para o Armagedom era encarada como um tanto herético e portanto perigoso espiritualmente na comunidade altamente disciplinada das Testemunhas de Jeová.

Ao mesmo tempo que os que duvidavam podiam dizer pouco, os entusiastas começaram a pregar a vinda do paraíso imediatamente depois de 1975. Outros, incluindo Frederick Franz, sugeriram que a tribulação para o mundo poderia começar até mais cedo. Milhares de jovens das Testemunhas tornaram-se pioneiros, tal como muitos dos novos convertidos. Homens de negócios venderam negócios prósperos. Profissionais desistiram dos seus empregos. Famílias venderam as suas casas e mudaram-se para servir "onde a necessidade [de evangelistas] era maior". Jovens casais adiaram os seus casamentos ou, se casados, refrearam-se de ter filhos. Alguns casais idosos retiraram todos os seus fundos de pensões de uma só vez. Muitos, tanto jovens como idosos, homens e mulheres, adiaram cirurgias ou atenção médica adequada. Frequentemente, como um mote dos tempos, jovens pioneiros repetiam os versos:

Make do till '72
Stay alive till '75
[Aguente até '72
Mantenha-se vivo até '75]

O crescimento no número de convertidos disparou, tal como também a colocação de literatura. Por isso a comunidade das Testemunhas começou a experimentar alguma da euforia do início das décadas de 1920 e 1950. Perseguição de intensidade variável em algumas partes do mundo, especialmente em sítios como a Grécia ou o Malawi, só fizeram com que a Testemunha típica sentisse que Satanás estava prestes a fazer o seu ataque final às Testemunhas de Deus imediatamente antes de Cristo o lançar no abismo de "inactividade semelhante à morte" no Armagedom.

A Tabela 2 mostra o crescimento de Testemunhas entre 1968 e 1976. As estatísticas são obtidas directamente do Yearbook of Jehovah's Witnesses [Anuário das Testemunhas de Jeová] dos anos entre 1969 e 1977.

Ano Auge de Publicadores Assistência ao Memorial
1968
1969
1970
1971
1972
1973
1974
1975
1976
1.221.504
1.336.112
1.483.430
1.590.793
1.658.909
1.758.429
2.021.432
2.179.256
2.248.390
2.493.519
2.719.860
3.226.168
3.453.542
3.662.407
3.994.924
4.550.457
4.925.643
4.972.571
Tabela 2: Crescimento mundial das Testemunhas de Jeová, 1968-1976

Liberalização Organizacional e Congregacional

Em 1971 a Sociedade deu passos adicionais importantes, mas desta vez aparentemente na direcção de uma liberalização curta mas real. Pela primeira vez, foi criado um corpo governante, separado do quadro de governadores da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados de Pennsylvania, teoricamente segundo o modelo do concílio apostólico de Jerusalém descrito em Actos 15. O novo corpo governante incluía o quadro de directores da Sociedade mas acrescentava ao seu número vários homens Testemunhas "ungidos" fiéis com uma esperança celestial. Ao todo, o novo corpo governante incluía então onze membros.56 De igual importância, a Sociedade anunciou que o antigo sistema de anciãos e diáconos (agora chamados servos ministeriais), anterior a 1932, seria restaurado. Embora estes representantes congregacionais devessem ser designados pelo corgo governante através da Sociedade ou dos seus agentes, pelo menos a regra de um único homem para os servos da congregação, que tinha estado em vigor nas companhias ou congregações de Testemunhas desde 1938, seria terminada em Setembro de 1972. Nunca mais um único indivíduo dominaria uma congregação como se fosse um bispo monárquico.57

Embora a Sociedade não estivesse a democratizar o governo eclesiástico das Testemunhas, pelo menos estava a providenciar controlos para o comportamento muitas vezes ditatorial dos superintendentes locais, e também dos superintendentes de distrito e de circuito. Depois da criação do novo sistema, a presidência do corpo governante entraria em rodízio numa base anual de modo que teoricamente o presidente da Sociedade Torre de Vigia já não agiria mais como um autocrata supremo com mais poderes sobre as Testemunhas de Jeová do que o papa de Roma tinha sobre os católicos.58 O rodízio também deveria ser aplicado ao nível das congregações locais e entre superintendentes de distrito e de circuito. Cada ano o cargo de superintendente presidente e presidente do corpo de anciãos deveria mudar para um ancião diferente, caso fosse possível. Outros cargos também deveriam ser preenchidos numa base rotativa.59 Superintendentes de distrito e de circuito deveriam trocar de posições regularmente e, mais importante, quando visitavam congregações locais, os seus poderes seriam largamente persuasivos em vez de coercivos. Embora participassem nos corpos de anciãos locais como membros de pleno direito, não recebiam mais direitos administrativos do que os outros anciãos.60

O plano para este arranjo foi todo cuidadosamente delineado no livro Organization for Kingdom-Preaching and Disciple Making [Organização para Pregar o Reino e Fazer Discípulos], que estabeleceu um tom inteiramente novo para a comunidade das Testemunhas. Além da descrição do agora grandemente modificado sistema de política organizacional, também reconhecia muitas necessidades que tinham sido ignoradas durante muito tempo. Em particular, colocava uma ênfase no cuidado pastoral do "trabalho de pastoreio".61 Até Actos 20:20, que era desde há muito tempo um texto-prova favorito das Testemunhas para a evangelização de porta em porta, foi correctamente reconhecido como aplicando-se ao ensino dentro da congregação cristã, em vez de se aplicar à conversão de descrentes. Nesse texto o Apóstolo Paulo é citado como tendo declarado que tinha ensinado os cristãos efésios "publicamente e de casa em casa" -- daí a anterior confusão na matéria. Mas então, em 1972, a Sociedade indicou, embora um tanto obliquamente, nas páginas do livro Organização, que entendia que essa passagem se referia ao ensino do apóstolo a cristãos nas suas várias casas.62 Claro que ao fazer isto a Sociedade começou, pelo menos temporariamente, a colocar mais ênfase em ministrar à comunidade das Testemunhas e menos no proselitismo externo.

Os efeitos desta política de liberalização sobre a comunidade das Testemunhas foram grandes. Anciãos individuais frequentemente expressavam as suas opiniões de um modo que não tinham podido fazer antes, e alguns começaram a declarar abertamente que acreditavam que tinha sido colocada demasiada ênfase no trabalho de pregação. Naturalmente, isto trouxe uma reacção dos seus companheiros mais conservadores e dos superintendentes de circuito. Corpos de anciãos em muitas congregações começaram a dividir-se em campos liberais e conservadores e, com a mesma frequência, sobre uma variedade de assuntos pessoais. Ser escolhido para ancião ou servo ministerial também se tornou assunto de importância social, e frequentemente assunto de politiquices na congregação e lutas internas. Ainda mais significativo, o novo sistema cortou rente muita da autoridade dos superintendentes de circuito e de distrito e tornou os cargos desses homens menos atractivos para pessoas que durante muito tempo tinham detido grande autoridade espiritual e grande prestígio.

Testemunhas de mentalidade mais liberal esperavam e acreditavam que a sua comunidade estava a atravessar um período de levaria a liberdades maiores. Mas a razão principal por detrás da liberalização, pelo menos da parte da maioria dos líderes da Torre de Vigia em Brooklyn, não era o sentimento de que essa mudança era fundamentalmente necessária e benéfica. Em vez disso, eles acreditavam que, com a aproximação de 1975, grande perseguição poderia e sem dúvida iria atingir as Testemunhas de Jeová numa escala mundial. E se isso acontecesse, cessaria a direcção de Brooklyn e dos escritórios de filial da Sociedade. Portanto seria necessário que os anciãos e os servos ministeriais agissem independentemente durante a iminente "Grande Tribulação", e isso só poderia acontecer se lhes fosse dada alguma autoridade pastoral independente antes desse tempo de tribulação.63

No entanto, conceder essa autoridade aumentada a anciãos locais nem sempre era popular junto dos publicadores Testemunhas locais. Alguns anciãos, tendo recebido mais poderes sobre o rebanho, agiram com severidade extrema mesmo no caso de infracções inconsequentes daquilo que eles consideravam ser comportamento próprio. Consequentemente, indivíduos que estavam incomodados sob o seu governo e que geralmente idealizavam a Sociedade, recordavam o governo dos servos de congregação e superintendentes de circuito como um tempo mais benevolente. Os publicadores por vezes também ficavam chocados com as politiquices na congregação, que se tornaram quase ubíquas nas congregações das Testemunhas ao redor do mundo. No entanto, as Testemunhas de Jeová locais sem dúvida estavam mais satisfeitas com o novo sistema e a maior liberdade do que os superintendentes de circuito e de distrito e muitos funcionários da Torre de Vigia nos escritórios das filiais e em Brooklyn. Tal como comissários e burocratas num Estado comunista, eles não gostavam da sua perda de poder e prestígio nem do tumulto que daí resultava. Além disso, muitos eram contra a maior ênfase sobre o pastoreio. Tempo gasto no trabalho de pastoreio interno significava menos tempo gasto no "serviço de campo" ou proselitismo de porta em porta. Afinal, a própria base do prestígio de membros da hierarquia das Testemunhas já por muito tempo era baseada no facto de praticamente todos eles terem ascendido nas fileiras como pioneiros, como evangelistas. Embora muitas Testemunhas em posições elevadas e comuns não soubessem, a política de liberalização que era evidente tanto nas novas formas organizacionais como na literatura da Sociedade, era tão frágil como o curto período de democracia na Checoslováquia em 1968. Uma hierarquia poderosa e burocrática só aguardava o momento de se apoderar novamente do controlo espiritual sobre uma comunidade que tinha sido governada pela teocracia desde 1938. Mas à medida que as Testemunhas de Jeová continuavam a crescer a um ritmo sem precedentes e a aguardar ansiosamente que 1975 trouxesse o seu escape final "deste velho mundo" com o seu pecado, doença e corrupção, a Sociedade continuava a permitir um elevado grau de liberdade dentro das congregações locais -- pelo menos, enquanto essa liberdade não entrasse em conflito com valores tradicionais da Torre de Vigia.


Apocalipse Adiado: A História das Testemunhas de Jeová (Toronto: University of Toronto Press, 1997, segunda edição) de M. James Penton (1932-), pp. 99-126.

Capítulo 4: Fracasso Profético, Reacção e Rebelião

M. James Penton


Quando 1975 chegou e passou sem ter acontecido nada de espectacular, muitas Testemunhas de Jeová ficaram grandemente desiludidas. Incontáveis milhares saíram do movimento. O Anuário de 1976 relatou que durante 1975 tinha havido um aumento de 9,7 porcento no número de publicadores Testemunhas em comparação com o ano anterior.1 Mas no ano seguinte só houve um aumento de 3,7 porcento,2 e em 1977 houve um pouco mais de 1 porcento de decréscimo!3 Em alguns países o decréscimo foi muito maior. Nas Filipinas, por exemplo, em 1975 a média do número de publicadores foi 76.662.4 Em 1979 tinha caído para 58.418 depois de quatro anos de decréscimos constantes.5 Portanto, de facto, mais de 20 porcento de toda a população de Testemunhas activas afastou-se ou pelo menos tornou-se inactiva. De forma similar, embora menos severos, decréscimos temporários também ocorreram em muitas outras terras como Alemanha, Nigéria e Grã-Bretanha onde havia grandes populações de Testemunhas.6 Nas poucas terras onde ainda havia aumentos, estes eram muito menores do que no passado. Só o Japão parecia ser uma excepção real.7

Resposta ao Fracasso Profético

A resposta para o exterior da Sociedade a outro fracasso profético de tal significado foi típica. Os líderes da Torre de Vigia pareciam atordoados mas recusaram-se a admitir que eles e só eles eram responsáveis pela dissonância cognitiva que era agora tão comum entre as Testemunhas de Jeová em todo o mundo.8 Alguns membros do corpo governante estavam preocupados por Nathan Knorr e Frederick Franz terem sido tão dogmáticos sobre 1975 e ficaram surpreendidos por Franz, especialmente, ter dado tanta ênfase a isso em discursos públicos.9 Nesse tempo Knorr era um homem muito doente cuja mente estava seriamente afectada por cancro cerebral em fase terminal e pouca resposta podia dar. Mas Franz, que se tornaria no quarto presidente da Sociedade Torre de Vigia duas semanas depois da morte de Knorr em 7 de Junho de 1977, tinha uma nova explicação quanto a por que o Armagedom não ocorrera em 1975. Em Toronto, Ontário, na Primavera de 1975, ao falar perante uma grande audiência de Testemunhas, ele tinha declarado que ele e os seus associados estavam a 'aguardar confiantemente' o que o Outono do ano traria. Mas um ano depois, falando perante uma audiência similar na mesma cidade, ele perguntou retoricamente: 'Sabem por que é que não aconteceu nada em 1975?' Então, apontando para a audiência, gritou: 'Foi porque vocês esperavam que algo acontecesse.' Por outras palavras, como Jesus tinha predito que ninguém saberia o 'dia ou a hora' da sua vinda para julgar a humanidade, as Testemunhas não deviam ter acreditado que podiam saber que ocorreria em 1975. Incrivelmente, Franz deitou a culpa por todo o fiasco para cima da comunidade das Testemunhas e agiu virtualmente como se ele não tivesse tido absolutamente nenhuma responsabilidade na matéria. No entanto, que dizer da predição de que 1975 tinha marcado o fim de 6.000 anos de história humana? Alguma explicação tinha que ser dada quanto a por que o milénio não tinha começado então. Assim, Franz argumentou que o sétimo dia criativo de Deus, ou sábado, um período de 7.000 anos segundo o velho cálculo do Pastor Russell, não tinha começado senão depois de Eva ter sido criada. Assim, a Sociedade devia ter contado a partir da criação de Eva em vez de contar a partir da criação de Adão; e, segundo a última avaliação de Franz, ninguém realmente sabia quando isso tinha tido lugar.10 Estranhamente, ao fazer tal asserção, ele ignorou alegremente as próprias declarações da sociedade recentemente publicadas que defendiam que Eva tinha sido criada no mesmo ano que Adão.11 Tal como o próprio Franz, a maioria das Testemunhas ou não notou esse facto ou simplesmente ignorou-o em favor da 'nova luz' mais recente da Sociedade Torre de Vigia.

Por toda a comunidade de Testemunhas os superintendentes de circuito e de distrito -- frequentemente os mesmíssimos homens que tinham colocado a maior ênfase sobre 1975 como um ano de significado profético -- agora muitas vezes agiam subitamente como se a culpa por esperar o fim nesse ano tivesse residido nas Testemunhas de Jeová comuns. Eles defendiam que a sociedade nunca tinha dito definitivamente que algo ocorreria então, um facto que era muito verdadeiro. Mas eles ignoraram completamente o facto adicional de Knorr, Franz e a literatura da Torre de Vigia ter deixado implícito vez após vez que esse ano veria o fim da actual dispensação da história humana. Alguns superintendentes de circuito e anciãos até afirmaram que 'não conseguiam perceber por que é que algumas pessoas estavam tão transtornadas pelo facto de Adão ter tido um aniversário', e Harley Miller, um funcionário sénior no Departamento de Serviço em Brooklyn, foi muito mais longe. Falando sarcasticamente numa reunião especialmente convocada no Del Mar Race Track em San Diego, Califórnia, algures no início de 1977, ele observou que aquelas Testemunhas que estavam 'desapontadas' ou 'transtornadas' por causa de 1975 deviam ir até lá fora e sentar-se debaixo de uma grande palmeira perto do estádio de corridas e chorar. Estranhamente, muitas Testemunhas, especialmente aquelas em posições de responsabilidade, pareciam sofrer de algum tipo de amnésia colectiva que fazia com que agissem como se o ano 1975 nunca tivesse tido qualquer importância particular para elas.

Testemunhas comuns eram por vezes um pouco mais honestas e começaram a inundar Brooklyn com cartas.12 Por que é que não tinha acontecido nada em 1975? Igualmente importante, por que é que a sociedade não admitiu francamente que cometera um erro sério? Por fim, depois de um longo período em que se tentou ignorar todo o assunto na sede da Torre de Vigia, em 1979 uma desculpa aos fiéis das Testemunhas foi finalmente dada em nome do corpo governante nas assembleias de distrito desse ano.13 Entretanto a sociedade começou a desviar a atenção dos publicadores da congregação do fracasso de 1975: O fim estava 'muito próximo', proclamou novamente, e consequentemente todos têm de ser novamente encorajados a pregar. Mais tinham de ser convertidos antes que fosse demasiado tarde.

Em assembleias de distrito em 1978 tornou-se perfeitamente óbvio que a sociedade estava determinada a fazer marcha atrás; a liberalização do início da década de 1970 foi abandonada. Uma grande ênfase foi colocada outra vez no trabalho de pregação, e Jesus foi descrito como um 'pioneiro'. Num drama de assembleia ou 'peça de moral' sobre Timóteo, o companheiro do Apóstolo Paulo, pessoas jovens acabadas de sair da escola secundária foram fortemente desencorajadas a frequentar academias de ensino superior, e uma animosidade sempre latente da Torre de Vigia em relação à educação universitária tornou-se mais evidente. Em algumas assembleias membros do corpo governante também lançaram desprezo sobre as muitas anteriores Testemunhas 'que tinham deixado a verdade'.

Entretanto, a sociedade começou novamente a apertar as rédeas organizacionais sobre as congregações locais. Durante o início da década de 1970, tinha-se pedido ao ancião presidente local de cada congregação que avaliasse a eficácia do seu superintendente de circuito num relatório de final de ano para a sociedade; e é evidente que muitos tinham frequentemente sido directos nas suas críticas àqueles superintendentes de circuito que eram demasiado autoritários. Mas em 1976 a sociedade acabou com a sua política de requerer relatórios sobre os superintendentes de circuito. Além disso, restaurou gradualmente os poderes anteriores a 1972 tanto aos superintendentes de circuito como aos de distrito e informou os anciãos locais, através de reuniões com representantes das filiais, que os superintendentes de circuito e de distrito eram os representantes especiais da sociedade, os seus 'apóstolos'. Embora os superintendentes de circuito tivessem sido encarados como 'co-anciãos' durante o período de liberalização, agora dizia-se sem rodeios aos anciãos que 'o superintendente de circuito não era apenas outro ancião'.14

Ao mesmo tempo, o sistema de rotação de anciãos foi gradualmente abandonado para dar mais estabilidade à direcção congregacional local.15 Em 1977, a sociedade também criou o cargo de secretário da congregação16 e dessa forma certificou-se que tinha mais uma vez um coordenador permanente em cada congregação que podia trabalhar com Brooklyn ou com os vários escritórios de filial e superintendentes de circuito.

Um controlo mais apertado também veio de outras maneiras. Por um tempo durante o início da década de 1970, os anciãos eram encorajados a gastar tempo 'pastoreando' os seus rebanhos visitando membros das suas congregações numa base pessoal, pastoral, para ajudá-los com quaisquer problemas que pudessem ter. Relatar tempo gasto em proselitismo público ou na pregação, que durante muitos anos tinha sido encorajado numa base semanal, deixou de receber ênfase. Em vez de instar os publicadores a entregar um 'relatório de horas' uma vez por semana, eram nessa altura autorizados a relatar apenas uma vez por mês.17 Durante vários anos os anciãos deviam relatar o tempo gasto no 'trabalho de pastoreio' bem como o tempo devotado a fazer proselitismo ou pregar a pessoas de fora.18 Mas com a queda no número de publicadores no fim da década de 1970, o trabalho de pastoreio foi largamente esquecido. Os anciãos eram agora encorajados a fazer o seu 'trabalho de pastoreio' em centros de estudo e enquanto acompanhavam publicadores no trabalho de pregação de casa em casa.19 Era colocada grande pressão sobre eles para conseguir mais tempo no 'serviço de campo'. Se um 'irmão' ou 'irmã' tinha algum problema pessoal sério, os anciãos teriam de lidar com esse problema no seu próprio tempo. Já não podiam relatar tempo gasto no trabalho de pastoreio; só o proselitismo, pregar aos não convertidos, parecia agora ter valor para a sociedade.

No Canadá, isto foi demonstrado de outra maneira. No início da década de 1970 um certo número de Testemunhas canadianas da liderança (incluindo funcionários da Torre de Vigia da filial canadiana) tinham organizado 'comissões hospitalares' para agir como capelães para Testemunhas em hospitais, casas de saúde e lares de terceira idade. Entre outras coisas, estavam interessados em desenvolver contactos com médicos e hospitais para que os pacientes Testemunhas não tivessem de enfrentar a possibilidade de serem forçados a aceitar transfusões de sangue, um procedimento que a sociedade já há muito tempo ensinava ser biblicamente inaceitável para as Testemunhas de Jeová.20 Num curto período de tempo, a ideia de estabelecer tais comissões espalhou-se de Toronto para várias cidades canadianas, e as 'comissões hospitalares' ou 'do sangue', como eram frequentemente chamadas, eram geralmente muito populares junto das Testemunhas locais, Pela primeira vez desde a década de 1920, certos anciãos das Testemunhas começaram a confortar os que estavam a morrer, a encorajar os convalescentes, e a mostrar atenção regular aos seus irmãos sem ser quando os pressionavam para fazer proselitismo ou os disciplinavam devido a alguma infracção da lei congregacional.21

Os escritórios centrais da sociedade em Brooklyn não demoraram muito tempo a pôr termo às comissões hospitalares.22 Alguns anciãos por todo o Canadá tinham-se queixado das comissões por várias razões. Em primeiro lugar, tinham sido desenvolvidas por Testemunhas individuais em Toronto sem sanção expressa de Brooklyn. Segundo, muitos dos anciãos envolvidos nas comissões começaram a tornar-se pessoalmente proeminentes junto das Testemunhas comuns, o que suscitou tanto preocupação como alguma inveja da parte de alguns dos seus pares. E mais importante do ponto de vista daqueles dedicados primariamente ao trabalho de pregação, se certos anciãos estavam a gastar tanto tempo no trabalho dos hospitais, foi questionado como é que eles podiam tomar a liderança no serviço de campo.

Surpreendentemente, o corpo governante, ao abolir as comissões hospitalares canadianas, argumentou que estas tendiam a violar direitos privados e familiares e podiam interpor-se entre o paciente individual e o seu médico. Além disso, Brooklyn defendeu que não devia haver qualquer comissão especial escolhida por corpos de anciãos locais para tarefas especiais sem o consentimento da sociedade. Se tivesse de ser feito trabalho de pastoreio ou de capelão, teria de ser realizado por todos os anciãos numa base não organizada.23

A filial canadiana da sociedade parecia estar um tanto embaraçada, e em alguns lugares as comissões hospitalares continuaram a operar apesar da decisão do corpo governante.24 Mas todo o assunto causou alguns sentimentos desagradáveis, especialmente entre aqueles anciãos que tinham dado tanto serviço aos seus irmãos. Os argumentos da sociedade sobre direitos pessoais e familiares pareciam, na melhor das hipóteses, uma piada de mau gosto para muitos que estavam bem cientes do facto de que uma Testemunha podia ser e seria mesmo desassociada por aceitar voluntariamente uma transfusão de sangue. Também, parecia igualmente evidente que a menos que a própria Brooklyn pensasse em algo primeiro, não estava disposta a aceitar quaisquer ideias novas. E por fim, alguns dos anciãos afectados negativamente pelas pressões sobre as comissões hospitalares começaram a sentir que o corpo governante pouco se importava com a saúde ou o bem estar humanos, só se importava com o trabalho de pregação.

Um controlo maior sobre as congregações locais tendia a trazer consigo uma reacção conservadora e um castigo severo contra qualquer um que se tivesse tornado demasiado independente durante o início da década de 1970. Durante alguns anos tinha havido muita controvérsia em muitas congregações, particularmente na América do Norte, sobre o vestuário e modo de se arranjar de Testemunhas individuais, especialmente pessoas jovens. O comprimento do cabelo de rapazes adolescentes, a cor das camisas a serem usadas ao dar discursos no salão do reino, e o comprimento das saias das mulheres tinham levado frequentemente a debates longos e amargos nas reuniões dos anciãos. Claro que isto tinha surgido, particularmente no Estados Unidos, como reacção directa aos movimentos de jovens contra a guerra no fim da década de 1960 e início da década de 1970 que tinham frequentemente tornado o desleixo quase um distintivo exterior das suas crenças sociais e políticas. Muitas Testemunhas da classe trabalhadora e da classe média estavam horrorizadas pelos tumultos dos estudantes, pela nova moralidade, pela prevalência da homossexualidade, e por uma falta de respeito geral pela autoridade. Consequentemente, os líderes das Testemunhas muitas vezes manifestavam atitudes com respeito ao vestuário, modo de se arranjar e comportamento que eram virtualmente idênticas àquelas dos fundamentalistas, mórmones e outros conservadores religiosos americanos.

O Ataque aos Intelectuais

Junto com tais atitudes negativas em relação à 'juventude rebelde', modos populares de se vestir e de se apresentar, as Testemunhas de Jeová também adoptaram uma opinião desfavorável sobre todos aqueles dentre as suas fileiras que tivessem tendência para simpatizar com pontos de vista mais liberais em assuntos culturais e espirituais. Por vezes elas também se tornaram anti-intelectuais, de forma franca e chocante. Num artigo escrito por um missionário da Torre de Vigia em Hong Kong, a Awake! [Despertai!] de 8 de Setembro de 1968 disse:

Pode dizer-se que aqueles que pertencem às classes profissionais são bons exemplos dos frutos da 'educação superior'. Eles formam uma espécie de aristocracia do saber. Frequentemente são orgulhosos, alheios às necessidades das pessoas menos afortunadas, têm as suas próprias opiniões, são competitivos, independentes, e sem consideração pelos outros. Eles têm a ímpia teoria da evolução profundamente assimilada. Na opinião deles, as pessoas educadas, treinadas nas universidades e colleges, são a única esperança do progresso.

Por exemplo, quem substituiu o bom ensino moral da Bíblia pelas suas filosofias humanas? Não foram os clérigos profissionais? E quem são aqueles que hoje insistem em proceder a seu modo e menosprezam abertamente a autoridade da Palavra de Deus no assunto da santidade do sangue? Não são os médicos profissionais? Políticos, advogados, educadores, a maioria deles sem qualquer fé real na existência de Deus, não são eles o produto final da 'educação superior'?25

Nesse mesmo artigo, outras pessoas com educação superior -- clérigos, professores, estudantes universitários -- foram culpados pelas 'demonstrações de violência, protestos e outras actividades sem controlo legal'. A revista Awake! [Despertai!] declarou: 'Certamente são aqueles homens com todas as vantagens da sua "educação superior" que inescrupulosamente usam os seus talentos para fazer avançar os seus planos de enriquecimento rápido à custa do homem da rua!'26

Naturalmente, com tal 'alimento espiritual' vindo do 'escravo fiel e discreto', os estudantes universitários estavam sob uma tremenda pressão social para desistirem dos seus estudos, e pessoas jovens que se formavam na escola secundária eram igualmente confrontadas com uma grande pressão para não ingressarem em instituições de ensino superior. Ainda assim alguns fizeram-no e podiam apontar para o facto de a sociedade não ter estabelecido uma proibição absoluta sobre a universidade ou os estudos superiores. Contudo, quando a sociedade começou a apertar o seu controlo sobre a comunidade das Testemunhas, depois do falhanço de 1975, ela começou a fazer uma campanha silenciosa, talvez não intencional, contra muitas pessoas dentre as suas próprias fileiras que tinham educação superior. Estudantes universitários eram severamente criticados por tentarem construir carreiras 'neste velho mundo moribundo', e pessoas profissionais muitas vezes viram-se numa situação de desfavor perante superintendentes de circuito e de distrito.

Parte disto resultou de medo das ideias e actividades de indivíduos de mentalidade mais liberal, que tinham alguma proeminência na comunidade das Testemunhas devido à sua educação e ocupações seculares. Apesar das atitudes hostis, ou ambivalentes, na melhor das hipóteses, da sociedade em relação à educação superior, muitas Testemunhas comuns respeitavam os poucos médicos, advogados, dentistas, professores, farmacêuticos e cientistas que existiam nas suas congregações. Afinal, estas pessoas muitas vezes davam prestígio à religião e podia contar-se com elas para ajudar Testemunhas com menos instrução em vários problemas pessoais. Mas como muitas vezes eles eram os que criticavam mais abertamente o conservadorismo religioso que era prevalecente entre as Testemunhas de Jeová em todo o lado, eram frequentemente os alvos de severo criticismo pessoal vindo de anciãos intolerantes e de superintendentes de circuito. Além disso, eram por vezes vítimas do anti-intelectualismo e da inveja pessoal de alguns funcionários proeminentes da Torre de Vigia.

O ponto a que isto chegou é revelado no facto de mesmo apologistas da sociedade e das Testemunhas de Jeová terem sido atacados pelos seus esforços. Durante anos a sociedade tinha tomado uma atitude muito negativa em relação a praticamente todas as pessoas que queriam estudar as Testemunhas em profundidade. Quando, em 1943, Herbert Stroup procurou a assistência de N. H. Knorr para conseguir que Testemunhas individuais preenchessem questionários que ele tinha preparado para um estudo sociológico do movimento, Knorr respondeu: '[a] Sociedade não tem o tempo, nem tomará o tempo necessário para ajudá-lo na sua publicação acerca das Testemunhas de Jeová.'27 Conforme observado anteriormente, William Cumberland teve o mesmo tipo de experiência na década de 1950. Com o passar dos anos, os líderes da Torre de Vigia começaram a ver algum valor em citar as obras de peritos, desde que estes tivessem coisas positivas a dizer sobre as Testemunhas.28 Ainda assim, eles continuaram muito desconfiados de estudantes do movimento. Mesmo a Testemunha Marley Cole, que tinha publicado uma história 'aprovada', Jehovah's Witnesses: The New World Society [Testemunhas de Jeová: A Sociedade do Novo Mundo], sob apertada supervisão da Torre de Vigia,29 tornou-se um tanto impopular junto de alguns funcionários da sociedade quando publicou independentemente um segundo livro (muito melhor) sobre as Testemunhas, intitulado Triumphant Kingdom [Reino Triunfante].30 Contudo, Cole não ficou sob a censura severa que outros escritores Testemunhas experimentaram no fim da década de 1970 e princípios da década de 1980.

Por exemplo, quando Victor Blackwell escreveu O'er the Ramparts They Watched [Sobre os Muros Eles Observavam] um relato de casos em tribunal envolvendo Testemunhas nos Estados Unidos, ele tornou-se muito popular entre muitos dos seus irmãos. Mas o mesmo não aconteceu em relação ao corpo governante. Embora Blackwell defendesse já há muito tempo Testemunhas em tribunal praticamente de graça, ensinasse em Gileade e tivesse escrito para a Sociedade, foi acusado de tentar 'exaltar a si mesmo'. Brooklyn desencorajou Testemunhas de assistirem a reuniões públicas nas quais ele era convidado para falar; ele foi removido como ancião e chegou quase a ser desassociado.31

Blackwell recebeu um tratamento melhor que uma Testemunha sueca, Ditlieb Felderer. Felderer fez extensas pesquisas e elaborou um manuscrito com uma história das Testemunhas de Jeová que, em particular, lançava uma luz muito boa sobre o Pastor Russell. Porém, quando ele a apresentou a Brooklyn, foi tratado com o que achou ser uma descortesia extrema e afastou-se. Mais tarde foi desassociado.32

Tudo isto se enquadra na política da sociedade de desencorajar Testemunhas individuais de publicarem qualquer coisa relacionada com a sua fé. A atitude declarada da maioria dos altos funcionários da Torre de Vigia e do corpo governante em particular era que se algo precisava de ser publicado, a sociedade faria isso. Testemunhas que trabalhavam independentemente estavam assim em grave perigo de serem acusadas de 'tentar exaltar a si mesmas', tentar 'correr adiante da organização de Deus', ou tentar 'ganhar dinheiro' à custa dos irmãos. Assim, apesar de serem uma comunidade religiosa tão grande, as Testemunhas de Jeová produziram muito poucas pessoas para falar independentemente em seu favor durante a década de 1960 e início da década de 1970. Depois de 1976 tornou-se praticamente impossível escrever como investigador e Testemunha de Jeová sem correr o risco de ser 'disciplinado' pela Sociedade Torre de Vigia ou algum dos seus agentes.

Embora a política da Sociedade de desencorajar pesquisa e publicação independente tenha sem dúvida sido causada por uma atitude de arrogância espiritual, havia outros factores envolvidos. Ao longo dos anos os líderes da Torre de Vigia tinham criado uma história idealizada do movimento dos Estudantes da Bíblia/Testemunhas através da distorção e supressão de muitos factos históricos embaraçosos. Embora o Pastor Russell acreditasse que 1914 marcaria o fim do mundo então existente, hoje a Sociedade Torre de Vigia faz parecer que ele predisse que esse ano seria o início dos 'últimos dias'. Durante o fim da década de 1920 e início da década de 1930, a sociedade deixou de publicar estatísticas sobre a assistência ao memorial, sem dúvida porque essas estatísticas teriam demonstrado a quantidade de pessoas que nesse tempo estavam a abandonar o movimento. Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose [As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino] e o livro de Alexander H. Macmillan intitulado Faith on the March [Fé em Marcha] apresentaram história falsificada, em particular no que respeita ao cisma da Torre de Vigia de 1917. Tal como tinha feito durante décadas, a sociedade continuou a esconder os seus fracassos proféticos passados como se nunca tivessem existido. Por isso, as Testemunhas de Jeová comuns estavam quase totalmente na ignorância destes factos e a sociedade não tinha qualquer desejo de os esclarecer. Assim, a sociedade fez o que pôde para proibir a pesquisa independente feita por Testemunhas. Ainda assim, durante a década de 1970 vários profissionais, académicos e estudiosos autodidactas das Testemunhas começaram a investigar a história, as doutrinas e as práticas das Testemunhas, com consequências altamente negativas para a estrutura de poder da Torre de Vigia.

Em primeiro lugar, no início da década de 1970, Chris Christenson, de Vancouver, Colúmbia Britânica, começou a questionar a autoridade do corpo governante quanto às práticas de desassociação das Testemunhas. Consequentemente, Christenson, que tinha contribuído com matéria de pesquisa para o estudo alegórico e tipológico de Ezequiel feito pela sociedade no livro 'As Nações Terão de Saber que Eu Sou Jeová' -- Como?, envolveu-se numa campanha para reformar as Testemunhas de Jeová a partir de dentro. Durante um certo período de tempo, ele censurou abertamente o corpo governante por causa de muitas das suas práticas, escreveu um ensaio muito extenso acerca da desassociação e, junto com várias Testemunhas anónimas, pôs em circulação milhares de cópias de um documento conhecido como 'The Pronouncements' ['Os Pronunciamentos'], que questionava muitos ensinos das Testemunhas. Como seria de esperar, estas actividades levaram à sua desassociação em 1972,33 mas as actividades dele tiveram um impacto pequeno embora significativo tanto no Canadá como nos Estados Unidos.

Na parte do meio-oeste dos Estados Unidos, o Dr. Randy Wysong, um veterinário, instrutor num college e estudioso criacionista, suscitou sinceramente junto de co-anciãos uma série de perguntas baseadas nos 'Pronunciamentos' e foi vítima de uma campanha de rumores entre os seus companheiros Testemunhas. Posteriormente Wysong foi removido do cargo de ancião e, quando apelou para Brooklyn, a sociedade recusou-se a responder às cartas dele. Algum tempo depois, ele e a sua família renunciaram à religião das Testemunhas de Jeová com grande ressentimento.34

Noutro caso, Carl Olof Jonsson, uma Testemunha sueca bem instruída, ficou preocupado com a exactidão da 'cronologia bíblica' da sociedade, que é usada para 'provar' que os Tempos dos Gentios cobrem um período de 2.520 anos desde 607 AC até AD 1914. Em resultado disso, Jonsson iniciou um estudo cuidadoso sobre a cronologia do Médio-Oriente da antiguidade, remontando ao oitavo século AC e descobriu que a afirmação da sociedade segundo a qual Jerusalém caiu perante Nabucodonosor da Babilónia em 607 AC é histórica, arqueológica e astronomicamente indefensável. Depois ele preparou cuidadosamente um documento dactilografado sobre as suas descobertas, em inglês, intitulado 'The Gentile Times Reconsidered' ['Os Tempos dos Gentios Reconsiderados'] e, em 1977, submeteu-o lealmente a Brooklyn para análise e comentário.

A princípio a sociedade indicou que examinaria e avaliaria o documento de Jonsson. Mas pouco tempo depois a sociedade começou uma campanha de insinuações contra ele, que teve eco na Sentinela. Em resultado disso, ele sentiu-se compelido a renunciar ao cargo de ancião e em Julho de 1982 foi desassociado como sendo desleal à sociedade. A história dele foi contada na imprensa sueca.35

É claro que Jonsson foi encarado pela sociedade como sendo muito perigoso. Se o manuscrito dele se tornasse conhecido em larga escala entre as Testemunhas de Jeová, não apenas a cronologia da Torre de Vigia teria de ser abandonada ou pelo menos sofrer uma grande revisão mas, igualmente importante, a própria base da autoridade do corpo governante como superintendente espiritual colectivo das Testemunhas de Jeová seria destruída.

Este facto depressa se tornou óbvio. Embora Jonsson se tivesse aproximado da sociedade enquanto investigador em vez de reformista, ele tinha posto em circulação algumas cópias de 'The Gentile Times Reconsidered' ['Os Tempos dos Gentios Reconsiderados'] junto de certos amigos intelectuais, Testemunhas. Infelizmente para a Sociedade Torre de Vigia, algumas destas cópias foram fotocopiadas e enviadas para lugares tão longínquos como a América do Sul, Austrália e Canadá. E nestes dois últimos lugares as descobertas de Jonsson tiveram consequências. Na Austrália, por exemplo, várias Testemunhas que estavam a questionar a cronologia da sociedade ficaram fortalecidas nas suas dúvidas ao lerem 'The Gentile Times Reconsidered' ['Os Tempos dos Gentios Reconsiderados']. Mais tarde, algumas delas saíram das Testemunhas de Jeová para se tornarem Adventistas do Sétimo Dia.36 No Canadá, os resultados não foram tão rápidos, mas o documento de Jonsson também foi um factor significativo em surtos de dissidência por todo o país no início da década de 1980.37

É pois evidente que a sociedade tinha motivos de sobra para recear as actividades de investigadores Testemunhas. Os líderes das Testemunhas estavam a ser postos ao corrente do facto de muitos dos seus ensinos fundamentais não poderem suportar um rigoroso escrutínio histórico e científico. No entanto, no seu zelo de suprimir praticamente todos os questionamentos entre os fiéis das Testemunhas, a sociedade sem dúvida foi demasiado longe. Ao tentarem parar os questionamentos e estudos independentes, os líderes das Testemunhas muitas vezes alienavam homens e mulheres hábeis a tal ponto que em alguns casos eles deixaram o movimento e começaram a opor-se-lhe abertamente ou começaram a desenvolver às ocultas actividades contra a autoridade da sociedade a partir de dentro da comunidade das Testemunhas. Porém, os líderes da sociedade pareciam desconhecer completamente a gravidade da situação e, no seu desejo de pôr termo a qualquer tipo de franqueza na expressão de opiniões ou independência mental, começaram a reprimir alguns dos seus apoiantes profissionais mais leais. Até mesmo W. Glen How, que fora nomeado conselheiro da Rainha devido ao seu notável registo de defesa das Testemunhas nos tribunais canadianos, foi em certo momento removido do cargo de ancião. Ele admitiu que se não se tivesse mudado de uma congregação para outra, teria sido desassociado 'absolutamente sem qualquer razão que justificasse isso'.38

Naturalmente, esta supressão dos intelectuais tendia a reduzir o número de académicos e profissionais altamente treinados entre as Testemunhas de Jeová e, ao mesmo tempo, tornou mais difícil às Testemunhas converter novos membros entre as pessoas mais instruídas. Comentando esta situação, Havor Montague observa:

Muito poucas pessoas inteligentes ou com instrução se juntam às Testemunhas, e as poucas que se envolvem com as Testemunhas não ficam na organização. É difícil uma pessoa activa, inteligente e conhecedora dos factos continuar como Testemunha -- não porque as suas crenças sejam infundadas, mas porque a hierarquia da Torre de Vigia tem tendência a querer controlar a estrutura de crença dos seus membros mesmo em áreas insignificantes. Mesmo uma Testemunha que tente ser um apologista da sociedade não é tolerado. A hierarquia autoritária da Torre de Vigia proíbe a publicação de obras religiosas entre os membros e até desencoraja a maioria das investigações e discussões teológicas. As Testemunhas de Jeová são constantemente encorajadas a não 'correrem adiante da Sociedade', como se isso fosse possível segundo os próprios ensinos da Sociedade. Muitas Testemunhas, através da sua pesquisa bíblica independente, anteciparam mudanças importantes que a Sociedade mais tarde introduziu. Até esse tempo, aqueles que tiveram a audácia de mencionar os resultados da sua própria pesquisa têm sido muitas vezes severamente reprimidos, mesmo que a Sociedade possa mais tarde confirmar os resultados da sua pesquisa.39

Uma Testemunha proeminente também declarou: 'Uma das coisas que me incomoda mais na Sociedade é a atitude incrivelmente arrogante dos que estão em Betel -- recusam-se a ouvir, recusam-se a raciocinar ou a dar crédito ao facto de os membros individuais terem uma mente [...] De facto, praticamente todas as pessoas que conheço e que são razoavelmente bem instruídas saíram das Testemunhas, apesar de existirem alguns membros brilhantes que, em certa altura, pertenciam ao movimento.'40

Fechando as Portas do Céu

Outro grupo de pessoas que começou a sentir repressão tanto a nível local como da própria sociedade no fim da década de 1970 foi o daquelas Testemunhas que começaram a manifestar uma esperança celestial. Conforme observado anteriormente, desde 1935 a sociedade tinha ensinado que todos os 144.000 membros da igreja -- o corpo de Cristo -- tinham sido escolhidos e que só substitutos para aqueles dessa classe que se tinham tornado infiéis seriam seleccionados da 'grande multidão' de Revelação 7:14. Claro que à medida que Testemunhas 'ungidas' mais velhas foram morrendo ao longo dos anos, isto significava que o número de pessoas que esperavam uma recompensa celestial dentro do movimento declinava. Pelo menos isto aconteceu até 1973 quando, para choque de alguns líderes das Testemunhas, o número dos que proclamavam ser do corpo de Cristo de facto aumentou.41 No ano seguinte isto aconteceu outra vez,42 contrariamente à crença da sociedade de que o número do restante dos 144.000 diminuiria de forma constante à medida que o Armagedom se aproximava.43 O aumento no número daqueles que proclamavam ter uma esperança celestial no início da década de 1970 era provavelmente inevitável. Não é surpreendente que das centenas de milhares que se estavam a tornar convertidos às Testemunhas antes de 1975, alguns se vissem a si mesmos como tendo essa esperança. O que é digno de nota é que mais pessoas não o tenham feito, especialmente durante o período organizacional e doutrinalmente mais liberal. Segundo o único rito místico, inteiramente individualístico, da religião das Testemunhas que a sociedade tinha permitido que permanecesse depois da década de 1930, era direito de cada indivíduo determinar se participaria ou não na Refeição Nocturna do Senhor no Memorial da Primavera. Em resultado, cada pessoa podia indicar à sua congregação através da participação nos emblemas, o pão e o vinho, que se considerava a si mesma como tendo recebido a chamada do espírito para se tornar um dos ungidos, um membro dos 144.000; e em teoria os seus irmãos deviam respeitar essa chamada.

Curiosamente, porém, muitos representantes da Torre de Vigia, em especial superintendentes de circuito, muitas vezes encaravam os 'novos participantes' com a maior das suspeitas. Publicadores e anciãos da congregação muitas vezes questionavam se os novos participantes tinham realmente recebido a chamada celestial. E, mais estranho ainda, apesar do ensino da sociedade acerca da necessidade de mostrar grande respeito pelos irmãos de Cristo, os novos participantes eram muitas vezes tratados como 'indivíduos que estavam cheios de orgulho' ou 'pessoas que pensavam que sabiam mais do que a sociedade'. Consequentemente, se uma pessoa tinha muito menos que sessenta e cinco anos de idade e começasse a participar na Refeição Nocturna do Senhor, ficavam sob intensa pressão social e organizacional para parar. Algumas vezes a pessoa seria alvo das más-línguas, virtualmente evitada, e tratada com o máximo desrespeito. Assim, alguns participantes foram pressionados a negar a sua esperança celestial através da pressão dos pares, dos anciãos ou dos superintendentes de circuito.

Vacilações Doutrinais

O que tudo isto indicava era que o relativo liberalismo do início da década de 1970 tinha sido apenas para propósitos tácticos, embora alguns líderes da Torre de Vigia estivessem, como Raymond Franz mostra no seu livro Crise de Consciência, verdadeiramente comprometidos com o liberalismo durante algum tempo. Mas mesmo durante o período de euforia organizacional, a sociedade continuou a demonstrar traços de autoritarismo e arbitrariedade extrema. Tal como nos dias de Rutherford, as mudanças doutrinais podiam ser ajustadas aos caprichos da liderança ou ao que esta considerava ser os interesses pragmáticos da organização como um todo. Consequentemente, ensinos importantes foram algumas vezes mudados quase por prestidigitação. Quando a reacção ao fracasso de 1975 se estabeleceu em Brooklyn, esta tendência para tal comportamento arbitrário tornou-se ainda mais óbvia. Alguns exemplos bem documentados demonstrarão isto claramente.

Uma área em que pietismo religioso irreflectido tem afectado a doutrina das Testemunhas erraticamente ao longo dos últimos doze anos tem sido na área da base para o divórcio. Tradicionalmente a Sociedade Torre de Vigia tem argumentado desde o século dezanove que o adultério constituía a única base legítima para o divórcio segundo as palavras de Jesus em Mateus 19:9: 'todo aquele que se divorciar de sua esposa, exceto em razão de fornicação, e se casar com outra, comete adultério'. Portanto, basicamente, embora um homem se pudesse divorciar da sua esposa por ela ter tido relações sexuais com outro homem, ou uma mulher se pudesse divorciar do seu marido por ele ter tido relações sexuais com outra mulher, nenhuma Testemunha de Jeová se podia divorciar do seu cônjuge devido a homossexualidade, lesbianismo ou bestialidade. De facto, Testemunhas que tinham cônjuges homossexuais foram até instruídas a continuar a cumprir as suas obrigações maritais para com eles.

Concordado com esta posição, a Sentinela de 15 de Maio de 1972 declarou: 'Embora tanto o homossexualismo como a bestialidade sejam perversões repugnantes, em nenhum destes casos se rompe o vínculo marital. Este é violado apenas pelos atos que tornam a pessoa "uma só carne" com outra pessoa do sexo oposto que não é seu cônjuge legal.'44 Consequentemente, se nesse tempo uma Testemunha se tivesse divorciado do seu cônjuge com base na homossexualidade, lesbianismo ou bestialidade e casado com outra pessoa, teria sido desassociada.

Tudo isso mudou no mesmo ano. Sem qualquer palavra de desculpa por fazer um volte face completo, The Watchtower de 15 de Dezembro de 1972 [A Sentinela de 1 de Maio de 1973 em português] argumentou que quando Jesus usou o termo 'fornicação' (porneia) na sua declaração sobre o divórcio, ele tinha pretendido incluir todos os tipos de relações sexuais ilícitas. A revista oficial da sociedade disse ainda:

Então, qual é a significação do uso bíblico destes termos [fornicação e adultério] e o que revela sobre o motivo bíblico válido para o divórcio? Mostra que qualquer pessoa casada que transgride os vínculos maritais e se empenha em relações sexuais imorais, quer com alguém do sexo oposto, quer com alguém do mesmo sexo, quer de modo natural, quer desnatural ou pervertido, é culpado de cometer porneía ou "fornicação" no sentido bíblico. [...]

Portanto, tomando-se as palavras de Jesus pelo seu significado, quando um cônjuge é culpado de tal séria imoralidade sexual, o cônjuge inocente pode biblicamente divorciar-se dele, se ele ou ela desejar.45

O novo ensino foi encarado pela maioria das Testemunhas de forma muito positiva pois parecia mais razoável e permitia que algumas Testemunhas fiéis -- especialmente mulheres -- dissolvessem casamentos emocionalmente abomináveis tanto em boa consciência como sem medo de ser levadas perante comissões judicativas sob ameaça de desassociação. Mas se alguém pensava que a sociedade podia tornar-se mais verdadeiramente 'liberal' no que diz respeito a assuntos sexuais, depressa teve esses pensamentos dissipados.

Curiosamente, em resposta directa a sentimentos pessoais sobre a matéria dentro do corpo governante, a sociedade começou a desenvolver uma atitude comum entre alguns dos Pais da Igreja pós-Niceanos e numerosos protestantes durante os séculos dezasseis e dezassete. Fornicação ou porneia, defendia-se, podia existir tanto dentro do casamento como fora da união de casamento; se um marido realizasse 'actos não naturais' na sua esposa contra a vontade dela, ela teria o direito de acusá-lo de porneia perante anciãos congregacionais e divorciar-se dele com a sanção da Torre de Vigia.

De 1973 em diante durante alguns anos, algumas das publicações da sociedade tornaram-se muito descritivas no que diz respeito ao que constituía porneia. Sodomia, sexo oral e masturbação foram todos condenados,46 embora a masturbação não tenha sido indicada como base para o divórcio. E sem dúvida por causa da sua preocupação com a 'santidade do sangue', Brooklyn, na prática, reinstituiu a proibição mosaica conforme expressa em Levítico 20:18 sobre coito durante a menstruação.47 O assunto da porneia conforme então definido tornou-se quase um tema principal. Discursos sobre o assunto eram feitos com frequência em grandes assembleias, e para óbvio embaraço de muitos, requeria-se dos anciãos que fizessem sermões explícitos de uma hora nas reuniões de domingo sobre o assunto, seguindo esboços detalhados publicados pela sociedade.

Em resultado de tudo isto, muitas Testemunhas tornaram-se quase paranóicas no assunto do sexo. Frequentemente relações maritais normais entre marido e mulher foram afectadas adversamente. Alguns começaram a encarar o sexo com repugnância. Esposas Testemunhas às vezes queixavam-se que receavam que se fizessem alguma coisa imprópria durante as relações sexuais com os seus maridos, poderiam ser julgadas adversamente por Deus. Afinal, não estavam os anjos a observar as suas acções? Anciãos Testemunhas em escolas do Ministério do Reino (retiros ocasionais para treinar anciãos) frequentemente discutiam em termos quase talmúdicos exactamente quais eram as acções permitidas e quais as não permitidas durante os preliminares maritais. Além disso, muitos anciãos que tinham sido criados quando o sexo não era um assunto de conversa tão aberto interrogavam-se sobre como dar conselho a casais e especialmente a mulheres que vinham ter com eles para aconselhamento.

Sem dúvida, a nova doutrina da sociedade sobre porneia causou muito dano. Foi colocada tanta ênfase nos males da masturbação que um grande número de Testemunhas jovens, que eram encorajadas a adiar o casamento, desenvolveram complexos de pecado completos. Mais sério, pessoas casadas algumas vezes sentiram-se constrangidas a descrever as intimidades do seu relacionamento pessoal, marital, a anciãos que eram frequentemente tanto pietísticos como totalmente não treinados em lidar com esses assuntos. Algumas vezes anciãos e servos ministeriais foram removidos dos cargos e desassociados por cometerem porneia dentro do casamento. Algumas vezes, também, esposas usaram porneia marital como base para se divorciarem dos seus maridos, quer isso fosse válido ou não.

Naturalmente, isto causou profunda perplexidade e ressentimento igualmente grande entre algumas Testemunhas. Anciãos muitas vezes não sabiam como lidar eticamente com algumas situações com as quais eram confrontados; e mesmo muitos entre aqueles que eram mais leais à Torre de Vigia se queixavam em privado que 'a sociedade não tem nada que se meter nos quartos de pessoas casadas'.

Então, finalmente, por causa da preocupação crescente entre tantas Testemunhas, e sem dúvida devido ao grande número de cartas que Brooklyn e os escritórios das filiais da sociedade receberam pedindo clarificações em certos pontos ou queixando-se, a sociedade, novamente sem aviso, inverteu a sua posição sobre todo o assunto. A Sentinela de 1 de Agosto de 1978 declarou simplesmente: 'Deve ser reconhecido que a Bíblia não apresenta nenhumas regras ou limitações específicas sobre a maneira em que o marido e a mulher realizam suas relações sexuais.' Mas isso não foi tudo. Depois de ter sido completamente dogmática no assunto da porneia marital durante seis anos, A Sentinela declarou no mesmo artigo: 'Isto não deve ser entendido como conivência com todas as diversas práticas sexuais em que as pessoas se empenham, porque não é assim. Simplesmente expressa-se o vivo senso de responsabilidade de deixar as Escrituras predominar, e de se refrear de tomar uma posição dogmática, quando a evidência parece não fornecer base suficiente. [...] Expressa a disposição de deixar o julgamento de tais assuntos maritais, íntimos, nas mãos de Jeová Deus e de seu Filho'.48 Dali em diante, os anciãos não se deviam preocupar com relacionamentos maritais. Se as esposas se divorciassem dos seus maridos devido a actos de 'natureza grosseira' ou 'lascividade' dentro do casamento, então elas e só elas teriam de assumir toda a responsabilidade perante Deus pelas suas acções.49

Embora a sociedade tenha reconhecido que reavaliara todo o assunto, e alguns que tinham sido desassociados devido à chamada porneia marital tivessem as suas desassociações anuladas,50 não houve qualquer pedido de desculpa geral de Brooklyn por ter ensinado o que eram admitidamente doutrinas falsas durante seis anos. Embora casamentos tivessem sido evidentemente dissolvidos de forma imprópria e reputações arruinadas, o 'escravo fiel e discreto' manifestou poucos remorsos por ter sido tão indiscreto a ponto de ter ensinado doutrinas que tinham causado tais estragos.

Outro caso de uma vacilação doutrinal igualmente séria durante a década de 1970 envolveu a sentença da sociedade acerca dos transplantes de órgãos. Durante muitos anos os líderes da Torre de Vigia evidentemente não viram qualquer problema moral ou ético a respeito das substituições de partes do corpo por órgãos doados por outras pessoas. Por exemplo, no número de 22 de Dezembro de 1949 da Awake! [Despertai!] apareceu um artigo intitulado 'Peças Sobresselentes para o Seu Corpo' que enfatizou positivamente as maravilhas da moderna cirurgia em transplantar tanto órgãos humanos como artificiais. Embora as transfusões de sangue tenham sido descritas como antibíblicas, transplantes de córneas, rins e medula não foram condenados. Em 1961 [1962 em português] A Sentinela declarou em resposta a uma pergunta de um leitor:

A questão de se colocar o corpo ou parte do corpo à disposição dos homens da ciência ou dos médicos, após a morte, para experiências científicas ou para transplantação em outros, não é vista com bons olhos por certos grupos religiosos. Entretanto, não parece haver nenhum princípio ou lei bíblica envolvida. É, portanto, algo que cada pessoa deve decidir por si mesma. Se ela estiver satisfeita em sua própria mente e consciência que isto seja coisa correta a fazer, então poderá fazer tais arranjos, e ninguém a deveria criticar por assim fazer. Por outro lado, ninguém deveria ser criticado por se recusar a entrar em tal acordo.51

Porém, em 1967 (1968 em português) a sociedade decidiu subitamente que o que tinha sido permissível já não o era mais. Os transplantes de órgãos tornaram-se subitamente uma forma de canibalismo humano. A Sentinela de 1 de Junho de 1968 declarou:

Quando há um órgão doente ou defeituoso, o modo usual de a saúde ser restaurada é por receber substâncias nutritivas. O corpo utiliza o alimento ingerido para consertar ou curar o órgão, substituindo gradualmente as células. Quando os homens de ciência concluem que este processo normal não mais dará certo e sugerem a remoção do órgão e a substituição do mesmo de forma direta por um órgão de outro humano, isto é simplesmente um atalho. Aqueles que se submetem a tais operações vivem às custas de carne de outro humano. Isso é canibalesco. Não obstante, ao permitir que o homem comesse carne animal, Jeová Deus não deu permissão para os humanos tentarem perpetuar suas vidas por receberem canibalisticamente em seus corpos a carne humana, quer mastigada, quer na forma de órgãos inteiros ou partes do corpo, retirados de outros.52

Além de tomar essa posição, A Sentinela insurgiu-se fortemente contra a 'mutilação do corpo' depois da morte. Para aqueles que talvez precisassem de uma cirurgia de transplante, declarou: 'Cristãos que foram iluminados pela palavra de Deus não precisam de tomar estas decisões [doar órgãos ou recebê-los de outra pessoa] simplesmente à base de capricho pessoal ou emoções. Podem considerar os princípios divinos registados nas Escrituras e usar estes ao tomar decisões pessoais à medida que se voltam para Deus em busca de direcção, confiando nele e depositando a sua confiança no futuro que ele tem em reserva para aqueles que o amam.'53

Claro que a decisão de 1967 causou dificuldades terríveis para muitas Testemunhas individuais. Às pessoas que precisavam de transplantes de córnea para ver foi-lhes dito pela sociedade que teriam de esperar até à 'nova ordem que estava tão perto' para terem a sua visão restaurada. Àqueles que precisavam de transplantes de rins para viver foi-lhes dito que aceitá-los traria destruição eterna. No entanto, depois de muitos fiéis das Testemunhas de Jeová terem sofrido pela sua fé desistindo de transplantes que em alguns casos poderiam ter tornado as suas vidas mais agradáveis e confortáveis e poupá-las de uma morte prematura noutros casos, a sociedade mais uma vez inverteu a sua posição.

Numa resposta muito curiosa a uma pergunta sobre se uma congregação devia tomar acção judicativa contra uma pessoa que aceitasse um transplante de córnea ou de rim, a Sentinela de 1 de Setembro de 1980 declarou: 'No que se refere ao transplante de tecido ou osso humano de um humano para outro, é um caso de decisão conscienciosa de cada uma das Testemunhas de Jeová. Alguns cristãos podem achar que aceitarem no seu corpo o tecido ou parte do corpo de outro humano é canibalesco. Talvez afirmem que o material humano transplantado se destina a se tornar parte do corpo do receptor, para mantê-lo vivo e funcionando. Talvez não vejam nisso nenhuma diferença fundamental de consumir carne pela boca.'54 A revista das Testemunhas observou ainda: 'Outros cristãos sinceros, hoje em dia, talvez achem que a Bíblia não exclui definitivamente os transplantes clínicos de órgãos humanos.'55 Não devia restar qualquer dúvida que a sociedade estava a voltar à sua posição anterior a 1967: 'Embora a Bíblia proíba especificamente a ingestão de sangue, não há nenhuma ordem bíblica que proíba especificamente receber outros tecidos humanos. Por este motivo, cada um que se confronta com uma decisão sobre este assunto deve examinar esta questão com cuidado e oração, decidindo então conscienciosamente o que ele ou ela pode ou não fazer perante Deus. É um assunto para decisão pessoal. (Gál. 6:5) A comissão judicativa da congregação não tomaria nenhuma acção disciplinar, se alguém aceitasse o transplante de órgão.'56 As Testemunhas de Jeová podiam agora aceitar transplantes; os princípios divinos sobre a matéria tinham mudado outra vez.

Ainda mais drásticas foram as mudanças a respeito do trabalho de pregação e o conceito da Torre de Vigia sobre o que era um ministro religioso. Conforme observado no Capítulo 3, em 1972 a sociedade reconheceu finalmente que Actos 20:20 não se aplicava ao proselitismo de casa em casa. Embora continuasse a defender as traduções da King James e do Novo Mundo desse versículo, no qual o Apóstolo Paulo declara que ensinou os cristãos efésios 'publicamente e de casa em casa', reconheceu que o que o apóstolo estava a fazer era realizar serviços nos lares de vários cristãos convertidos, e não ir de porta em porta. Numa nota um pouco obscura na página 56, o livro Organization for Kingdom-Preaching and Disciple-Making [Organização para Pregar o Reino e Fazer Discípulos] observou:

Um trabalho similar 'de casa em casa' é referido em Actos 5:42. Aqui alguns tradutores modernos (RS; MO; NA) traduzem a expressão grega aqui (kat' oi kon) como 'em casa'. Sobre isto mencionamos um comentário feito pelo Dr. A.T. Robertson, autor do livro de 1454 páginas A Grammar of the Greek New Testament in the Light of Historical Research [Uma Gramática do Novo Testamento Grego à Luz da Investigação Histórica] (1934). Referindo-se a tal tradução, ele diz no seu livro Word Pictures in the New Testament, Volume III sobre 'Os Actos dos Apóstolos', página 70, parágrafo 3:

'No templo e em casa (en toi hieroi kai kat' oikon). Isto era um triunfo distinto, voltar ao templo onde tinham sido presos (versículo 25) e em casa ou de casa em casa, como provavelmente significa (capítulo 2:46). Era um grande dia para os discípulos em Jerusalém.'

No que diz respeito à tradução 'de casa em casa' (kat' oi kous) em Actos 20:20, que alguns tradutores modernos traduziriam como 'nas vossas casas' (AT) 'nos vossos lares' (JE;NE) 'em privado' (NA), o Doutor Robertson tinha isto a dizer nas páginas 349, 350, parágrafo I:

'e de casa em casa (kai kat' oikous). Pelas (segundo as) casas. Vale a pena notar que o maior dos pregadores pregou de casa em casa e não fez das suas visitas apenas visitas sociais. Ele estava a tratar dos assuntos do Reino ao mesmo tempo tal como na casa de Áquila e Priscila (1 Cor. 16:19).'

Claro que ao referir 1 Coríntios 16:19, o Professor Robertson indicou claramente que entendia que kat' oikous ou 'de casa em casa' significava nas várias casas dos cristãos efésios. Esse texto diz: 'As congregações da Ásia enviam-vos os seus cumprimentos, Áquila e Priscila juntamente com a congregação que está na casa deles cumprimentam-vos de coração no Senhor' (itálicos meus). Portanto ao incluir a citação desse versículo nas observações de Robertson conforme aparecem acima, os líderes da Torre de Vigia estavam a admitir pela primeira vez -- talvez inadvertidamente -- que o seu entendimento anterior de um texto prova favorito tinha estado errado.

Durante os sete anos seguintes, Actos 20:20 praticamente desapareceu das publicações da Torre de Vigia, embora alguns membros do corpo governante quisessem reter a interpretação tradicional da sociedade sobre esse versículo.57 Mas no período pós-1975 o corpo governante decidiu que tinha de ser feito praticamente tudo o que fosse possível para pressionar os fiéis das Testemunhas a esforços mais estrénuos no trabalho de pregação; tinham de ser encontrados novos convertidos para substituir aqueles que estavam a sair da organização em número sempre crescente. Assim, por razões puramente pragmáticas, foi dado novamente a Actos 20:20 o seu significado anterior a 1972.

Em 'Zelo pela casa de Jeová', um artigo provavelmente escrito pelo Vice-Presidente da Torre de Vigia, Lloyd Barry, e aprovado pelo corpo governante depois de alguma discussão, The Watchtower de 15 de Julho de 1979 [A Sentinela de 1 de Março de 1980 em português] desenterrou todos os velhos argumentos anteriores a 1972 para afirmar que o Apóstolo Paulo estabeleceu um padrão para o moderno trabalho de pregação de casa em casa das Testemunhas de Jeová. Barry, ou quem quer que foi o autor do artigo, usou novamente a citação de Robertson sobre kat' oikous conforme apareceu em Organization for Kingdom-Preaching and Disciple-Making [Organização para Pregar o Reino e Fazer Discípulos] mas, com um desrespeito completamente descarado pela honestidade intelectual, não incluiu nela a citação que este fez de 1 Coríntios 16:19. O parágrafo dezassete de 'Zelo pela casa de Jeová' diz:

Esta frase, "de casa em casa", traduz o grego kat oikous. Embora haja outras traduções dela, muitas versões bem-conhecidas da Bíblia usam esta expressão: "de casa em casa". Isto se dá porque a preposição grega kata tem o sentido "distributivo". (Veja o uso similar de kata em Lucas 8:1: "de cidade em cidade", "de aldeia em aldeia"; e em Atos 15:21: "em cidade após cidade".) Assim se pode dizer que o 'testemunho cabal' de Paulo se distribuía em casa após casa. O erudito bíblico Dr. A. T. Robertson comenta o seguinte sobre Atos 20:20:

"Pelas (segundo as) casas. Vale a pena notar que este maior de todos os pregadores pregava de casa em casa e não tornava as suas visitas apenas encontros sociais."

Assim como Paulo 'deu cabalmente testemunho', os cristãos procuram hoje moradores com inclinações espirituais, revisitando estes lares e estudando com os interessados. Mais tarde, conforme necessário, superintendentes fiéis fazem visitas de pastoreio.58

Umas poucas Testemunhas de Jeová ficaram chocadas com o comportamento da sociedade neste caso. O livro Organização era então ainda a autoridade oficial para a administração da organização como um todo, e alguns anciãos tinham-no estudado de perto. Ainda assim, o corpo governante estava determinado a impor a sua doutrina ressuscitada como um artigo de fé; superintendentes de distrito e de circuito foram instruídos a ensinar que qualquer pessoa que a questionasse estava a opor-se ao trabalho de pregação e estava à beira da apostasia. Assim, um superintendente de distrito declarou publicamente que a recusa em aceitar a doutrina de 1979 da sociedade sobre Actos 20:20 era equivalente a adultério espiritual.59

O flip-flop mais aberto e dramático num assunto doutrinal envolveu a velha questão do estatuto de ministro. Durante décadas a sociedade alegou que todas as Testemunhas de Jeová -- homens, mulheres e crianças -- eram sem excepção ministros religiosos. O Juiz Rutherford tinha declarado sobre todos aqueles que professavam ser dos 144.000: 'Os ungidos são ministros de Deus; portanto servos de Deus.'60 Mais tarde, sob N.H. Knorr a sociedade asseverou que o mesmo era igualmente verdade no que diz respeito à classe das 'outras ovelhas'. De facto, durante a Segunda Guerra Mundial e por muitos anos depois, centenas de homens Testemunhas de Jeová pediram isenção do serviço militar nas democracias ocidentais como ministros religiosos, embora em muitos casos não tivessem qualquer posição oficialmente designada nas suas respectivas congregações.61

Subitamente, na Watchtower de 1 de Dezembro de 1975 [Sentinela de 1 de Março de 1976 em português], tudo isto foi mudado. Depois de uma discussão alargada sobre o termo 'ministro' em várias línguas, essa revista defendeu que só anciãos e servos ministeriais podiam ser encarados como ministros ordenados nas congregações das Testemunhas,62 embora os pioneiros pudessem continuar a alegar ser 'ministros regulares'.

Evidentemente a sociedade estava a fazer essa mudança séria nas definições por uma razão específica. Em muitos casos quando os homens Testemunhas tinham reivindicado o direito à isenção do serviço militar ou civil de acordo com a legislação em sítios como os Estados Unidos, Canadá e Grã-Bretanha, as comissões de avaliação tinham simplesmente ignorado as suas reivindicações porque eles não constituíam uma classe ministerial ou clerical no sentido geral desse termo.63 De facto, tribunais britânicos disseram que embora as Testemunhas de Jeová constituíssem uma religião, não tinham ministros.64 Portanto a posição de Dezembro de 1975 [Março de 1976 em português] sem dúvida foi tomada porque a sociedade reconheceu que a asserção que todas as Testemunhas de Jeová eram ministros era completamente destituída de sentido do ponto de vista legal e que pouco apoio bíblico tinha em qualquer caso. Assim, a Sentinela de 1 de Março de 1976 declarou:

Em vista de tudo isso [discussão do termo 'ministro'], o que se deve fazer quando, conforme ocorre às vezes, uma autoridade governamental quer saber a profissão ou situação dos cidadãos? A expressão "ministro ordenado" é entendida por ela como referindo-se a alguém que é guardião ou servidor nomeado de coisas espirituais numa congregação, alguém que atua como "pastor" da congregação. Os dicionários, por exemplo, fornecem a geralmente entendida definição eclesiástica dum "ministro" como sendo "alguém autorizado a dirigir ofícios religiosos". Com o termo "ministro", tais autoridades governamentais não descrevem, nem se referem ao serviço que cada cristão ou cristã individual pode prestar no seu empenho pessoal de transmitir as boas novas a outros. Portanto, em resposta à inquirição, pode-se responder razoavelmente em harmonia com o que os indagadores oficiais querem saber, em vez de impormos nossa própria definição a tais termos.65

Essa posição era muito razoável, mesmo que servisse um propósito pragmático. Não obstante, as necessidades da Sociedade Torre de Vigia mudaram mais um vez, e mais uma vez ela não teve mais dificuldade em mudar a doutrina do que o homem médio tem em mudar de camisa. A Sentinela de 15 de Setembro de 1981 publicou vários artigos sobre o assunto de quem podia ser classificado como ministro, e ao fazê-lo recuou para a doutrina anterior a 1975. Sob o subtítulo 'Ministras' declarou: 'Sim, todos os cristãos dedicados e batizados, sem consideração de sexo ou idade, podem ser proclamadores, pregadores, ministros ou "servos" em sentido elevado ou sagrado -- desde que forneçam evidência disso pela sua conduta e pelo seu testemunho.'66 Sem dúvida o seu testemunho devia ser encarado como o mais importante.

O Crescimento da Dissensão

O fracasso de 1975 e a reacção da sociedade a ele acabaram por provocar revoltas pequenas mas significativas contra a autoridade da Torre de Vigia. Embora alguns indivíduos como Chris Christenson tenham protestado contra certas políticas da sociedade durante o início e meados da década de 1970, não tinha havido qualquer reacção geral entre as Testemunhas contra os seus ensinos.

Por volta de 1975 isso estava a começar a mudar. Nesse ano e no início do ano seguinte a Billings Gazette de Billings, Montana, relatou a desassociação de várias Testemunhas locais por ensinarem que a ressurreição dos santos não tinha começado em 1918. Dezoito acabaram por ser desassociadas ou renunciaram na área de Billings.67 Depois, no início de 1976, o Tri-City Herald de Pasco, Kennewick e Richland, Washington, anunciou: 'Vinte e uma Testemunhas de Jeová nas três cidades e em Prosser foram excomungadas porque as suas crenças sobre a ressurreição não concordam com os ensinos da igreja.'68 Mais uma vez o assunto era a cronologia da Torre de Vigia, especificamente a importância que a sociedade colocava nos anos 1914 e 1918.69

Pouco tempo depois, o mesmo tipo de dissidência desenvolveu-se no estado australiano de Victória perto de Melbourne. Em 6 de Abril de 1977, o Franklin Peninsula News publicou um artigo intitulado 'Testemunha num Deserto' que contava a desassociação de várias Testemunhas de Jeová que ocorreria em breve nas comunidades de Frankston, Morningston e Rosebud. Uma declaração dada por um dos dissidentes dizia: 'As Testemunhas de Jeová ensinam que o Reino de Cristo começou a governar no céu no ano 1914 e que a primeira ressurreição dos apóstolos começou e teve lugar em 1918. Nós como grupo descobrimos que esta crença está seriamente errada e começámos a tomar uma posição e a questionar aquilo que sabemos estar errado.'70

Mas nenhum destes incidentes nem o processo judicial de Chris Christenson contra a sociedade por desassociação imprópria causaram mais do que interesse público local.71 A sociedade certificou-se de que não dava publicidade a esses acontecimentos e a maioria das Testemunhas de Jeová não estava a par deles. Também, poucos sabiam do sério desencantamento com a organização que estava a crescer entre Testemunhas em sítios como as Filipinas.

No entanto, em 1979 havia correntes subterrâneas em muitas partes do mundo entre as Testemunhas de Jeová. Em sítios tão distantes entre si como Stoke-on-Trent, Inglaterra, Cidade de Nova Iorque, e Phoenix, Arizona, grupos não organizados de Testemunhas começaram a questionar os ensinos da Sociedade Torre de Vigia.72 Algumas Testemunhas também estavam a sair da organização para se juntarem aos grupos de Estudantes da Bíblia como os Estudantes da Bíblia da Aurora, a Sociedade Missionária Lar do Leigo e outras associações de Estudantes da Bíblia.73 Outros estavam a juntar-se aos vários movimentos evangélicos e estavam a organizar ministérios específicos para converter as Testemunhas de Jeová.74 Mas talvez o pior prenúncio para a sociedade foi o facto de um pequeno número de líderes e trabalhadores da Torre de Vigia na própria sede de Brooklyn terem começado independentemente a questionar o que a sociedade estava a ensinar e em resultado começaram, em privado, a reexaminar doutrinas básicas.

Entre este pequeno mas significativo grupo não organizado estavam Raymond Victor Franz, sobrinho do presidente da Sociedade Torre de Vigia e ele próprio um membro do corpo governante; Edward Dunlap, ex-encarregado dos registos de Gileade; e vários ex-superintendentes de distrito, ex-superintendentes de circuito e anciãos de língua espanhola, todos eles Testemunhas de Jeová fiéis de longa data. Portanto, na prática, o reexame das doutrinas da Torre de Vigia e as bases para a dissidência estavam a começar a desenvolver-se dentro dos escalões mais altos da própria hierarquia das Testemunhas.

Através dos seus estudos pessoais e discussões informais, membros deste pequeno grupo começaram discretamente a abandonar uma doutrina da Torre de Vigia atrás da outra e a questionar muitas mais. Através de um exame minucioso de uma série de artigos na revista católica Verbum Domini do Pontifício Instituto Bíblico de Roma, alguns deles chegaram à conclusão de que o chamado 'sinal' composto dos últimos dias no Apocalipse Sinóptico ou Sermão das Oliveiras de Jesus não era de modo nenhum um sinal do fim do mundo. Em segundo lugar, alguns também começaram a achar que todos os cristãos deviam ter uma esperança celestial. Consequentemente, em resultado deste e de outros pressupostos, vários começaram a questionar se o corpo governante das Testemunhas de Jeová como um todo tinha qualquer papel único a desempenhar na história da salvação.75

Claro que estas doutrinas eram destrutivas para a teologia básica e a organização de todo o movimento das Testemunhas. Mas o pequeno grupo dos que duvidavam em Brooklyn não estava ansioso em provocar dano à sociedade através da criação de qualquer tipo de cisma aberto. Quando muito, os seus membros de forma muito ingénua queriam permanecer no seio das Testemunhas que, esperavam eles, acabariam por ver a sabedoria dos seus novos entendimentos.76 Mas isso não haveria de acontecer.

Quando informação sobre o que estava a acontecer chegou a outros membros do corpo governante, estes tomaram acção rápida e brutal. Em 28 de Abril de 1980 o seguinte memorando foi enviado pela Comissão do Presidente do Corpo Governante a todos os membros do corpo governante:

EVIDÊNCIAS RECENTES DE ENSINOS ERRADOS QUE ESTÃO SENDO ESPALHADOS

A seguir estão alguns dos ensinos errados que estão sendo espalhados como emanando de Betel. Estes foram trazidos à atenção do Corpo Governante a partir do campo de 14 de Abril em diante.

1. Que Jeová não tem uma organização na terra hoje e que o seu Corpo Governante não é dirigido por Jeová.

2. Todos os baptizados desde o tempo de Cristo (33 E.C.) até ao fim devem ter a esperança celestial. Todos estes devem participar dos emblemas por ocasião do Memorial e não apenas aqueles que professam ser do restante ungido.

3. Não existe qualquer arranjo propriamente dito como uma classe do 'escravo fiel e discreto' composta pelos ungidos e seu Corpo Governante para dirigir os assuntos do povo de Jeová. Em Mat. 24:45 Jesus usou esta expressão apenas como uma ilustração da fidelidade de indivíduos. Não são necessárias regras; apenas seguir a Bíblia.

4. Não existem duas classes hoje, a classe celestial e aqueles da classe terrestre, também chamados 'outras ovelhas' em João 10:16.

5. Que o número 144.000 mencionado em Rev. 7:4 é simbólico e não é para ser entendido como literal. Os da 'grande multidão' mencionados em Rev. 7:9 também servem no céu conforme indicado no vs. 15, onde se diz que essa multidão serve 'dia e noite, no seu templo (nao)' ou conforme diz a K. Int. (Versão Interlinear do Reino): 'na habitação divina dele'.

6. Que não estamos vivendo agora num período especial de 'últimos dias', mas que os 'últimos dias' começaram há 1900 anos atrás, em 33 E.C., conforme indicado por Pedro em Actos 2:17 quando citou o profeta Joel.

7. Que 1914 não é uma data estabelecida. Cristo Jesus não foi entronizado nessa ocasião, em vez disso tem estado governando no seu reino desde 33 E.C. Que a presença (parousia) de Cristo ainda não aconteceu, em vez disso acontecerá quando 'o sinal do Filho do homem aparecer no céu' (Mat. 24:30) no futuro.

8. Que Abraão, Davi e outros homens fiéis da antiguidade também terão vida celestial, baseando tal entendimento em Heb. 11:16.

Notas: Os pontos bíblicos acima foram aceites por alguns e estão sendo passados adiante a outros como 'novos entendimentos'. Tais pontos de vista são contrários à 'estrutura' bíblica básica das crenças cristãs da Sociedade. (Rom. 2:20, 3:2) Também são contrários ao 'modelo de palavras salutares' que veio a ser biblicamente aceito pelo povo de Jeová ao longo dos anos. (2 Tim. 1:13) Tais 'mudanças' são condenadas em Prov. 24:21, 22. Portanto, os ensinos mencionados acima são 'desvios da verdade que estão subvertendo a fé de alguns'. (2 Tim. 2:18) Tudo considerado, não é isto APOSTASIA e passível de acção disciplinar por parte da congregação? Veja ks 77 [Manual da Escola do Ministério do Reino 1977], página 58.

Comissão do Presidente 28/04/80

Randall Watters, que era então um trabalhador na gráfica em Brooklyn e residente no Betel de Brooklyn, descreve vividamente o que aconteceu a seguir:

Enquanto um membro do Corpo Governante [Raymond Franz] estava fora, de licença, uma comissão especial foi estabelecida para extrair confissões de todos os seus amigos próximos e conhecidos, com o objectivo de determinar tudo o que ele alguma vez tinha dito em privado que podia ser usado contra ele. Durante duas semanas estas comissões intimidaram membros da família de Betel e gravaram as suas confissões. Depois o infeliz foi subitamente chamado de volta a Betel e fizeram-no ouvir estas gravações na presença do Corpo Governante. Depois foi expulso e retiraram-lhe os privilégios. Ele tinha servido em posições responsáveis durante décadas e tinha viajado pelo mundo visitando escritórios das filiais, mas isto não fez qualquer diferença.77

Como Watters indica, Raymond Franz foi obrigado a renunciar do corpo governante e a deixar Betel com a sua esposa. Poucas Testemunhas sabiam o que tinha acontecido, mas vindo ao mesmo tempo que um anúncio oficial de apostasia em Betel, rumores de todo o tipo começaram a circular por toda a comunidade mundial das Testemunhas. Entretanto, vários betelitas e respectivas esposas tinham sido desassociados. Junto com a sua esposa, Elsie, Rene Vasquez, que fora o primeiro superintendente de distrito em Espanha e Portugal, foi desassociado por apostasia. Segundo o seu próprio relato, quando ele suplicou para não ser desassociado, um dos membros da sua comissão judicativa ridicularizou-o dizendo que ele 'nem sequer era um bom apóstata'. Elsie Vasquez afirma que foi acusada de insultar o corpo de Cristo por ter celebrado a Ceia do Senhor em casa. Cristobal Sanchez e a sua esposa, Norma, também foram desassociados depois de ele ter defendido as suas crenças com firmeza. Nestor Kuilan, ex-missionário e superintendente de circuito, foi desassociado por 'encobrir uma apostasia' e foi-lhe até negado o habitual apelo nesses casos. Então, depois da destituição de Raymond Franz, o corpo governante voltou a sua atenção para dois betelitas -- Mark Nevejans, um jovem perito em media electrónicos, e Edward Dunlap, ex-encarregado dos registos da escola de missionários de Gileade que, junto com Raymond Franz, era um dos escritores mais importantes da sociedade. Depois de serem chamados perante comissões judicativas, estes dois também foram desassociados.78 No entanto, isto era só o princípio. Vasquez tinha estado a trabalhar três dias por semana em Betel ao mesmo tempo que era distribuidor de vitaminas da Shaklee Products durante o resto da semana para providenciar para a sua esposa e filho de dez anos. Elsie Vasquez tinha estado a operar uma agência de viagens. Mas a seguir à sua desassociação, as Testemunhas boicotaram os seus negócios de modo que ficaram quase arruinados financeiramente.79 Uma mulher Testemunha que encontrou emprego para Nestor Kuilan em Porto Rico foi desassociada, tal como Lucy Quiles e a família dela, incluindo a sua filha de dezasseis anos, por fornecerem uma casa para Mark Nevejans depois da sua expulsão de Betel.

No entanto, talvez o acontecimento mais extremo ligado à caça à apostasia da sociedade em Nova Iorque tenha ocorrido na congregação de língua espanhola de Elmhurst-Queen, Nova Iorque, em Maio de 1980. Um dos dois anciãos dessa congregação era amigo de Rene Vasquez e tinha aceitado algumas das ideias dele. Quando este facto chegou ao conhecimento do corpo governante em Betel, eles ficaram com medo que ele tivesse estado a ensinar 'doutrinas apóstatas' a toda a congregação, em particular a ideia de que todos os cristãos deviam ter uma esperança celestial. Em resultado disso, Frederick Franz, acompanhado por cerca de quinze trabalhadores de Betel, 'visitou' a congregação de Elmhurst numa sexta-feira à noite e anunciou que no Domingo seguinte um betelita, Fabio Silva, faria um discurso especial à congregação. Depois de esse discurso ser feito, no qual Silva argumentou fortemente que a maioria das Testemunhas de Jeová devia esperar a sua recompensa eterna numa terra paradísica, o próprio Franz gritou à congregação num espanhol com forte sotaque para insistir que o estudo da Bíblia devia ser levado a cabo no salão do reino e não na privacidade das suas casas.80

Embora a sociedade tenha tentado não espevitar as chamas da 'apostasia' publicando muita informação sobre os acontecimentos de Nova Iorque ou desassociando muitas pessoas, manifestou a sua profunda preocupação sobre a matéria de outras formas. Em 30 de Abril de 1980, Karl Klein, um membro do corpo governante e amigo pessoal próximo de Frederick Franz, declarou: 'Se tem uma tendência para 'apostasia', arranje um passatempo e mantenha-se ocupado para manter a sua mente fora dela. Afaste-se de estudos bíblicos profundos com o objectivo de determinar os significados das escrituras.'81 Cerca de um mês depois, em 29 de Maio, o Vice-Presidente da Torre de Vigia Lloyd Barry disse: 'Quando falamos de lei, falamos de organização. De todo o nosso coração precisamos de buscar essa lei. Jeová não dá a indivíduos a interpretação [das escrituras]. Precisamos de um guia, e este guia é o "escravo fiel e discreto". Nós não nos devíamos reunir em grupinhos para discutir pontos de vista contrários aos do escravo fiel e discreto. Temos de reconhecer a fonte da nossa instrução. Temos de ser como um burro, humildes, e ficar na manjedoura; e não apanharemos nenhum veneno.'82

Como se isto não fosse suficiente, membros do corpo governante levaram a cabo uma campanha da vilificação mais amarga contra aqueles que agora decidiram rotular de apóstatas. Embora aqueles afastados de Betel não fossem mencionados por nome, foram chamados 'fornicadores espirituais', 'mentalmente doentes', e 'loucos'.83 Randall Watters conta ainda:

Numa reunião com uma comissão onde um casal que tinha servido fielmente por décadas foi desassociado, um MEMBRO DO CORPO GOVERNANTE chamou-lhes 'chupistas' e 'mentirosos'. Um pobre coitado teve as suas chamadas telefónicas redireccionadas através do 'departamento de serviço' para verificar quem eram os seus contactos no exterior. 'Espiões' estavam por toda a parte, e muitos membros da família denunciavam mesmo os seus próprios amigos por suspeita de 'apostasia'. É importante que se saiba que poucos dos membros da família sabiam o que se estava realmente a passar; o Corpo Governante manteve a situação bem escondida e respondeu difamando o carácter daqueles envolvidos.84

Mais importante, a sociedade também começou a publicar uma série de artigos na Sentinela que foram escritos numa tentativa de contrariar as ideias dos anteriores 'dissidentes' de Betel e do seu punhado de associados de Nova Iorque.85 Também foram feitos ataques genéricos contra 'desleais' em congressos, bem como na literatura da Torre de Vigia. As Testemunhas de Jeová foram avisadas para se guardarem contra 'lobos apóstatas'.

Aproximadamente na mesma época um pequeno mas significativo cisma ocorreu em Lethbridge, Alberta [Canadá]. Uma tentativa de remover o autor deste volume do cargo de ancião e mais tarde de 'discipliná-lo' acabou por levar à defecção de cerca de cinquenta a sessenta Testemunhas no sul de Alberta e vários outros em outros lugares, tanto no Canadá como nos Estados Unidos.86 O mais significativo sobre esta brecha na comunidade das Testemunhas foi que recebeu publicidade a nível nacional por todo o Canadá e começou a levar à criação de uma nova associação dispersa de ex-Testemunhas e outros que rapidamente passou a incluir muitos grupos e indivíduos no Canadá, Estados Unidos, Grã-Bretanha e norte da Europa.87 Depois, na Primavera de 1981, vários dissidentes das Testemunhas manifestaram-se à porta dos escritórios da Sociedade Torre de Vigia em Toronto usando sacos de papel castanhos na cabeça para esconder as suas identidades.88 Embora protestando em simpatia com as ex-Testemunhas de Lethbridge que se descreviam a si mesmas como 'Estudantes da Bíblia Cristãos', os 'dos sacos de papel castanhos', como passaram a ser conhecidos, agiram de forma bastante independente e começaram a estabelecer um padrão para protestos similares em congressos das Testemunhas nos Estados Unidos.89

Surpreendentemente, ao longo dos anos seguintes a revolta contra a autoridade da Torre de Vigia continuou a aumentar e a receber ainda mais publicidade. Nos primeiros seis meses de 1982, mais de 250 jornais e revistas norte-americanos -- incluindo a Newsweek, Time, Christianity Today, e Maclean's -- tinham relatado a crescente agitação entre Testemunhas de Jeová e ex-Testemunhas. Além disso, mais de cem programas de televisão e rádio tinham difundido o assunto. O programa de televisão canadiano de difusão a nível nacional 'Fifth Estate' tratou do assunto numa história noticiosa em forma de documentário de vinte minutos de duração. Muito sério do ponto de vista da Sociedade Torre de Vigia, porém, foi o facto de várias ex-Testemunhas destacadas incluindo Raymond Franz, que foi desassociado em Dezembro de 1981, terem ido à rádio e à televisão por toda a América do Norte para contar as suas histórias e condenar a sociedade pela 'opressão espiritual' daquelas Testemunhas de Jeová que se atreviam a diferir dela. Desta forma, a reputação libertária das Testemunhas, merecidamente ganha através de longos anos de luta nos tribunais para preservar a liberdade de expressão e de adoração, tem sido completamente manchada.

Esses acontecimentos também não se confinaram à América do Norte. Além da desassociação de Carl Olof Jonsson e da publicidade resultante na Suécia, as Testemunhas também foram subitamente confrontadas com um importante cisma em Dublin, Irlanda. O que tinha acontecido é que dois anciãos irlandeses respeitados, John May e Martin Merriman, tinham viajado para os Estados Unidos para averiguar por que razão Raymond Franz tinha sido desassociado. Depois de o visitar em Alabama, eles telefonaram ao Betel de Brooklyn para conseguir uma reunião com o corpo governante para questionar a propriedade do que tinha sido feito a Franz, mas na prática foi-lhes dito que o assunto não era da conta deles. Eles então regressaram à Irlanda onde, depois de alguns meses, renunciaram como Testemunhas de Jeová para liderar uma grande revolta envolvendo um largo segmento da comunidade das Testemunhas irlandesas contra a sociedade por causa da injustiça da desassociação e do assunto das transfusões de sangue.90 Em resultado, receberam muita publicidade tanto na imprensa irlandesa como britânica, e em Outubro de 1983 eles e várias ex-Testemunhas da Irlanda, Escócia e América manifestaram-se na primeira reunião anual do quadro de directores da Sociedade Torre de Vigia a ser realizada na Grã-Bretanha -- um acontecimento bem publicitado pela British Broadcasting Corporation [BBC].

As Testemunhas de Jeová Hoje

Seria errado concluir que os problemas causados pelo fracasso de 1975, arregimentação organizacional, vacilações doutrinais e a revolta de um pequeno número de Testemunhas, especialmente no mundo ocidental, já criaram grandes cismas entre as Testemunhas de Jeová. Em 1979 as Testemunhas começaram a crescer lentamente em número novamente,91 e em 1980 estavam a ter um aumento de 3,7 porcento no número de publicadores mundialmente.92 Consequentemente, o Anuário das Testemunhas de Jeová de 1981 pôs a interpretação mais cor-de-rosa que era possível no que tinha estado a acontecer à organização nos últimos anos e gabou-se desonestamente: 'Durante os últimos sete anos, de 1974 a 1980, inclusive, as Testemunhas de Jeová fizeram constante progresso.'93 Para demonstrar este 'constante progresso' publicou uma série de gráficos que realmente mostram algum crescimento na comunidade das Testemunhas durante esse período.94

No entanto, nem a sociedade nem as Testemunhas de Jeová são tão saudáveis como gostariam que outros acreditassem. O seu aumento desde 1975 tem sido tudo menos notável, certamente em comparação com a quantidade de tempo e esforço que têm gasto em tentar converter outros; e isso é só parte da história. Mesmo apesar do crescimento, pode argumentar-se que as Testemunhas de Jeová são membros de uma religião doente. São arruinadas por problemas internos que a sua liderança não está disposta a reconhecer, e muito menos tratar satisfatoriamente. E, muito grave para elas, continuam a ter uma tremenda rotação de membros -- algo de que a sociedade se recusa a falar e um facto largamente não reconhecido pela maior parte das Testemunhas. Além disso, como Havor Montague indica tão claramente, as Testemunhas de Jeová perdem continuamente a maioria das suas pessoas mais bem educadas e mais inteligentes. Consequentemente, depois de muitos anos de 'fuga de cérebros' organizacional, os escalões mais elevados da hierarquia da Torre de Vigia são largamente um grupo intelectualmente árido com poucas pessoas de qualquer habilidade real a que se possa recorrer para assistência.

Aos noventa e um anos de idade, Frederick W. Franz continua a ser o principal ideólogo do movimento e continua a dominá-lo.94a Outros membros do corpo governante encaram-no como uma fonte virtual de verdade. Conforme um deles declarou: 'Ele tem sido o nosso oráculo por 67 anos.'95 Porém, Franz não mostra qualquer vontade de iniciar mudanças. Falando em 25 de Maio de 1980 para toda a família de Betel a respeito do estabelecimento de datas e de criar expectativas, ele observou que alguns 'esperavam que eu ignorasse a influência dos acontecimentos mundiais à luz da profecia bíblica durante os últimos 67 anos, e que começasse de novo de onde partimos há 67 anos'96 -- algo que nem ele nem os seus associados mostram qualquer indicação de estar dispostos a fazer. Assim, presentemente o corpo governante e os escalões mais elevados da Sociedade Torre de Vigia parecem estar seriamente afectados por uma espécie de arteriosclerose organizacional, e uma forma de hubris ou orgulho espiritual que pode muito bem destruir a viabilidade da comunidade das Testemunhas.

Por exemplo, os líderes da Torre de Vigia parecem determinados a reforçar a sua autoridade quase a qualquer custo. Insistem na obediência a todas as mil e uma regras que estabelecem -- regras que são virtualmente talmúdicas em extensão. Falando aos trabalhadores do Betel de Brooklyn pouco depois da destituição de Raymond Franz, Edward Dunlap e os outros, Albert Schroeder, um dos 'caçadores de apóstatas' mais jovens e determinados no corpo governante, proclamou:

Nós servimos não apenas Jeová Deus mas estamos sob a nossa 'mãe' [a organização]. A nossa 'mãe' tem o direito de fazer regras e regulamentos para nós [...] Este livro, intitulado Branch Organization Procedure [Procedimentos Organizacionais da Filial], contém 28 assuntos; e as suas sub-secções envolvem regulamentos e administração. Contém 1.177 políticas e regulamentos [...] esta é uma organização melhorada, bem sintonizada, e espera-se de todos nós que sigamos as suas políticas. Se há alguém que sente que não se consegue sujeitar às regras e regulamentos agora em vigor, esses deviam sair e não estarem aqui envolvidos no trabalho progressivo adicional.

Alguns abandonaram a organização, mas não a Bíblia, dizendo que não há necessidade de estar debaixo de lei [...] Este grande programa de procedimentos organizacionais está ajuntando as coisas do céu e da terra.97

Desde a declaração de Schroeder a sociedade tem enfatizado a sua autoridade espiritual cada vez mais. Revistas Sentinela umas atrás das outras têm apresentado argumentos -- alguns são tão mal amanhados que chegam a ser ridículos98 -- para explicar por que devem as Testemunhas de Jeová continuar leais à hierarquia da Torre de Vigia em face de tudo. Além disso, gabou-se que o 'restante ungido' das 144.000 Testemunhas de Jeová destinadas ao céu, agindo como o 'servo fiel e sábio' ou 'mordomo' (através do corpo governante, claro), expulsou todos aqueles infiéis à organização. 'Fechou a porta diante de todos os apóstatas expulsos e os que procuraram introduzir-se sorrateiramente para corromper as Testemunhas de Jeová.'99

Além disso, a sociedade tem endurecido as suas regras sobre como as Testemunhas normais devem tratar pessoas desassociadas. Tal como em tantas doutrinas e procedimentos, tem vacilado nesta matéria. Desde a década de 1950 até 1974, as Testemunhas não podiam sequer dizer 'olá' a qualquer pessoa que tivesse sido oficialmente expulsa da sua comunidade. Mas na Sentinela de 15 de Novembro de 1974, a sociedade decidiu tomar uma posição muito mais suave. Até admitiu que alguns desassociados tinham sido tratados com crueldade desnecessária.100 Porém, na edição de 15 de Setembro [15 de Dezembro em português] de 1981, A Sentinela enfatizou um linha ainda mais dura do que tinha antes de 1974. Nessa edição, passou a exigir que Testemunhas em situação aprovada cortassem praticamente todas as relações com membros da família, ignorando até pais e filhos adultos excepto em casos de emergência grave.101

Como seria razoável esperar, tudo isto tem tendido a enfraquecer a fé de muitos indivíduos em vez de a fortalecer. A dissensão crescente dentro da organização, acrescida ao estridente chamar de nomes e represálias do corpo governante contra 'apóstatas' criou uma mentalidade de sítio entre os leais à Torre de Vigia, mas muitos outros reagiram com repugnância e afastamento. Durante a purga no Betel de Brooklyn na Primavera de 1980, parece a partir de vários relatos que mais de cinquenta trabalhadores da sede mundial das Testemunhas de Jeová saíram da organização. Desde então muitos milhares de Testemunhas de Jeová por todo o mundo desistiram abertamente da Sociedade Torre de Vigia, muitas vezes para formar associações independentes e grupos de estudo. Sem dúvida em resposta às medidas draconianas delineadas na Sentinela de 15 de Dezembro de 1981, muitos mais saíram ou estão a sair. No ano estatístico de 1983, como nos quatro anos anteriores, o número de publicadores Testemunhas aumentou em resultado da pressão implacável da sociedade para fazer proselitismo. Assim, para esse ano -- de Setembro de 1982 a Agosto de 1983 -- a sociedade afirmou ter um aumento mundial de publicadores de 6,8 porcento.102 Mas o que não foi dito ao mundo em geral é que no mês de Setembro de 1981, exactamente quando a sociedade anunciou as suas novas regras sobre evitar todos os que tinham sido expulsos ou que renunciaram à organização, houve um decréscimo de 8 porcento no número de publicadores Testemunhas de Jeová só nos Estados Unidos. Em números concretos, menos 47.318 Testemunhas americanas estavam activamente envolvidas em pregar aos seus vizinhos do que no mês anterior.103 Assim, mesmo para o mais optimista que é leal à Torre de Vigia, deve ser óbvio que há alguma coisa seriamente errada.

Não obstante, embora algumas ex-Testemunhas sugiram que a sociedade 'carregou no botão da auto-destruição', ainda há muita vida num movimento que passou por muitas vicissitudes. Além disso, se novos líderes finalmente se evidenciarem e atacarem os principais problemas que as Testemunhas de Jeová enfrentam, podem, enquanto comunidade, evoluir para algo muito diferente do que são hoje.


Apocalipse Adiado: A História das Testemunhas de Jeová (Toronto: University of Toronto Press, 1997, segunda edição) de M. James Penton (1932-), pp. 303-306.

Conclusão

M. James Penton


Nenhuma religião no mundo moderno demonstra o tremendo poder das ideias milenaristas de forma mais óbvia do que as Testemunhas de Jeová, mesmo no que tem sido frequentemente chamado 'era secular'. Esta religião mostra a predisposição de milhões de pessoas para confiar na autoridade profética de certos indivíduos ou de um grupo, mesmo apesar do facto de as suas profecias se terem revelado falsas vez após vez. Isso também indica como, usando uma escatologia baseada em datas, que tem prometido desde há muito tempo grandes recompensas -- tantos espirituais como materiais -- para a comunidade dos Estudantes da Bíblia/Testemunhas, homens como Charles Taze Russell, Joseph Franklin Rutherford e os seus sucessores passaram a deter uma influência quase 'Orwelliana' sobre essa comunidade.

Mas ainda tem de se fazer a pergunta: Como é que isto pode acontecer? Ao contrário de Tertuliano, as Testemunhas de Jeová não proclamam uma fé baseada no absurdo; elas são racionalistas par excellence. Claro que muitas Testemunhas comuns simplesmente desconhecem o fracasso das profecias apocalípticas feitas pela Watch Tower Society no passado e as muitas contradições lógicas que sempre estiveram presentes nos ensinos da Sociedade. Poucas têm idade suficiente ou estiveram associadas com as Testemunhas há tempo suficiente para estarem a par da sua história inicial, e não são encorajadas a examinar o assunto. Quanto às doutrinas, a menos que se faça um estudo concentrado delas, é difícil perceber mesmo um pequeno número de incongruências, paradoxos e distorções flagrantes da verdade histórica que têm estado e ainda estão presentes nelas. No entanto, a ignorância não é o único factor que mantém as Testemunhas de Jeová leais à Watch Tower Society. Tal como muitas seitas cristãs, as Testemunhas já há muito tempo que acham que só elas são o 'Israel espiritual', sucessores do Israel natural. Assim, embora as mais sofisticadas e bem informadas dentre elas estejam a par de muitos dos sérios problemas doutrinais e organizacionais criados, em última análise, pela escatologia baseada no estabelecimento de datas da sua organização, elas muitas vezes argumentam que embora os seus líderes possam ser 'iníquos', tal como muitos reis do antigo Israel e Judá, Deus está de algum modo a guiar e a dirigir a sua comunidade, a sua 'nação', para um propósito divino especial. Eles defendem que por fim Jeová limpará a sua organização e removerá aqueles que os governaram com severidade e injustiça. Tal como alguns dos trabalhadores do Betel de Brooklyn no Outono de 1979, eles esperam que 'o Rei Saul morra'. A este respeito, é instrutivo notar que enquanto alguns dos que foram classificados como 'apóstatas' pela Watch Tower Society deixaram voluntariamente as Testemunhas de Jeová, a esmagadora maioria foi afastada por importunação ou por excomunhão.

Porém, há outros factores que levam a maioria das Testemunhas a permanecer leais aos seus líderes e à Sociedade. Eles são, conforme Joseph Zygmunt indicou, um 'grupo de contraste' que vive em negação do mundo e que está espantosamente isolado psicologicamente das sociedades mais amplas nas quais vivem. Como consequência disso, a Testemunha média está tão preocupada com os males deste 'velho mundo moribundo' e com o seu envolvimento em fazer proselitismo aos seus vizinhos que normalmente tem pouco tempo ou desejo de examinar objectivamente a sua fé ou comunidade. Mesmo que ela desejasse fazê-lo, correria o perigo de ser disciplinada, 'marcada', ou desassociada e afastada da comunidade como sendo um apóstata. Assim, conforme a Watchtower de 1.º de Janeiro de 1984 diz, 'Testemunhas leais nem sequer "tocam" em tal apostasia.'1

Sem dúvida, também a perseguição externa, um senso geral de alienação do mundo e as críticas correntes dos chamados apóstatas criaram uma mentalidade de sítio entre as Testemunhas de Jeová. Em consequência disso, elas estão agora afligidas, como não ocorria anteriormente desde a Segunda Guerra Mundial, com um alto grau daquele tipo de paranóia milenarista descrita tão bem por Norman Cohn2 e discutida de forma tão completa por Richard Hofstadter no que agora quase se tornou uma interpretação histórica clássica -- o seu The Paranoid Style in American Politics [O Estilo Paranóico na Política Americana]. Tal como a direita política tanto na Grã-Bretanha como nos Estados Unidos e o actual regime fundamentalista muçulmano no Irão, os líderes das Testemunhas reduziram todos os assuntos 'a uma batalha entre a influência do Bem e do Mal', eles manifestam 'qualidades de exagero exaltado, suspeitas e fantasias conspiracionistas', e imitam a conduta passada ou presente de organizações como a Igreja de Roma ou o partido Comunista ao seguirem práticas inquisitoriais e ao realizarem purgas.3 Embora as suas atitudes e acções tenham causado muita turbulência no seio da comunidade das Testemunhas e alienação em relação a essa comunidade, eles têm conseguido reunir o apoio da maioria dos seus seguidores que agora 'se mantêm atarefados no serviço do reino'.

Isto não significa que eles não continuam a perder uma larga porção dos seus membros tanto para a 'apostasia' como para a 'impureza moral'. Isso continua a acontecer, e eles estão profundamente preocupados com isso.4 No entanto, enquanto eles converterem mais pessoas do que as que perdem e o número total de membros continuar a crescer, os seus líderes parecem estar determinados a manter o rumo que, em geral, têm seguido desde que o Juiz Rutherford criou 'a Teocracia' nas décadas de 1920 e 1930.5

Então, qual é a situação das Testemunhas de Jeová hoje? O movimento delas sofre de problemas internos significativos. Logo na década de 1960 elas começaram a sentir 'uma tensão insuportável nas estruturas de gestão da Watch Tower.'6 e desde então não tem havido desenvolvimentos satisfatórios que amenizem o que continua a ser um problema crescente. A liderança delas está envelhecida e parece muito incapaz de desenvolver novas ideias. De facto, desde 1978 eles tentaram, com grande sucesso, fazer as condições recuar para as que existiam na década de 1960 e em alguns casos até para as que existiam na era de Rutherford. Além disso, os ataques contínuos sobre os dissidentes e sobre os que violam a rigidez moral da Watch Tower causam tensões contínuas a nível congregacional e uma apreciável quantidade de publicidade desfavorável que a longo prazo poderá ter sérias consequências negativas para o movimento. Pessoas desassociadas estão-se a voltar cada vez mais para os tribunais seculares com processos contra anciãos locais, contra a Watch Tower Society, e contra o corpo governante das Testemunhas de Jeová;7 e se o movimento começasse a perder esses processos, os efeitos poderiam ser dispendiosos tanto em termos monetários como em prestígio. Ao mesmo tempo, alguns governos seculares estão a ficar cada vez mais preocupados com aquilo que vêem como sendo acções extremas de várias seitas e cultos religiosos (incluindo as Testemunhas de Jeová), e no Canadá o governo federal propôs recentemente legislação que, se tivesse sido aprovada, teria limitado o seu poder de excomungar.8

Conversamente, o movimento parece estar a conseguir alguns sucessos notáveis. A preocupação por causa do fracasso de 1975 agora parece estar largamente esquecida ou, entre os convertidos mais recentes, desconhecida. Assim, em 1984 as Testemunhas de Jeová tiveram uma taxa de crescimento de 7,1% no número de publicadores regulares (mensais) em relação ao ano 1983 e contaram um total de 7.416.974 pessoas na sua celebração anual (na Primavera) do Memorial da Ceia do Senhor. Embora a maior parte desse crescimento tenha ocorrido em sítios como o México, Japão, Brasil, e Itália, mesmo na Austrália, Grã-Bretanha, Canadá, e nos Estados Unidos houve aumentos impressionantes no número de novos convertidos.9

Como seria de esperar, estes sucessos são usados pela Watch Tower Society para afirmar que Jeová ainda está a abençoar as suas Testemunhas, e tudo está essencialmente bem com a sua organização. Consequentemente, mesmo algumas ex-Testemunhas como Raymond Franz esperam poucas mudanças ou reformas no movimento. Franz acredita que aqueles que sucederão à actual liderança da Watch Tower estão tão comprometidos com as actuais políticas como estes; e acha que eles conseguirão inventar uma nova doutrina que lhes permitirá abandonar o seu ensino que diz que o mundo tem de acabar antes que morra a geração que tinha idade suficiente para testemunhar os eventos de 1914.10

A curto prazo, Franz provavelmente tem razão. Mas qualquer afastamento da 'data-âncora' de 1914 certamente terá grandes repercussões, especialmente agora que ex-Testemunhas estão a fazer análises devastadoras sobre a prática da Watch Tower de estabelecer datas. Mais significativo, contudo, é o facto de que se o crescimento das Testemunhas continuar como no último ano ou dois, a actual organização hierárquica da Watch Tower tornar-se-á cada vez menos satisfatória em sentido administrativo. James Beckford reconheceu em 1977 que 'o enorme influxo de novas Testemunhas criou dificuldades organizacionais que requerem uma estrutura de relações de autoridade mais flexível e menos remota',11 e isto é mais verdadeiro hoje do que em 1977. Portanto, futuramente, quer gostem ou não, os líderes das Testemunhas podem ter de abandonar algum do seu controlo apertado sobre a comunidade das Testemunhas. Quando e se isso acontecer, mudanças de natureza importante seguir-se-ão quer elas queiram ou não, como ocorreu na Igreja de Roma depois do Concílio Ecuménico Vaticano Segundo.

Também é muito pouco provável que a Watch Tower Society consiga manter o alto nível de dedicação entre as Testemunhas fiéis durante qualquer período de tempo sem estabelecer outra data apocalíptica iminente como objectivo pelo qual se empenhar. Porém, fazer isso poderia ser muito perigoso. Por fim, é difícil acreditar que a Sociedade conseguirá continuar o seu actual sistema de coerção 'judicial', com todos os seus sérios efeitos pessoais, familiares, organizacionais, e sociais sem incorrer em custos que são demasiado altos e que não compensam. Por outras palavras, se a Sociedade for o objecto de muito litígio ou interferência governamental directa, terá de suavizar ou abolir as suas tácticas coercivas ou enfrentar sérias consequências legais de um tipo que não pode suportar.

Assim, embora seja sempre arriscado predizer o futuro, é razoável acreditar que embora a curto prazo as Testemunhas de Jeová manterão o seu estilo sectário adverso ao mundo, eventualmente serão obrigadas a fazer as pazes com o mundo que hoje elas gostariam tanto de ver destruído. Isto é, a menos que a Humanidade como um todo seja surpreendida por aquele grande apocalipse ou batalha do Armagedom que não apenas as Testemunhas de Jeová mas também muitos outros encaram como sendo uma possibilidade real durante os últimos dias do século XX.


Apocalipse Adiado: A História das Testemunhas de Jeová (Toronto: University of Toronto Press, 1997, segunda edição) de M. James Penton (1932-), pp. 307-336.

As Testemunhas de Jeová desde 1985: Um Posfácio

M. James Penton


Durante os anos que passaram desde que Apocalypse Delayed [Apocalipse Adiado] foi publicado pela primeira vez em 1985, o número de Testemunhas de Jeová aumentou significativamente. O trauma causado pelo desapontamento de 1975 parece estar praticamente esquecido dentro da comunidade actualmente; enquanto em 1986 havia um auge de 3.299.022 publicadores das Testemunhas e 8.160.597 presentes na celebração do Memorial, em 1995 esses números tinham aumentado para 5.199.895 publicadores e 13.147.201 presentes no Memorial.1

Os gráficos nas páginas seguintes mostram a média e o auge de publicadores das Testemunhas, o número de pessoas baptizadas como Testemunhas de Jeová e o número de pessoas presentes no Memorial em cada ano entre 1986 e 1995.

Se analisada isoladamente, esta informação indica que as Testemunhas de Jeová continuam a ser um movimento religioso dinâmico com um futuro brilhante. A Watch Tower Society afirma que Jeová tem abençoado o trabalho mundial de pregação das Testemunhas e aponta para o aumento como 'prova' dessa bênção. Eles alegram-se por as Testemunhas terem sido capazes de prosperar dramaticamente nas nações anteriormente comunistas da Europa de Leste e na maioria das repúblicas que anteriormente formavam a União Soviética. Além disso, a Sociedade expressa satisfação pelo grande aumento da comunidade das Testemunhas em países tais como o Brasil, o Japão e, sobretudo, o México. Em 1995 o Brasil tinha 416.638 publicadores, um rácio de 1 Testemunha para cada 380 brasileiros. Um total de 1.144.271 pessoas compareceram ao Memorial anual (na Primavera) das Testemunhas durante esse mesmo ano.2 Quanto ao Japão, as Testemunhas de Jeová parecem ser uma das poucas, se não a única, religião cristã ocidental que consegue um aumento significativo nesse país largamente budista/xintoísta. Em 1995 havia 1 publicador das Testemunhas para cada 603 japoneses -- um rácio muito superior ao de muitas nações não-cristãs. Também invulgares são certos factos sobre o movimento das Testemunhas japonesas: mais de 40% de todos os publicadores japoneses são evangelistas pioneiros, as taxas de crescimento no Japão continuam maiores do que na maioria dos países industrializados e as Testemunhas japonesas tendem a ser extremamente leais à sua fé e às instruções da Watch Tower Society que emanam de Brooklyn.3 É no México, contudo, que as Testemunhas conseguiram os ganhos mais espectaculares em anos recentes. Em 1986 havia

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Figura 1: Média e auge de publicadores, 1986-1995

198.003 publicadores na república e 838.467 assistiram à celebração do Memorial, mas em 1995 houve 443.640 publicadores e 1.492.500 estiveram presentes no Memorial. Tal crescimento tornou o rácio de publicadores das Testemunhas para a população total muito mais alto no México do que nos Estados Unidos. Em 1995 o rácio era 1 publicador para 206 pessoas no México, comparado com 1 publicador para 274 pessoas nos Estados Unidos.4

O tamanho crescente da comunidade das Testemunhas levou a um aumento no número de congregações, filiais e edifícios da Watch Tower. Adicionalmente, o corpo governante providenciou mais instrução para anciãos e servos ministeriais das Testemunhas nas Escolas do Ministério do Reino. Porém, talvez o resultado mais importante tenha sido o estabelecimento de Serviços de Informação Hospitalar (SIH), no modelo do sistema das comissões hospitalares que foram desenvolvidas pela primeira vez no Canadá na década de 1970. De 1988 em diante, os SIH começaram a treinar anciãos das Testemunhas nos Estados Unidos e noutros países para se tornarem membros das Comissões de Ligação com Hospitais [COLIH's], cujo objectivo é apoiar as Testemunhas na sua oposição a certos

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Figura 2: Número de baptizados, 1986-1995

tipos de terapia que envolve sangue, especialmente transfusões, e encorajar médicos e hospitais a respeitarem os desejos das Testemunhas individuais nesta matéria.5

As Comissões de Ligação com Hospitais têm sido indubitavelmente uma grande influência no decréscimo da oposição à posição das Testemunhas a respeito das terapias que envolvem sangue. Contudo, a preocupação pública acerca da transferência de SIDA, hepatite C e doença de Creutzfeldt-Jakob através de soro sanguíneo e de fracções do sangue, e alguns escândalos envolvendo a Cruz Vermelha e bancos de sangue em vários países, tiveram provavelmente um efeito mais importante. Embora as Testemunhas continuem a enfrentar objecções sérias das profissões médica e legal quando rejeitam transfusões para crianças menores e, em particular, bebés recém-nascidos, o 'assunto do sangue' já não parece ser um grande problema para as Testemunhas de Jeová no mundo de língua inglesa e em muitos países do terceiro mundo.

As Testemunhas de Jeová também tendem a sofrer menos perseguição do que no passado. Embora ainda estejam banidas nos poucos países comunistas que ainda restam no mundo, em muitos Estados islâmicos e em Singapura, é só neste último país

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Figura 3: Assistência ao Memorial, 1986-1995

que elas foram recentemente sujeitas a muita perseguição directa. Nesse país elas foram ilegalizadas por recusarem serviço militar e por uma falta de patriotismo geral, e têm sido detidas, colocadas na prisão e multadas por realizarem reuniões ilegais. O advogado canadiano das Testemunhas, Glen How, agiu recentemente em defesa delas na apelação dos seus casos para o supremo tribunal de Singapura; contudo, o juiz presidente ridicularizou-o abertamente nesses esforços e confirmou as sentenças originais contra os irmãos de How em Singapura.6 Deve-se enfatizar, contudo, que em comparação com os níveis de perseguição que as Testemunhas tiveram no passado, as suas dificuldades em Singapura e no resto do mundo são bastante reduzidas.

Porém, existe outro lado da situação, que a Watch Tower Society não anuncia. Em primeiro lugar, basta dizer que embora os aumentos numéricos das Testemunhas de Jeová nas repúblicas da ex-União Soviética, no Japão e na maior parte do terceiro mundo não-muçulmano sejam bastante altos, a taxa de crescimento nos países industrializados da Europa, da América do Norte e dos Antípodas tem diminuído apreciavelmente.7 Em segundo lugar, ainda há um grande número de indivíduos que são obrigados a sair do movimento ou que saem voluntariamente. Segundo as próprias estatísticas da Sociedade, aproximadamente 40.000 pessoas têm sido desassociadas anualmente da comunidade mundial das Testemunhas,8 e muitos outros milhares dissociaram-se formalmente das Testemunhas de Jeová ou isolaram-se simplesmente das suas congregações.9 Em terceiro lugar, e talvez mais significativo, a Sociedade está agora sob ataque de anteriores membros, num grau nunca antes visto, e tanto a doutrina da Watch Tower como o movimento das Testemunhas estão sendo estudados, avaliados e criticados como nunca antes. Assim, os líderes da Watch Tower e a comunidade das Testemunhas como um todo manifestam um sentimento cada vez maior de paranóia e de ódio aberto em relação aos 'apóstatas' e 'opositores'. Estes factores são discutidos adiante com mais detalhe.

A Tabela 5 (p. 312) mostra o crescimento das Testemunhas de Jeová entre 1986 e 1995 nos países largamente industrializados, ou 'primeiro mundo', da Europa ocidental e mediterrânea, Austrália, Canadá, Japão, Coreia do Sul, Nova Zelândia e Estados Unidos. Deve-se notar que os números para a Alemanha no ano 1985 não estão completos visto que não incluem estatísticas para o que era então a República Democrática Alemã (RDA, ou Alemanha de Leste). Com base no que foi relatado no Anuário das Testemunhas de Jeová de 1991 (p. 40), existiam 20.874 publicadores na RDA em 1990. Assim, boa parte do crescimento aparente na Alemanha durante a década 1986-1995 é atribuível à reunificação alemã em vez de a um aumento numérico real. O gráfico na página 313 compara o crescimento das Testemunhas nos países desenvolvidos com o crescimento mundial.

Mudanças nas Práticas e Doutrinas da Watch Tower

Apesar do facto de a comunidade das Testemunhas se estar a expandir rapidamente e estar actualmente a enfrentar menos antagonismo das autoridades seculares, de outras religiões e da profissão médica, do que nos tempos desde antes da Primeira Guerra Mundial, é óbvio para observadores cuidadosos que o corpo governante e as suas sociedade legais não estão a responder adequadamente aos problemas que o movimento enfrenta. É verdade que o corpo governante tem feito algumas mudanças organizacionais e doutrinais desde meados da década de 1980, mas estas têm sido largamente respostas a factores externos sobre os quais eles têm pouco controlo. A inabilidade em mudar de modos que, a longo prazo, serão necessários para a saúde e desenvolvimento da comunidade demonstra a aridez intelectual da liderança das Testemunhas.

Uma mudança que presentemente parece ter pouco significado ocorreu em 1992, quando o corpo governante designou um certo número de altos funcionários da sua confiança, da classe da 'grande multidão', para os assistirem em levar a cabo o governo das Testemunhas de Jeová, incluindo sentarem-se nas anteriormente exclusivas comissões administrativas do corpo governante.10

Tabela 5: Percentagem de aumento de publicadores nos países desenvolvidos, 1986-1995

Países ou filiais Média de publ.--1986 Média de publ.--1995 % de aumento
Alasca 1.868 2.146 15
Andorra 98 137 40
Austrália 42.998 59.474 38
Áustria 16.185 20.598 27
Bélgica 21.343 26.853 26
Grã-Bretanha 101.863 125.138 23
Canadá 84.343 109.168 29
Chipre 1.096 1.627 48
Dinamarca 14.796 15.604 5
Finlândia 15.533 18.906 22
França 89.785 123.408 37
Alemanha 116.152 165.746 43
Gibraltar 124 234 89
Grécia 22.815 25.764 13
Islândia 173 302 75
Irlanda 2.472 4.372 77
Itália 134.677 210.012 56
Japão 108.702 201.266 85
Coréia, Rep. da 41.751 78.782 89
Liechtenstein 43 60 40
Luxemburgo 1.246 1.796 44
Países Baixos 28.367 31.142 10
Nova Zelândia 9.165 12.573 37
Noruega 7.929 9.687 22
Portugal 29.617 43.633 47
Espanha 63.453 97.674 54
Suécia 20.350 23.792 17
Suíça 13.373 18.196 36
E.U. da América 710.344 912.002 28
Total 1.700.661 2.340.092 38

Conhecidos pelos nomes esotéricos de 'Netineus', 'filhos dos servos de Salomão', ou 'Dados', este corpo de indivíduos sem dúvida foi criado porque aqueles que agem como corpo governante estão a desaparecer gradualmente ou, com a excepção de um membro recentemente designado, têm idade avançada. Os Netineus podem eventualmente assumir papéis de liderança principais, o que poderia levar a reformas no interior do movimento das Testemunhas. Presentemente, porém, o corpo governante recusa-se a renunciar à sua autoridade. Existe igualmente outra barreira para uma maior autoridade dos Netineus -- nomeadamente, para que eles possam ganhar maior controlo sobre a Watch Tower Society e sobre as Testemunhas de Jeová, têm de ser feitas mudanças doutrinais. Esta barreira deve ser ultrapassável: se a história das Testemunhas

[Gráfico]
Figura 4: Percentagem de crescimento de publicadores nos países desenvolvidos e no mundo inteiro, 1986-1995

ensina alguma coisa, é que grandes mudanças doutrinais surgem em resposta às necessidades práticas das pessoas que controlam a organização. À medida que o actual corpo governante for morrendo, membros da classe dos Netineus podem substituir membros do chamado restante ungido nos cargos mais elevados do movimento das Testemunhas.

Outro factor que pode ter grande importância é o corpo governante ter suavizado a sua posição em relação à educação superior ou avançada. Conforme indicado anteriormente, historicamente o movimento Watch Tower tem-se oposto à educação superior, excepto em casos raros. Embora nunca tenha existido uma proibição absoluta contra o ingresso na Universidade, declarações negativas constantes nas publicações da Watch Tower e pressão psicológica de anciãos, de superintendentes de circuito e de membros de família fizeram com que muitas Testemunhas jovens não ingressassem em instituições de ensino superior. No entanto, ao longo dos anos algumas pessoas jovens deixaram o movimento das Testemunhas em vez de desistirem da oportunidade de seguir estudos universitários, com o resultado de as Testemunhas de Jeová perderem muitos dos seus membros mais brilhantes. Assim, em anos recentes a Watch Tower Society apercebeu-se lentamente que: (1) precisava de indivíduos altamente treinados, particularmente em áreas como a contabilidade, a ciência computacional e o direito, para levar a cabo as suas próprias actividades; e (2) em muitos países do mundo industrializado, a educação superior estava a tornar-se um pré-requisito essencial para empregos que oferecem remunerações adequadas para manter homens e mulheres jovens e suas famílias. A Sociedade também se apercebeu que muitos pioneiros estavam a desistir dos seus ministérios porque não conseguiam obter empregos decentes. The Watchtower [A Sentinela] de 1.º de Novembro de 1992 disse: 'Que situação se encontra hoje muitas vezes? Relatou-se que, em alguns países, muitos jovens bem-intencionados abandonaram a escola depois do período mínimo obrigatório, a fim de se tornarem pioneiros. Não tinham nenhum ofício, nem qualificações seculares. Os que não recebiam ajuda dos pais tiveram de achar um emprego por meio período. Alguns tiveram de aceitar trabalhos que exigiram deles trabalhar muitas horas para ganhar o suficiente para o sustento. Ficando fisicamente esgotados, desistiram do ministério de pioneiro. O que podem esses fazer para sustentarem a si mesmos e voltar ao serviço de pioneiro?' De forma muito relutante, a revista oficial disse ainda: '... quando pais e jovens cristãos, hoje em dia, depois de avaliar com cuidado e oração os prós e os contras, decidem a favor ou contra estudos depois da escola secundária, outros na congregação não devem criticá-los.'11

Isto não significa que a Sentinela estivesse a abandonar a sua aversão aberta pela educação superior; a sua mudança de posição era claramente pragmática e é acompanhada por uma declaração curiosa: 'Caso se façam cursos adicionais, o motivo certamente não deve ser o de se destacar em erudição ou de empenhar-se por uma prestigiosa carreira no mundo. Os cursos devem ser escolhidos com cuidado. Esta revista tem colocado ênfase nos perigos da educação superior, e isto é justificável, porque grande parte da educação superior se opõe ao "ensino salutar" da Bíblia. (Tito 2:1; 1 Timóteo 6:20, 21) Além disso, desde os anos 60, muitas escolas de ensino superior tornaram-se berços de iniqüidade e de imoralidade. "O escravo fiel e discreto" tem fortemente desestimulado ingressar em tal ambiente. (Mateus 24:12, 45) Deve-se admitir, porém, que os jovens, atualmente, se confrontam com esses mesmos perigos nas escolas secundárias e em escolas técnicas, e até mesmo no lugar de trabalho. -- 1 João 5:19.'12

Qualquer que tivesse sido o seu pensamento, o corpo governante das Testemunhas de Jeová, falando através da Sentinela, abriu o mundo da educação superior para a juventude das Testemunhas de Jeová e agora muitos estão a entrar nele. Consequentemente, isto pode levar a uma comunidade das Testemunhas de mente mais aberta e mais questionamento da estrutura de autoridade das Testemunhas. Mas seria errado ficar demasiado optimista sobre a probabilidade disso acontecer. A Watch Tower Society ainda enfatiza que a educação superior só deve ser seguida para se obter um razoável nível de vida; eles nunca sugerem que os cursos superiores ou universitários deviam ser seguidos para alargar o conhecimento geral dos estudantes sobre o universo em que vivem. De facto, parece que os líderes das Testemunhas -- tal como grandes segmentos das comunidades religiosas conservadoras e de negócios do mundo industrializado -- nunca ouviram falar do conceito de educação liberal. O mais provável é que, tal como acontece com outros grupos sectários, em particular os Mórmons, haverá uma tendência para as Testemunhas de Jeová mais jovens optarem por cursos em 'campos práticos' como computadores, contabilidade e gestão de empresas, que tendem a não ameaçar o seu sistema de crenças. É provável que poucos façam estudos em áreas como as humanidades, as ciências sociais ou as ciências biológicas, disciplinas que são muito ameaçadoras para a visão do mundo que as Testemunhas têm.

Mais recentemente a Watch Tower Society também adoptou uma atitude mais positiva em relação à educação e aos educadores do ensino elementar e secundário -- novamente devido a razões obviamente pragmáticas. Durante anos a brochura da Watch Tower Society School and Jehovah's Witnesses [A Escola e as Testemunhas de Jeová] tinha veiculado uma mensagem extrema para os professores e administradores das escolas a respeito das coisas que as crianças das Testemunhas não podiam fazer na escola. De facto, A Escola e as Testemunhas de Jeová era praticamente insultuosa sobre muitos programas escolares extracurriculares, e sobre estudantes não-Testemunhas, que eram rotulados de 'associações impróprias'.13 Porém, talvez mais significativo tenha sido o facto de pais não-Testemunhas e ex-Testemunhas terem começado a usar a brochura em casos de tribunal envolvendo custódia de crianças para provar que, se os seus filhos ficassem com os pais Testemunhas, seriam privados de uma educação normal e de vidas psicologicamente saudáveis.14 Assim, em 1995 a Watch Tower Society fez uma brochura muito menos inflamatória, intitulada Jehovah's Witnesses and Education [As Testemunhas de Jeová e a Educação]. Esta publicação, para distribuição junto dos professores e administradores, concluía com a seguinte declaração: 'As Testemunhas esforçam-se a encarar a vida de forma realística, de modo que dão muita importância à educação. Por isso desejam colaborar o máximo possível com os professores. As Testemunhas de Jeová, da sua parte, no lar e nos seus lugares de adoração, em todo o mundo, continuarão a incentivar os filhos a desempenharem o seu papel nesta colaboração produtiva.'15

Frederick W. Franz, o quarto presidente da Watch Tower Society, morreu em 22 de Dezembro de 1992,16 e o seu desaparecimento pareceu abrir a porta para pelo menos uma mudança doutrinal de grande importância. Franz era em muitos sentidos o último elo de autoridade com as eras de Russell e de Rutherford, e a última pessoa a ter algum impacto carismático na comunidade das Testemunhas como um todo.17 Como ele tinha guiado e desenvolvido a doutrina da Watch Tower desde o tempo do Juiz Rutherford até pouco tempo antes da sua morte, parece evidente que os outros membros do corpo governante estavam relutantes em fazer, antes de Franz falecer, quaisquer mudanças que não estivessem em harmonia com as suas ideias. O seu sobrinho, Raymond Franz, tinha tentado fazê-lo da maneira mais suave possível e fora expulso do corpo governante e das Testemunhas de Jeová em resultado disso. Mas, com a morte do quarto presidente da Watch Tower, sem dúvida ficou mais fácil fazer mudanças doutrinais.

Oito dias depois da morte de Frederick Franz, Milton G. Henschel sucedeu-lhe como presidente da Watch Tower Bible and Tract Society e de outras sociedades das Testemunhas de Jeová.18 Tal como Franz, Henschel também é um membro conservador do corpo governante, mas não tem aquela vivacidade pública que era tão característica de Russell, Rutherford e Franz. Embora ele seja um dos membros mais importantes do corpo governante, a sua posição como presidente da sociedade é mais honorária do que no caso dos anteriores presidentes da Watch Tower.19 Assim, tem sido possível ao corpo governante tratar um assunto doutrinal que se estava a tornar num sério embaraço para as Testemunhas de Jeová.

Durante anos a Watch Tower Society tinha proclamado que Cristo retornara invisivelmente em 1914 e a geração que presenciara esse ano veria o 'fim definitivo' do sistema de coisas. A seguir ao colapso de 1975, esta doutrina começou a ser cada vez mais um embaraço. O livro The Gentile Times Reconsidered [Os Tempos dos Gentios Reconsiderados], de Carl Olof Jonsson, levantou sérias questões sobre a assim chamada cronologia bíblica, da Sociedade, que é usada para apoiar a data 1914. A Sociedade desconsiderou em grande medida esse trabalho, desassociando Jonsson e ignorando os aspectos mais danosos trabalho dele numa área que é demasiado complexa para a Testemunha de Jeová média compreender. No entanto, à medida que os anos passavam e a geração de 1914 começou a morrer, tornou-se óbvio que, se o Armagedom fosse adiado outra vez, tinha de ser feita alguma coisa para evitar outra crise iminente nas datas estabelecidas pelas Testemunhas. Consequentemente, a partir da edição de 15 de Fevereiro de 1994 da revista The Watchtower [A Sentinela] a Sociedade começou a rever a sua escatologia.

Raymond Franz observa: 'Durante cerca de meio século, a Watchtower [Sentinela] ensinou e argumentou que a declaração de Jesus a respeito de "sinais no sol e na lua e nas estrelas, e na terra angústia de nações" se aplica de 1914 em diante. (Veja como apenas um de muitos exemplos, a Watchtower de 15 de Julho de 1946, página 217.) Agora, estes foram mudados para o futuro, para depois do início da vindoura "grande tribulação" e estes artigos atribuíram um período alargado a esta tribulação.' Baseando outros comentários num estudo não publicado, intitulado 'This Generation Shall Not Pass Away' [Esta Geração Não Passará], de Ray Mattera, de Wheaton, Illinois, Franz aponta para o facto de a Watch Tower agora defender que 'a selagem dos escolhidos', o remanescente dos 144.000, só ocorrerá no futuro e terá lugar durante a grande tribulação.20

Embora tipicamente difícil de perceber, mesmo para Testemunhas de Jeová leais, este novo ensino serviu como um pequeno prenúncio de eventos futuros e mostrou que a Watch Tower Society estava a dar maior ênfase a interpretações futuristas de profecias escatológicas do 'pequeno apocalipse' de Mateus 24, Marcos 13, Lucas 21 e Revelação. Na edição de 15 de Outubro de 1995 da The Watchtower [A Sentinela], a Sociedade decidiu que a separação das ovelhas dos cabritos, mencionada por Jesus em Mateus 25, não tinha estado a ocorrer desde que Jesus regressara invisivelmente em 1914 mas também ocorreria durante a futura grande tribulação. É claro que, de modo típico, The Watchtower [A Sentinela] afirmou que a grande tribulação ocorreria em breve, e as ovelhas e os cabritos (a Humanidade em geral) seriam então julgados com base no modo como tinham tratado o restante ungido das Testemunhas de Jeová.21 Mais uma vez, esta foi uma mudança de significado menor.

Em 1 de Novembro de 1995, a Sociedade atacou o seu maior problema escatológico imediato reinterpretando o significado do termo 'esta geração', usado por Jesus em Mateus 24:34. Conforme foi dito acima, a Watch Tower Society ensinava há muito tempo que aqueles que estavam vivos em 1914 veriam o fim do actual mundo ou sistema de coisas. Assim, 'esta geração' era compreendida como significando as pessoas vivendo contemporaneamente, neste caso com o grande evento da presença e entronização invisível de Cristo em 1914. Até uma semana depois de a Sociedade ter mudado a doutrina de 'esta geração', a revista Awake! [Despertai!] ainda estava a fazer esta proclamação sobre si mesma no seu editorial: 'Importantíssimo, é que esta revista gera confiança na promessa do Criador de uma Nova Ordem pacífica e segura antes que passe a geração que viu os acontecimentos de 1914.' Consequentemente, por causa desta doutrina antiga, as Testemunhas de Jeová tinham especulado vez após vez ao longo dos anos sobre a duração de uma geração bíblica. Na Watchtower [Sentinela] de 1.º de Novembro de 1995, porém, a Sociedade decidiu que era errado defender que o termo 'esta geração' podia ser fixado a uma data específica. A revista citou com aprovação a declaração do professor de história Robert Wohl em The Generation of 1914 [A Geração de 1914]: '"Uma geração histórica não é definida pelos seus limites cronológicos... Não é uma zona de datas."' [Tradução da edição inglesa] Depois afirmou que 'no cumprimento final da profecia de Jesus [em Mateus 24 e 25] hoje, "esta geração" aparentemente refere-se àquelas pessoas que vêem o sinal da presença de Cristo mas deixam de corrigir os seus caminhos.'22

O que isto significa é que a Watch Tower Society, agindo pelo corpo governante das Testemunhas de Jeová, criou uma situação através da qual pode continuar a argumentar que Cristo veio invisivelmente em 1914 e que o 'fim definitivo' está muito próximo, mas a Sociedade pode dizer, com algum equívoco, conforme se observa adiante, que já não prega nem sequer uma data aproximada para os eventos apocalípticos da grande tribulação. Por isso agora não é tão provável que as Testemunhas de Jeová sofram um desapontamento se o velho sistema de coisas não for finalmente destruído nem o milénio começar no ano 2000.

Uma mudança menos doutrinal mas importante na prática veio na edição de 1.º de Maio de 1996 da The Watchtower [A Sentinela]. Durante décadas a Sociedade tinha defendido que as Testemunhas de Jeová não devem realizar serviço cívico alternativo em substituição do recrutamento para as forças armadas de muitas nações onde esse recrutamento ainda existe. Em resultado disso, muitos milhares de homens comuns das Testemunhas e algumas mulheres sofreram encarceramento devido às suas crenças, em alguns casos durante muitos anos. Por outro lado, quando algumas Testemunhas individuais aceitaram designações de serviço cívico alternativo, foram tratadas como espiritualmente fracas e foram-lhes negados muitos privilégios nas suas congregações. Mas no artigo 'Paying Back Caesar's Things to Caesar' [Pagamos a César as Coisas de César], The Watchtower [A Sentinela] de 1.º de Maio de 1996 declarou que, se uma Testemunha de Jeová decidir realizar serviço cívico nacional, isso é um assunto de 'consciência pessoal'. Disse ainda: 'Essa é a sua decisão perante Jeová. Anciãos designados e outros devem respeitar completamente a consciência do irmão e continuar a encará-lo como um cristão de boa reputação.'23 [Tradução do inglês]

Os Efeitos das Mudanças Doutrinais da Torre de Vigia Sobre a Comunidade das Testemunhas

Em grande medida, a comunidade das Testemunhas respondeu às novas mudanças doutrinais com apatia. Alguns dos novos ensinos da Watchtower [Sentinela] são demasiado complexos para serem entendidos pela maioria das Testemunhas de Jeová, e muitas simplesmente não lhes prestam muita atenção, encarando-os como 'nova luz' do escravo fiel e discreto. Conforme James Beckford observou: 'O que é sociologicamente interessante sobre as testemunhas de Jeová é que elas sentem satisfação psicológica em perceberem um padrão coerente nas suas crenças apesar de possíveis inconsistências internas, e mesmo se notam inconsistências, elas podem então rejeitar a responsabilidade pessoal pelas suas próprias crenças na convicção segura de que alguém, em algum lugar na Sociedade Torre de Vigia, deve ser capaz de resolver o problema. Uma premissa implícita no argumento é normalmente que, se as inconsistências detectadas fossem reais, então as crenças não teriam ganho uma ampla popularidade.'24

Seria errado assumir que todas as Testemunhas de Jeová têm esta atitude. De cada vez que a Sociedade Torre de Vigia faz uma grande mudança doutrinal, e às vezes até uma pequena mudança, perde muitos aderentes, entre os quais estão frequentemente os mais inteligentes e por vezes as Testemunhas mais activas. Está-se a tornar cada vez mais evidente para essas pessoas que mesmo a escatologia milenar da Sociedade -- a força motriz por detrás do élan e crescimento da comunidade -- está feita de modo a manter a organização das Testemunhas sob o domínio do corpo governante. Conforme Ray Mattera comentou em privado: 'As Testemunhas de Jeová têm pouca teologia, cristologia e pneumatologia verdadeiramente sistemática. De facto, elas quase não têm de todo um sistema doutrinal consistente, excepto num aspecto: elas têm uma eclesiologia que enfatiza a lealdade à organização Torre de Vigia sobre tudo o resto.' Portanto, quando a Sociedade anunciou a sua nova doutrina sobre 'esta geração', em Novembro de 1995, muitos ministérios de ex-Testemunhas dirigidos a Testemunhas de Jeová receberam muitas chamadas telefónicas de publicadores comuns das Testemunhas, e até de muitos anciãos, pedindo ajuda espiritual.25 Mais recentemente, tem havido algumas saídas devido à mudança que foi feita a respeito do serviço cívico nacional. Muitos indivíduos que foram forçados a ir para a prisão em vez de fazerem o serviço cívico alternativo devido à legislação da Torre de Vigia interrogam-se por que tiveram de sofrer o encarceramento se agora não há nada de mal com esse serviço alternativo.

Atitudes e Políticas do Corpo Governante

No apêndice à última edição de Crisis of Conscience [Crise de Consciência], Raymond Franz indica que em muitos sentidos o corpo governante e a Sociedade Torre de Vigia tornaram-se mais, em vez de menos, conservadores desde que ele foi expulso da sede da Sociedade em Brooklyn em 1980.26 Além de desenvolverem uma linha muito mais dura no que diz respeito à ostracização de pessoas desassociadas e uma nova sentença que diz que pessoas que renunciam voluntariamente das Testemunhas de Jeová devem ser tratadas como se fossem desassociadas, em 1983 o corpo governante regressou à sua posição anterior segundo a qual as Testemunhas podiam ser desassociadas por praticarem sexo oral ou anal com os seus cônjuges.27 Depois, para lidar com a afirmação de muitos indivíduos que estavam a deixar a comunidade das Testemunhas, de que tinham feito a sua dedicação e baptismo a Jeová Deus e a Jesus Cristo em vez de a uma organização, a Sociedade mudou a natureza das perguntas feitas aos candidatos ao baptismo. Segundo a The Watchtower de 1.º de Agosto de 1970 (p. 465), as duas perguntas eram: (1) 'Reconhece que é um pecador que precisa da salvação de Jeová Deus? E reconheceu que esta salvação procede dele, e através do seu resgatador Jesus Cristo?'; e (2) 'Na base desta fé em Deus e na sua provisão para a redenção, dedicou-se a si mesmo sem reservas a Jeová Deus para fazer a sua vontade de agora em diante do modo como ela se revelar a si através de Jesus Cristo e através da Palavra de Deus conforme o espírito santo torna claro?' Contudo, na The Watchtower de 1.º de Junho de 1985 (p. 30), foram impressas em negrito as novas perguntas, como se segue: (1) 'Com base no sacrifício de Jesus Cristo, arrependeu-se dos seus pecados e dedicou-se a Jeová para fazer a sua vontade?'; e (2) 'Compreende que a sua dedicação e baptismo o identificam como uma das Testemunhas de Jeová em associação com a organização de Deus dirigida pelo espírito?' Finalmente, depois de vacilar muitas vezes sobre o assunto, a Sociedade decidiu outra vez que os habitantes das antigas cidades de Sodoma e Gomorra não terão uma ressurreição.28 Curiosamente, a Sociedade não está preparada para deixar esta decisão a Jeová.

A razão subjacente ao conservadorismo do corpo governante reside principalmente nas atitudes das pessoas que o compõem, muitas das quais foram escolhidas pelo seu 'longo serviço e dependência organizacional' em vez de serem escolhidas por terem alguma habilidade particular ou espiritualidade proeminente. Eles são como muitos dos velhos burocratas do partido que chegaram ao poder na União Soviética depois da morte de Estaline: leais ao passado, eles têm pouco ou nenhum desejo de mudar a natureza da doutrina ou governação básica das Testemunhas. Eles parecem contentes em esperar pela sua 'recompensa celestial', que acham estar muito perto. Com base no que Raymond Franz diz, em Julho de 1996 as idades dos membros do corpo governante eram as seguintes: Gerrit Loesch, que é o único membro acrescentado ao corpo governante em mais de uma década e meia, tem agora 55; Ted Jaracz, 71; Milton Henschel, 76; Dan Sydlik, 77; Lloyd Barry, 80; Jack Barr, 83; Albert Schroeder, 85; Lyman Swingle, 86; e Carey Barber e Karl Klein, 91.29 O que isto significa é que, mesmo contando com Loesch, a média de idades dos membros do corpo governante é 79,5 anos. Portanto, com a excepção de Loesch, os membros do corpo governante são a 'velha guarda' em todo o sentido desse termo. Além disso, os três membros mais influentes do Sinédrio das Testemunhas são Jaracz, Henschel e Barry, todos conhecidos pelo seu conservadorismo extremo e desejo de pressionar as Testemunhas a fazer o trabalho de pregação de porta em porta.

O conservadorismo do corpo governante é expresso de maneiras que podem ser descritas como mais do que apenas um pouco enganadoras. Por exemplo, durante muitos anos as Testemunhas de Jeová e os colportores dos Estudantes da Bíblia antes delas tinham 'colocado' ou 'vendido' literatura da Torre de Vigia de porta em porta, aos potenciais convertidos, por 'contribuições' monetárias fixas, incluindo taxas de assinatura para The Watchtower [A Sentinela] e as suas revistas acompanhantes -- The Golden Age [A Idade de Ouro], Consolation [Consolação] e Awake! [Despertai!] Durante o fim da década de 1980, porém, o Jimmy Swaggart Ministries [organização religiosa de um televangelista] foi para tribunal para tentar ter as suas publicações religiosas, pelas quais cobrava dinheiro, isentas dos impostos da Califórnia sobre as vendas.30 Apesar do seu antagonismo em relação a todas as outras religiões, a Sociedade Torre de Vigia apoiou o Jimmy Swaggart Ministries com um pedido de amicus curiae perante o Supremo Tribunal dos Estados Unidos. Mas quando o tribunal decidiu que a literatura religiosa estava sujeita a impostos, a Watch Tower mudou a sua política nos Estados unidos quase imediatamente, e em outros países mudou-a algum tempo depois. Conforme observou Comments from the Friends [Comentários dos Amigos], uma publicação de ex-Testemunhas de Stoughton, Massachusetts: 'Em 25 de Fevereiro [de 1990] uma carta da sede de Brooklyn foi lida em Salões do Reino por todos os Estados Unidos, anunciando uma grande mudança na política da Watchtower. Invertendo uma prática de 110 anos, já não seriam mais estabelecidos preços para os livros, revistas ou assinaturas. Numa carta posterior datada de 21 de Fevereiro, a Sociedade explicou a nova política deste modo: "Adoptando um método de distribuição de literatura baseado inteiramente em donativos, o povo de Jeová pode simplificar grandemente o nosso trabalho de educação bíblica e separar-nos daqueles que comercializam a religião."'31 O que isto significava era que, antes de deixarem os salões do reino, esperava-se que as Testemunhas 'contribuíssem o que desejassem' pela literatura que ofereceriam no seu ministério de porta em porta. É claro que a Sociedade fez sugestões através de anciãos locais quanto ao que os publicadores deviam 'desejar contribuir'. Assim, a Sociedade Torre de Vigia passou a responsabilidade de pagar pelas suas publicações do público em geral para as Testemunhas de Jeová.

Conforme o Brooklyn Heights Press reconheceu, a Sociedade tinha uma razão menos espiritualmente elevada para a sua nova política: ao oferecer a literatura gratuitamente ao público, evitava pagar impostos que podiam ascender a muitos milhões de dólares.32 Comments from the Friends observou que se tinha exigido que o Jimmy Swaggart Ministries pagasse 183.000 dólares em impostos sobre vendas de literatura no valor de 2 milhões de dólares. Portanto, se a Watch Tower Society tivesse de pagar uma importância proporcional pela venda dos seus livros, folhetos, brochuras e revistas colocados junto do público dos Estados Unidos só em 1989, teria de pagar 6,5 milhões de dólares em impostos sobre vendas.33

Um exemplo similar de cinismo da organização está relacionado com a mudança do estatuto da Sociedade no México. Apesar do facto de as Testemunhas de Jeová terem durante muitos anos completa liberdade religiosa nesse país sob a constituição de 1917, conforme foi observado anteriormente a Sociedade tinha escolhido ser registada como uma sociedade cultural. Isto significava que a Sociedade podia possuir directamente propriedades, em vez de apenas usá-las ao passo que eram possuídas pela república. No entanto, as Testemunhas de Jeová mexicanas foram forçadas a pagar um alto preço pelo estratagema da Sociedade. Os seus salões do reino eram chamados 'salões culturais' e as Testemunhas não podiam orar neles nem iniciar as suas reuniões com 'cânticos do reino'. Elas não podiam ir de porta em porta com a Bíblia, como faziam na maioria dos outros países democráticos. Depois de o México ter mudado a sua constituição no fim da década de 1980, em 1.º de Abril de 1989 as Testemunhas tornaram-se subitamente numa religião segundo a lei mexicana.34 Comentando este desenvolvimento, Raymond Franz diz:

Depois de quase meio século em que teve o estatuto de uma organização 'cultural' no México, a organização Watch Tower mudou finalmente esse estatuto para o de uma organização religiosa. A revista Watchtower [Sentinela] de 1.º de Janeiro de 1990 (página 7) anunciou que a 'mudança de estatuto' das Testemunhas de Jeová tinha ocorrido em 1989. A revista descreveu as Testemunhas mexicanas como podendo pela primeira vez usar a Bíblia ao irem de casa em casa, e pela primeira vez poderem iniciar as reuniões com oração.

A revista descreve como esta mudança foi 'emocionante' para as Testemunhas mexicanas e como isso lhes trouxe 'lágrimas de alegria'. A revista atribui um aumento imediato de mais de 17.000 'publicadores' a esta mudança.

O artigo não diz ao leitor absolutamente nada quanto a qual tinha sido o estatuto anterior, por que prevaleceu, ou como a mudança de estatuto surgiu. Qualquer pessoa que lesse o artigo assumiria que a mudança do estatuto, com os benefícios descritos, era algo que a organização sempre quis. Lendo o artigo, suporíamos que era o governo do México ou as suas leis que até essa altura tinham impedido as Testemunhas de orar nas reuniões ou de usar a Bíblia na sua actividade de porta em porta. A revista nunca diz ao leitor que a razão pela qual as Testemunhas mexicanas foram privadas destas coisas -- durante pelo menos meio século -- foi porque a sede da sua própria organização escolheu que isso fosse desse modo, optou voluntariamente em favor de outro estatuto. A revista não diz ao leitor que estas mudanças 'emocionantes' que trouxeram 'lágrimas de alegria' sempre tinham estado disponíveis, durante muitas décadas, requerendo apenas uma decisão organizacional de abandonar a sua pretensão de que a organização das Testemunhas no México não era uma organização religiosa e sim 'cultural'. A única razão porque as Testemunhas mexicanas não se tinham envolvido nestas coisas antes era porque a organização da sede os instruiu a não o fazer, para proteger o estatuto escolhido de organização 'cultural'. Estes são factos conhecidos por aqueles em posições de responsabilidade na organização mexicana das Testemunhas. Não são conhecidos pela vasta maioria das Testemunhas no exterior desse país e a Watchtower [Sentinela] de 1.º de Janeiro de 1990 manteve-os na escuridão sobre este assunto. Apresentou um imagem 'expurgada' da ocorrência, que era tão enganadora como a prática anterior a 1989, de fingir que eram algo diferente de uma organização religiosa, ao passo que sabiam muito bem que o eram.

Conforme mostra um artigo mais recente, na Awake! [Despertai!] de 22 de Julho de 1994, a disposição da organização Watch Tower abandonar o seu fingimento que já durava há décadas estava relacionada com as emendas à constituição mexicana que têm sido progressivamente adoptadas pelos corpos legislativos ali. Sob as novas emendas, as igrejas são mais uma vez autorizadas a possuir edifícios e propriedades. Isto é verdade não apenas no caso da Igreja Católica mas também no caso de todas as denominações.35

A Promoção Continuada de História Falsificada

Tal comportamento da parte do corpo governante demonstra que está primariamente interessado em manter a autoridade da organização Torre de Vigia por todos os meios, incluindo meios sinuosos, ao mesmo tempo que critica outros movimentos religiosos por terem falta de integridade moral. O mesmo vale para a história (se é que lhe podemos chamar história) incrivelmente distorcida que eles continuam a publicar para os fiéis das Testemunhas. Em 1993 a Watchtower Society of New York [Sociedade Torre de Vigia de Nova Iorque] e a International Bible Students Association [Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia] publicaram um livro de 750 páginas intitulado Jehovah's Witnesses: Proclaimers of God's Kingdom [Testemunhas de Jeová: Proclamadores do Reino de Deus]. Segundo o prefácio, 'Os redatores desta obra empenharam-se em ser objetivos e em apresentar uma história cândida.' Mas se eles 'empenharam-se em ser objetivos' -- o que é mais do que duvidoso -- falharam, e o livro Proclamadores está longe de ser 'cândido'.

Em primeiro lugar, está escrito num estilo que torna difícil reunir os vários eventos cronologicamente ou no contexto. Certas ocorrências são discutidas em sítios diferentes do livro em vez de o serem cronologicamente, e dessa forma muitos factos embaraçosos são branqueados. Em segundo lugar, o livro branqueia vários acontecimentos que a Sociedade ignorou durante muito tempo até terem sido trazidos à luz em Apocalypse Delayed [Apocalipse Adiado] e em outras publicações que não são da Torre de Vigia. Em terceiro lugar, várias personagens e acontecimentos historicamente importantes são completamente omitidos. Por exemplo, não há menção do ex-advogado da Torre de Vigia, Olin Moyle, nem do seu bem sucedido processo judicial contra o corpo de directores da Watch Tower Society of Pennsylvania e da Watchtower Society of New York, por estes o terem difamado, apesar do facto de o caso Moyle ter sido central para o estabelecimento das comissões de desassociação, ou judiciais, da Torre de Vigia. É ainda mais curioso que Raymond Franz nunca seja mencionado no livro quando é amplamente conhecido que ele desempenhou um papel central no desenvolvimento do actual corpo governante e foi membro desse grupo durante alguns anos. Talvez não seja tão surpreendente que o livro Proclamadores nunca mencione que dois membros do corpo governante -- Ewart Chitty e Leo Greenlees -- foram obrigados a sair desse concílio por práticas homossexuais continuadas mas nunca foram desassociados.36 Em quarto lugar, o livro Proclamadores repete várias falsidades flagrantes que se tornaram parte da mitologia da Torre de Vigia. O livro argumenta, tal como fizeram muitas publicações da Torre de Vigia no passado, que a razão pela qual o Juiz J. F. Rutherford despediu das suas funções quatro directores da Watch Tower Society em 1917 foi por eles se oporem à publicação do livro The Finished Mystery [O Mistério Consumado], que ele tinha autorizado pessoalmente. De facto, isso é completamente mentira, conforme é claramente mostrado pelas próprias declarações de Rutherford feitas em tribunal, sob juramento, em 1918.37 Igualmente mentirosa é a declaração feita na página 78 do livro Proclamadores. É feito o comentário de que depois de ter falhado a profecia da Sociedade que dizia que os antepassados fiéis de Jesus seriam ressuscitados e o mundo acabaria em 1925, '... a vasta maioria dos Estudantes da Bíblia permaneceu fiel' à Torre de Vigia.38 Ainda mais chocante, contudo, é o livro Proclamadores ainda ignorar o facto de o segundo presidente da Sociedade ter tentado fazer o movimento das Testemunhas cair nas boas graças de Adolf Hitler e dos Nazis em Junho de 1933.39

Não é só no livro Proclamadores que o corpo governante e a Sociedade têm sido desonestos. A revista Awake! [Despertai!] de 22 de Agosto de 1995 tinha na sua capa a pergunta 'O Holocausto: Quem Denunciou?' acima de uma nota que dizia que essa edição estava a ser publicada no '50.º Aniversário da Libertação dos Campos'. Dentro da própria revista, havia vários artigos curtos alegando que as Testemunhas de Jeová foram 'uma voz' que denunciou a opressão Nazi. No entanto, não é dita uma palavra sequer sobre a natureza anti-semita da Declaration of Facts [Declaração de Factos] de 1933, da Sociedade, nem sobre a sua carta aduladora enviada para Hitler ao mesmo tempo.40 Por outro lado, a Despertai! de 22 de Agosto de 1995 continuou a sua política que já dura há muito tempo de atacar outras igrejas pela sua colaboração com o governo de Hitler, e até imprimiu novamente várias imagens anti-católicas lúgubres retiradas das publicações da Torre de Vigia desse período do Terceiro Reich. Neste assunto, os líderes da Torre de Vigia comportam-se como Lord Frollo do filme de desenhos animados da Disney, The Hunchback of Notre Dame [O Corcunda de Notre-Dame] que, segundo o narrador do filme, 'via o mal em todo o lado menos em si mesmo'.

A revista The Watchtower [A Sentinela] de 1.º de Maio de 1996 também apresenta história falsificada similar. Com o objectivo de argumentar que a Sociedade desenvolveu um entendimento cada vez mais progressivo sobre quem eram as 'autoridades superiores' de Romanos 13, a revista faz várias declarações. Na página 13 diz o seguinte: 'Em 1904 o livro The New Creation [A Nova Criação] declarou que os verdadeiros cristãos "deviam estar entre os mais acatadores da lei na época actual -- não agitadores, nem altercadores, nem procurando defeitos." Isto foi entendido por alguns como significando uma submissão total aos poderes actuais, mesmo até ao ponto de aceitarem serviço nas forças armadas durante a Primeira Guerra Mundial.' [Tradução do inglês] Em seguida a revista descreve brevemente a doutrina de 1929 do Juiz Rutherford, segundo a qual Jeová Deus e Cristo Jesus eram as 'autoridades superiores' ou 'poderes superiores' de Romanos 13, em vez dos governos seculares -- uma doutrina que descrevia todas as instituições seculares deste mundo como sendo 'do diabo'. Finalmente, a revista discute o ensino de 1962 da Sociedade sobre as relações com os governos seculares, ao qual se refere como sendo uma doutrina de 'sujeição relativa'.41

Há muitas coisas erradas no artigo em questão. Em primeiro lugar, não existe evidência de que, durante a Primeira Guerra Mundial, os Estudantes da Bíblia acreditassem numa submissão total aos 'poderes actuais'. Houve uma questão sobre até que ponto eles deviam ser obedientes à autoridade secular, mas todos acreditavam no princípio da 'submissão relativa'. Em segundo lugar, a doutrina de Rutherford de 1929 é descrita como sendo de alguma forma positiva. Não existe a admissão de que essa doutrina foi exegese errada, apesar dos seus efeitos, ou de a própria Sociedade a ter ignorado posteriormente. The Watchtower [A Sentinela] declara: 'Olhando para trás, tem de ser dito que este ponto de vista, exaltando, como fez, a supremacia de Jeová e do seu Cristo, ajudou o povo de Deus a manter uma posição neutral sem compromissos através deste período difícil.'42 Em terceiro lugar, The Watchtower [A Sentinela] afirma que a sua doutrina mais recente sobre as 'autoridades superiores' surgiu depois de se completar a New World Translation of the Holy Scriptures [Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas], em 1961. Segundo eles, 'a sua preparação tinha requerido um estudo profundo da linguagem textual das Escrituras. Esta tradução exacta das palavras usadas não só em Romanos capítulo 13 mas também em passagens como Tito 3:2 e 1 Pedro 2:13, 17 tornou evidente que o termo "autoridades superiores" se referia, não à Autoridade Suprema, Jeová, e ao seu Filho, Jesus, mas em vez disso às autoridades governamentais humanas.'43 Mas este relato é completamente enganador. A New World Translation of the Christian Greek Scriptures [Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas Cristãs] tinha sido publicada em 1950, e essa edição continha todas as passagens relevantes discutidas acima. Portanto, se os exegetas da Sociedade tinham empreendido 'um estudo profundo da linguagem textual das Escrituras' a respeito deste assunto, foram incrivelmente lentos. Além disso, a Watch Tower Bible and Tract Society [Sociedade Torre de Vigia de Bíblia e Tratados], a Watchtower Bible and Tract Society Incorporated of New York [Sociedade Torre de Vigia de Bíblia e Tratados de Nova Iorque], a International Bible Students Association [Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia], e outras sociedades das Testemunhas continuaram legalmente como corpos incorporados sob governos 'satânicos'. As Testemunhas de Jeová também tinham estado a fazer há vários anos apelações a sistemas judiciais 'satânicos' em todo o mundo democrático. Por isso os líderes e advogados das Testemunhas teriam sido excepcionalmente obtusos se não se tivessem apercebido que, se os corpos legislativos e os tribunais fossem totalmente dominados pelo diabo, então não teriam estado a dar abrigo legal às várias sociedades das Testemunhas, nem teriam decidido casos de tribunal uns atrás dos outros a favor das Testemunhas de Jeová. Por essa razão, é perfeitamente evidente que a mudança doutrinal surgiu mais em resposta a circunstâncias externas do que por estudo abstracto, mas enquanto concílio governante humano da 'organização do Senhor', é difícil para o corpo governante das Testemunhas de Jeová admitir isso. Portanto, embora a actual doutrina sobre as 'autoridades superiores' seja explicada de forma mais concreta do que nos dias de Russell, é essencialmente a mesma que ele enunciou durante a Primeira Guerra Mundial. Porém, se o corpo governante dissesse isso, colocaria em perigo o ensino básico que os seus membros usam para impor mudanças doutrinais à comunidade das Testemunhas -- o conceito de revelação progressiva através do canal da organização de Deus.

O Crescente Estudo Crítico Sobre as Testemunhas de Jeová

Quase desde o início, o movimento dos Estudantes da Bíblia--Testemunhas tem tido críticos severos. No passado, as críticas ao movimento em geral eram feitas principalmente por razões doutrinais, pela sua atitude em relação às responsabilidades cívicas, ou por causa da questão das transfusões de sangue. Embora seja verdade que alguns dissidentes que saíram da Sociedade também censuraram a estrutura de autoridade e as inconsistências da teologia da Torre de Vigia, poucos deles tentaram levar as suas preocupações ao público em geral. A partir de 1980, tudo isso mudou.

Ao longo dos anos, a Sociedade Torre de Vigia tinha conseguido fazer sair muitas pessoas do movimento com pouco ou nenhum dano para si mesma. A única grande excepção foi Olin Moyle. Depois de o seu caso contra os directores da Sociedade ter terminado em 1944, os advogados da Torre de Vigia conseguiram criar uma situação na qual era praticamente impossível ganhar um processo judicial contra a Sociedade ou contra os seus funcionários por difamação, desassociação imprópria, ou disciplina administrada a pessoas consideradas dissidentes ou problemáticas. Quando a Sociedade e os seus lugar-tenentes começaram a tomar acções duras contra várias pessoas hábeis do meio das Testemunhas no fim da década de 1970 e início da década de 1980, desenvolveu-se uma situação inteiramente nova. Em vez de tentarem obter reparação das ofensas primariamente através do sistema legal, muitos destes indivíduos, a quem a Sociedade rotula de 'apóstatas', começaram a levar os seus casos à imprensa pública e aos meios noticiosos. Vários deles começaram a escrever e a publicar livros sobre as suas experiências e sobre as práticas e doutrinas das Testemunhas de Jeová. Alguns formaram uma variedade de ministérios direccionados a ajudar pessoas que deixavam o movimento. Foram realizadas várias conferências e congressos de ex-Testemunhas em toda a América do Norte e Europa, e noutras partes do mundo. Alguns dos ministérios de ex-Testemunhas começaram a publicar jornais [ou periódicos] e revistas. À medida que a Internet se tornou popular, foram formados vários grupos de discussão, e vários sites da Internet foram estabelecidos para avaliar criticamente cada aspecto das doutrinas e práticas das Testemunhas de Jeová. Comentando estes factos, Ray Mattera diz: 'No passado, os líderes das Testemunhas encorajavam a confrontação face-a-face com oponentes. Porém, o devastador criticismo desencadeado contra a Sociedade, especialmente desde 1980, não tem sido direccionado à sua negação de doutrinas como a Trindade ou o inferno de fogo, em vez disso tem sido direccionado ao coração do movimento: a sua eclesiologia. A história da Torre de Vigia, de especulação com base em datas, alteração e mudança de doutrinas, e a estratégia de ocultação de erros, tem sido exposta com o recurso à própria literatura da Torre de Vigia. O efeito é minar a autoridade dos líderes que, conforme argumentei, é o princípio central da religião das Testemunhas. O criticismo é de tal ordem, que os líderes das Testemunhas não têm conseguido responder adequadamente. Por essa razão, os representantes da Torre de Vigia passaram a dizer que a Bíblia proíbe a leitura de matéria "apóstata", isto é, anti-Testemunhas.'44

Embora aqueles que deixaram voluntariamente as Testemunhas ou que foram obrigados a fazê-lo através da desassociação sejam um grupo diversificado e variem desde indivíduos que agora são ateus até aqueles que ainda mantêm muitas das crenças das Testemunhas ou que se juntaram a outras religiões, muitos deles sentem extrema amargura para com o corpo governante, a Sociedade e aqueles que pertencem à congregação das Testemunhas. Em resultado disso, alguns dos ataques que essas pessoas fazem às Testemunhas de Jeová são mal formulados, e por vezes são bastante injustos. Contudo, boa parte do material recentemente publicado que foi elaborado por ex-Testemunhas está bem documentado e satisfaz os cânones da investigação sólida. Isto é particularmente verdade no caso dos trabalhos de Raymond Franz, Carl Olof Jonsson, Rud Persson, e Achille Aveta. O livro Crisis of Conscience [Crise de Consciência], de Franz, foi traduzido para várias línguas e foi actualizado recentemente. Franz também escreveu In Search of Christian Freedom [Em Busca de Liberdade Cristã] (Atlanta: Commentary Press, 1991), um trabalho importante e revelador. Um capítulo deste livro, sobre a posição das Testemunhas de Jeová relativamente ao tratamento médico que envolve sangue, foi traduzido para espanhol. Jonsson tem continuado a trabalhar na cronologia antiga do Médio Oriente e sua relação com o esquema escatológico das Testemunhas, escreveu um suplemento ao seu livro The Gentile Times Reconsidered [Os Tempos dos Gentios Reconsiderados] e está presentemente a actualizar esse trabalho. Em 1987 ele e Rud Persson, que nessa altura escrevia sob o pseudónimo Wolfgang Herbst, publicaram The Sign of the Last Days -- When? [O Sinal dos Últimos Dias -- Quando?] (Atlanta: Commentary Press, 1987), que é uma crítica histórica à posição indefensável das Testemunhas e de vários fundamentalistas, que dizem que as condições mundiais têm estado piores durante o século XX do que em qualquer outro tempo no passado. O trabalho mais importante de Aveta no seu idioma materno, o italiano, é I Testimoni di Geova: un'ideologia che logora [As Testemunhas de Jeová: Uma Ideologia Que Consome] (Roma: Edizioni Dehoniane, 1989). Em co-autoria com Sergio Pollina, ele também publicou I Testimoni di Geova e la politica: martiri o opportunisti? [As Testemunhas de Jeová e a Política: Mártires ou Oportunistas?] (Roma: Edizioni Dehoniane, 1990).

Outro livro de uma ex-Testemunha, publicado há pouco tempo pela Lutterworth Press of Cambridge, Inglaterra, que certamente devia ser classificado como um estudo académico, é Counting the Days to Armageddon: The History of Jehovah's Witnesses Doctrine of the Second Presence of Christ and the Kingdom of God [Contando os Dias Para o Armagedom: A História da Doutrina das Testemunhas de Jeová Sobre a Segunda Presença de Cristo e o Reino de Deus]. Esse livro apresenta em linhas gerais a influência de William Miller e de John Nelson Darby sobre Charles Taze Russell, demonstra a consistência da escatologia de Russell baseada em datas, apesar do seu fracasso, e mostra como a doutrina escatológica da Watch Tower pós-Russell é completamente inconsistente e cheia de contradições internas.

Embora vários autores que no passado foram Testemunhas, como Jerry Bergman, Duane Magnani, David Reed e Randy Watters tenham em geral sido mais polémicos nas suas críticas aos Estudantes da Bíblia/Testemunhas de Jeová, e os últimos três tenham afirmado que as Testemunhas de Jeová são uma seita que controla a mente dos adeptos, as investigações deles contribuíram muito para a compreensão da natureza histórica e contemporânea do movimento das Testemunhas. A bibliografia de Bergman, Jehovah's Witnesses and Kindred Groups [Testemunhas de Jeová e Grupos Aparentados] continua a ser um trabalho valioso, e o seu artigo recentemente publicado, 'Dealing with Jehovah's Witnesses Custody Cases' [Lidando com Casos de Custódia de Filhos de Testemunhas de Jeová], é uma grande contribuição para o estudo das lutas legais mais importantes das Testemunhas na actualidade.45 Várias das publicações de Reed também são importantes fontes de referência e históricas.46 O trabalho mais importante de Magnani tem sido coleccionar, copiar e reproduzir muitas publicações antigas da Torre de Vigia e também colocar algumas dessas publicações em CD-ROMs para computadores -- uma grande contribuição para quem estuda o movimento da Torre de Vigia.47 Watters publica The Free Minds Journal e tem escrito várias obras que são úteis para a compreensão do movimento contemporâneo das Testemunhas. A mais importante destas obras é Thus Saith the Governing Body [Assim Disse o Corpo Governante] (Manhattan Beach, CA: Impressão privada, 1996).48

Fundamental Freedoms and Jehovah's Witnesses [Liberdades Fundamentais e as Testemunhas de Jeová] (Calgary: University of Calgary Press, 1993), de Gary Botting, é um trabalho diferente. É um exame imparcial sobre as contribuições das Testemunhas para as liberdades civis no Canadá, e mostra claramente que uma ex-Testemunha de Jeová pode escrever coisas positivas acerca dos seus anteriores irmãos, contrariamente ao que diz a propaganda da Torre de Vigia.

Investigadores que nunca estiveram associados com as Testemunhas de Jeová também produziram muitos estudos sobre o movimento durante a última década, alguns dos quais têm sido muito significativos. Embora a maioria destes estudos tenham sido na área das relações entre a igreja e o Estado, nem todos foram nessa área. Entre os escritos em inglês estão Crisis of Allegiance: A Study of Dissent Among Jehovah's Witnesses [Crise de Lealdade: Um Estudo da Dissensão Entre as Testemunhas de Jeová] (Burlington, ON: Welsh, 1986) de James A. Beverley; Jehovah's Witnesses: The Millenarian World of the Watch Tower [Testemunhas de Jeová: O Mundo Milenarista da Torre de Vigia] (Nova Iorque e Londres: Garland, 1992) de Melvin D. Curry; State and Salvation: The Jehovah's Witnesses and Their Fight for Civil Rights [O Estado e a Salvação: As Testemunhas de Jeová e a Sua Luta Pelos Direitos Civis] (Toronto: University of Toronto Press, 1989) de William Kaplan; e Armed with the Constitution: Jehovah's Witnesses in Alabama and the U. S. Supreme Court, 1939-1946 [Armados com a Constituição: Testemunhas de Jeová no Alabama e no Supremo Tribunal dos Estados Unidos, 1939-1946] (Tuscaloosa e Londres: University of Alabama Press, 1995) de Merlin Owen Newton. Crisis of Allegiance [Crise de Lealdade], de Beverley, descreve em detalhe a separação de mais de oitenta pessoas de Lethbridge, Alberta, Canadá, das Testemunhas de Jeová em 1980 e 1981. Esse livro descreve com imparcialidade como a Sociedade Torre de Vigia age numa situação dessas, e como as ex-Testemunhas de Alberta contra-atacaram. Curry desenvolve uma tese sociológica interessante em oposição a James Beckford e Rosabeth Moss Kanter, na qual defende que é o milenarismo, e não a manutenção organizacional, o aspecto central da estrutura organizacional das Testemunhas. O estudo de Kaplan apresenta uma avaliação detalhada da perseguição das Testemunhas de Jeová no Canadá e é particularmente forte no seu relato do assunto da saudação à bandeira. Armed with the Constitution [Armados com a Constituição], de Newton, é um olhar simpático sobre o contexto de dois casos importantes que se originaram no Alabama, envolvendo Testemunhas no Supremo Tribunal dos Estados Unidos.

Trabalhos escritos em outras línguas, importantes para o estudo das Testemunhas, incluem Les Témoins de Jéhovah: Un Siècle d'histoire [As Testemunhas de Jeová: Um Século de História] (Paris: Desclée de Brouwer, 1987) de Bernard Blandre; Les Transactions politiques des croyants: Charismatiques et Témoins de Jéhovah dans le Québec des années 1970 et 1980 [As Relações Políticas dos Crentes: Carismáticos e Testemunhas de Jeová no Québec das décadas 1970 e 1980] (Otava: Les Presses de l'Universite d'Ottawa, 1993) de Pauline Côté; Zwischen Widerstand und Martyrium: Die Zeugen Jehovas im 'Dritten Reich' [Entre a Resistência e o Martírio: As Testemunhas de Jeová no 'Terceiro Reich'] (Munique: R. Oldenbourg Verlag, 1993) de Detlef Garbe; e Falschspieler Gottes: Die Wahrheit über Jehovas Zeugen [A Religião Falsa: A Verdade Sobre as Testemunhas de Jeová] (Hamburgo e Zurique: Rasch und Rohring Verlag, 1985) de Rolf Nobel. O estudo de Blandre é uma análise da história das Testemunhas durante o século XX. O trabalho de Côté é um interessante estudo sociológico sobre as Testemunhas de Jeová e sobre os Cristãos Carismáticos no Québec. Contrasta a conformidade de grupo das Testemunhas com o individualismo dos Carismáticos. O livro de Detlef Garbe é uma revisão da sua tese de doutoramento na University of Hamburg e talvez seja o melhor relato até à data acerca das Testemunhas de Jeová sob o Terceiro Reich. Garbe apresenta uma análise cuidadosa do número de Testemunhas que morreram, seja qual for a causa, às mãos do Estado Nazi. Ele acha, com base em evidência solidamente apresentada, que em vez de 2.000, número tradicionalmente apresentado, apenas morreram cerca de 1.100 ou 1.200 Testemunhas.49 O estudo de Nobel é extremamente importante devido à quantidade de informação que contém. Embora o livro seja bastante polémico, conforme o título indica, e Nobel, um jornalista disfarçado, se tenha feito passar falsamente por uma pessoa interessada em tornar-se Testemunha quando estudou com elas, Falschspieler Gottes revela alguns factos importantes sobre as Testemunhas de Jeová na Europa da Segunda Guerra Mundial. Entre outra informação que não é do conhecimento geral no mundo de língua inglesa e que Nobel revela, está o facto de Erich Frost -- superintendente da filial da Watch Tower na Alemanha Ocidental depois da Segunda Guerra Mundial, durante muitos anos -- ter traído alguns dos seus irmãos à Gestapo durante o período Nazi50 e a Sociedade das Testemunhas de Jeová na Suíça ter publicado uma declaração na edição alemã da revista Consolation [Consolação] dizendo que as Testemunhas não viam nada de errado em realizar o serviço militar e que muitas tinham feito isso.51

Uma coisa que é notável em todos estes trabalhos 'não-apóstatas' e em muitos outros é que eles citam e mencionam repetidamente os trabalhos de investigadores ex-Testemunhas. Contrariamente ao que acontecia no passado, até mesmo autores evangélicos começaram a dar mais atenção a vários trabalhos de ex-Testemunhas, independentemente das orientações religiosas dos seus autores, e estão a obter gradualmente uma compreensão mais sofisticada do movimento das Testemunhas. Isto é particularmente verdade no caso de alguém como Ruth A. Tucker, cujo capítulo acerca das Testemunhas de Jeová no seu livro Another Gospel: Cults, Alternative Religions and the New Age Movement [Outro Evangelho: Seitas, Religiões Alternativas e o Movimento da Nova Era] (Grand Rapids: Zondervan, 1989) é muito superior à maioria dos outros livros e artigos produzidos por críticos católicos ou protestantes do movimento da Torre de Vigia. Por isso, agora é quase impossível as Testemunhas de Jeová lerem uma publicação que não é da Torre de Vigia, ou até mesmo artigos em enciclopédias sobre elas, sem se depararem com os nomes e trabalhos de pessoas a quem a Sociedade Torre de Vigia chama 'apóstatas'.

A Resposta da Torre de Vigia aos 'Apóstatas'

A Sociedade Torre de Vigia tem-se tornado histérica nos seus ataques aos 'apóstatas'. Na última versão do CD-ROM Watchtower Library, da Sociedade, que inclui muitas das publicações do movimento desde 1950 até ao presente, existem 575 referências a 'apóstatas', a maioria das quais se encontram em publicações imprimidas depois de 1980. É perfeitamente evidente que os líderes das Testemunhas têm um medo extremo do efeito que podem ter, e estão de facto a ter, ex-membros críticos sobre a comunidade das Testemunhas. Em resultado disso, a Sociedade fez tudo o que era possível para isolar as Testemunhas de Jeová dos 'apóstatas'. Em vez de tentar refutar as alegações que ex-Testemunhas fizeram contra as doutrinas e práticas da Torre de Vigia, a Sociedade desencadeou uma campanha de ódio contra elas.

Citações da Watchtower [Sentinela] ilustram isto claramente. Num artigo intitulado '"Esquadrinha-me, ó Deus"', a Watchtower [Sentinela] de 1.º de Outubro de 1993 (p. 19) diz:

Sobre estes [pessoas que odeiam Jeová], o salmista disse: "Acaso não odeio os que te odeiam intensamente, ó Jeová, e não tenho aversão aos que se revoltam contra ti? Odeio-os com ódio consumado. Tornaram-se para mim verdadeiros inimigos." (Salmo 139:21, 22) Foi por odiarem intensamente a Jeová que Davi os encarava com repugnância. Os apóstatas estão incluídos entre os que mostram seu ódio por Jeová por se revoltarem contra ele. A apostasia é, na realidade, uma rebelião contra Jeová. Alguns apóstatas professam conhecer e servir a Deus, mas rejeitam ensinos ou requisitos delineados na Sua Palavra. Outros afirmam crer na Bíblia, mas rejeitam a organização de Jeová e tentam ativamente obstaculizar a sua obra. Quando eles deliberadamente escolhem tal maldade depois de conhecerem o que é correto, quando o mal se torna tão entranhado que se torna parte inseparável de sua constituição, o cristão precisa odiar (no sentido bíblico da palavra) os que se agarraram inseparavelmente à maldade. Os cristãos verdadeiros compartilham dos sentimentos de Jeová para com tais apóstatas; não são curiosos a respeito das idéias dos apóstatas. Ao contrário, 'sentem aversão' para com os que se fazem inimigos de Deus, mas deixam que Jeová execute a vingança. -- Jó 13:16; Romanos 12:19; 2 João 9, 10.

No artigo 'À Mesa de Quem Se Está Alimentando?', a Watchtower [Sentinela] de 1.º de Julho de 1994 (pp. 11 e 12) declara: 'O alimento na mesa dos demônios é venenoso. Por exemplo, considere o alimento fornecido pela classe do escravo mau e pelos apóstatas. Não é nutritivo nem edificante; não é sadio. Não pode ser, porque os apóstatas deixaram de se alimentar à mesa de Jeová. Em resultado disso, desapareceu tudo o que possam ter desenvolvido como nova personalidade. Não é o espírito santo que os motiva, mas uma amargura mordaz. Estão obcecados por um único objetivo: espancar seus anteriores co-escravos, conforme Jesus predisse. -- Mateus 24:48, 49.' Depois de citarem C. T. Russell dizendo que aqueles que se tinham afastado dele e da Sociedade Torre de Vigia em resultado no Cisma do Novo Pacto pareciam estar 'contaminados com demência, com hidrofobia satânica', a revista proclamou:

Sim, os apóstatas divulgam publicações que recorrem a distorções, meias-verdades e rematadas falsidades. Até mesmo fazem piquetes em congressos das Testemunhas, tentando enlaçar os incautos. Por isso, seria perigoso deixar que a nossa curiosidade nos induzisse a nos alimentarmos com escritos assim ou a escutarmos seus ultrajes! Embora talvez não consideremos isso um risco para nós mesmos, o perigo continua. Por quê? Em primeiro lugar, algumas das publicações dos apóstatas apresentam falsidades por meio de "conversa suave" e "palavras simuladas". (Romanos 16:17, 18; 2 Pedro 2:3) Não é isso o que esperaria receber na mesa dos demônios? E embora os apóstatas talvez apresentem também certos fatos, usualmente os tiram do contexto, com o objetivo de desviar outros da mesa de Jeová. Todos os seus escritos simplesmente criticam e rebaixam! Nada é edificante.

Jesus disse: "Pelos seus frutos os reconhecereis." (Mateus 7:16) Então, quais são os frutos dos apóstatas e das suas publicações? Há quatro coisas que distinguem a sua propaganda. (1) Esperteza. Efésios 4:14 diz que eles usam de "astúcia em maquinar o erro". (2) Inteligência arrogante. (3) Falta de amor. (4) Diversas formas de desonestidade. Estes são justamente os mesmos ingredientes do alimento existente na mesa dos demônios, todos destinados a minar a fé do povo de Jeová.

Diatribes deste género nunca são fundamentadas com exemplos concretos, e a Sociedade nunca tenta contrariar as afirmações dos 'apóstatas' com argumentação directa. No passado, a Sociedade Torre de Vigia pediu às pessoas que não são Testemunhas e, por extensão, às Testemunhas de Jeová, que examinassem a sua religião livremente. Por exemplo, em 1968 o livro principal da Sociedade para potenciais convertidos, The Truth that Leads to Eternal Life [A Verdade Que Conduz à Vida Eterna] declarou na página 13: 'Precisamos examinar não só o que nós mesmos cremos, mas também o que é ensinado pela organização religiosa com que talvez nos associemos. Estão os seus ensinos em plena harmonia com a Palavra de Deus ou baseiam-se em tradições de homens? Se amarmos a verdade, não precisamos temer tal exame.' Evidentemente, isso já não é verdade hoje: as Testemunhas de Jeová agora precisam de ter medo do que os 'apóstatas' dizem e escrevem.

Com o objectivo de manter as Testemunhas afastadas dos 'apóstatas' e dos 'ensinos apóstatas', a Sociedade continua a tomar outras medidas. Ela não abrandou a sua campanha para desassociar toda e qualquer pessoa que mostre sinais de dissidência, e quando indivíduos são trazidos perante comissões judicativas das Testemunhas, fazem-lhes quase invariavelmente a pergunta: 'Aceita a Sociedade Torre de Vigia como o canal de comunicação de Deus com os cristãos fiéis?', ou algo similar. A menos que a pessoa responda a essa pergunta sem reservas, ele ou ela sofrerá quase automaticamente a excomunhão e ostracização, o que por vezes resulta em trauma pessoal, alienação da família, divórcio, colapso emocional, perda do emprego, e até suicídio. Conhecendo as possíveis consequências legais de tais desassociações, a Sociedade tem tentado distanciar-se de quaisquer eventuais processos judiciais, fazendo com que os anciãos das congregações locais os enfrentem se eles surgirem. Numa carta pessoal que me enviou em Junho de 1996, um ex-ancião que deseja continuar anónimo para evitar ser expulso da comunidade das Testemunhas, diz:

A Sociedade só faz as regras que os anciãos têm de seguir e mantém os registos. A Sociedade tem sido muito cuidadosa para não se envolver demasiado em casos individuais. Em várias ocasiões quando eu era ancião, nós contactámos a Sociedade em casos judicativos. Nem sequer uma vez recebemos o que eu consideraria um resposta directa. Eles indicavam alguns textos que se aplicavam vagamente e depois diziam-nos para tomarmos a decisão.

Isto foi enfatizado na última Escola do Ministério do Reino para anciãos que foi realizada há um ano... Foi ordenado aos anciãos que escrevessem isto no seu livro 'Pay Attention' [Prestai Atenção]. Foi repetido duas vezes para se certificarem de que toda a gente tinha compreendido palavra por palavra. Os formulários S-77 e S-79 são os formulários que os anciãos usam para relatar uma desassociação à Sociedade.

Seis expressões que não devem ser usadas nos formulários S-77 e S-79: (1) Qualquer coisa que faça alusão a, ou mencione o nome de um dos advogados da Sociedade, (2) qualquer menção do Departamento Legal [da Sociedade Torre de Vigia], (3) quaisquer comentários que se refiram a uma orientação recebida da Sociedade, (4) quaisquer comentários que mencionem alguém, além da própria comissão, como possível influência sobre a decisão a que se chegou, (5) qualquer comentário que sugira à alguém com olhos críticos que a comissão não chegou sozinha a sua decisão, mas que, em vez disso, de alguma forma cedeu a influência de alguém de fora, e (6) quaisquer comentários que indiquem que os anciãos cuidaram erroneamente do caso ou cometeram qualquer erro na investigação ou no processo da comissão judicativa.'

Como os contactos familiares são frequentemente o meio mais importante através do qual as Testemunhas de Jeová recebem o que a Sociedade considera ideias apóstatas, a proibição contra [contactos com] familiares desassociados ou 'dissociados' tem sido mantida em vigor, pelo menos publicamente. A Sociedade ainda declara que não deve haver qualquer relacionamento [ou confraternização] espiritual com tais pessoas, e a maioria das Testemunhas ainda são levadas a acreditar que devem evitar os seus familiares, incluindo pais e filhos adultos. Embora o manual da Escola do Ministério do Reino para anciãos designados da Sociedade Torre de Vigia, 'Pay Attention to Yourselves and to All the Flock' [Prestai Atenção a Vós Mesmos e a Todo o Rebanho], que foi publicado em 1991, indique que normalmente uma Testemunha de Jeová não deve ser desassociada por se associar com um familiar desassociado a menos que ele ou ela tenha associação [ou confraternização] espiritual com esse familiar ou justifique ou tente desculpar o seu modo de proceder,52 a maioria das Testemunhas de Jeová não sabem isto. O livro Rebanho, que dedica mais de setenta páginas àquilo que na prática é o cânon de leis da Sociedade e que avisa que os apóstatas podem contaminar a congregação como gangrena, tem um aviso severo impresso na página de título inicial dizendo que o livro pertence à congregação e tem de ser devolvido à comissão de serviço da congregação quando a pessoa deixa de servir como ancião. Não se podem fazer cópias de qualquer parte do livro. Por isso muitas Testemunhas de Jeová, não estando por dentro dos 'assuntos dos anciãos', não sabem que se podem associar com familiares, pelo menos numa base familiar regular.

Foram tomadas outras acções para combater a avaliação e criticismo constante do registo e práticas da Torre de Vigia. A Sociedade tem aconselhado as Testemunhas a recusarem convites para ir à rádio ou à televisão quando surge qualquer assunto controverso que envolve a sua fé.53 A Sociedade tem reduzido a publicidade sobre os congressos e outras actividades.54 Tem avisado as Testemunhas para não lerem publicações escritas por 'apóstatas',55 em tem-lhes pedido para evitarem sites da Internet e grupos de chat [conversa on-line] que são negativos para com a mensagem da Torre de Vigia.56 A Sociedade também se tem mostrado disposta a fazer ataques pessoais aos seus críticos57 e a interferir com o trabalho académico de ex-Testemunhas.58

Infelizmente para a Sociedade Torre de Vigia, as suas actividades anti-apóstatas muitas vezes têm o efeito contrário ao pretendido. As Testemunhas de Jeová e a própria Sociedade defrontam-se com uma incidência crescente de litígios. Nos Estados Unidos, no Canadá e em vários outros países, tem aumentado muito o número de casos de custódia de crianças envolvendo casais em que um dos cônjuges é Testemunha de Jeová e o outro não, ou é uma ex-Testemunha,59 muitas vezes com resultados negativos para as Testemunhas. Mais séria tem sido a acção legal tomada contra a Sociedade por um certo número de indivíduos que anteriormente trabalharam nos escritórios e na tipografia alemã da Torre de Vigia. Durante anos a Sociedade não pagou qualquer tipo de impostos para fundos de aposentação relativos aos seus trabalhadores Testemunhas, com base no argumento de que eles não precisariam de aposentação depois do Armagedom. Em consequência da acção judicial dos seus ex-trabalhadores, a filial alemã da Torre de Vigia agora tem de pagar impostos relativos a serviços prestados no passado, e também tem de pagar para fundos de pensões dos que actualmente são seus trabalhadores, a um custo considerável.60 Além disso, certos governos democráticos começaram a examinar, frequentemente com algum antagonismo, as actividades da Sociedade no que diz respeito ao tratamento que é dispensado aos ex-membros. Isto tem acontecido particularmente no Canadá61 e na Dinamarca.62

O facto de as Testemunhas de Jeová serem rotuladas como seita por vários 'ministérios' também está a ter impacto. Embora as Testemunhas estejam suficientemente bem estabelecidas para serem grandemente afectadas por essa propaganda na América do Norte, Europa, Austrália e Nova Zelândia, a situação é diferente num país como o Japão. Recentemente tem havido relatos na Internet sobre a desprogramação forçada de convertidos das Testemunhas nesse país, geralmente por ordem de membros da família.

Por fim, à medida que as Testemunhas se expandem no chamado mundo em vias de desenvolvimento a uma taxa muito mais rápida do que nas nações industrializadas, a Torre de Vigia pode muito bem começar a sentir problemas financeiros. A maior parte do dinheiro que a Sociedade usa para financiar o seu império editorial vem do mundo desenvolvido, e se o crescimento na Europa e na América do Norte continuar a abrandar, como tem acontecido em anos recentes, a Sociedade terá de pressionar mais fortemente para obter os fundos necessários para prosseguir as suas actividades. A Sociedade já começou a agir mais e mais como outras religiões ao solicitar fundos aos seus aderentes apesar do facto de, ao fazer isso, estar a violar uma tradição de longa data dos Estudantes da Bíblia/Testemunhas de Jeová.

O Futuro das Testemunhas de Jeová

Qual é o significado de tudo isto para as Testemunhas de Jeová e o que o futuro lhes parece reservar? É difícil acreditar que eles mudarão dramaticamente a curto prazo, embora já tenham acontecido coisas mais estranhas. Em muitos sentidos eles são como a Igreja Católica antes do Concílio Ecuménico Vaticano II, ou a União Soviética antes da era Gorbachev. Tal como essas duas entidades, as Testemunhas são governadas por uma hierarquia centralizada que está comprometida com as políticas tradicionais do movimento. Falando da liderança das Testemunhas, Raymond Franz diz:

Se o passado serve de indicação, a direcção tomada por aqueles membros mais influentes seguirá uma linha conservadora, resistindo a qualquer caminho ou recomendação que não sustente ou promova os ensinos, métodos e políticas tradicionais agora em vigor. O que tem sido publicado e feito nos últimos anos não dá qualquer base para esperar o tipo de 'reforma' que alguns acham que tem de acontecer. É verdade que apenas um membro do Corpo Governante (Gerrit Loesch, recentemente designado) tem menos de 70 anos, e as idades dos outros variam entre 70 e 90 anos. Contudo, novos substitutos precisam de ter a aprovação dos restantes membros e, em particular, dos que têm uma influência dominante. Não há dúvida de que se está a tornar cada vez mais difícil encontrar candidatos 'apropriados' para ser membros do Corpo, devido ao cada vez menor número de homens 'ungidos'. No futuro isto pode obrigar o Corpo Governante a abandonar o requisito fundamental de a admissão de novos membros estar aberta apenas para os da classe dos ungidos. Isso seria difícil de harmonizar com a sua doutrina sobre o estatuto privilegiado da 'classe do escravo fiel e discreto', e pode ser adiado tanto quanto possível. Eles podem ser ajudados pelo facto de, periodicamente, membros mais jovens da organização decidirem que são 'dos ungidos' e assim tornarem-se candidatos potenciais para membros do Corpo.63

Franz também está pessimista sobre a possibilidade de grandes 'reformas' no interior da comunidade das Testemunhas em resultado de mudanças no topo. Ele declara: 'Um grande erro em esperar reformas provocadas por mudanças no pessoal está, em minha opinião, em pensar que a situação se deve aos homens no poder. Só num sentido secundário é esse o caso. Primariamente, não são os homens. É o conceito que controla, a premissa sobre a qual todo o movimento está fundado.'64 Este é um ponto discutível. O conceito primário, 'o conceito que controla', é a necessidade de manter intacta a organização Torre de Vigia, e se se tornar necessário reformar para salvar a organização, essa reforma sem dúvida ocorrerá. As lideranças da Igreja Católica e da União Soviética estavam exactamente tão comprometidas ideologicamente com o passado e com a manutenção institucional como está a liderança das Testemunhas de Jeová. No entanto, ninguém pode negar que o Papa João XXIII e Mikhail Gorbachev -- dois homens que tinham sido criados pelos seus sistemas respectivos -- foram responsáveis pela introdução de grandes mudanças nas instituições e comunidades que governaram. Um movimento religioso americano que certamente estava tão obstinado doutrinal e organizacionalmente como as Testemunhas, a Worldwide Church of God [Igreja Mundial de Deus], também passou recentemente por reformas amplas e dramáticas em resultado de uma mudança na sua liderança.65 Portanto, é errado menosprezar a possibilidade de mudança a partir do topo no interior das Testemunhas de Jeová. Mas a probabilidade é que, quando essa mudança ocorrer, será gradual e em resultado de pressões provenientes do 'mundo', de críticas 'apóstatas' ao corpo governante e à Sociedade, e da comunidade das Testemunhas em geral.

Há um ensino da Torre de Vigia que poderia causar um sério problema às Testemunhas e poderia provocar uma grande mudança. Embora a grande tribulação e o Armagedom tenham sido adiados para o futuro indefinido, o corpo governante continua a ter um sério problema com a sua escatologia. Se a tribulação não ocorrer razoavelmente em breve, a doutrina da Sociedade Torre de Vigia sobre a esperança terrestre para a vasta maioria das Testemunhas de Jeová provar-se-á falsa. Segundo Revelação 7:14, a 'grande multidão' é constituída por aqueles que sairão da grande tribulação. E segundo os ensinos da Torre de Vigia, essas pessoas começaram a ser identificadas como presentes em associação com as Testemunhas de Jeová a partir de 1932. Portanto os mais jovens desse pequeno grupo de pessoas que foram identificadas num congresso da Torre de Vigia em Washington, D.C., em 31 de Maio de 1935, são pessoas que estão agora com setenta ou oitenta anos.66 O tempo está-se a esgotar para essas Testemunhas de Jeová, e tem o potencial de afectar adversamente centenas de milhares de outras Testemunhas dentro dos próximos dez ou vinte anos. Talvez seja usada uma 'reinterpretação', ou melhor dizendo, um malabarismo doutrinal, para resolver este problema, tal como aconteceu com a doutrina, mantida durante muito tempo, sobre 'esta geração'. Mas é difícil ver como isto pode ser feito se o apocalipse for adiado durante demasiado tempo.

À medida que as Testemunhas vêem o tempo passar sem o cumprimento das suas esperanças de novos céus e uma nova terra, sem dúvida elas começarão a estabelecer-se como uma comunidade mais estável, menos adversa em relação ao mundo, tal como aconteceu com a igreja primitiva quando a segunda vinda de Cristo foi adiada. Isso significará que a Sociedade já não poderá mais impor as suas normas tão severamente às Testemunhas de Jeová, tal como o Vaticano agora não pode impor as suas regras à vasta maioria dos Católicos. De facto, já há sinais de que isto está a acontecer, especialmente em culturas onde as ordens ao estilo americano da Torre de Vigia são encaradas como demasiado severas.

A cortina de ferro espiritual da Sociedade está a começar a ruir. A Sociedade já não pode impedir muitas Testemunhas de ler livros e outras publicações produzidas tanto por ex-Testemunhas de Jeová como por outros que fazem um ataque cerrado à Sociedade. Nem pode impedir que as Testemunhas no mundo industrializado leiam informação similar na Internet. Além disso, a Sociedade está a ser minada por um crescente movimento subterrâneo no interior da comunidade das Testemunhas, que coopera com os chamados apóstatas na obtenção de informação, às vezes da própria sede da Sociedade, para ajudar a denunciar as doutrinas e actividades desta. O futuro para as Testemunhas de Jeová tal como existem hoje -- apesar do crescimento contínuo -- não parece brilhante. A longo prazo elas terão de mudar e moderar-se para sobreviver, e isso provavelmente significará que elas vão estabelecer-se para se tornarem apenas mais uma denominação entre denominações.


Apocalipse Adiado: A História das Testemunhas de Jeová (Toronto: University of Toronto Press, 1997, segunda edição) de M. James Penton (1932-), pp. 399-424.

Bibliografia

M. James Penton


Obras Académicas Principais

Como o número de estudos académicos, ou supostamente académicos, sobre as Testemunhas de Jeová é muito limitado, são aqui dadas breves descrições dos principais em língua inglesa.

Beckford, James A. The Trumpet of Prophecy: A Sociological Study of Jehovah's Witnesses [A Trombeta da Profecia: Um Estudo Sociológico das Testemunhas de Jeová]. Nova Iorque: John Wiley and Sons, 1975.

Sociólogo treinado da University of Durham, Beckford produziu um estudo importante, embora desigual, sobre as Testemunhas de Jeová na Grã-Bretanha. A sua discussão da estratificação social, conversão, indução e integração entre as Testemunhas inglesas é excelente. Nas partes em que se afastou do seu próprio campo e entrou em tópicos históricos e doutrinais, ele é muito fraco. O trabalho está manchado por erros, suposições e mal entendidos sobre algumas doutrinas básicas das Testemunhas. Por exemplo, é um tanto difícil para membros de uma comunidade que ensina que a alma perece na morte acreditar em fantasmas (p. 106). Finalmente, The Trumpet of Prophecy está pobremente escrito e muitas vezes é difícil de seguir, especialmente para aqueles que não estão completamente familiarizados com o jargão das ciências sociais.

Beverley, James A. Crisis of Allegiance: A Study of Dissent Among Jehovah's Witnesses [Crise de Lealdade: Um Estudo da Dissensão Entre as Testemunhas de Jeová]. Burlington, ON: Welsh, 1986.

Este é um relato sensível e bem escrito sobre a saída de mais de oitenta pessoas (de Lethbridge, Alberta, Canadá) das Testemunhas de Jeová. Documenta os métodos totalitários da Watch Tower Society, o ódio em relação a qualquer forma de dissensão entre as Testemunhas de Jeová e o modo como os dissidentes conseguiram publicitar o que lhes estava a acontecer. Beverley também tenta dar a versão das Testemunhas sobre esta história, mas como elas se recusaram a cooperar com ele, as suas fontes são principalmente os dissidentes, registos de tribunal e a imprensa. Infelizmente, os editores fizeram um mau trabalho na edição e no grafismo deste livro.

Blackwell, Victor V. O'er the Ramparts They Watched [Eles Observavam Sobre as Muralhas]. Nova Iorque: A Hearthstone Book, 1976.

Advogado que esteve envolvido em muitos casos judiciais de Testemunhas de Jeová nos Estados Unidos, Blackwell escreveu um relato interessante. Ele apresenta uma boa descrição das dificuldades por que as Testemunhas passaram durante cerca de três décadas e discute as suas vitórias em tribunais de Estado e em tribunais federais menores. Ele não só enfatiza as importantes contribuições das Testemunhas para a lei constitucional, como também dá crédito ao sistema judicial dos Estados Unidos. Ele é obviamente um defensor dedicado das liberdades civis e um homem com um profundo respeito pela tradição legal americana. Investigadores interessados no papel das Testemunhas na história dos Estados Unidos devem consultar este livro.

Botting, Gary. Fundamental Freedoms and Jehovah's Witnesses [Liberdades Fundamentais e as Testemunhas de Jeová]. Calgary: University of Calgary Press, 1993.

A obra de Botting é um estudo útil sobre o papel que as Testemunhas de Jeová desempenharam no desenvolvimento da lei constitucional no Canadá. Apresenta explicações sobre como as Testemunhas conseguiram influenciar nada mais nada menos do que Pierre Trudeau e, através dele enquanto primeiro ministro do Canadá, assegurar que o seu sonho de uma Carta dos Direitos e Liberdades se tornasse parte da Constituição Canadiana. Um aspecto que também é útil neste livro é que Botting apresenta uma excelente análise de livros relacionados com as Testemunhas de Jeová no Canadá.

Botting, Heather, e Gary Botting. The Orwellian World of Jehovah's Witnesses [O Mundo Orwelliano das Testemunhas de Jeová]. Toronto, Buffalo, Londres: University of Toronto Press, 1984.

Obra de uma equipa de marido e mulher que foram criados como Testemunhas de Jeová, The Orwellian World of Jehovah's Witnesses é uma crítica devastadora ao totalitarismo da Watch Tower. Baseado em parte na dissertação de doutoramento de Heather em antropologia na University of Alberta, este livro útil e bem escrito está repleto de abundante informação factual e ilustrações notáveis retiradas das publicações da Watch Tower. Se o livro tem algum aspecto menos bom, é o facto de se focar de forma muito artificial no ano 1984 como sendo outra suposta data apocalíptica da Watch Tower. Não obstante, o seu tema principal está bem documentado e fundamentado.

Cole, Marley. Jehovah's Witnesses: The New World Society [Testemunhas de Jeová: A Sociedade do Novo Mundo]. Nova Iorque: Vantage, 1955.

Uma história semi-oficial das Testemunhas de Jeová, o livro de Cole foi patrocinado pela Watch Tower Society e tornou-se num best-seller. Fácil de ler, e escrito no estilo espirituoso do jornalismo, o livro contém uma grande quantidade de informação útil, especialmente no apêndice. A sua maior fraqueza é a falta de notas de rodapé e bibliografia, e o facto de fazer frequentemente afirmações que não têm apoio do ponto de vista das Testemunhas e que são, no mínimo, polémicas. Se Cole não tivesse sido 'supervisionado' na sua escrita por representantes da Watch Tower, este livro teria sido melhor do que é.

Cole, Marley. Triumphant Kingdom [Reino Triunfante]. Nova Iorque: Criterion, 1957.

Ao contrário de Jehovah's Witnesses: The New World Society, este livro não foi patrocinado pela Watch Tower Society e não teve uma grande circulação. Porém, do ponto de vista do cientista social e do historiador, é um estudo muito mais útil, pois apresenta uma imagem clara da natureza da sociedade das Testemunhas na década de 1950. Enquanto crónica da forma como a Testemunha comum via a vida na sua congregação, a sua fé, e o mundo, Triumphant Kingdom é um trabalho importante, embora datado.

Curry, Melvin D. Jehovah's Witnesses: The Millenarian World of the Watch Tower [Testemunhas de Jeová: O Mundo Milenarista da Torre de Vigia]. Nova Iorque e Londres: Garland, 1992.

Originalmente escrito como uma dissertação sob a direcção do Professor Richard Rubenstein, este trabalho interessante e útil contém uma boa quantidade de informação histórica sobre as Testemunhas de Jeová. Curry desenvolve uma tese, em oposição a James Beckford e Rosabeth Moss Kanter, que defende que o milenarismo tem sido um factor primário no desenvolvimento estrutural da organização Watch Tower. Embora a maioria dos escritores que não são Testemunhas tendam a concordar com Beckford e Moss Kanter em vez de Curry nesta matéria, é um assunto útil que merece mais atenção académica. Infelizmente, Curry faz alguns erros factuais sérios na sua análise das Testemunhas.

Franz, Raymond. Crisis of Conscience [Crise de Consciência, Fortaleza, Ceará: Impressão Particular, 1.ª edição, 1999, viii + 516 pp.]. Atlanta: Commentary Press, 1992.

Este livro continua a ser o maior estudo sobre o funcionamento interno da Watch Tower Society durante as décadas de 1960 e 1970. Obra notavelmente informativa, fornece a primeira perspectiva a partir de dentro sobre a Watch Tower Society e sobre o corpo governante das Testemunhas de Jeová, por um ex-membro do corpo governante. Embora seja uma exposição de primeira ordem, está escrito mais num tom de tristeza do que de raiva. Bem documentado e completamente revelador, foi actualizado em 1992 e novamente na sua impressão mais recente, em 1994. Um novo apêndice é muito informativo sobre desenvolvimentos na Watch Tower desde 1983.

Franz, Raymond. In Search of Christian Freedom [Em Busca de Liberdade Cristã]. Atlanta: Commentary Press, 1993.

Segundo grande trabalho de Franz, este volume de 732 páginas desenvolve muita da informação de Crisis of Conscience e apresenta a opinião não dogmática do próprio Franz sobre o que é afinal a liberdade cristã. Conforme escreveu o Professor Stephen Cox: 'In Search of Christian Freedom tem uma importância única como estudo do movimento das Testemunhas, e como comentário à sua actual condição, mas a relevância do livro não se limita a esse movimento. É útil em compreender uma grande variedade de forças sociais e psicológicas que modelam as interpretações das pessoas sobre a Bíblia e a vida religiosa, muitas vezes sem que elas o saibam. Raymond Franz fornece uma perspectiva nova sobre o assunto da liberdade, como esta surge nas Escrituras, na história religiosa e nas decisões dos homens e mulheres da actualidade.' Não seria possível fazer uma avaliação melhor.

Gruss, Edmond Charles. The Jehovah's Witnesses and Prophetic Speculation [As Testemunhas de Jeová e a Especulação Profética]. Phillips-burg, NJ: Presbyterian and Reformed Publishing Co. 1972.

Embora Gruss seja conhecido como polemicista anti-Testemunhas, ele também é um erudito bem treinado e geralmente cuidadoso. Assim, Jehovah's Witnesses and Prophetic Speculation é uma excelente crítica da escatologia envolvendo o estabelecimento de datas das Testemunhas e demonstra de forma simples e directa porque esta não tem credibilidade histórica. Para qualquer pessoa interessada nas profecias e falhanços das Testemunhas, este livro é obrigatório.

Harrison, Barbara Grizutti. Visions of Glory: A History and a Memory of Jehovah's Witnesses [Visões de Glória: Uma História e uma Memória Sobre as Testemunhas de Jeová]. Nova Iorque: Simon and Schuster, 1978.

O relato autobiográfico de Harrison sobre a sua vida como jovem mulher trabalhadora em Betel durante a década de 1950 é um trabalho extremamente perceptivo. O livro transmite parte do sentimento de repressão pessoal e frieza emocional que os indivíduos mais sensíveis muitas vezes experimentam enquanto membros da comunidade das Testemunhas. Infelizmente, ao mesmo tempo que fez um trabalho excepcionalmente importante, Harrison por vezes é um pouco injusta na descrição de certos indivíduos, como o primeiro presidente da Watch Tower. Não obstante, este livro apresenta uma imagem das atitudes e burocracia da Watch Tower mais clara do que qualquer outro que tenha sido publicado, com excepção das obras de Raymond Franz.

Hodges, Tony. Jehovah's Witnesses in Central Africa [Testemunhas de Jeová na África Central]. Londres: Minority Rights Group, 1976.

O breve livro de Hodge é um relatório repleto de factos e muito exacto sobre a perseguição das Testemunhas de Jeová no Malaui, Zâmbia e Moçambique. Explica as razões por detrás da hostilidade contra as Testemunhas; mostra a terrível natureza dos ataques contra as Testemunhas africanas, particularmente no Malaui; e pede o fim da intolerância e barbaridade governamentais. Finalmente, argumenta energicamente que 'a supressão das Testemunhas de Jeová tem sido parte das tentativas de vários governantes africanos de consolidar regimes ditatoriais de partido único.'

Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose [As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino], NY: Watchtower Bible and Tract Society, 1959.

Como primeira história oficial da Watch Tower sobre a comunidade dos Estudantes da Bíblia--Testemunhas publicada num volume, este é um trabalho com algum valor. O seu autor teve acesso ilimitado aos ficheiros da Sociedade de um modo que nenhum perito independente teve, e por essa razão dá alguma informação útil. No entanto, tem várias falhas: é demasiado breve; não discute vários assuntos importantes; e está escrito no formato de um diálogo pouco atractivo e contínuo entre um casal de Testemunhas e uma família interessada na história e ensinos das Testemunhas de Jeová. Embora faça uso extensivo de registos de tribunais, em geral ignora outros registos públicos. Embora contenha alguma informação útil, o pior aspecto deste livro é que também contém muitas distorções, meias verdades e falsidades completas. É difícil perceber como é que alguém pode ter escrito um livro destes com uma consciência limpa.

Jehovah's Witnesses: Proclaimers of God's Kingdom [Testemunhas de Jeová: Proclamadores do Reino de Deus]. Brooklyn, NY: Watchtower Bible and Tract Society and International Bible Students Association, 1993.

Obviamente escrito e publicado para contrariar livros escritos por ex-Testemunhas, o livro Proclamadores, como é geralmente conhecido, contém mais informação do que Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose. Ainda assim, é apenas um ligeiro melhoramento sobre esse trabalho. É mais propaganda hagiográfica do que história e, tal como Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose, contém demasiados relatos expurgados, omissões, meias verdades e falsidades completas. Além disso, está escrito de um modo que torna difícil reunir informação sobre muitos assuntos importantes. Qualquer pessoa que use esse livro para efeitos académicos deve reconhecer que o mesmo não passa de um mau exemplo de auto-glorificação sectária.

Jonsson, Carl Olof. The Gentile Times Reconsidered [Os Tempos dos Gentios Reconsiderados, 3.ª edição, 1998]. Atlanta: Commentary Press, 1986.

Este livro é o primeiro estudo completo da doutrina da Watch Tower Society sobre os Tempos dos Gentios e a sua origem. Jonsson traça a história da doutrina até ao início do século XIX e certas ideias por detrás dela (como o chamado princípio ano-dia) até aos judeus medievais e romanos, através da Inglaterra puritana, dos Reformadores, de John Wycliffe e Joachim of Flora. Ele também demonstra através de evidência arqueológica, histórica e astronómica que a cronologia da Watch Tower está errada ao afirmar que Jerusalém caiu perante Nabucodonosor da Babilónia em 607 A.E.C. Assim, ele mostra claramente que todo o calendário escatológico das Testemunhas de Jeová é baseado em suposições demonstravelmente falsas. Este trabalho extremamente importante, na sua forma dactilografada, ajudou a causar o cisma na sede da Watch Tower na Primavera de 1980.

Jonsson, Carl Olof, e Wolfgang Herbst. The Sign of the Last Days -- When? [O Sinal dos Últimos Dias -- Quando?]. Atlanta: Commentary Press, 1987.

Jonsson e Herbst produziram um trabalho importante que merece uma circulação muito maior do que aquela que teve até agora. Nesse trabalho, os dois suecos -- o nome Wolfgang Herbst é um pseudónimo -- demonstram a partir de fontes históricas reputáveis que o século vinte não tem sido o pior de todos os tempos. Eles mostram que as Testemunhas de Jeová e vários fundamentalistas evangélicos, que tentam usar os eventos actuais como prova de que estamos a viver nos 'últimos dias', não sabem ou não querem saber os factos. Uma das razões para a circulação limitada do livro pode muito bem ser que os evangélicos, que costumam comprar livros escritos por ex-Testemunhas, sentem-se tão incomodados com as conclusões de Jonsson e Herbst como a Watch Tower Society.

Kaplan, William. State and Salvation: The Jehovah's Witnesses and Their Fight for Civil Rights [O Estado e a Salvação: As Testemunhas de Jeová e a Sua Luta Pelos Direitos Civis]. Toronto, Buffalo, Londres: University of Toronto Press, 1989.

Embora Kaplan mencione novamente muito do que abrangi no meu livro Jehovah's Witnesses in Canada e escreva quase inteiramente sobre as Testemunhas durante a Segunda Guerra Mundial, ele trouxe à luz uma grande quantidade de nova informação. O aspecto mais saliente de State and Salvation é o seu excelente relato do mau tratamento dado às crianças das Testemunhas de Jeová nos assuntos da saudação à bandeira e dos exercícios patrióticos. Porém, ele comete um erro sério: não compreende que homens Testemunhas foram enviados injustamente para campos de trabalho de serviço alternativo quando não estavam sujeitos a recrutamento para o serviço militar.

King, Christine Elizabeth. The Nazi State and the New Religions: Five Case Studies in Non-conformity [O Estado Nazi e as Novas Religiões: Conco Casos de Estudo de Não-Conformidade]. Nova Iorque e Toronto: Edwin Mellon Press, 1982.

No seu livro, King estuda cinco 'novas religiões' na Alemanha durante o período Nazi: a Ciência Cristã, os Mórmons, os Adventistas do Sétimo Dia, a Nova Igreja Apostólica e as Testemunhas de Jeová. Destes cinco, só as Testemunhas de Jeová se opuseram aos nazis até à morte, enquanto os outros movimentos geralmente tornaram-se mais pró-Nazis do que os próprios Nazis. A coragem das Testemunhas ganhou a admiração de King, mas ela também revela o facto de a liderança da Watch Tower ter tentado cair nas boas graças de Hitler e do Estado Nazi em Junho de 1933. Só depois de os Nazis terem rejeitado a sua tentativa é que o Juiz Rutherford exortou as Testemunhas a ficarem firmes contra as exigências do Terceiro Reich.

Macmillan, A. H. Faith on the March [A Fé em Marcha]. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1957.

Macmillan foi, até à sua morte, uma Testemunha de Jeová de longa data que serviu no Betel de Brooklyn como confidente de três presidentes da Watch Tower, e por essa razão desempenhou um papel importante, embora de certa forma maquiavélico, na história das Testemunhas. O seu livro, uma autobiografia, apresenta um ponto de vista pró-Rutherford, pró-Sociedade. Embora muito do que ele escreveu seja na forma de uma apologia, e a sua imagem dos acontecimentos de 1917 seja uma distorção completa, ainda assim por vezes ele é refrescantemente cândido. Faith on the March é por isso um livro muito melhor do que Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose ou Testemunhas de Jeová: Proclamadores do Reino de Deus.

Manwaring, David R. Render unto Caesar: The Flag Salute Controversy [Dai a César: A Controvérsia da Saudação à Bandeira]. Chicago: University of Chicago Press, 1962.

Iniciado como uma dissertação de doutoramento na Universidade de Wisconsin, o livro de Manwaring é excelente. Apresenta uma história útil do que rodeava a controvérsia da saudação à bandeira, e discute a natureza, doutrina e recursos das Testemunhas de Jeová nas décadas de 1930 e 1940 e a história do litígio da saudação à bandeira nos tribunais dos Estados Unidos. É um trabalho equilibrado, justo e com boa pesquisa, que coloca toda a questão no contexto da história americana.

Newton, Merlin Owen. Armed with the Constitution: Jehovah's Witnesses in Alabama and the U. S. Supreme Court, 1939-1946 [Armados com a Constituição: Testemunhas de Jeová no Alabama e no Supremo Tribunal dos Estados Unidos, 1939-1946]. Tuscaloosa e Londres: University of Alabama Press, 1995.

Neste livro, Newton fez um excelente relato sobre os problemas das Testemunhas de Jeová no Alabama durante o período da Segunda Guerra Mundial e o seu sucesso nos dois casos principais que chegaram ao Supremo Tribunal dos Estados Unidos. Newton teve sorte em poder entrevistar um dos litigantes nesses casos e a viúva de outro litigante. Ela explica as várias atitudes existentes no Alabama e nos Estados Unidos durante o período e conseguiu compreender claramente a importância do papel litigioso desempenhado pelas Testemunhas de Jeová em estender as liberdades civis sob a Constituição dos Estados Unidos.

Penton, M. James. Jehovah's Witnesses in Canada: Champions of Freedom of Speech and Worship [Testemunhas de Jeová no Canadá: Campeões da Liberdade de Expressão e de Adoração]. Toronto: Macmillan of Canada, 1976.

Escrito como uma narrativa das relações das Testemunhas de Jeová com a sociedade e governo canadianos, este livro não pretende ser uma história completa da organização ou doutrina das Testemunhas. É, contudo, o primeiro relato histórico geral sobre as Testemunhas de Jeová num país específico, e também o primeiro baseado em grande medida em materiais disponíveis em arquivos públicos. A sua qualidade deve ser determinada por outros.

Rogerson, Alan. Millions Now Living Will Never Die: A Study of Jehovah's Witnesses [Milhões Que Agora Vivem Nunca Morrerão: Um Estudo Sobre as Testemunhas de Jeová]. Londres: Constable, 1969.

Criado como Testemunha e sendo um sociólogo, Rogerson escreveu um livro útil, embora breve, baseado principalmente em fontes originais. Embora contenha declarações com as quais muitas Testemunhas de Jeová discordariam, é muito exacto na sua perspectiva histórica, e é um dos melhores trabalhos sobre as Testemunhas em inglês. Se tem alguma fraqueza, é que Rogerson não tem uma compreensão clara sobre a natureza da sociedade e da religião nos Estados Unidos.

Sterling, Chandler W. The Witnesses: One God, One Victory [As Testemunhas: Um Deus, Uma Vitória]. Chicago: Henry Regnery, 1975.

O bispo Episcopal aposentado Sterling escreveu um livro estranho. Simpático em relação ao Pastor Russell e às Testemunhas de Jeová, contém alguns flashes brilhantes de perspicácia. Ao mesmo tempo, está cheio de erros factuais e tende a ser superficial. Por essas razões, não pode ser considerado um trabalho importante.

Stevens, Leonard A. Salute! The Case of the Bible vs. The Flag [Saudação! O Caso da Bíblia vs. A Bandeira]. Nova Iorque: Coward, McCann and Geoghegan, 1973.

Conforme o anúncio publicitário do livro declara: 'Salute! é um drama de tribunal absorvente e cheio de suspense que clarifica o papel vital do Supremo Tribunal em interpretar e definir as liberdades garantidas pela Constituição [dos Estados Unidos].' Embora seja menos abrangente do que o trabalho de Manwaring, é mais acessível para o leitor comum, e demonstra claramente a importância dos dois principais casos de saudação à bandeira -- Minersville School District v. Gobitis e West Virginia Board of Education v. Barnette, ouvidos pelo Supremo Tribunal com base na Primeira Emenda [à Constituição dos Estados Unidos da América].

Stevenson, W. C. The Inside Story of Jehovah's Witnesses [A História Interna das Testemunhas de Jeová]. Nova Iorque: Hart, 1967.

Publicado originalmente na Grã-Bretanha como Year of Doom, 1975 [Ano da Desgraça, 1975], este livro é uma interessante avaliação da comunidade das Testemunhas por uma ex-Testemunha que esteve associada com o movimento durante catorze anos. Em muitos aspectos, abrange a mesma história geral de outros estudos similares e acrescenta pouco que seja significativamente novo. O último capítulo de Stevenson, 'Whither the Witnesses' [Para Onde Vão as Testemunhas] é muito significativo. Nele o autor conjectura que, como a existência das Testemunhas é baseada em 'falsas profecias' a respeito da proximidade do fim do mundo, a organização não pode continuar a existir durante muito tempo. Evidentemente ele esperava que o falhanço de 1975 tivesse um efeito mais catastrófico do que teve.

Stroup, Herbert Hewitt. The Jehovah's Witnesses [As Testemunhas de Jeová]. Nova Iorque: Columbia University Press, 1945.

Este é um livro datado e sofre do facto de ser um pioneiro no campo. Ocasionalmente, também demonstra a falta de cuidado do seu autor. Por exemplo, Stroup não dá referências apropriadas para paráfrases e citações. Num caso, ele também menciona uma citação de uma Watch Tower de Agosto de 1928 (p. 155 nota 29) que não existe. Apesar disto, existe aqui muita informação histórica útil e o livro descreve claramente a comunidade das Testemunhas como esta era no fim da década de 1930 e início da década de 1940.

Whalen, William J. Armageddon Around the Corner: A Report on Jehovah's Witnesses [Armagedom ao Virar da Esquina: Um Relatório Sobre as Testemunhas de Jeová]. Nova Iorque: John Day, 1962.

Escrito por um professor de inglês que também é um Católico Romano leigo interessado na religião nos Estados Unidos, este livro devia ter mais qualidade. É um trabalho superficial e bem humorado, cheio de erros. Também lhe falta um posicionamento crítico. Ainda assim, contém muita informação útil que não está facilmente disponível em outras fontes. O capítulo sobre os cismas e heresias das Testemunhas é muito informativo. Porém, Whalen é muito pouco rigoroso ao sugerir que as Testemunhas desenvolveram-se a partir do Adventismo do Sétimo Dia.

White, Timothy. A People for His Name: A History of Jehovah's Witnesses and an Evaluation [Um Povo Para o Seu Nome: Uma História das Testemunhas de Jeová e Uma Avaliação]. Nova Iorque: Vantage Press, 1968.

Este livro de White foi durante muito tempo a história mais completa das Testemunhas de Jeová e a melhor em muitos sentidos. Um exame de A People for His Name mostra que o seu autor fez uma espantosa quantidade de pesquisa e tem uma compreensão rara tanto da história como das doutrinas dos Estudantes da Bíblia e das Testemunhas de Jeová. Embora muitas Testemunhas possam discordar de algumas das suas declarações, o que ele diz não pode ser rejeitado sem hesitações. Ao mesmo tempo, os críticos profissionais das Testemunhas de Jeová deviam notar que ele refuta muitos argumentos tradicionais que são apresentados contra as Testemunhas e que são baseados em pouco mais do que tagarelice e calúnias.

Outros Trabalhos Importantes Sobre as Testemunhas de Jeová

Alfs, Matthew. The Evocative Religion of Jehovah's Witnesses [A Religião Evocativa das Testemunhas de Jeová]. Minneapolis: Old Theology Book House, 1991.

American Civil Liberties Union. Jehovah's Witnesses and the War [As Testemunhas de Jeová e a Guerra]. Panfleto. Nova Iorque: ACLU, 1943.

American Civil Liberties Union. The Persecution of Jehovah's Witnesses [A Perseguição às Testemunhas de Jeová]. Panfleto: Nova Iorque: ACLU, 1941.

Arellano, Angel. Why You Should Believe in the Trinity [Por Que Você Deve Crer na Trindade]. Pasadena, CA: Browser's Book Store, 1995.

Assimeng, J. Max 'Sectarian Allegiance and Political Authority: The Watch Tower Society in Zambia' [Lealdade Sectária e Autoridade Política: a Watch Tower Society na Zâmbia]. The Journal of Modern African Studies 8 (1970), pp. 97-112.

Aveta, Achille. I Testimoni di Geova: un'ideologia che logora [As Testemunhas de Jeová: Uma Ideologia Que Consome]. Roma: Edizioni Dehoniane, 1990.

Aveta, Achille, Fortunato Grottola, e Sergio Pollina. I Testimoni di Geova tra mito e realita: vittime o artefici dell'intolleranz religiosa? [As Testemunhas de Jeová no Mito e na Realidade: Vítimas ou Artífices da Intolerância Religiosa?]. Foggia: Impressão particular, 1991.

Aveta, Achille, e Sergio Pollina. I Testimoni di Geova e la politica: martiri o opportunisti? [As Testemunhas de Jeová e a Política: Mártires ou Oportunistas?] Roma: Edizioni Dehoniane, 1990.

Bach, Marcus. Faith and My Friends [A Fé e os Meus Amigos]. Nova Iorque: Bobbs-Merrill, 1951.

Bach, Marcus. 'The Startling Witnesses' [As Assustadoras Testemunhas]. Christian Century 74 (1957), pp. 197-199.

Bach, Marcus. They Have Found a Faith [Eles Encontraram Uma Fé]. Nova Iorque: Bobbs-Merrill, 1946.

Barber, H. W. 'Religious Liberty vs. Police Power: Jehovah's Witnesses' [Liberdade Religiosa vs. Poder Policial: Testemunhas de Jeová]. American Political Science Review 41 (1947), pp. 266-277.

Beckford, James A. 'The Embryonic Stage of a Religious Sect's Development: The Jehovah's Witnesses' [O Estádio Embrionário do Desenvolvimento de uma Seita Religiosa: As Testemunhas de Jeová]. A Sociological Yearbook of Religion in Britain, ed. Michael Hill, vol. 5: pp. 11-32. Londres: SCM Press, 1972.

Beckford, James A. 'Organization, Recruitment and Ideology: The Structure of the Watch Tower Movement' [Organização, Recrutamento e Ideologia: A Estrutura do Movimento da Watch Tower]. Sociological Review 23 (1975), pp. 893-909.

Beckford, James A. 'Structural Dependence in Religious Organization: From "Skid-road" to Watch Tower' [Dependência Estrutural na Organização Religiosa: De "Skid-road" Para Torre de Vigia]. Journal for the Scientific Study of Religion 15 (1976), 169-175.

Beckford, James A. 'Two Contrasting Types of Sectarian Organization' [Dois Tipos Contrastantes de Organização Sectária]. In Sectarism, ed. Roy Wallis, pp. 70-85. A Halstead Press Book. Nova Iorque: John Wiley and Sons, 1975.

Beckford, James A. 'The Watchtower Movement Worldwide' [O Movimento Watchtower em Todo o Mundo]. Social Compass 24 (1977), pp. 5-31.

Bergman, Jerry. 'Dealing with Jehovah's Witnesses Custody Cases' [Lidando com Casos de Custódia de Filhos de Testemunhas de Jeová]. Creighton Law Review, 29:4 (Junho 1996), pp. 1483-1516.

Bergman, Jerry. 'The Jehovah's Witnesses Experience in the Nazi Concentration Camps: A History of their Conflicts with the Nazi State' [A Experiência das Testemunhas de Jeová nos Campos de Concentração Nazis: Uma História dos Seus Conflitos com o Estado Nazi]. Journal of Church and State 38 (Inverno 1996), pp. 87-113.

Bergman, Jerry. 'Modern Religious Objections to the Mandatory Flag Salute and Pledge Allegiance in the United States' [Objecções Religiosas Modernas à Saudação Obrigatória da Bandeira e ao Juramento de Lealdade nos Estados Unidos]. The Christian Quest 2:1 (Verão 1989), pp. 19-46.

Blandre, Bernard. Les Témoins de Jéhovah: Un Siècle d'histoire [As Testemunhas de Jeová: Um Século de História]. Paris: Desclée de Brouwer, 1987.

Bowman, Robert M., Jr. Jehovah's Witnesses, Jesus Christ, and the Gospel of John [As Testemunhas de Jeová, Jesus Cristo e o Evangelho de João]. Grand Rapids: Baker Book House, 1989.

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Watters, Randy. Thus Saith the Governing Body [Assim Disse o Corpo Governante]. Manhattan Beach, CA: Free Minds, Inc., 1996.

Watters, Randy. The Truth Will Set You Free [A Verdade Vos Tornará Livres]. Manhattan Beach, CA: Free Minds, Inc., 1988.

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Para um exame das fontes subjacentes ao pensamento de Charles Taze Russell e das Testemunhas de Jeová, são úteis as seguintes obras:

Ahlstrom, Sydney E. A Religious History of the American People [Uma História Religiosa do Povo Americano]. New Haven: Yale University Press, 1972.

Ball, Bryan W. A Great Expectation: Eschatological Thought in English Protestantism to 1660 [Uma Grande Expectativa: Pensamento Escatológico no Protestantismo Inglês até 1660]. Leiden: E. J. Brill, 1975.

Froom, LeRoy Edwin. The Conditionalist Faith of Our Fathers [A Fé Condicionalista dos Nossos Pais], 2 vols. Washington, DC: Review and Herald Publishing Association, 1954.

Froom, LeRoy Edwin. The Prophetic Faith of Our Fathers [A Fé Profética dos Nossos Pais], 4 vols. Washington, DC: Review and Herald Publishing Association, 1950.

Harrison, J. F. C. The Second Coming: Popular Millenarianism, 1780-1850 [A Segunda Vinda: Milenarismo Popular, 1780-1850]. Londres: Routledge, 1979.

Hill, John Edward Christopher. The World Turned Upside Down: Radical Ideas during the English Revolution [O Mundo Virado do Avesso: Ideias Radicais Durante Revolução Inglesa]. Londres: Temple Smith, 1972.

Persons, Stow. American Minds: A History of Ideas [Mentes Americanas: Uma História das Ideias]. Nova Iorque: Holt, Rinehart and Winston, 1958.

Sandeen, Ernest R. The Roots of Fundamentalism: British and American Millenarianism, 1800-1930 [As Raízes do Fundamentalismo: Milenarismo Britânico e Americano, 1800-1930]. Grand Rapids: Baker Book House, 1970.

Williams, George H. The Radical Reformation [A Reforma Radical]. Philadelphia: Westminster, 1962.

Para compreender influências directas sobre Russell, devem ser consultados os seguintes trabalhos:

Livros e Panfletos

  • Barbour, Nelson H. Washed in His Blood [Lavados no Seu Sangue]. Rochester, NY: Unique, 1907.
  • Barbour, Nelson H., e C. T. Russell. Three Worlds and the Harvest of This World [Três Mundos e a Colheita Deste Mundo]. Rochester, NY: Office of the Herald of the Morning, 1877.
  • Brown, John Aquinas. The Even-Tide: or, Last Triumph of the Blessed and Only Potentate, the King of Kings, and Lord of Lords: Being a Development of the Mysteries of Daniel and St. John [A Noite: ou, Último Triunfo do Abençoado e Único Potentado, o Rei dos Reis, e Senhor dos Senhores: Sendo um Desenvolvimento dos Mistérios de Daniel e S. João], 2 vols. Londres: J. Oppor e outros editores, 1823.
  • Gausted, Edwin Scott, ed. The Rise of Adventism [A Ascensão do Adventismo]. Nova Iorque: Harper and Row, 1974.
  • Grew, Henry. Future Punishment, Not Eternal Life in Misery but Destruction [Punição Futura, Não Vida Eterna em Miséria mas Destruição]. Philadelphia: Stereotyped at Moorbridge's Foundry, 1850.
  • Loughborough, J. N. The Great Second Advent Movement [O Grande Movimento do Segundo Advento], reimpressão: Nova Iorque: Arno, 1972.
  • Paton, J. H. The Day Dawn, or the Gospel in Type and Prophecy [A Aurora do Dia, ou o Evangelho no Tipo e na Profecia]. Pittsburgh: A. D. Jones, 1880.
  • Storrs, George. An Inquiry: Are the Souls of the Wicked Immortal? In Six Sermons [Uma Pesquisa: Será Que as Almas dos Iníquos são Imortais? Em Seis Sermões]. Philadelphia: Publicado pelo autor, 1847.
  • Storrs, George. An Inquiry: Are the Souls of the Wicked Immortal? In Three Letters [Uma Pesquisa: Será Que as Almas dos Iníquos são Imortais? Em Três Cartas]. Montpelier, VT: Impressão privada, 1841.
  • Storrs, George. A Vindication of the Government of God over the Children of Men: or 'The Promise and Oath of God to Abraham' [Uma Vindicação do Governo de Deus sobre os Filhos dos Homens: ou 'A Promessa e Juramento de Deus a Abraão']. Nova Iorque: Publicado pelo autor, 1871.
  • Storrs, George. The Wicked Dead: or Statements, Explanations, Queries Answered, and Exposition of Texts Relating to the Destiny of Wicked Men [Os Iníquos Mortos: ou Declarações, Explicações, Interrogações Respondidas, e Exposição de Textos Sobre o Destino de Homens Iníquos]. Nova Iorque: The Herald of Life, 1870.
  • Tompkins, Peter. The Secrets of the Great Pyramid [Os Segredos da Grande Pirâmide]. Nova Iorque: Harper and Row, 1971.
  • Wellcome, Isaac C. History of the Second Advent Message and Mission, Doctrine and People [História da Mensagem e Missão, Doutrina e Povo do Segundo Adventismo]. Yarmouth, ME: I. C. Wellcome, 1874.

Periódicos

  • Bible Examiner, 1843-1880.
  • The Bible Examiner, 1981-1984.
  • Herald of Life and the Coming Kingdom, 1863-1880.
  • The Herald of the Morning, 1874-1890.

Muitos outros periódicos e fontes úteis estão enumerados em The Millerites and Early Adventists:

An Index to the Microfilm Collection of Rare Books and Manuscripts [Os Milleritas e Primeiros Adventistas: Um Índice para a Colecção Microfilmada de Livros e Manuscritos Raros], publicado por University Microfilms International.

Publicações que não são da Watch Tower/Estudantes da Bíblia também têm alguma importância. Estas incluem.

  • Edgar, John, MD. The Preservation of Identity in the Resurrection [A Preservação da Identidade na Ressurreição]. Glasgow: Hay Nisbet and Co., s.d.
  • Edgar, John, MD. Socialism and the Bible [Socialismo e a Bíblia]. Glasgow: Hay Nisbet and Co., s.d.
  • Edgar, John, MD. Where Are the Dead? [Onde Estão os Mortos?] Glasgow: Hay Nisbet and Co., 1908.
  • Edgar, John, MD. A Tree Planted by the Rivers of Water [Uma Árvore Plantada perto dos Rios de Água]. Glasgow: Hay Nisbet and Co., s.d.
  • Edgar, John, e Morton Edgar. Great Pyramid Passages [Grandes Passagens da Pirâmide], 2 vols. Glasgow: Morton Edgar, 1912.
  • Edgar, Minna. Memoirs of Dr. John Edgar [Memórias do Dr. John Edgar]. Glasgow: Hay Nisbet and Co., s.d.
  • Edgar, Morton. Abraham's Life-History an Allegory [Vida e História de Abraão: Uma Alegoria]. Glasgow: Hay Nisbet and Co., s.d.
  • Edgar, Morton. 'Faith's Foundations' and 'Waiting on God' ['Fundações da Fé' e 'Esperando em Deus']. Glasgow: Hay Nisbet and Co., s.d.
  • Edgar, Morton. The Great Pyramid and the Bible [A Grande Pirâmide e a Bíblia]. Glasgow: Hay Nisbet and Co., s.d.
  • Edgar, Morton. The Great Pyramid -- Its Scientific Features [A Grande Pirâmide -- Seus Aspectos Científicos]. Glasgow: Hay Nisbet and Co., s.d.
  • Edgar, Morton. The Great Pyramid: Its Spiritual Symbolism [A Grande Pirâmide: Seu Simbolismo Espiritual]. Glasgow: Bone and Hulley, 1924.
  • Edgar, Morton. The Great Pyramid: Its Time Features [A Grande Pirâmide: Seus Aspectos Temporais]. Glasgow: Bone and Hulley, 1924.
  • Edgar, Morton. Mythology and the Bible [Mitologia e a Bíblia]. Glasgow: Hay Nisbet and Co., s.d.
  • Edgar, Morton. 1914 AD and the Great Pyramid [1914 AD e a Grande Pirâmide]. Glasgow: Hay Nisbet and Co., s.d.
  • Edgar, Morton. Prayer and the Bible [Oração e a Bíblia]. Glasgow: Hay Nisbet and Co., s.d.
  • Jehovah's Witnesses: Alternatives to Blood Transfusions [Testemunhas de Jeová: Alternativas às Transfusões de Sangue]. Toronto: Fotocopiado pelas Testemunhas de Jeová do Canadá, 1973.
  • Jones, Leslie W., MD. What Pastor Russell Said [O Que Disse o Pastor Russell]. Chicago: The Bible Students Book Store, 1917.
  • Jones, Leslie W., MD. What Pastor Russell Taught [O Que Ensinou o Pastor Russell]. Chicago: Impressão privada, s.d.
  • Jones, Leslie W., MD. What Pastor Russell Taught on the Covenants, Mediator Ransom, Sin Offering, Atonement [O Que Ensinou o Pastor Russell sobre os Pactos, o Resgate do Mediador, Ofertas pelo Pecado, Expiação]. Chicago: Impressão privada, 1919.
  • Memoirs of Pastor Russell: The Laodicean Messenger: His Life, Works and Character [Memórias do Pastor Russell: O Mensageiro Laodicense: A Sua Vida, Obras e Carácter]. Chicago: The Bible Students Book Store, 1923.
  • Paton, J. H. The Day Dawn: or The Gospel in Type and Prophecy [A Aurora do Dia: ou O Evangelho no Tipo e na Profecia]. Pittsburg, PA: A. D. Jones, 1880.
  • Russell, Charles T. Object and Manner of Our Lord's Return [Objecto e Maneira da Volta de Nosso Senhor]. Rochester, NY: Herald of the Morning, 1877.
  • Rutherford, Joseph F. A Great Battle in the Ecclesiastical Heavens [Uma Grande Batalha nos Céus Eclesiásticos]. Nova Iorque: Impressão privada, 1915.

Várias publicações de ou sobre o Pastor Russell e os Estudantes da Bíblia do seu tempo foram impressas novamente pelos Chicago Bible Students, P.O. Box 6016, Chicago, IL 60680 U.S.A. Estas incluem volumes intitulados Harvest Gleanings I, II e III [Antologias da Colheita I, II e III], e Convention Reports [Relatórios de Congressos] da era de Russell.

Segue-se uma lista razoavelmente completa de obras publicadas pela Watch Tower Bible and Tract Society [Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados] e organizações associadas. As publicações estão enumeradas por tipo, cronologicamente.

Bíblias

  • Rotherham, Joseph B. New Testament, 12.ª ed. rev., 1896.
  • Holman Linear Bible, 1901.
  • Wilson, Benjamin. The Emphatic Diaglot, 1902.
  • The Bible Students Edition of the Authorized Version, 1907.
  • The Authorized Version, 1942.
  • The American Standard Version of 1901, 1944.
  • The New World Translation of the Christian Greek Scriptures, 1950.
  • New World Translation of the Hebrew Scriptures, vols. 1-5, 1953-1960.
  • New World Translation of the Holy Scriptures, 1961.
  • New World Translation of the Christian Greek Scriptures, edição holadesa, francesa, alemã, italiana, espanhola e portuguesa, 1963.
  • New World Translation of the Holy Scriptures, edição em letra grande, 1963.
  • New World Translation of the Holy Scriptures, edição espanhola, 1967.
  • The Kingdom Interlinear Translation of the Christian Greek Scriptures, 1969.
  • New World Translation of the Holy Scriptures, revisão de 1970.
  • New World Translation of the Holy Scriptures, revisão da edição em letra grande, 1972.
  • New World Translation of the Holy Scriptures, revisão de 1971.
  • Byington, Stephen T. The Bible in Living English, 1972.
  • New World Translation of the Christian Greek Scriptures, edição japonesa, 1974.
  • New World Translation of the Holy Scriptures, edição francesa, 1974.
  • New World Translation of the Holy Scriptures, revisão de 1981.
  • New World Translation of the Holy Scriptures with References, 1984.
  • Kingdom Interlinear Translation of the Greek Scriptures (revisão), 1985.

Livros

  • Russell, Charles T. Studies in the Scriptures [Estudos das Escrituras], 7 vols. 1886-1917. Numerosas edições.
  • Russell, Charles T. Vol. 1: The Divine Plan of the Ages [O Plano Divino das Eras], 1886.
  • Russell, Charles T. Vol. 2: The Time Is at Hand [O Tempo É Iminente], 1889.
  • Russell, Charles T. Vol. 3: Thy Kingdom Come [Venha o Teu Reino], 1891.
  • Russell, Charles T. Vol. 4: The Battle of Armageddon [A Batalha do Armagedom], 1897.
  • Russell, Charles T. Vol. 5: The Atonement between God and Man [Expiação Entre Deus e o Homem], 1899
  • Russell, Charles T. Vol. 6: The New Creation [A Nova Criação], 1904.
  • Russell, Charles T. Vol. 7: The Finished Mystery [O Mistério Consumado] foi publicitado como o trabalho póstumo de Russell, visto ter sido principalmente baseado nas suas notas e escritos. Foi preparado por George Fisher e Clayton Woodworth pouco depois da morte de Russell.
  • Seibert, G. W. Daily Manna for the Household of Faith [Maná Diário Para a Casa da Fé], 1907.
  • Woodworth, Clayton J. Bible Student's Manual [Manual dos Estudantes da Bíblia], 1909.
  • Russell, Charles T. Tabernacle Shadows [Sobras do Tabernáculo], 1911.
  • Poems of Dawn [Poemas da Aurora], 1912.
  • Russell, Charles T. Scenario of the Photo-Drama of Creation [Cenário do Foto-Drama da Criação], 1914.
  • Russell, Charles T. Pastor Russell's Sermons [Sermões do Pastor Russell], 1917.
  • Rutherford, Joseph F. The Harp of God [A Harpa de Deus], 1921.
  • Van Amburgh, W. E. The Way to Paradise [O Caminho Para o Paraíso], 1924.
  • Rutherford, Joseph F. Comfort for the Jews [Conforto para os Judeus], 1925.
  • Rutherford, Joseph F. Deliverance [Libertação], 1926.
  • Rutherford, Joseph F. Creation [Criação], 1927.
  • Rutherford, Joseph F. Government [Governo], 1928.
  • Rutherford, Joseph F. Reconciliation [Reconciliação], 1928.
  • Rutherford, Joseph F. Life [Vida], 1929.
  • Rutherford, Joseph F. Prophecy [Profecia], 1929.
  • Rutherford, Joseph F. Light [Luz], dois volumes, 1930.
  • Rutherford, Joseph F. Vindication [Vindicação] (livro um), 1931.
  • Rutherford, Joseph F. Vindication [Vindicação] (livros dois e três), 1932.
  • Rutherford, Joseph F. Preservation [Preservação], 1932.
  • Rutherford, Joseph F. Preparation [Preparação], 1933.
  • Rutherford, Joseph F. Jehovah [Jeová], 1934.
  • Rutherford, Joseph F. Riches [Riquezas], 1936.
  • Rutherford, Joseph F. Enemies [Inimigos], 1937.
  • Rutherford, Joseph F. Salvation [Salvação], 1939.
  • Rutherford, Joseph F. Religion [Religião], 1940.
  • Rutherford, Joseph F. Children [Filhos], 1941.
  • The New World [O Novo Mundo], 1942.
  • 'The Truth Shall Make You Free' ['A Verdade Vos Tornará Livres'], 1943.
  • 'The Kingdom Is at Hand' ['O Reino É Iminente'], 1944.
  • Theocratic Aid to Kingdom Publishers [Ajuda Teocrática Para os Publicadores do Reino], 1945.
  • 'Equipped for Every Good Work' ['Equipados Para Toda a Boa Obra'], 1946.
  • 'Let God Be True' ['Seja Deus Verdadeiro'], 1946.
  • 'This Means Everlasting Life' ['Isto Significa Vida Eterna'], 1950.
  • 'What Has Religion Done for Manking?' ['Que Tem Feito a Religião Pela Humanidade?'], 1951.
  • 'Let God Be True' ['Seja Deus Verdadeiro'] (revisão), 1952.
  • 'Make Sure of All Things' ['Certificai-vos de Todas as Coisas'], 1953.
  • 'New Heavens and a New Earth' ['Novos Céus e Uma Nova Terra'], 1953.
  • Qualified to Be Ministers [Qualificados Para Ser Ministros] 1955
  • You May Survive Armageddon into God's New World [Poderá Sobreviver ao Armagedom para o Novo Mundo de Deus] 1955
  • Branch Office Procedure of the Watch Tower Bible and Tract Society of Pa. [Procedimentos do Escritório da Filial da Sociedade Torre de Vigia de Pa.] 1958
  • From Paradise Lost to Paradise Regained [Do Paraíso Perdido ao Paraíso Recuperado] 1958
  • 'Your Will Be Done on Earth' [Seja Feita a Tua Vontade na Terra] 1958
  • Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose [As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino] 1959
  • Kingdom Ministry School Course [Curso da Escola do Ministério Teocrático] 1960
  • 'Let Your Name Be Sanctified' ['Santificado Seja o Teu Nome'] 1961
  • Watch Tower Publication Index (1930-1960) [Índice das Publicações da Torre de Vigia (1930-1960)] 1961
  • 'All Scripture Is Inspired of God and Beneficial' [Toda Escritura É Inspirada por Deus e Proveitosa] 1963
  • 'Babylon the Great Has Fallen!' God's Kingdom Rules! ['Caiu Babilónia, a Grande!' O Reino de Deus Já Domina!] 1963
  • 'Make Sure of All Things: Hold Fast to What Is Fine' ['Certificai-vos de Todas as Coisas: Apegai-vos ao Que É Excelente'] 1965
  • 'Things in Which It Is Impossible for God to Lie' ['Coisas em que É Impossível que Deus Minta'] 1965
  • Life Everlasting -- in Freedom of the Sons of God [Vida Eterna -- na Liberdade dos Filhos de Deus] 1966
  • Watch Tower Publications Index (1961-1965) [Índice das Publicações da Torre de Vigia (1961-1965)] 1966
  • Did Man Get Here by Evolution or by Creation? [Veio o Homem a Existir Por Evolução ou por Criação?] 1967
  • Qualified to Be Ministers (rev.) [Qualificados para Ser Ministros] 1967
  • 'Your Word Is a Lamp to My Foot' [A Tua Palavra É uma Lâmpada Para o Meu Pé] 1967
  • The Truth That Leads to Eternal Life [A Verdade Que Conduz à Vida Eterna] 1968
  • Is the Bible Really the Word of God? [É a Bíblia Realmente a Palavra de Deus?] 1969
  • 'Then Is Finished the Mystery of God' [Cumprir-se-á, Então, o Mistério de Deus] 1969
  • Aid to Bible Understanding [Ajuda ao Entendimento da Bíblia] 1971
  • Listening to the Great Teacher [Escute o Grande Instrutor] 1971
  • The Nations Shall Know That I am Jehovah' -- How? [As Nações Terão de Saber Que Eu Sou Jeová -- Como?] 1971
  • Theocratic Ministry School Guidebook [Manual da Escola do Ministério Teocrático] 1971
  • Watch Tower Publication Index (1966-1970) [Índice das Publicações da Torre de Vigia (1966-1970)] 1971
  • Organization for Kingdom-Preaching and Disciple Making [Organização para Pregar o Reino e Fazer Discípulos] 1972
  • Paradise Restored to Mankind -- By Teocracy! [O Paraíso Restaurado para a Humanidade -- Pela Teocracia!] 1972
  • Comprehensive Concordance of the New World Translation of the Holy Scriptures [Concordância Compreensiva da Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas] 1973
  • God's Kingdom of a Thousand Years Has Approached [Aproximou-se o Reino de Deus de Mil Anos] 1973
  • True Peace and Security -- From What Source? [Verdadeira Paz e Segurança -- De Que Fonte?] 1973
  • God's 'Eternal Purpose' Now Triumphing for Man's Good [O Propósito Eterno de Deus Triunfa Agora Para o Bem do Homem] 1974
  • Is This Life All There Is? [É Esta Vida Tudo o Que Há?] 1974
  • Man's Salvation out of World Distress at Hand [É Iminente a Salvação do Homem da Aflição Mundial] 1975
  • Good News -- To Make You Happy [Boas Novas Para Torná-lo Feliz] 1976
  • Holy Spirit -- The Force Behind the Coming New Order! [Espírito Santo -- A Força por Detrás da Vindoura Nova Ordem!] 1976
  • Watch Tower Publication Index (1971-1975) [Índice das Publicações da Torre de Vigia (1971-1975)] 1976
  • Your Youth -- Getting the Best Out of It [Sua Juventude -- O Melhor Modo de Usufruí-la] 1976
  • Making Your Family Life Happy [Torne Feliz Sua Vida Familiar] 1978
  • My Book of Bible Stories [Meu Livro de Histórias Bíblicas] 1978
  • Choosing the Best Way of Life [A Escolha do Melhor Modo de Vida] 1979
  • Commentary on the Letter of James [Comentário à Carta de Tiago] 1979
  • Watch Tower Publication Index (1976-1980) [Índice das Publicações da Torre de Vigia (1976-1980)] 1981
  • You Can Live Forever in paradise on Earth [Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra] 1982
  • Organized to Accomplish Our Ministry [Organizados Para Efectuar o Nosso Ministério] 1983
  • United in Worship of the Only True God [Unidos na Adoração do Único Deus Verdadeiro] 1983
  • Survival into a New Earth [Sobrevivência Para Uma Nova Terra] 1984
  • Life -- How Did It Get Here? By Evolution or by Creation [A Vida -- Qual a Sua Origem? A Evolução ou a Criação?] 1985
  • Reasoning from the Scriptures [Raciocínios à Base das Escrituras] 1985
  • 1986 Yearbook (sem textos diários) [Anuário de 1986] 1985. Todas as edições posteriores do Anuário têm sido publicadas sem os textos diários.
  • True Peace and Security -- How Can You Find It? [Verdadeira paz e Segurança -- Como Poderá Encontrá-la?] 1986
  • Worldwide Security under the 'Prince of Peace' [Segurança Mundial Sob o Príncipe da Paz] 1986
  • Watch Tower Publication Index (1930-1985) [Índice das Publicações da Torre de Vigia (1930-1985)] 1986
  • Insight on the Scriptures [Estudo Perspicaz das Escrituras] 1988
  • Revelation -- Its Grand Climax at Hand [Revelação -- Seu Grandioso Clímax Está Próximo] 1988
  • The Bible -- God's Word or Man's [A Bíblia -- Palavra de Deus ou do Homem?] 1989
  • Questions That Young People Ask: Answers That Work [Os Jovens Perguntam -- Respostas Práticas] 1989
  • Mankind's Search for God [O Homem em Busca de Deus] 1990
  • 'All Scripture Is Inspired of God and Beneficial' [Toda a Escritura É Inspirada por Deus e Proveitosa] 1990
  • The Greatest Man Who Ever Lived [O Maior Homem Que Já Viveu] 1991
  • 'Pay Attention to Yourselves and to All the Flock' [Prestai Atenção a Vós Mesmos e a Todo o Rebanho] 1991
  • Watch Tower Publication Index (1986-1990) [Índice das Publicações da Torre de Vigia (1986-1990)] 1992
  • Jehovah's Witnesses: Proclaimers of God's Kingdom [Testemunhas de Jeová: Proclamadores do Reino de Deus] 1993
  • Knowledge That Leads to Everlasting Life [Conhecimento Que Conduz à Vida Eterna] 1995

Folhetos

  • Russell, Charles T. Food for Thinking Christians [Alimento Para Cristãos Reflexivos] 1881
  • Russell, Charles T. Tabernacle Teachings [Ensinos do Tabernáculo] 1882
  • Russell, Charles T. 'Thy Word Is Truth' [A Tua Palavra É a Verdade] 1893
  • Russell, Charles T. Harvest Siftings [Peneiramento da Colheita] 1894
  • Russell, Charles T. What Say the Scriptures about Hell? [Que Dizem as Escrituras Sobre o Inferno?] 1896
  • Russell, Charles T. What Say the Scriptures about Spiritism? [Que Dizem as Escrituras Sobre o Espiritismo?] 1897
  • Russell, Charles T. The Bible vs. Evolution [A Bíblia versus a Evolução] 1898
  • Russell, Charles T. What Say the Scriptures about Our Lord's Return? [Que Dizem as Escrituras Sobre o a Volta de Nosso Senhor?] 1898
  • Russell, Charles T. Berean Studies on the At-one-ment between God and Man [Estudos Bereanos sobre a Expiação Entre Deus e o Homem] 1910
  • Russell, Charles T. Jewish Hopes [Esperanças Judaicas] 1910
  • Russell, Charles T. Berean Studies on the Divine Plan of the Ages [Estudos Bereanos sobre o Plano Divino das Eras] 1912
  • Russell, Charles T. Berean Studies on Thy Kingdom Come [Estudos Bereanos sobre o livro Venha o Teu Reino] 1912
  • Russell, Charles T. Berean Studies on the Battle of Armageddon [Estudos Bereanos sobre o livro A Batalha do Armagedom] 1915
  • Russell, Charles T. Berean Studies on the New Creation [Estudos Bereanos Sobre o livro A Nova Criação] 1915
  • Russell, Charles T. Berean Studies on the Time Is at Hand [Estudos Bereanos Sobre o livro O Tempo É Iminente] 1915
  • Outlines on the Divine Plan of the Ages [Esboços sobre o Plano Divino das Eras] 1917
  • Berean Studies on the Finished Mystery [Estudos Bereanos Sobre o livro O Mistério Consumado] 1917
  • Berean Studies on Tabernacle Shadows of Better Sacrifices [Estudos Bereanos Sobre o livro Sombras do Tabernáculo de Sacrifícios Melhores] 1917
  • Rutherford, Joseph F. Can the Living Talk with the Dead? (Talking with the Dead) [Podem os Vivos Falar com os Mortos? (Falando com os Mortos)] 1920
  • Rutherford, Joseph F. Millions Now Living Will Never Die [Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão] 1920
  • Rutherford, Joseph F. World Distress -- Why? The Remedy [Aflições Mundiais -- Porquê? O Remédio] 1923
  • Rutherford, Joseph F. A Desirable Government [Um Governo Desejável] 1924
  • Rutherford, Joseph F. Hell [Inferno] 1924
  • Rutherford, Joseph F. Comfort for the People [Conforto para o Povo] 1925
  • Rutherford, Joseph F. Our Lord's Return [A Volta de Nosso Senhor] 1925
  • Rutherford, Joseph F. The Standard for the People [O Padrão para o Povo] 1926
  • Rutherford, Joseph F. Freedom for the Peoples [Liberdade para os Povos] 1927
  • Rutherford, Joseph F. Questions on Deliverance [Perguntas Sobre a Libertação] 1927
  • Rutherford, Joseph F. Restoration [Restauração] 1927
  • Rutherford, Joseph F. Where Are the Dead? [Onde Estão os Mortos?] 1927
  • Rutherford, Joseph F. Prosperity Sure [A Prosperidade É Certa] 1928
  • Rutherford, Joseph F. The Last Days [Os Últimos Dias] 1928
  • Rutherford, Joseph F. The People's Friend [O Amigo do Povo] 1928
  • Rutherford, Joseph F. Judgment [Julgamento] 1929
  • Rutherford, Joseph F. Oppression, When Will It End? [Opressão, Quando Acabará?] 1929
  • Rutherford, Joseph F. Crimes and Calamities, The Cause, The Remedy [Crimes e Calamidades, A Causa, O Remédio] 1930
  • Rutherford, Joseph F. Prohibition and the League of Nations [A Proibição e a Liga das Nações] 1930
  • Rutherford, Joseph F. War or Peace, Which? [Guerra ou Paz, Qual?] 1931
  • Rutherford, Joseph F. Heaven and Purgatory [Céu e Purgatório] 1931
  • Rutherford, Joseph F. The Kingdom, the Hope of the World [O Reino, a Esperança do Mundo] 1931
  • Rutherford, Joseph F. Cause of Death [Causa da Morte] 1932
  • Rutherford, Joseph F. Good News [Boas Novas] 1932
  • Rutherford, Joseph F. Health and Life [Saúde e Vida] 1932
  • Rutherford, Joseph F. Hereafter [De Agora em Diante] 1932
  • Rutherford, Joseph F. Home and Happiness [Lar e Felicidade] 1932
  • Rutherford, Joseph F. Keys of Heaven [Chaves do Reino] 1932
  • Rutherford, Joseph F. Liberty [Liberdade] 1932
  • Rutherford, Joseph F. The Final War [A Guerra Final] 1932
  • Rutherford, Joseph F. What Is Truth? [O Que É a Verdade?] 1932
  • Rutherford, Joseph F. What You Need [O Que Você Precisa] 1932
  • Rutherford, Joseph F. Who Is God? [Quem É Deus?] 1932
  • Rutherford, Joseph F. Dividing the People [Dividindo o Povo] 1933
  • Rutherford, Joseph F. Escape to the Kingdom [Escape para o Reino] 1933
  • Rutherford, Joseph F. Intolerance [Intolerância] 1933
  • Rutherford, Joseph F. The Crisis [A Crise] 1933
  • Rutherford, Joseph F. Angels [Anjos] 1934
  • Rutherford, Joseph F. Beyond the Grave [Para Além da Sepultura] 1934
  • Rutherford, Joseph F. Favored People [Povo Favorecido] 1934
  • Rutherford, Joseph F. His Vengeance [A Sua Vingança] 1934
  • Rutherford, Joseph F. His Works [Os Seus Trabalhos] 1934
  • Rutherford, Joseph F. Righteous Ruler [Governante Justo] 1934
  • Rutherford, Joseph F. Supremacy [Supremacia] 1934
  • Rutherford, Joseph F. Truth -- Shall It Be Suppressed? [Paz -- Será Suprimida?] 1934
  • Rutherford, Joseph F. Why Pray for Prosperity [Por Que Orar Pela Prosperidade?] 1934
  • Rutherford, Joseph F. World Recovery [Recuperação Mundial] 1934
  • Rutherford, Joseph F. Government -- Hiding the Truth, Why? [Governo -- Escondendo a Verdade, Porquê?] 1935
  • Rutherford, Joseph F. Loyalty [Lealdade] 1935
  • Rutherford, Joseph F. Universal War Near [Guerra Universal Está Perto] 1935
  • Rutherford, Joseph F. Who Shall Rule the World? [Quem Governará o Mundo?] 1935
  • Rutherford, Joseph F. Choosing, Riches or Ruin [Escolhendo, Riquezas ou Ruína] 1935
  • Rutherford, Joseph F. Protection [Protecção] 1936
  • Rutherford, Joseph F. Armageddon [Armagedom] 1937
  • Rutherford, Joseph F. Model Study No. 1 [Estudo Modelo n.º 1] 1937
  • Rutherford, Joseph F. Safety [Segurança] 1937
  • Rutherford, Joseph F. Uncovered [Descobertos] 1937
  • Rutherford, Joseph F. Care [Cuidado] 1937
  • Rutherford, Joseph F. Face the Facts [Encare os Factos] 1938
  • Rutherford, Joseph F. Warning [Aviso] 1938
  • Rutherford, Joseph F. Advice for Kingdom Publishers [Conselho para Publicadores do Reino] 1939
  • Rutherford, Joseph F. Fascism or Freedom [Fascismo ou Liberdade] 1939
  • Rutherford, Joseph F. Government and Peace [Governo e Paz] 1939
  • Rutherford, Joseph F. Liberty to Preach [Liberdade para Pregar] 1939
  • Rutherford, Joseph F. Model Study No. 2 [Estudo Modelo n.º 2] 1939
  • Rutherford, Joseph F. Neutrality [Neutralidade] 1939
  • Rutherford, Joseph F. Conspiracy against Democracy [Conspiração contra a Democracia] 1940
  • Rutherford, Joseph F. End of Nazism [Fim do Nazismo] 1940
  • Rutherford, Joseph F. Judge Rutherford Uncovers Fifth Column [O Juiz Rutherford Desmascara a Quinta Coluna] 1940
  • Rutherford, Joseph F. Refugees [Refugiados] 1940
  • Rutherford, Joseph F. Satisfied [Satisfeitos] 1940
  • Rutherford, Joseph F. Comfort All That Mourn [Confortai Todos os Que Choram] 1940
  • Rutherford, Joseph F. God and the State [Deus e o Estado] 1941
  • Rutherford, Joseph F. Jehovah's Servants Defended [Servos de Jeová Defendidos] 1941
  • Rutherford, Joseph F. Model Study No. 3 [Estudo Modelo n.º 3] 1941
  • Rutherford, Joseph F. Theocracy [Teocracia] 1941
  • Children Study Questions [Perguntas Para o Estudo do livro Crianças] 1942
  • Organization Instructions [Instruções da Organização] 1942
  • Peace -- Can It Last? [Paz -- Pode Durar?] 1942
  • Hope [Esperança] 1942
  • 'The New World' Study Questions [Perguntas para o Estudo do livro 'O Novo Mundo'] 1942
  • Course in Theocratic Ministry [Curso do Ministério Teocrático] 1943
  • Fighting for Liberty on the Home Front [Lutando pela Liberdade na Frente Interna] 1943
  • Freedom in the New World [Liberdade no Novo Mundo] 1943
  • Freedom of Worship [Liberdade de Adoração] 1943
  • 'The Truth Shall Make You Free' Study Questions [Perguntas para o Estudo de 'A Verdade Vos Tornará Livres'] 1943
  • One World, One Government [Um Mundo, Um Governo] 1944
  • Religion Reaps the Whirlwind [Religião Ceifa a Tempestade] 1944
  • The Coming World Regeneration [A Vindoura Regeneração do Mundo] 1944
  • 'The Kingdom Is at Hand' Study Questions' [Perguntas para o Estudo do livro 'O Reino É Iminente'] 1944
  • 'The Kingdom of God Is Nigh' ['O Reino de Deus Está Próximo'] 1944
  • The 'Commander to the Peoples' ['O Comandante dos Povos'] 1945
  • The Meek Inherit the Earth [Os Mansos Herdam a Terra] 1945
  • 'Be Glad Ye Nations' ['Alegrai-Vos, Nações'] 1946
  • The Prince of Peace [O Príncipe da Paz] 1946
  • The Joy of All the People [A Alegria de Todo o Povo] 1947
  • The Permanent Governor of All Nations [O Governante Permanente de Todas as Nações] 1948
  • Counsel on Theocratic Organization for Jehovah's Witnesses [Conselho sobre Organização Teocrática para as Testemunhas de Jeová] 1949
  • Can You Live Forever in Happiness on Earth? [Poderá Viver Para Sempre em Felicidade na Terra] 1950
  • Defending and Legally Establishing the Good News [Defendendo e Estabelecendo Legalmente as Boas Novas] 1950
  • Evolution versus the New World [Evolução versus o Novo Mundo] 1950
  • Will Religion Meet the World Crisis? [Será Que a Religião Enfrentará a Crise Mundial?] 1951
  • Dwelling Together in Unity [Morando Juntos em União] 1952
  • God's Way Is Love [O Caminho de Deus É Amor] 1952
  • After Armageddon -- God's New World [Depois do Armagedom -- O Novo Mundo de Deus] 1953
  • Basis for Belief in a New World [Base Para Crer Num Novo Mundo] 1953
  • Preach the Word [Prega a Palavra] 1953
  • Counsel to Watch Tower Missionaries [Conselho para Missionários da Torre de Vigia] 1954
  • 'This Good News of the Kingdom' ['Estas Boas Novas do Reino'] 1954
  • Christendom or Christianity -- Which One Is 'the Light of the World'? [Cristandade ou Cristianismo -- Qual Delas É 'a Luz do Mundo'?] 1955
  • Preaching Together in Unity [Pregando Juntos em União] 1955
  • What Do the Scriptures Say about 'Survival after Death' [O Que Dizem as Escrituras Acerca da Sobrevivência Após a Morte] 1955
  • World Conquest Soon -- By God's Kingdom [Conquista do Mundo em Breve -- Pelo Reino de Deus] 1955
  • Healing of the Nations Has Drawn Near [A Cura das Nações Tem-se Aproximado] 1957
  • God's Kingdom Rules -- Is the World's End Near? [O Reino de Deus Domina -- Está Próximo o Fim do Mundo?] 1958
  • 'Look! I Am Making All Things New' ['Vede! Eu Estou Fazendo Novas Todas as Coisas'] 1959
  • When God Speaks Peace to All Nations [Quando Deus Decretar Paz Para Todas as Nações] 1959
  • Preaching and Teaching in Peace and Unity [Pregando e Ensinando em Paz e União] 1960
  • Security during 'War of the Great Day of God the Almighty' [Segurança Durante a 'Guerra do Grande Dia do Deus Todo-Poderoso'] 1960
  • Blood, Medicine and the Law of God [O Sangue, a Medicina e a Lei de Deus] 1961
  • Sermon Outlines [Esboços de Sermões] 1961
  • Watch Tower Publications Index [Índice das Publicações da Torre de Vigia] 1961
  • When All Nations Unite under God's Kingdom [Quando Todas as Nações se Unirem sob o Reino de Deus] 1961
  • Take Courage -- God's Kingdom Is at Hand! [Seja Corajoso -- O Reino de Deus É Iminente] 1962
  • 'The Word' -- Who is He? According to John ['O Verbo' -- Quem É Ele? Segundo João] 1962
  • Living in Hope of A Righteous New World [Vivendo na Esperança de Um Novo Mundo Justo] 1963
  • Report on 'Everlasting Good News' Assembly of Jehovah's Witnesses [Relatório sobre a Assembleia 'Boas Novas Eternas' das Testemunhas de Jeová] 1963
  • When God Is King over All the Earth [Quando Deus for Rei Sobre Toda a Terra] 1963
  • 'Peace among Men of Good Will' or Armageddon -- Which? ['Paz Entre Homens de Boa Vontade' ou Armagedom -- Qual?] 1964
  • 'This Good News of the Kingdom' [Estas Boas Novas do Reino] 1965
  • 'World Government on the Shoulder of the Prince of Peace' ['Governo Mundial Sobre os Ombros do Príncipe da Paz] 1965
  • What Has God's Kingdom Been Doing since 1914? [Quem Tem Feito o Reino de Deus Desde 1914] 1965
  • Rescuing a Great Crowd of Mankind out of Armageddon [Resgatando do Armagedom uma Grande Multidão da Humanidade] 1967
  • Man's Rule about to Give Way to God's Rule [Domínio do Homem Prestes a Dar Lugar ao Domínio de Deus] 1968
  • When All Nations Collide Head on with God [Quando Todas as Nações Colidirem de Frente com Deus] 1971
  • A Secure Future -- How You Can Find It [Um Futuro Seguro -- Como Poderá Encontrá-lo?] 1975
  • Is There a God Who Cares? [Existe Um Deus Que Se Importa?] 1975
  • There Is Much More to Life [Existe Muito Mais Envolvido na Vida] 1975
  • Jehovah's Witnesses and the Question of Blood [As Testemunhas de Jeová e a Questão do Sangue] 1977
  • Topics for Discussion [Tópicos para Discussão] 1977
  • Unseen Spirits [Espíritos Invisíveis] 1978
  • Enjoy Life on Earth Forever [Viva Para Sempre em Felicidade na Terra] 1982
  • From Kurukshetra to Armageddon [Do Kurukshetra para o Armagedom] 1983
  • In Search of a Father [Em Busca de Um Pai] 1983
  • Good News for All Nations [Boas Novas Para Todas as Nações] 1983
  • The Time for True Submission to God [Tempo Para Verdadeira Submissão a Deus] 1983
  • The Divine Name That Will Endure Forever [O Nome Divino Que Permanecerá Para Sempre] 1984
  • The Government That Will Bring Paradise [O Governo Que Estabelecerá o Paraíso] 1985
  • Examining the Scriptures Daily [Examine as Escrituras Diariamente] 1986 e anos seguintes

Brochuras

  • Jehovah's Witnesses in the Twentieth Century [As Testemunhas de Jeová no Século Vinte] 1978
  • What Is the Purpose of Life? How Can You Find It? [Qual É o Objectivo da Vida? Como o Poderá Encontrar?] 1982
  • School and Jehovah's Witnesses [A Escola e as Testemunhas de Jeová] 1983
  • Centennial of the Watch Tower Bible and Tract Society of Pennsylvania [Centenário da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados] 1984
  • The Government that Will Bring Paradise [O Governo Que Estabelecerá o Paraíso] 1985
  • Jehovah's Witnesses -- Unitedly Doing God's Will World-wide [As Testemunhas de Jeová -- Unidas em Fazer Mundialmente a Vontade de Deus] 1986
  • Look! I Am Making All Things New [Eis Que Faço Novas Todas as Coisas] (edição revista) 1986
  • Should You Believe in the Trinity? [Deve Crer na Trindade?] 1989
  • How Can Blood Save Your Life? [Como Pode o Sangue Salvar a Sua Vida?] 1990
  • Spirits of the Dead -- Can they Help You or Harm You? Do They Really Exist? [Espíritos dos Mortos -- Ajudam ou Prejudicam? Será Que Existem Realmente?] 1991
  • Does God Really Care about Us? [Importa-se Deus Realmente Connosco] 1992
  • Jehovah's Witnesses and Education [As Testemunhas de Jeová e a Educação] 1995
  • Jehovas Zeugen -- Menchen aus der Nachbarschaft. Wer sind sie? [As Testemunhas de Jeová -- Seus Vizinhos. Quem São Elas?] 1995

Relatórios de Congressos

  • Souvenir (Notes from) Watch Tower Bible and Tract Society's Convention [Notas do Congresso da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados] 1905
  • Souvenir Report from the Convention of the Watch Tower Bible and Tract Society [Relatório do Congresso da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados] 1906
  • Souvenir (Notes from) the Watch Tower Bible and Tract Society's Conventions (Panfletos I e II) [Notas dos Congressos da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados] 1907
  • Souvenir Notes of the Watch Tower Convention at Cincinnati, Ohio [Notas Sobre o Congresso da Torre de Vigia em Cincinnati, Ohio] 1908
  • Souvenir Notes Bible Students' Conventions [Notas Sobre os Congressos dos Estudantes da Bíblia] 1909
  • Souvenir Notes Bible Students' Conventions [Notas Sobre os Congressos dos Estudantes da Bíblia] 1910
  • Souvenir Notes Bible Students' Conventions [Notas Sobre os Congressos dos Estudantes da Bíblia] 1911
  • Souvenir Notes Bible Students' Conventions [Notas Sobre os Congressos dos Estudantes da Bíblia] 1912
  • Souvenir Notes Bible Students' Conventions [Notas Sobre os Congressos dos Estudantes da Bíblia] 1913
  • Souvenir Notes Bible Students' Conventions [Notas Sobre os Congressos dos Estudantes da Bíblia] 1914
  • Souvenir Notes Bible Students' Conventions [Notas Sobre os Congressos dos Estudantes da Bíblia] 1915
  • Souvenir Notes Bible Students' Conventions [Notas Sobre os Congressos dos Estudantes da Bíblia] 1916
  • The Messenger [O Mensageiro] 1927
  • The Messenger [O Mensageiro] 1928
  • The Messenger [O Mensageiro] 1931
  • The Messenger [O Mensageiro] 1938
  • The Messenger [O Mensageiro] 1939
  • The Messenger [O Mensageiro] 1940
  • Report of the Jehovah's Witnesses Assembly [Relatório Sobre a Assembleia das Testemunhas de Jeová] 1941

Panfletos de Instruções da Congregação

  • Director [Director] 1935-1936
  • Informant [Informante] 1936-1957
  • Kingdom Ministry [Ministério do Reino] 1957-1977
  • Our Kingdom Service [Nosso Serviço do Reino] 1977-1981
  • Our Kingdom Ministry [Nosso Ministério do Reino] 1981 até ao presente

Petições e Cartas

  • 'A Petition to Bro. Rutherford and the Four Deposed Directors of the W.T.B. & T. Society' [Uma Petição ao Irmão Rutherford e aos Quatro Directores Depostos da Sociedade T.V.B. & T.]. De 156 membros da Eclésia dos Estudantes da Bíblia da Cidade de Nova Iorque, 1917
  • 'An Open Letter to People of the Lord Throughout the World' [Uma Carta Aberta para o Povo do Senhor em Todo o Mundo]. Da Eclésia dos Estudantes da Bíblia da Cidade de Nova Iorque, sem data, mas publicada no Outono de 1917

Livros de Cânticos

  • Songs of the Bride [Cânticos da Noiva] 1879
  • Poems and Hymns of Millennial Dawn [Poemas e Hinos da Aurora do Milénio] 1890
  • Zion's Glad Songs [Canções de Júbilo de Sião] 1900
  • Hymns of the Millennial Dawn [Hinos da Aurora do Milénio] 1905
  • Kingdom Hymns [Hinos do Reino] 1925
  • Songs of Praise to Jehovah [Cânticos de Louvor a Jeová] 1928
  • Kingdom Service Songbook [Livro de Cânticos do Serviço do Reino] 1944
  • Songs to Jehovah's Praise [Cânticos para o Louvor de Jeová] 1950
  • 'Singing and Accompanying Yourselves with Music in Your Hearts' ['Cantando e Acompanhando-vos com Música nos Vossos Corações'] 1966
  • Sing Praises to Jehovah [Cantemos Louvores a Jeová] 1984

Tratados

  • Bible Students Tracts [Tratados dos Estudantes da Bíblia], mais conhecidos como Old Theology Quarterly [Trimestral de Teologia Antiga], 1880-1908
  • The Bible Students Monthly [Mensário dos Estudantes da Bíblia], conhecido inicialmente como People's Pulpit [Púlpito dos Povos] e depois como Everybody's Paper [Jornal de Todos] 1909-1918
  • Morning Messenger [Mensageiro da Manhã] 1918. Publicação canadiana
  • Kingdom News [Notícias do Reino] 1918 até à actualidade. Publicado esporadicamente
  • The Case of the International Bible Students Association [O Caso da Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia] 1919
  • Proclamation -- A Challenge to World Leaders [Proclamação -- Um Desafio aos Líderes do Mundo] 1922
  • Proclamation -- A Warning to All Christians [Proclamação -- Um Aviso a Todos os Cristãos] 1923
  • Ecclesiastics Indicted [Eclesiásticos Acusados] 1924
  • Message of Hope [Mensagem de Esperança] 1925
  • Testimony to the Rulers of the World [Testemunho aos Governantes do Mundo] 1926
  • 'It Must be Stopped' ['Tem de Ser Parado'] 1940
  • Quebec's Burning Hate for God and Christ and Freedom Is the Shame of All Canada [O Ódio Ardente do Québec contra Deus, Cristo e a Liberdade É a Vergonha de Todo o Canadá] 1946
  • Quebec You Have Failed Your People! [Québec Traíste o Teu Povo] 1946
  • Awake from Sleep! [Acordai do Sono!] 1951
  • Hell-Fire -- Bible Truth or Pagan Scare [Fogo do Inferno -- Verdade Bíblica ou Temor Pagão] 1951
  • Jehovah's Witnesses, Communists or Christians? [Testemunhas de Jeová: Comunistas ou Cristãos?] 1951
  • What Do Jehovah's Witnesses Believe? [Em Que Crêem as Testemunhas de Jeová] 1951
  • Hope for de Dead [Esperança para os Mortos] 1952
  • How Valuable Is the Bible? [Quão Valiosa é a Bíblia?] 1952
  • Life in a New World [Vida num Novo Mundo] 1952
  • The Trinity, Divine Mystery or Pagan Myth? [A Trindade: Mistério Divino ou Mito Pagão?] 1952
  • Do You Believe in Evolution or the Bible? [Crê na Evolução ou na Bíblia?] 1953
  • Man's Only Hope for Peace [A Única Esperança de Paz para o Homem] 1953
  • The Sign of Christ's Presence [O Sinal da Presença de Cristo] 1953
  • Which Is the Right Religion? [Qual É a Religião Correcta?] 1953
  • How Has Christendom Failed All Mankind? [Como a Cristandade Falhou Perante Toda a Humanidade?] 1958
  • Has Religion Betrayed God and Man? [Será Que a Religião Traiu Deus e o Homem?] 1973
  • Your Future -- Shaky? or Secure? [O Seu Futuro -- Incerto ou Seguro?] 1975
  • How Crime and Violence Will Be Stopped [Como se Acabará com o Crime e a Violência] 1976
  • Why So Much Suffering -- If God Cares? [Porquê Tanto Sofrimento -- Se Deus se Importa?] 1976
  • Blood Transfusion -- Why Not for Jehovah's Witnesses? [Transfusões de Sangue -- Por Que Não Para as Testemunhas de Jeová?] 1977
  • The Family -- Can It Survive? [A Família -- Pode Sobreviver?] 1977
  • Relief from Pressure -- Is It Possible? [Alívio da Pressão -- É Possível?] 1978
  • Why Are We Here? [Por Que Estamos Aqui?] 1978
  • What Has Happened to Love? [Que Aconteceu ao Amor?] 1979
  • Hope for Ending Inflation, Crime, Sickness, War? [Esperança Para o Fim da Inflação, Crime, Doença e Guerra?] 1980
  • Is a Happy Life Really Possible? [É Realmente Possível uma Vida Feliz?] 1981
  • Is Planet Earth Near the Brink? [Está o Planeta Terra à Beira do Precipício?] 1982
  • A United Happy Family -- What Is the Key? [Uma Família Unida e Feliz -- Qual é a Chave?] 1983
  • Life -- How Did It Get Here? By Evolution or Creation? [A Vida -- Qual a Sua Origem? A Evolução ou a Criação?] 1985
  • How to Find the Road to Paradise [Como Encontrar o Caminho Para o Paraíso] 1990
  • A Peaceful World -- Will It Come? [Um Mundo Pacífico -- Virá Algum Dia?] 1991
  • Does God Really Care about Us? Will the World Survive? [Será Que Deus se Importa Conosco? Sobreviverá o Mundo?] 1992
  • Comfort for the Depressed [Conforto para os Deprimidos] 1992
  • Enjoy Family Life [Tenha Prazer na Vida Familiar] 1992
  • Who Really Rules the World? [Quem Governa Realmente o Mundo?] 1992

Fontes Dissidentes

  • Heard, C. E. 'The Ship' [O Navio]. Um relatório estenográfico de um discurso feito no Standfast Bible Students Convention [Congresso dos Estudantes da Bíblia Standfast] em Seattle, WA, 12 de Janeiro de 1919
  • Johnson, Paul S. L. Another Harvest Siftings Revised [Outra Peneiração da Colheita Revisitada]. Filadélfia, PA: Impressão privada, 1918
  • Johnson, Paul S. L. Harvest Siftings Reviewed [Análise da Peneiração da Colheita]. Brooklyn, NY: Impressão privada, 1917
  • 'A Letter to International Bible Students' [Uma Carta Para os Estudantes Internacionais da Bíblia] de I. F. Hoskins, Secretário da Comissão dos Estudantes da Bíblia escolhido em Pittsburgh, PA, em Janeiro de 1918. 1 de Março de 1918. Está anexa uma declaração da comissão, bem como outros documentos
  • 'A Letter to International Bible Students' [Uma Carta Para os Estudantes Internacionais da Bíblia] de J. D. Wright, I. Margeson, F. H. McGee, R. G. Jolly, P. S. L. Johnson, I. F. Hoskins, e R. H. Hirsh. 1 de Março de 1918
  • Pierson, A. N., J. D. Wright, A. I. Ritchie, I. F. Hoskins, e R. H. Hirsh. Light after Darkness: A Message to the Watchers, Being a Refutation of Harvest Siftings [Luz Após as Trevas: Uma Mensagem Para os Vigias, Sendo uma Refutação de Peneiração da Colheita]. Brooklyn, NY: Impressão privada, 1917
  • Ritchie, A. I., J. D. Wright, I. F. Hoskins, e R. H. Hirsh. Facts for Shareholders of the Watch Tower Bible and Tract Society [Factos para os Detentores de Acções da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados]. Brooklyn, NY: Impressão privada, 1917
  • Russell, Maria Frances. This Gospel of the Kingdom [Este Evangelho do Reino]. Pittsburgh, PA: Impressão privada, 1906
  • Russell, Maria Frances. 'A Timely Letter of Importance to All Brethren' [Uma Carta Oportuna de Importância para Todos os Irmãos] de Francis H. McGee. 10 de Setembro de 1918
  • Russell, Maria Frances. The Twain One. Pittsburgh, PA: Impressão privada, 1906
  • Wright, J. D. A Brief Review of Brother Johnson's Charges [Uma Breve Análise das Acusações do Irmão Johnson]. Bayonne, NJ: Impressão privada, 1918

Outros Materiais Bibliográficos sobre as Testemunhas de Jeová

Embora já tenham mais de uma década, os livros Jehovah's Witnesses and Kindred Groups: A Historical Compendium in Bibliography [Testemunhas de Jeová e Grupos Aparentados: Um Compêndio Histórico em Bibliografia] (Nova Iorque: Garland 1984) de Jerry Bergman, e The Collector's Handbook of Watch Tower Publications [O Manual do Coleccionador de Publicações da Torre de Vigia] (Clayton, CA: Impressão privada, 1984) de Duane Magnani, continuam a ser excelentes fontes bibliográficas acerca das Testemunhas de Jeová. O livro de Magnani pode ser obtido escrevendo para Witness Incorporated, P.O. Box 597, Clayton, CA 94517, U.S.A.


Apocalipse Adiado: A História das Testemunhas de Jeová (Toronto: University of Toronto Press, 1997, segunda edição) de M. James Penton (1932-), pp. 425-444.

Índice de Assuntos

M. James Penton


A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | Y | Z

A

  • 1.000 anos/dias 196
  • 144.000 (os santos) 180, 182, 187; passam por um baptismo espiritual 192
  • Aarão 186
  • Abel 180
  • aborto 152, 202
  • Abraão 179
  • Abulafia, Abraham 4
  • Acções de Liberdade 147
  • Ackley, Maria Frances 26; veja também Russell, Maria
  • acomodação 254
  • Actos 15 215
  • Actos 20:20 97, 114-116
  • Adams, A. P. 22, 23
  • Adão 190, 191
  • Adonay 184, 185
  • adornos 78, 222, 354 nota 3
  • adultério 110-112
  • Adventismo, Adventistas 13, 15, 27
  • Adventistas do Sétimo Dia 7, 16, 155, 156, 229
  • África 90, 142, 260
  • África central 281, 283
  • África Central Britânica 254
  • África Central Britânica 254
  • África do Sul 145, 286
  • África Ocidental Britânica 254
  • África Ocidental Britânica 254
  • africanos 287
  • Ajuda ao Entendimento da Bíblia 214, 232
  • Alabama 123, 327
  • Alberta (Canadá) 327
  • Alemanha 99, 142, 150, 255, 311; Nazi 131, 147-149; crescimento das Testemunhas na 85; veja também Terceiro Reich
  • Alemanha de Leste 85, 143, 146, 311
  • Alemanha Nazi (Nazis, Nazismo) 134, 135, 139, 142, 147-149, 323; veja também Terceiro Reich
  • Alemanha Ocidental 85
  • alemãs, Testemunhas de Jeová 287, 288
  • alienação 154, 288
  • alienação social 65-68
  • alistamento no México 149
  • Allegheny, Pennsylvania 14
  • alma 190-191
  • Alquist Meneses, Toni Jean 284, 286
  • Alto Comércio 149
  • America Civil Liberties Union [União Americana Para a Defesa dos Direitos Civis] 136, 138, 140
  • América do Norte 287, 332, Testemunhas de Jeová na 254, 283
  • América latina 90, 254
  • American Espionage Act [Lei Americana de Espionagem] 55, 147
  • American Standard Version [Versão Padrão Americana] 173, 184
  • americanos 149; Testemunhas de Jeová 287
  • Américas 261
  • Anabaptistas 4, 242
  • análise textual 173
  • anciãos 237-239, 246, 249-250; abolidos 63-64; atacados por Rutherford 63-64; corpo de 97; restabelecidos 96-97; rotação de 97; luta política entre 97; resposta a 98
  • Anglicanismo 13, 242
  • Anglicanos 6
  • anglo-saxónicas, terras 142
  • Angola 145
  • aniquilacionismo 15
  • anjos 189
  • ano profético (360 dias) 19
  • ano profético de 360 dias 341 nota 28
  • Anuários das Testemunhas de Jeová: 1934 148; 1974 148; 1975 50; 1981 124
  • Apocalipse Sinóptico 119
  • apocalipticismo judaico 5
  • apostasia 120, 304
  • apóstatas 221, 245, 297-298, 301; ataques aos 122; autores 328-329; literatura de 325-327; não serão ressuscitados 202; resposta da Watch Tower aos 329-332
  • 'Apreciando o Tesouro do Serviço Sagrado' 299
  • Arden, Eve 277
  • Argentina 133
  • Ário 181
  • Aristótles 185
  • Armagedom 8, 17, 180, 181, 232, 242, 334; esperado em 1918 46; ponto de vista de Russell sobre 151
  • Armed with the Constitution [Armados com a Constituição] 327
  • Armfelt, R. H. 380 nota 56
  • arrebatamento invisível 18
  • artes 274-279
  • Ásia 142
  • Asiáticos 287
  • Associated Bible Students [Estudantes da Bíblia Associados] 13
  • Astorete 184
  • atiradores de alta precisão 64
  • atitudes étnicas e raciais 284-287
  • Atlanta, Georgia 55
  • Atlanta, Penitenciária 147
  • atletismo 276
  • Atonement between God and Man [Expiação entre Deus e o Homem] 27
  • Austrália 133, 139, 261, 305, 311, 332
  • Austrália Ocidental 291
  • australianos 287
  • Áustria-Hungria 142
  • autoridades superiores 323-324; veja também Romanos 13:1-7
  • autoridades superiores, doutrina das. Veja Romanos 13:1-7
  • Aveta, Achille 326
  • Awake! [Despertai!] 231-232

B

  • Babilónia, a Grande 24, 29, 127, 178, 183
  • Baha'is 286
  • Ball, Rose 36, 42
  • Balzereit, Paul 148
  • Banda, Dr. Kamuzu 145
  • baptismo 87, 191-192
  • baptismo, perguntas do 319
  • Baptista 43, 47
  • Barber, Carey 217, 219, 319
  • Barbour, Dr. Nelson H. 18-22, 27, 32, 40, 44, 197, 342 nota 45, 343 nota 64
  • Barnabé, Epístola de 178
  • Barnette v. West Virginia State Board of Education 143
  • Barr, John (Jack) 217, 219, 319
  • Barry, Lloyd 115, 122, 217, 219, 319, 320, 378 nota 11
  • Bartlett, Sra. Elana 248, 250
  • BAS 226
  • Battle of Armageddon, The [A Batalha do Armagedom] 27
  • Beckford, James 211, 229, 243, 256, 273, 292, 293, 296, 297, 306, 318, 327
  • Benin 145
  • Benson, George 277
  • Bergman, Jerry 224, 295, 326, 382 nota 83
  • Berkley, Bispo 171
  • Berlim, Alemanha, congresso de 1933 147; veja também congressos
  • Bessarabia, República da 146
  • Betel 51, 91, 108, 120, 124, 221-227, 236, 239, 284, 285, 287, 298, 304; acomodações 226; como é visto pelas Testemunhas de Jeová 224-225; negros e latino-americanos em 287; disciplina e treinamento 224; bebida e alcoolismo em 225-226; estudo da família 223; casamento em 223; refeições 222; pagamento 226; promiscuidade sexual em 225; 'sistema de espiões' 226-227; mulheres em 223; sustituição de trabalhadores 224
  • Betel, família 57; mexicana 149
  • Betel, meninos da mamã 226
  • Bete-Sarim 73, 75, 84
  • Bettelheim, Bruno 384 nota 13
  • Beverley, James A. 318, 327
  • Bibby, Reginald 253, 260, 261
  • Bible Examiner, The 18
  • Bible Examiner 16, 21
  • Bible in Living English (de Byngton) 173
  • Bible Society, livrarias da 130
  • Bible Students Monthly, The 55
  • Bíblia 159, 160, 163, 164, 172-176
  • Bíblia Bereana 173
  • Bíblia Hebraica 173
  • Billings Gazette 117
  • Billings, Montana 117-118
  • bispos monárquicos 6
  • Bizantina, tradição de manuscritos 172
  • Blackwell, Victor 88, 105, 359-360 nota 31
  • Blandre, Bernard 327
  • Bohnet, J. A. 50
  • Book of Common Prayer [Livro de Orações Comuns] 191
  • Booth, John 217
  • Botting, Gary 327
  • Botting, Heather 269
  • Boucher v. the King 136
  • Bover and Merk 173
  • Branch Organization Procedure [Procedimentos da Filial da Organização] 236
  • Brandeis, Justice Louis 56
  • Brasil 305; crescimento das Testemunhas no 307
  • brindes 280
  • Brinkerhoff, Merlin 253, 260, 261
  • Britânico, Império 148-149
  • British and Foreign Bible Society 174
  • British Broadcasting Corporation 123
  • British Journal of Psychiatry 291
  • Britons 287
  • Brooklyn 307, 319, 320
  • Brooklyn Daily Eagle 43
  • Brooklyn Heights 221
  • Brooklyn Heights Press 320
  • Brown, John Aquila 21
  • Bryan, William Jennings 47
  • Bunyan, John 155
  • Burmese 57
  • Butler, Jonathan 17

C

  • caça e pesca 203
  • 'Caiu Babilónia, a Grande': O Reino de Deus Já Domina 233
  • Calcedónia, Credo de 186
  • calendário 66-68
  • Calgary, Alberta 301
  • Califórnia 244, 278
  • Califórnia, imposto sobre vendas 320
  • calúnia blasfema 131
  • Calvinistas 6, 242
  • Calvino 32, 172
  • Cameroons 245
  • Campbell, Glen 276
  • campos de concentração 85, 142, 255
  • campos do exército 142
  • Canadá 122, 131, 139, 141, 154, 255, 256, 259, 305, 311, 327; preocupação com tratamento de ex-Testemunhas 332, 396 nota 61; governo de 55, 305; filial da IBSA mudou-se 57; Testemunhas de Jeová banidas 133; saúde mental das Testemunhas de Jeová 287, 288; negada a entrada de C. T. Russell 45-46; trabalho de pregação 243; filial da Watch Tower usa a televisão 244
  • Canadian Messenger of the Sacred Heart 134
  • Canadian Radio Commission [Comissão de Rádio Canadiana] 135
  • cânticos do reino 151, 276
  • capital e trabalho 151-152
  • capitalismo, capitalistas 134, 151
  • cargo electivo 280
  • Carrol, Robert 298
  • Carta dos Direitos Americana 139
  • cartillas 149, 151
  • cartões de território 247
  • Casa dos Comuns do Canadá 136
  • casamento 261-265, 268-270, 285, 287, 386 nota 51
  • Castro, Fidel 146
  • Católica Apostólica, igreja 18
  • Catolicismo 13, 242
  • Católicos 6, 129, 133, 134, 152, 154; veja também Roma, Igreja de
  • Católicos irlandeses 149
  • Católicos, países 140, 254
  • caucasianos 285
  • Cedar Point, Ohio: congresso de 1919 56; congresso de 1922 59; veja também congressos
  • Ceia do Senhor 17, 192, 305
  • Cetnar, William 245
  • Charbonneau, Bispo Joseph 134
  • Charles I 297
  • Charlesworth, Hector 135
  • Chaucer 279
  • Checoslováquia 85, 86, 98, 143, 146
  • Chicago 153
  • China 146
  • Chitty, Ewart C. 217; dispensado do corpo governante por homossexualidade 322, 393 nota 36
  • Christenson, Chris 106, 117
  • Christian Bible Students [Estudantes Cristãos da Bíblia] 123
  • Christian Century 138
  • Christianity Today 123
  • Ciência Cristã 171, 257
  • circuito, superintendentes de 97, 101, 233-235, 249-250
  • cismas 35-36; Novo Pacto 35, 40-42; 1917 49-55
  • Clarke, Adam 17
  • Clemente de Alexandria 178
  • clero: condenado 130; defende Testemunhas de Jeová 138; não será ressuscitado 202; persegue Testemunhas 130-133; protestante e judeu 129
  • Cleveland, Ohio, congresso de 1946 86
  • clubes escolares 275
  • coerência 296
  • cognição 260-261
  • Cohn, Norman 304
  • Cohn, Werner 6, 285, 287
  • Cole, Marley 105, 181, 285
  • colportores 32, nome mudado para pioneiros 64; relatam tempo que pregam 56
  • Colúmbia Britânica 259
  • Columbus, Ohio: congresso de 1924 59; congresso de 1931 62; veja também congressos
  • Comentário à Carta de Tiago 232
  • 'comércio, política e religião' 127-129
  • Comissão de Ensino 220
  • Comissão de Pessoal 220
  • Comissão de Redacção 219-220
  • Comissão do Departamento de Serviço 220, 226, 379 nota 36
  • Comissão do Presidente 220
  • Comissão Editora 220
  • comissões de serviço 64, 238
  • comissões hospitalares 102-103, 358 nota 20
  • comissões judicativas 89-90, 245, 248-249
  • Comments from the Friends [Comentários dos Amigos] 320
  • companhia, servos de 64
  • companhias. Veja congregações
  • comunhão. Veja Ceia do Senhor
  • Comunista, partido 5, 304
  • Comunistas 6
  • Concílio de Trento 164
  • Concílio Ecuménico Vaticano I 162
  • Concílio Ecuménico Vaticano II 133, 221, 306, 333
  • Concílios Ecuménicos do Vaticano: I 162; II 133, 221, 306, 333
  • condicionalismo 15-17, 27, 190-191
  • Congregação da Inquisição 221; veja também Inquisição.
  • Congregação de Deus 193-194
  • congregacionais, comissões. Veja comissões judicativas
  • congregacionais, superintendentes 214
  • Congregacional, igreja 14
  • congregacional, secretário 101, 238, 247
  • congregações: chamadas companhias 65; reuniões 241-242
  • congressos (Watch Tower) 58-59, 86-88; tornaram-se regulares em 1893 29; Berlim, Alemanha 1933 147; Cedar Point, Ohio 1919 56; Cedar Point, Ohio 1922 59; estabelecidas congressos de circuito 83; Cleveland, Ohio 1946 86; Columbus, Ohio 1924 59; Columbus, Ohio 1931 62; Detroit, Michigan 1928 59; estabelecidos congressos de distrito 83; Indianapolis, Indiana 1925 59; Londres, Inglaterra 1926 59; Los Angeles 1919 56; Los Angeles 1923 59; Nova Iorque 1950 86; Nova Iorque 1953 86; Nova Iorque 1958 87-88; Nuremberga, Alemanha 1955 87; St Louis, Missouri 1941 59; Washington, DC 1935 59
  • consistência 296
  • Consolation 61, 84, edição suíça aprova serviço militar 328, 394 nota 51
  • Constantino 6, 180
  • consubstanciação 192
  • controlo da natalidade 202, 266
  • controlos organizacionais 245-250; controlos formais 245-249; controlos informais 249-250
  • conventículos 297
  • conversão 260
  • conversas dos rapazes novos 223
  • Conway, John 135
  • Cook County hospital 153
  • Coreana, Guerra 142
  • Coreia 143, 255
  • Coreia do Sul 143, 311
  • coros 276
  • corpo governante (das Testemunhas de Jeová) 8, 97, 216-219, 228, 311-313, 315-316; idade dos membros 319; aprova suborno 149; atitudes e políticas do 318-322; Comissão do Presidente do 218; comissões 220-221; educação dos membros 217; função antes de 1975 215; recebe poderes de facto 215; homossexualidade no 322; membros do 216-217; origem 214-215; autoridade espiritual primária para as Testemunhas de Jeová 162-163; defende-se que Russell era membro de 162; regulamentos de votação do 218
  • correspondências (bíblicas, matemáticas) 19
  • Costa Rica 145
  • Côté, Pauline 328
  • Coughlin, Padre Charles E. 131
  • Counting the Days to Armageddon 326
  • Covington, Hayden C. 83, 86, 130, 252, 354 nota 7, proveniência e carácter 79; defende casos de Testemunhas em tribunal 88; desentendimentos com Knorr 79
  • Crawford, William 49
  • Creutzfeldt-Jakob, doença de 309
  • criação 196-197
  • crianças 265, 267-268, 274-275
  • criaturas espirituais 189-190
  • Crisis of Allegiance [Crise de Lealdade] 327
  • Crisis of Conscience [Crise de Consciência] 109, 149, 318, 326
  • Cristadelfos 7, 16
  • Cristandade 4, 182
  • Cristandade 6
  • cristão do Advento 15
  • Cristãos 171
  • Cristo, corpo de 180, 192-193; teria controlo completo em 1914 21
  • Cristo, reino de 45
  • cristologia 185-187
  • Crompton, Robert 326
  • cronologia, apocalíptica 19, 20, 22, 168-171, 197-201; tentativa de rever 218; depende de cálculos exactos 57; The Finished Mystery [O Mistério Consumado] 198; importância de 218; questionada 218; actual 199; de Russell 197-198; atitudes das Testemunhas em relação a 167
  • Cross, Sholto 256
  • cruz 175, 372 nota 63
  • Cruz Vermelha 308
  • Cuba 143, 146
  • Cumberland, William 54, 105
  • Cúria Papal 212, 287
  • Curry, Melvin 3, 4, 24, 44, 327
  • Czatt, Milton 255

D

  • Dachau 142
  • Dados, Os 312
  • Dagon 184
  • dança 275
  • Dante 279
  • Darby, John Nelson 18, 326
  • Darwinismo 271
  • datas (apocalípticas) 198-201; 606 AC 341 nota 38; 604 AC 21; AD 1798 20; AD 1799 22, 166; AD 1843 16, 20; AD 1844 16; AD 1846 166; AD 1872 199; AD 1873 18; AD 1874 3, 4, 18-20, 22, 34, 166; AD 1875 20; AD 1878 3, 4, 20, 23, 24, 34, 166; AD 1881 3, 4, 24, 25, 166; AD 1910 3, 4, 166; AD 1914 3, 4, 22, 28, 44, 45, 166, 182, 218, 316-317, 341 nota 38; AD 1915 44, 45, 166; AD 1917 21, 341 nota 38; AD 1918 3, 4, 46; AD 1919 218; AD 1925 3, 4, 57; AD 1935 72, 108; AD 1957 8, 218; AD 1975 8, 99-101, 201, 219, 316, 357 nota 11; AD 1976 201
  • Davi 186
  • Dawn Bible Students [Estudantes da Bíblia da Aurora] 118
  • Day Down [Aurora] 23
  • De Cecca, Giovanni 55
  • Declaration of Facts' [Declaração de Factos] 147-149, 323
  • 'Decree Concerning the Edition, and the Use, of the Sacred Books' [Decreto a Respeito da Edição e do Uso de Livros Sagrados] 164
  • Defending and Legally Establishing the Good News [Defendendo e Estabelecendo Legalmente as Boas Novas] 86
  • Del Mar Race Track 100
  • demónios 189-190
  • demonismo 289-292
  • Departamento de Redacção 232
  • desassociação 89-90, 248-249, 299-300, 311
  • Descartes 177
  • desportos 274-277
  • Detroit, congresso de 1928 59; veja também congressos
  • Deuteros theos 174
  • Dewing, Kathleen 274
  • dia nacional de oração 147
  • Diabo 189, 190
  • dias criativos 196
  • dias de 7.000 anos 196-197
  • dias proféticos 20, 199
  • Did Man Get Here by Evolution or by Creation?[Veio o Homem a Existir Por Evolução ou por Criação?] 197, 232
  • Dinamarca: preocupação com o tratamento de ex-Testemunhas 311, 396 nota 62
  • directores de serviço 63, 65
  • direita política 304
  • Discípulos de Cristo 29
  • 'discurso do rabo abanando o cão' 215
  • discursos públicos 241
  • dispensações 19, 20
  • dissensão: entre as Testemunhas de Jeová 219;em Betel 219; crescimento da 117-123; resposta a 297-300
  • dissonância e dissensão 295-297
  • Divine Plan of the Ages [Plano Divino das Eras] 27, 180
  • divórcio 110-112
  • Dostoevski 279
  • drogas aluciogénias 280
  • Drummond Henry 18
  • duas etapas, doutrina da vinda em 18
  • Dubcek 146
  • Dublin, Irlanda 123
  • Duff, Sir Lyman 63
  • Dunlap, Edward 118, 121, 124, 214, 252, 298

E

  • Eaton, Dr E. L. 29
  • ecuménicos, concílios. Veja Concílios Ecuménicos do Vaticano
  • Eddy, Mary Baker 44
  • Eden 179, 191
  • educação física 274-275
  • educação superior 103-104; mudança do regulamento sobre 313-315
  • educação universitária 101, 271-273
  • educação: atitudes em relação a 270-274; elementar e secundária 315
  • Egipto 56, 143, 179
  • Elias e Eliseu, trabalho de 179
  • Elizabeth I 297
  • Elmhurst-Queen, Nova Iorque, congregação espanhola 121
  • Elohim 184-185
  • Emphatic Diaglott 17, 173
  • Emprego 180
  • empresas legais 227-229
  • Enemies [Inimigos] 70, 129
  • Enquiry: Are the Souls of the Wicked Immortal? In Six Sermons, An [Uma Pesquisa: Será Que as Almas dos Iníquos são Imortais? Em Seis Sermões] 16
  • Enquiry: Are the Souls of the Wicked Immortal? In Three Letters, An [Uma Pesquisa: Será Que as Almas dos Iníquos são Imortais? Em Três Cartas] 16
  • entretenimento 274-279
  • envenenamento por alumínio 66, 84
  • Ernste Bibelforscher [Sérios Estudantes da Bíblia] 131, 143
  • erros, proféticos 168-171
  • Escandinávia 254
  • Escócia 123
  • escola do ministério teocrático 83, 84, 271
  • escolas de lei católicas 136
  • escolas do Ministério do Reino 111, 308
  • escravidão (romana) 286, 368 nota 99
  • escravo fiel e discreto 159-165, 182; uma 'organização-profeta' 165; visto como classe 211
  • Escrituras Gregas Cristãs 172
  • Escrituras Hebraicas 172
  • Espanha 133, 141, 143, 256
  • espírito e fôlego 190
  • esposas 268
  • 'esta geração', doutrina de 316-317
  • estaca de tortura 175, veja também cruz
  • Estados Islâmicos 309
  • Estados Unidos 13, 122, 133, 139, 141, 143, 145, 148, 150, 255, 256, 277, 304, 305; recrutamento militar nos 142; trabalho de pregação nos 243; rácio de publicadores nos 308
  • Estados Unidos, Supremo Tribunal dos. Veja Supremo Tribunal dos Estados Unidos
  • esterilização sexual 202-203
  • estilo sectário 156
  • Estudantes da Bíblia, Associação dos 29-33; disciplina da igreja 30-31; unidade doutrinal não forçada 31; anciãos não são tribunal de interrogação 31; eleições para anciãos e diáconos 30; simplicidade de organização 29-30; baptismo de água não necessário 31
  • Estudantes da Bíblia: atacado pelo clero 55; desapontados por causa de 1918 46; excitação por causa de 1925 58; impacto da morte de Russell sobre os 46; grupos independentes 156; deixam o movimento 62; literatura banida no Canadá 55; missionários enviados para Grã-Bretanha 27; quase destruídos enquanto movimento 55; oposição à guerra 55; organizam congregações no Canadá 29; irmandade pregadora 27; espalham-se para muitas terras 29
  • estudos bíblicos 241
  • Estudos Bíblicos Bereanos 5, 32
  • estudos bíblicos domiciliares 243, 247
  • ética do amor 296
  • Etiópia 145
  • Europa de Leste 143, 146, 307
  • Europa do Norte 254
  • Europa mediterrânea 311
  • Europa, europeus 261, 287, 332
  • Eva 190-191; criação de 100
  • evangelho social 152
  • Evangelho, Outro 328
  • evangélicas, livrarias 130
  • Evangélico, Protestantismo 17
  • evangelismo 242-245; relatório de tempo 247; veja também pregação, trabalho de
  • evangelismo de porta em porta 243, 246, 382 nota 83
  • Evangelismo, Britânico e Americano 13
  • Even Tide 21
  • Evolution versus the New World [Evolução versus o Novo Mundo] 86
  • ex cathedra 162, 165
  • excomunhão. Veja desassociação
  • exercícios patrióticos 65; veja também saudação à bandeira e hino nacional
  • Exército de Salvação 244
  • expiação 23
  • expiação substituta 24; veja também teoria do resgate sobre a expiação
  • ex-Testemunhas de Jeová 325-326; ministérios dirigidos a 325

F

  • fábrica de munições 280
  • Faith on the March [A Fé em Marcha] 45, 106
  • falsa história 322-324
  • Falschspieler Gottes 328
  • Fascismo 5
  • Fekel, Charles 217
  • Felderer, Ditlieb 105, 360 nota 32
  • feriados 280
  • Festinger 298
  • 'Fifth Estate' 123
  • filhos dos servos de Salomão 312
  • filiais da Watch Tower Society 236-237; Britânica 236-237; Canadiana 57, 237, 244; envolvida em contrabando de rum 225
  • Filipinas 99, 145, 254
  • filmes 244, 276
  • Finished Mystery, The [O Mistério Consumado] 50-52, 55, 181, 198, 323
  • Fisher, George H. 50, 55, 348 nota 4
  • Fiske, Granville e Grace 83
  • fogo do inferno 325
  • Food for Thinking Christians [Alimento Para Cristãos Reflexivos] 26
  • fornicação: mudanças doutrinais a respeito 111-112; base para divórcio 110-111; dentro do casamento 111
  • Fosdick, Dr. Harry Emerson 138
  • Franklin Peninsula News 118
  • Franz, Frederick William 8, 58, 82, 83, 130, 150, 162, 216, 219, 252, 301, 378 nota 11; interpretações alegóricas de 178; aprova suborno 149; proveniência e carácter 79-80; morte 315; explica falhanço de 1975 99-100; insiste no estudo da Bíblia no salão do reino 121; membro da Comissão da Tradução do Novo Mundo 174; sobre publicações da Torre de Vigia 245; opõe-se a mudanças na autoridade do corpo governante 216; opõe-se ao corpo governante 215; 'oráculo' 124; autoridade actual de 216; ensino sobre a ressurreição 201; testemunho no caso Walsh 162-163
  • Franz, Raymond Victor 109, 118, 120, 124, 149-151, 214-219, 227, 230, 248, 252, 281, 298, 302, 305, 315, 316, 318-319, 321-322, 326; comentários sobre o corpo governante 333; identifica Comissão da Tradução do Novo Mundo 174; missionário em Porto Rico e na República Dominicana 217; questiona a habilidade das Testemunhas de Jeová se reformarem 333-334; fala na rádio e na televisão 123
  • Free Minds Journal 327
  • Freud, Sigmund 253
  • From Paradise Lost to Paradise Regained [Do Paraíso Perdido ao Paraíso Recuperado] 232
  • Frost, Erich 328

G

  • Gangas, George 174, 216, 219
  • Garbe, Detlef 328
  • Gaskill, Bonnie 284, 286
  • geena 190
  • Genebra 178
  • Gentile Times Reconsidered, The [Os Tempos dos Gentios Reconsiderados] 107
  • Gestapo 131, 328
  • Gileade 83, 118, 217, 221, 229, 271
  • Gimbel, Irmãos 131
  • Ginsburg 173
  • G-jobbing 226
  • Glass, Enrique 150
  • Glass, Leon 150
  • Globe, revista 278
  • Gnósticos 178
  • God's 'Eternal Purpose' Now Triumphing [O 'Propósito Eterno' de Deus Triunfa Agora] 182
  • Goethe 279
  • Gogue de Magogue 189
  • Golden Age, The [A Idade de Ouro] 56, 84; linguagem extrema de 130; sobre o amor romântico 262-265
  • Goodspeed 174
  • Gorbachev, Mikhail 334
  • Goux, M. 82
  • governo teocrático 62-64, 211
  • Govett, Reverendo Robert 18
  • Grã-Bretanha 27, 178
  • Grã-Bretanha 99, 122, 133, 136, 143, 148-149, 255, 304; perseguição na 131; trabalho de pregação na 243; Testemunhas na 255
  • Graham, Walter 301
  • grande multidão 71-72, 188, 194-195, 219, 311; tempo esgota-se para 334
  • Grande Pirâmide 170
  • grande tribulação 316, 334
  • Graves, Teresa 277
  • Great Battle in the Ecclesiastical Heavens, A [Uma Grande Batalha nos Céus Eclesiásticos] 48
  • Grécia 140, 143
  • Greenlees, Leo 216; despedido do corpo governante por homossexualidade 322, 393 nota 36
  • Gregerson, Peter 287, 296, 297
  • Grew, 'Diácono' Henry 15, 343 nota 64
  • Griesbach 173
  • Groh, John 216
  • Guerra do Vietname 142
  • guerras mundiais. Veja Primeira e Segunda Guerra Mundial
  • Guibert, Lena 38

H

  • hades 190
  • Harner, Philip 174
  • Harp of God, The [A Harpa de Deus] 57
  • Harrison, Barbara Grizzuti 223, 274, 285
  • Heath, W. P. 82
  • Hegel 171
  • Hegeliana, dialéctica 5
  • Heilsgeschichte 180
  • Hemery, Jesse 49, 50
  • hemofilia, tratamento da 206
  • Hennings, E. C.
  • Henschel, Milton 216, 219, 319, 320; presidente da Watch Tower 315-316
  • hepatite C 309
  • Herald of Life and the Coming Kingdom [Arauto da Vida e do Reino Vindouro] 16
  • Herald of the Morning [Arauto da Manhã] 18, 19, 170
  • Higgins, John 248, 383 nota 91
  • Hinduísmo 171
  • hino nacional 143, veja também exercícios patrióticos
  • hinos 66; veja também cânticos do reino
  • hipnotismo 289
  • Hirsh, Robert H. 50, 52, 54
  • história da salvação 180
  • história: progressão linear na 5; filosofia da 179-183
  • Hitler, Adolf 5, 87, 143, 147, 323
  • Hoess, Rudolph 384 nota 13
  • Hofstadter, Richard 214, 304
  • Holanda 243, 256
  • 'Holocausto: Quem Denunciou?' 323
  • 'homem com o tinteiro' 34
  • homem, natureza do 190-191
  • Homens da Quinta Monarquia 4
  • Homer 178
  • Homologeo 175
  • homossexualidade 152; em Betel 225
  • Hoskins, Isaac F. 50, 54
  • How, W. Glen 88, 108, 154, 301, 310, 390 nota 6
  • Hungria 85
  • Hutteritas 140, 253, 383 nota 1
  • Hyslop, Dr. Alexander 183

I

  • I Testimoni di Geova e la politica: martiri o opportunisti? [As Testemunhas de Jeová e a Política: Mártires ou Oportunistas?] 326
  • igreja 193-194
  • igreja cristã do advento 16
  • Igreja de Deus (Fé de Abraão) 17
  • Igreja de Inglaterra 172
  • Igreja de Roma. Veja Roma, Igreja de
  • Igreja Episcopal Metodista 15, 29
  • Igreja Mundial de Deus 16, 229
  • Igreja Ortodoxa Grega, clero 133, 135
  • Igrejas Reformadas 172
  • Iluminismo 177
  • imersão. Veja baptismo
  • imprensa religiosa 136, 138
  • In Search of Christian Freedom [Em Busca de Liberdade Cristã] 326
  • incarnação 174
  • Index Librorum Prohibitorum [Índice de Livros Proibidos] 279
  • Índia 145
  • Indianápolis, Indiana, congresso de 1925 59; veja também congressos
  • Inglaterra. Veja Grã-Bretanha.
  • Inquisição 249; veja também Congregação da Inquisição
  • inspiração (bíblica) 172
  • intelectuais 108
  • International Bible Students Association [Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia] (Grã-Bretanha) 29, 49, 228, 324; mudança do da filial canadiana 57
  • International Bible Students Association of Canada [Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia do Canadá] 228-229; licenças de rádio não renovadas 131
  • Internet 325, 335
  • interpretação alegórica 177-179
  • interpretação historicista de Revelação 19
  • Iowa, University of 54
  • Irão 304
  • Ireneu 177
  • Irlanda 123
  • irlandesas, Testemunhas de Jeová 300
  • Irving, Edward 18
  • Irvingites 18
  • Is the Bible Really the Word of God [É a Bíblia Realmente a Palavra de Deus] 197, 232
  • Islão, Islâmico 4, 255
  • Israel espiritual 180, 303
  • Israel, 133, 288
  • Israel, Rabbi Edward L. 138
  • Itália 143, 305; crescimento das Testemunhas na 85
  • Italianos 287

J

  • Jack Mormons 226
  • Jackson, Michael 277-279, 301
  • Jackson, William 216, 219
  • James I 297
  • Japão 99, 243, 255, 256, 260-261, 305, 310, 311, 332, 381 nota 60; crescimento das Testemunhas de Jeová no 307
  • Japonesas, Testemunhas de Jeová 288
  • Jaracz, Theodore 217, 219, 319, 320
  • Jasmin, Damien 134
  • Jehovah's Witnesses and Education [As Testemunhas de Jeová e a Educação] 315
  • Jehovah's Witnesses and Kindred Groups [As Testemunhas de Jeová e Grupos Aparentados] 326-327
  • Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose [Testemunhas de Jeová no Propósito Divino] 47, 106
  • Jehovah's Witnesses: Proclaimers of God's Kingdom [Testemunhas de Jeová: Proclamadores do Reino de Deus] 322-323
  • Jehovah's Witnesses: The Millenarian World of the Watch Tower [Testemunhas de Jeová: O Mundo Milenário da Torre de Vigia] 327
  • Jehovah's Witnesses: The New World Society [Testemunhas de Jeová: a Sociedade do Novo Mundo] 105
  • Jeová 184-185, 188
  • Jerusalém , concílio de 215
  • Jerusalém 21, 56, 188
  • Jesus Cristo 179-180, 185-187
  • Jiménez, Jesús 256, 257
  • Jimmy Swaggart Ministries 320
  • João 1:1 174
  • João 17:3 175
  • João XXIII, Papa 217
  • João, o baptizador 180
  • jogo 152, 280
  • John, St. 181
  • Johnson, Paul S. L. 40-41, 49-53, 60, 80, 285, 349 nota 23
  • Jonadabes 188; veja também grande multidão
  • Jones, A. D. 22-25
  • Jonsson, Carl Olof 18, 107, 123, 316, 326
  • Journal of Biblical Literature 174
  • Journal of Personality 274
  • Jubber, Ken 130
  • jubileus, ciclo dos 20, 56
  • judaísmo 4, 6
  • Judeus 148-149, 152, 187-188, 242, 284-286; comunidade 133, 288; opinião de Russell sobre 65, 127, 284, 285; restauração na Palestina 21, 46; mudado o ensino sobre 129
  • júri, papel de 280
  • just price -- just wage [preço justo -- salário justo] 151
  • Justino, o Mártir 174, 177

K

  • Kaplan, William 327
  • Keith, B. W. 18
  • Kennewick, Washington 118
  • King James Version 172, 184
  • Kittel, Rudolph 173
  • Klein, Karl 217, 218, 319, 359 nota 31
  • Knorr, Nathan Homer 82, 86, 116, 150, 162, 214, 215, 216, 245, 251-252, 283; acompanha Rutherford à Alemanha 147; cancro 99; autocrata até 1971 214; aprova suborno 149; proveniência e carácter 77-79; criticado por causa de 1975 99; acomodações 222; membro da Comissão da Tradução do Novo Mundo 174; casamento 223; opõe-se ao corpo governante 215; apresenta a Tradução do Novo Mundo das Escrituras Gregas 86; remodela a comunidade das Testemunhas 83-84; opiniões sobre o casamento e a família 266
  • Kogon, Eugen 288
  • Krishna, Consciência 244
  • Kuilan, Nestor 121
  • Kyrios 184

L

  • La Torre del Vigia de México 150, 151, 229
  • Lang, Norman 261
  • Las Vegas, Nevada 278
  • Latino-americanas, Testemunhas de Jeová 287
  • latinos, países 142
  • Layman's Home Missionary Society [Sociedade Missionária Lar do Leigo] 55, 118
  • Leão XIII, Papa 151
  • Legião Americana 143
  • Lei de Espionagem 136
  • Leibniz 177
  • Lengtat, Reinhard 214
  • Lenin 5, 338 nota 7
  • Les Témoins de Jéhovah [As Testemunhas de Jeová] 327
  • Les Transactions politiques des croyants [As Transações Políticas dos Crentes] 328
  • 'Let God Be True' ['Seja Deus Verdadeiro'] 94, 159, 188, 232
  • Lethbridge, Alberta 122
  • liberdades civis 155
  • Liberdades Fundamentais e as Testemunhas de Jeová 327
  • Libéria 145
  • Life and Advent Union [União Vida e Advento] 16
  • Life Everlasting in Freedom of the Sons of God [Vida Eterna na Liberdade dos Filhos de Deus] 94
  • Liga da Juventude do Malaui 145
  • Liga das Nações 59, 149
  • Lightbearer 265
  • Lincoln, Abraham 285
  • Listening to the Great Teacher [Escute o Grande Instrutor] 233
  • literatura de ódio 131
  • literatura: distribuída gratuitamente 320; Watch Tower 231-233; atitudes das Testemunhas para com 279
  • Loesch, Gerrit 319
  • Lollardos 181
  • Londres, Inglaterra 73, 129, 236; congresso de 1926 59
  • Los Angeles, Califórnia: congresso de 1919 56; congresso de 1923 59
  • lotarias 152
  • Luapula, Zâmbia 257, 267
  • lutas de touros 280
  • Luteranos 6, 181
  • Lutero 172, 178, 181
  • Lynch-Staunton, George 43

M

  • Maclean's, reista 123, 279
  • Macmillan, Alexander H. 45, 80, 106, 349 nota 40; admite eleições da Watch Tower predeterminadas 56; torna-se membro da directoria 50; chama a polícia 54; engendra a eleição de Rutherford 51; preso 55; recebe ordens de enviar Paul Johnson para Inglaterra 49; encarado como intriguista 52
  • Madison Square Garden 131
  • Magdeburg 73
  • magisterium 35, 160, 165
  • Magnani, Duane 326-327, 391 nota 14
  • Malaui 149, 150, 277
  • mandato divino 202
  • 'manter a congregação limpa' 246
  • marcar 249
  • marchas informativas 71, 129
  • Maria (a virgem) 186
  • maridos e pais 268
  • Martin, R. J. 55
  • Marxismo 5, 134, 135, 146, 260
  • marxistas, países 140, 146
  • masturbação 111, 223, 225
  • Mattera, Ray 316, 318, 325
  • May, John 123
  • Maylayalam 57
  • McCall's, revista 214
  • McConnell, Bispo Francis J. 138
  • McGee, Francis H. 349 nota 23
  • McPhail, M. L. 42
  • McPherson, Amee Semple 44
  • mediador 41, 188-189
  • medicina psiquiátrica 289
  • medusa, história da 346 nota 124
  • meios noticiosos 244, 245; resposta das Testemunhas aos 301
  • Melbourne, Austrália 118
  • Melquisedeque 186
  • membros das Testemunhas de Jeová 253-260
  • Memorial, assistência ao 293, 294
  • Memorial. Veja Ceia do Senhor
  • Menonitas 140, 155
  • Mensageiro Laodicense 34
  • menstruação, proibidas relações sexuais durante 111
  • Merriman, Martin 123
  • Metodismo 13
  • Metodistas 258-259
  • Mexicana, Constituição 151; mudanças na 320-322
  • Mexicano, Exército 151
  • México 149-151, 305; crescimento das Testemunhas de Jeová no 307-308; rácio de publicadores no 308
  • Miguel, o Arcanjo 189
  • milenarismo 3, 4, 7
  • Millennial Dawn Series [Série da Aurora do Milénio] 27
  • Miller, Harley 100
  • Miller, William 16, 20, 166, 326
  • Milleritas 3, 4, 16, 166
  • Millions Now Living Will Never Die [Milhões Que Agora Vivem Nunca Morrerão] 57-58
  • Minersville School District v. Gobitis 136, 143
  • ministros 116-117
  • Mistério, doutrina do 40
  • mobilidade social 257-259
  • Moçambique 145
  • Moffat 174
  • Moisés 186
  • Molka, Solomon 4
  • Molotov-Ribbentrop, Pacto 133
  • Montague, havor 108, 283, 290-292
  • Montanistas 4, 7
  • Moonies. Veja Igreja da Unificação
  • Mórmons, Mormonismo 4, 7, 103, 154, 156, 165, 229, 241, 257, 286, 295, 314
  • Morrell, Charles 63
  • morte adâmica 196
  • Mosalenko, A. T. 135
  • Moss Kanter, Rosabeth 327
  • Moyle, Olin 80-83, 225, 248, 322, 325
  • Mrx, karl 134, 253
  • muçulmano, mundo 140
  • mudanças doutrinais 318
  • mullahs 135
  • mundo em vias de desenvolvimento 332
  • Munters, Quirinus, J. 243, 256
  • música moderna 276
  • My Book of Bible Stories [Meu Livro de Histórias Bíblicas] 233

N

  • Nabucodonosor 21
  • Nações Islâmicas 133
  • não conformidade Protestante 13
  • 'Nascimento de uma Nação' 351-352 nota 75
  • Natal 66
  • Nations Shall Know that I am Jehovah' -- How?, 'The ['As Nações Terão de Saber Que Eu Sou Jeová' -- Como?] 106
  • Nefilins 189
  • negócio das limpezas 282
  • negócios, relacionamentos 282-283
  • negros 284-287
  • Nelson, Wilton 251
  • neshamah 190
  • Nestle 173
  • Netineus 312
  • neutralidade 182
  • Nevejans, Mark 121
  • New Creation, The [A Nova Criação] 27, 323
  • New Market, New Jersey 86
  • 'New Things Learned' [Novas Coisas Aprendidas] 234
  • New World Translation [Tradução do Novo Mundo] 173-176; comissão da 173-174; of the Greek Scriptures [das Escrituras Gregas] 86, 324
  • Newsweek, revista 123, 279
  • Newton, Merlin Owen 327
  • Newton, Sir Isaac 17, 177
  • Nicéia, Concílio de 180
  • Niebuhr, Dr. Reinhold 138
  • Niebuhr, H. Richard 3, 253
  • Nieman, W. 348 nota 4
  • Nigéria 99
  • Nisã (14 de) 17, 192
  • Nobel, Rolf 328
  • Noé 179
  • noiva de Cristo 180
  • nórdicas, terras 142
  • notáveis da antiguidade 201
  • Nova Iorque 118, 121; congresso de 1950 86; congresso de 1953 86; congresso de 1958 87-88
  • nova terra 180
  • Nova Zelândia 311, 332
  • Novo Pacto 187-189; não se aplica à igreja 40, 41; aplica-se à igreja 40
  • Novo Pacto, cisma do 40-42
  • Novo Pacto, Crentes no 42, 188
  • Novo Testamento 172
  • Nuremberg, Alemanha, congresso de 1955 87

O

  • objecção de consciência, aprisionamento das Testemunhas por 142
  • Object and Manner of Our Lord's Return [Objecto e maneira da Volta de Nosso Senhor] 17-18
  • objectores de consciência 202
  • O'er the Ramparts They Watched [Eles Observavam Sobre as Muralhas] 105
  • Onda, Dr. Lawrence 289
  • Organization for Kingdom-Preaching and Disciple-Making [Organização para Pregar o Reino e Fazer Discípulos] 97, 114-116, 191
  • Organized to Accomplish Our Ministry [Organizados Para Efectuar o Nosso Ministério] 191, 206, 236, 249
  • orientais 284
  • Orígenes 174; interpretações alegóricas de 178
  • Orlady, Justice 346 nota 114
  • Ottawa Citizen, The 301
  • Ottawa, Ontario 248, 301
  • Our Kingdom Ministry [Nosso Ministério do Reino] 232
  • Our Kingdom Service [Nosso Serviço do Reino] 232
  • outras ovelhas. Veja grande multidão
  • ovelhas e cabritos 316

P

  • Pacífico Sul 90
  • Pagano, Michael 278
  • Page, W. E. 38
  • países de língua inglesa (Testemunhas de Jeová em) 254
  • Palestina 57
  • Papias 7
  • Paranoid Style in American Politics, The [O Estilo Paranóico na Política Americana] 304
  • parousia 182, veja também presença invisível
  • Partido do Congresso do Malaui 145
  • partidos políticos 280
  • Pasco, Washington 118
  • Páscoa 192
  • Pastoral Bible Institute [Instituto Bíblico Pastoral] 55
  • pastoreio, trabalho de 101-102
  • Paton, John H. 18, 19, 22, 23, 27, 32, 197, 343 nota 64
  • Paulo, o Apóstolo 181, 182, 186, 261
  • 'Pay Attention to Yourselves and to All the Flock' ['Prestai Atenção a Vós Mesmos e a Todo o Rebanho'] 331-332
  • 'Paying Back Caesar's Things to Caesar' ["Pagamos a César as Coisas de César"], 317
  • pecado (adâmico) 191
  • peças de teatro escolares 275
  • Pedro, o Apóstolo 196
  • Pentecostalismo 242
  • People's Pulpit Association [Associação Púlpito do Povo] 29, 51
  • 'pequeno rebanho' 180
  • peregrinos 32, 41
  • Persecution of Jehovah's Witnesses, The [A Perseguição às Testemunhas de Jeová] 138
  • Persson, Rud 326
  • Pescor, M. J. 291, 292
  • Pessimistic Sect's Influence on the Mental Health, The [A Influência Pessimista da Seita na Saúde Mental] 290
  • pessoas desassociadas 300-301; Testemunhas de Jeová associando-se com 331-332
  • pessoas profissionais 103-108
  • Philo Judaeus 178
  • Phoenix, Arizona 118
  • 'Photo-Drama of Creation' [Foto-Drama da Criação] 29, 196
  • Pierson, Andrew N. 50, 52-54
  • Pilgrim's Progress [Progresso do Peregrino] 155
  • pioneiros, pionagem 64, 239, 246, 277, 288, 295; rácio para os publicadores 292-293
  • plano das eras 166-167
  • Plymouth Brethren [Irmandade de Plymouth] 18, 183
  • Poetzinger, martin 217, 219
  • Poewe, Karla 257, 267, 283
  • poligamia 90
  • Pollina, Sergio 326
  • Polo Grounds 87
  • Polónia 85, 86, 146
  • porneia 110-112; veja também fornicação
  • pornografia 152
  • Port Moody, Colúmbia Britânica 248
  • porta fechada, conceito 24
  • Portugal 141
  • pregação, trabalho de: 114-116, 154, 245-247; oposição ao 141-142; necessário para a salvação 206; um trabalho de separação 206-208; veja também evangelismo
  • Presbiteriana, Igreja 13
  • presença invisível 4, 17-19
  • presença real 192
  • presidente (Torre de Vigia) 214-216
  • Primeira Guerra Mundial 45, 131, 139, 142, 311, 323
  • progressão linear 179-181
  • proibição 225
  • propaganda (anti-Testemunhas) 134
  • Prophetic Times 17
  • propriedades reais 229
  • proselitismo 299
  • Prosser, Washington 118
  • prostituição 152
  • Protestantes, Protestantismo 111, 129, 133-134, 152, 181, 254; americano 13
  • publicadores 247; crescimento e perda de 294-295; rácio para pioneiros 292-293
  • Puerto Rico 121, 217
  • Puritanos 155

Q

  • quadro de directores 81-82, 227-228; veja também Watch Tower Bible and Tract Society
  • Quakenbush, Colin 252, 354 nota 7
  • Quakers 156
  • Qualified to Be Ministers [Qualificados Para Ser Ministros] 232
  • Quebec 71, 131, 133, 141, 287, 328; perseguição às Testemunhas de Jeová no 88
  • querubins 189
  • Quiles, Lucy 121
  • quintas do reino 217, 239

R

  • raça. Veja atitudes étnicas e raciais
  • rádio 244; estações dos International Bible Students [Estudantes Internacionais da Bíblia] 131; Rutherford obrigado a abandonar 131; Testemunhas usam 59; estações 229
  • Rahner, Karl 174
  • Rainbow [Arco-íris] 18
  • rainha da beleza 275
  • rainhas de beleza 275
  • Ramallah, Palestina 56
  • rapture 24-25
  • Rawe, Richard 338 nota 2
  • Raynor, Laura 38
  • Reagan, President Ronald 277
  • Rearmamento Moral 257
  • recensões 172-173
  • 'Recent Evidences of Wrong Teachings Being Spread About' [Evidências Recentes de Ensinos Errados Sendo Espalhados] 119-120
  • Reed, David 231, 326-327
  • Reforma 180-181
  • regiões 69
  • Reimer, W. H. 82
  • relacionamentos dos pactos 187-189
  • relatório de tempo (na pregação) 56, 101-102
  • religião (ataque sobre a) 70-71
  • 'Religion Is a Snare and a Racket' [Religião É Laço e Extorsão] 129
  • renúncia às Testemunhas de Jeová 300
  • República de Weimar 131, 141
  • República Democrática Alemã 311; veja também Alemanha de Leste
  • República Dominicana 150, 217
  • Rerum Novarum 151
  • resgate (correspondente) 186
  • ressurreição 201-202; Cristo ressuscitado em espírito 187; terrestre 201; esperança limitada da 65
  • restante, aumento no número do 108-109
  • reuniões de serviço 241
  • revelação progressiva 165-171; 324
  • Revelação, livro de 7
  • revistas de moda 279
  • revistas, trabalho de 242
  • Richland, Washington 118
  • Riecken 298
  • Ritchie, Alfred I. 49, 50, 54
  • Robertson, Dr. A. T. 114-115
  • Robinson, F. H. 55
  • Rochester, Nova Iorque 18
  • Rodésia, Testemunhas da 145
  • Rogerson, Alan 179, 181, 233, 255, 260
  • Roma, Igreja de 129, 180, 181, 304, 306, 334; encarada como Babilónia a Grande 178; hierarquia das Testemunhas comparada à 211-214
  • Romana, hierarquia Católica 129
  • Romano, Império 7
  • Romanos 10:10 175
  • Romanos 13:1-7 65, 139
  • românticas, novelas 279
  • romântico, amor 262-266
  • Roménia 86, 146
  • Ross, Reverendo J. J. 43
  • Rotherham, Joseph B. 18, 173, 185
  • ruahh 190
  • rum, contrabando de 225
  • Russell, Charles Taze 181, 303; aceita a cronologia de Barbour 19; adopta teologia ariana 27; adopta a doutrina da mulher sobre o 'servo fiel e sábio' 34; anuncia pregadores 26; tenta negar efeitos do fracasso profético 45; atitude em relação ao capitalismo 151; atitude em relação ao clero 42-43; atitude em relação à educação 271; atitude em relação aos judeus e negros 285-286; atitude em relação a outras religiões 127; atitude em relação ao sexo e casamento 36, 37, 262; crença a respeito do Estado Secular 138-139; nascimento, background e anos iniciais 13-15; actividades e riqueza nos negócios 14, 338 nota 2; chamado o Mensageiro Laodicense 34; carácter 43-44; alega que os tempos dos Gentios terminaram 45; alega não ser inspirado 26; alega ignorar credos 33; ataques clericais a 130, 134; comparado a outros líderes religiosos 44, 75-76; controla a Watch Tower Society 32; morte 46; debate com líderes religiosos 29; nega que a igreja tem mediador 41; domina Estudantes da Bíblia 32; educação 14; envolvimento religioso na juventude 13; eleito pastor 26; sistema escatológico consistente 326; estabelece Estudos Bereanos 32; 'servo fiel e sábio' 5, 33-35; acusado falsamente de perjúrio 43; teme falhanço da profecia 44; forma estudo da Bíblia 14; canal de Deus 34; defende que o 'servo fiel e sábio' é a igreja 33; impõe ensinos 32; ministério independente 24; instrui assistente a enviar Paul Johnson para a Grã-Bretanha 49; interpretação das Escrituras 176-178; perde fé 13; perde processo judicial com o Brooklyn Eagle 43; 'homem com o tinteiro' 34; casamento não consumado 35; atribulações maritais 35-40; opõe-se à guerra 55; organiza congregações 26; planos para sucessão depois da morte 48; presidente da Watch Tower Society 13; promove voto 41, 42; propõe separação da esposa 36; publicações 26; rejeita nome denominacional 27; separação da esposa 35, 38-40; sermões em jornais 29; falou de escrever volume VII 50; sugere estudo de Studies in the Scriptures [Estudos das Escrituras] 32; reforça apoio aos objectores de consciência 45-46; processos judiciais 39, 41; ensinou que Studies in the Scriptures [Estudos das Escrituras] eram a Bíblia arranjada por tópicos 5, 32; ensinos sobre datas apocalípticas 3, 4; ensinos sobre o Novo Pacto 40-42; abstémio e vegetariano 225; companheiros de viagem 44; viagens 29; opinião sobre pregação 27
  • Russell, Eliza Birney 13
  • Russell, Emma Ackley 38, 39
  • Russell, Joseph L. 13, 14, 38
  • Russell, Maria 42, 160, 223, 262, 346 nota 124; co-autora com o marido 36; defende o marido 35-36; exige liberdade para escrever em Zion's Watch Tower [A Torre de Vigia de Sião] 38; exige maior reconhecimento 35-36; desenvolve doutrina do 'servo fiel e sábio' 33-34; gradua-se na Curry Normal School 36; ciumenta do marido 36; casamento não consumado 35; muda-se para casa alugada 39; proclama o marido como 'servo fiel e sábio' 36; publica tratado contra o marido 39; discussões com o marido 36-40; encara o marido como 'servo mau' 37; secretária-tesoureira de Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião] 35; apoia direitos das mulheres 37; conta história da medusa 39; quer tomar lugar do marido como 'aquele servo' 37; escreve para a Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião] 36
  • Rússia 133; veja também União Soviética
  • Rutherford, Juiz Joseph F. 82, 162, 251, 255, 303; abandona doutrina de que Russell era o 'servo fiel e sábio' 60; acaba com anciãos eleitos 64; administra a Teocracia 61; um autocrata 48, 214; ataca o 'desenvolvimento do carácter' 60; ataca o clero 130; ataca anciãos eleitos 63-64; ataca fisicamente Paul Johnson 53; atitude em relação ao capital e ao trabalho 151; atitude em relação aos judeus 65-66, 286; atitude em relação a outras religiões 127-129; atitude em relação às mulheres, sexo, casamento e a família 66; 262-266; background e carácter 47-48; crença a respeito do estado secular 139; convoca referendo de 1917 54; alega ser o sucessor espiritual de Russell 160-161; alega que a Sociedade é a comunidade dos Estudantes da Bíblia 61; comparado a Brigham Young 75-76; cria a teocracia 5, 62-64; morte e enterro 74-75; destrói a comissão editorial da Watch Tower 59; desenvolve processo judicial de defender Testemunhas 88; eleito presidente da Watch Tower Society 47; estabelece novas filiais da Watch Tower 56; acusa falsamente directores da Watch Tower de se oporem ao Finished Mystery [Mistério Consumado] 322-323; desloca-se à Alemanha 147; obriga Paul Johnson a sair de Betel 53; imprime secretamente o Finished Mystery [Mistério Consumado] 53; ignora o testamento de Russell 52; encarcerado 55; aumenta poderes 59-61; limita a esperança de ressurreição 201; acomodações 222; 'fez figura de parvo na questão de 1925' 58; ministério 58; não nomeado para a comissão editorial da Watch Tower 48; opôs-se ao esforço de guerra dos aliados 147; vida pessoal 72; acusado 131; pressiona realização do trabalho de pregação 60; discute com directores da Watch Tower 50-55; reeleito presidente da Watch Tower em 1919 56; recusa-se a permitir exame às contas da Watch Tower 53; recusa-se a assumir o título pastor 48; libertado da prisão 56; selecciona o nome Testemunhas de Jeová 62; envia Paul Johnson para Inglaterra 49; serviu como juiz substituto 47; diz a Macmillan para chamar a polícia 54; viaja para a Europa, Palestina e Egipto 56; escreve 'Birth of the Nation' [Nascimento da Nação] 59
  • Rutherford, Malcolm 75
  • Rutherford, Mary 72, 75

S

  • Sábado, legislação sobre o Dia de 141
  • sacramentos 191-192; veja também baptismo e Ceia do Senhor
  • salões do reino 280
  • Salter, Walter 73, 248
  • San Diego, Califórnia 72-75, 100
  • Sanchez, Cristobal 121
  • Sanchez, Norma 121
  • sangue 204-206
  • sangue, culpa de 242
  • sangue, partículas 203, 206
  • sangue, produtos 205
  • sangue, transfusões 102, 153-154, 203, 280; comparado a violação 154; perigos de 153; problema decrescente 309; forçadas para as Testemunhas de Jeová 154; bebés morrem depois 154; doutrinas das Testemunhas de Jeová sobre 153-154
  • santidade da vida e do sangue 202-206
  • Santos dos Últimos Dias. Veja Mórmons
  • Saskatchewan 259
  • Satanás 180, 189; veja também Diabo
  • Saturday Night 135
  • saudação à bandeira 143-145, 280; veja também exercícios patrióticos
  • saúde mental 288-292
  • Schachter 298
  • Schnell, William 266
  • School and Jehovah's Witnesses [A Escola e as Testemunhas de Jeová] 274-275, 315
  • Schroeder, Albert 124-125, 217, 218, 319; membro da Comissão da Tradução do Novo Mundo 174
  • sedição 131, 135-138
  • segregação 285-287
  • Segunda Guerra Mundial 129, 136, 139, 142, 251, 328; perseguição às Testemunhas de Jeová durante 131, 133
  • Segundo Adão 186
  • Segundo Adventismo, Segundo Adventistas 3, 14, 15, 16
  • seis mil anos 20
  • Seiss, Dr. Joseph A. 17, 18
  • 'Selection of Mental Health Care' [Selecção de Cuidados de Saúde Mental] 289
  • semente de Abraão 187
  • Sentinela, dirigente do estudo da 238
  • Sentinela, estudo da 241
  • serafins 189
  • Sermão do Monte 119
  • serviço cívico alternativo 317, 318
  • serviço de campo 293-294; veja também pregação, trabalho de e evangelismo
  • serviço militar 139, 280
  • serviço sagrado 299
  • Serviços de Informação Hospitalar (SIH) 308
  • servo fiel e sábio 33-35, 344 nota 97; defendia-se que era a igreja 33; Russell encarado como 33-35, 160-161
  • servos 64
  • servos de zona 69, 74, 83
  • servos maus, escravos maus 62, 65, 279
  • servos ministeriais 96, 237-239, 246
  • servos regionais 69, 74, 83
  • sete tempos 21
  • setenta anos de desolação 170
  • sétimo dia criativo 100
  • sexo 261-267; exploração comercial de 280; relações impróprias 280
  • sexo oral ou anal 319
  • Shakespeare 279
  • Shearn, H. J. 49
  • sheol 190
  • Shields, Brooke 277
  • Siberia 146
  • SIDA 309
  • Sign of the Last Days -- When?, The [O Sinal dos Últimos Dias -- Quando?] 326
  • Silésia 85
  • Silva, Fabio 121
  • Sinde Masale, campo de refugiados 145
  • Singapura 309-310, 390 nota 6
  • Sionismo 65, 127
  • Sionistas, grupos de juventude 6
  • 'Sirva Deus e Cristo o Rei' 129
  • sistema ano/dia 19, 199, 341 nota 27
  • Smith, Joseph 44, 76
  • Smith, Richard 251
  • socialização 253-254, 261
  • Sodoma e Gomorra 319, 392 nota 28
  • sola scriptura 34, 159, 164
  • soteriologia 185-187
  • South Lansing, Nova Iorque 83
  • Sovremenny Iegovism (jeovismo contemporâneo) 135
  • Spencer, John 291, 292
  • Spill, W. E. 50
  • Sputnik 218
  • St. Louis, Missouri, congresso de 1941 59; veja também congressos
  • Standfasters 55, 147, 350 nota 49
  • State and Salvation [O Estado e a Salvação] 327
  • stauros 175, 372 nota 63
  • Stetson, George 15, 17, 339 nota 7, 343 nota 64
  • Stirling, Chandler 176
  • Stoke on Trent, Inglaterra 118
  • Storrs, George 15-19, 22, 26, 27, 29, 127
  • Stroup, Herbert 105, 255, 265, 285
  • Studies in the Scriptures [Estudos das Escrituras] 5, 27, 32, 167
  • Sturgeon, Menta 54
  • Sua Juventude -- O Melhor Modo de Usufruí-la 233
  • suborno de militares 149-151
  • Sudetenland 85
  • Suiter, Grant 80, 82, 216, 218, 219
  • Sullivan, Thomas J. 82, 216
  • superintendente da escola do ministério teocrático 238
  • superintendente presidente 238
  • superintendentes de distrito 97, 101, 233-235, 250
  • Supremo Tribunal da Austrália 136
  • Supremo Tribunal do Canadá 88, 136
  • Supremo Tribunal dos Estados Unidos 88, 136
  • Swingle, Lyman 216, 218, 219, 319
  • Sydlik, Daniel 217, 219, 319

T

  • tabaco 280
  • Tabernacle Teachings [Ensinos do Tabernáculo] 26
  • televisão 244
  • 'tempo da colheita' 19, 20
  • Tempos dos Gentios 21, 44, 45, 169, 177, 218, 297, 318, 326, 341 nota 38
  • Teocracia 61, 304
  • teologia (a natureza de Deus) 184
  • teologia natural 171-172
  • teoria da cobertura 196
  • teoria do resgate sobre a expiação 23
  • Terceiro Mundo 256, 309; não-Muçulmano 310
  • Terceiro Reich 87, 143, 251, 283, 288; veja também Alemanha Nazi
  • terra paradísica 196
  • Tertuliano 178, 303
  • Testemunhas de Jeová inglesas-canadianas 287
  • Testemunhas de Jeová sul africanas 145
  • Testemunhas de Jeová: casos de custódia de crianças 315, 327; estudo crítico das 324-329; considerada religião no México 320-322; perseguição decrescente das 309-310; definidas como seita 3; dissidência entre as 318; educação e as 315; enfrentam litígios crescentes 332; futuro das 335; crescimento das 307-309, 311; nome adoptado 62; suíças 328
  • testemunho em grupo 246
  • Testimoni di Geova: un'ideologia che logora [As Testemunhas de Jeová: Uma Ideologia Que Engana] 326
  • Theory and Practice of Hell, The [A Teoria e Prática do Inferno] 288
  • theos 174, 184-185
  • 'This Generation Shall Not Pass Away' [Esta Geração Não Passará] 316
  • Thomas, Dr. John 339 nota 13
  • Three Worlds and the Harvest of This World [Três Mundos e a Colheita Deste Mundo] 19-22, 34, 57
  • 'Thriller' [Terror] 277
  • Thus Saith the Governing Body [Assim Disse o Corpo Governante] 327
  • Thy Kingdom Come [Venha o Teu Reino] 27
  • Time Is at Hand, The [O Tempo Está Próximo] 27, 44, 167
  • Time, revista 123, 279
  • tipos bíblicos 177-179
  • 'Toda a Escritura É Inspirada e Proveitosa' 232
  • Toronto, Ontário 57, 99-100, 102, 122; congresso de 1927 59
  • Torre de Vigia, funcionários: comparados à hierarquia católica 162; alegações espirituais 236
  • trabalho de campo 56
  • trabalho de rua 244
  • Translator's New Testament, The [O Novo Testamento do Tradutor] 174
  • transplantes de órgãos 112-114
  • transubstanciação 192
  • tribunal, casos de: Boucher v. the King 136; Minersville School District v. Gobitis 136, 143; Moyle v. Franz et al. 82, 354 nota 11; Moyle v. Rutherford et al. 82; Walsh v. Clyde 83, 163, 164, 355 nota 16, 369 nota 14
  • Tri-City Herald 118
  • Trigo Milagroso 43, 52
  • Trindade 27, 185, 186, 325
  • Triumphant Kingdom [Reino Triunfante] 105
  • Trotsky, Leon 5, 338 nota 7
  • 'Truth Shall Make You Free, The' [A Verdade Vos Tornará Livres] 199, 201
  • Truth that Leads to Eternal Life, The [A Verdade Que Conduz à Vida Eterna] 94, 160, 192, 232, 243, 296, 330
  • Tucker, Ruth 328
  • Tudor, Mary 178
  • Turkey 135, 143
  • Twain One, The 37
  • Two Babylons or Papal Worship, The [As Duas Babilónias ou a Adoração Papal] 183

U

  • U.S. News and World Report 279
  • ungidos 108-109
  • União Soviética 85, 86, 135, 310, 319, 333, 334; ex-repúblicas da 307, 310; perseguição às Testemunhas de Jeová na 146; veja também Rússia
  • Unificação, igreja da, unificacionistas 244, 253, 286, 383 nota 1
  • Usher, Bispo James 19

V

  • vacinação 66, 84, 205
  • Vail, Sir Isaac 196
  • Valdenses 181
  • Valdo 181
  • valores morais e relacionamentos sociais 279-283
  • Van Amburgh, William E. 53, 58, 82, 130; carácter 52; morte de 80; engendra a eleição de Rutherford 51; encarcerado 55; recusa-se a permitir o exame às contas da Watch Tower 53; secretário-tesoureiro e membro do triunvirato da Watch Tower 49
  • Van De Wall, William 278
  • Vasquez, Elsie 120-121
  • Vasquez, Rene 120-121
  • Vaticano 335
  • Velho Testamento 172
  • Verbum Domini 119
  • 'verdade actual' 32
  • Versailles, Tratado de 46
  • vestimenta e apresentação 103, 223, 268
  • Veteranos de Guerras no Estrangeiro 143
  • Villeneuve, Roderique Cardinal 134
  • vindicação do nome de Jeová 69-70
  • Visions of Glory [Visões de Glória] 223
  • Von Janner, J. 291, 292
  • votação 138-139, 280
  • voto 41-42

W

  • Walsh, caso 162-163
  • Wandervögel 6
  • Ward, Juiz 56
  • Washington, DC 129; congresso de 1935 59
  • Watch Tower Bible and Tract Society [Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados] 4, 8, 49-51; ataques pessoais aos críticos 332, 395 nota 57; tentativas de isolar as Testemunhas de Jeová das ideias apóstatas 322; atitude em relação a comissões hospitalares 102; corpo de directores censura Rutherford 51; corpo substituído e obrigado a deixar Betel 50, 51; filiais 236-237; filial canadiana envolvida com comissões hospitalares 102-103; carta 227-228; criticada e censurada por ex-Testemunhas 311; distancia-se de desassociações 331; eficiência de 251-252; finanças 332; interfere com actividades académicas 332, 395 nota 58; líderes manifestam paranóia 311; literatura 231-233; funcionários encarcerados e libertados 55-56; originalmente conhecida como Zion's Watch Tower Tract Society [Sociedade Torre de Vigia de Sião de Tratados] 29; processo judicial sobre pensões contra a filial alemã 332; vista como herdeira de Russell 161; fontes de receitas e riqueza 229-231
  • Watch Tower Bible and Tract Society Incorporated of New York [Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados de Nova Iorque] 324
  • Watch Tower House [Casa da Torre de Vigia] 236
  • Watchtower Bible and Tract Society of New York, Incorporated [Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados de Nova Iorque] 29, 228
  • Watchtower, The [A Sentinela] 130, 231-232
  • Watters, Randall 120, 122, 226, 324
  • Way to Paradise, The [O Caminho para o Paraíso] 57
  • WBBR (estação de rádio da Torre de Vigia) 73
  • Weber, Max 212, 255
  • Wendell, Jonas 14, 18
  • Wesley, John 32, 258-259
  • Westcott and Hort 173
  • Whalen, William 75
  • What Has Religion Done for Mankind? [Que Tem Feito a Religião Pela Humanidade?] 171
  • White, Ellen 44
  • White, L. S. 29
  • White, Timothy 22, 33, 40, 61, 89
  • Whitney, Robert 265
  • Williams, Justice 136
  • Williamson, A. E. 42
  • Willoughby, William 382 nota 84
  • Wilson, Benjamin 17, 18
  • Wilson, Bryan 3, 243, 256, 260, 280
  • Winnipeg, Manitoba 57
  • Wise, C. A. 82
  • Wohl, Robert 317
  • Woodworth, Clayton J. 80, 82, 130, 225; atitude em relação ao alumínio e medicina 66; carácter 52; co-autor de The Finished Mystery 50-51; editor da The Golden Age [A Idade de Ouro] 66-68; encarcerado 55; inventa calendário das Testemunhas de Jeová 66-68; escreve The Parable of the Penny [A Parábola do Talento] 52
  • Woolsey, George 33
  • Wright, J. Dennis 50, 54
  • Wycliffe 181
  • Wysong, Dr. Randy 106-107

Y

  • Yahweh. Veja Jeová
  • Yankee, Estádio 86-87
  • Yiddish 57
  • You May Survive Armageddon into God's New World [Poderá Sobreviver ao Armagedom Para o Novo Mundo de Deus] 178
  • Young, Brigham 76
  • Your Youth: Getting the Best Out of It [Sua Juventude -- O Melhor Modo de Usufruí-la] 233

Z

  • Zaire 145
  • Zâmbia 141, 145, 261
  • zelo decrescente 292-295
  • Zevi, Sabbatai 4
  • Zion's Day Star 24
  • Zion's Watch Tower and Herald of Christ's Presence [Torre de Vigia de Sião e Arauto da Presença de Cristo] 23, 24, 25
  • Zion's Watch Tower Tract Society [Sociedade Torre de Vigia de Sião de Tratados] 29; veja também Watch Tower Bible and Tract Society
  • zonas 69, 74
  • Zurique, Suíça 57
  • Zwischen Widerstand und Martyrium [Entre a Resistência e o Martírio] 328
  • Zygmunt, Joseph 156, 227, 228, 304

Apocalipse Adiado: A História das Testemunhas de Jeová (Toronto: University of Toronto Press, 1997, segunda edição) de M. James Penton (1932-), contracapa.

Contracapa


M. James Penton oferece uma visão geral de um movimento religioso notável, desde a criação pouco auspiciosa das Testemunhas por um pregador da Pennsylvania na década de 1870 até à sua posição de seita religiosa com milhões de seguidores em todo o mundo. Esta segunda edição inclui um posfácio pelo autor e uma bibliografia aumentada.

Excertos de recensões à primeira edição:

"Um estudo bem escrito, claro e fascinante."
-- James A. Beverley, Toronto School of Theology

"A posição única de Penton -- um membro muito viajado, de quarta geração, que serviu em várias qualidades -- torna-o um informador de confiança. Ele apresenta de modo hábil perspicácia sobre doutrinas fundamentais, especulações proféticas passadas e presentes, a estrutura de autoridade da organização das Testemunhas e a severidade da proscrição total sobre aqueles que tentam uma discussão aberta de qualquer opinião exegética diferente."
-- Christianity Today

"Globalmente, este é um livro excelente e é leitura obrigatória para aqueles interessados nas Testemunhas de Jeová. A perspectiva especial de Penton fornece um olhar erudito sobre o interior de um exemplo fascinante e persistente de milenarismo moderno."
-- Timothy P. Weber, American Historical Review

"Este não é um ataque vingativo sobre a organização das Testemunhas por um ex-membro furioso, é antes uma análise crítica cuidadosamente escrita, bem documentada, por um académico que tem a perspicácia especial que só um ex-membro pode dar."
-- Dwayne Janke, Lethbridge Herald

UNIVERSITY OF TORONTO PRESS
ISBN 0-8020-7973-3


Notas da Introdução

Por razões de economia, alguns títulos de publicações da Watch Tower são abreviados conforme é dito em seguida. Excepto quando aparecem pela primeira vez na Introdução, nos capítulos individuais ou na Conclusão, as publicações aparecem sob os seus títulos abreviados. Especificamente, são Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose [As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino], que aparece como Divine Purpose [Propósito Divino]; Aid to Bible Understanding (1972) [Ajuda ao Entendimento da Bíblia], que é designado como Aid [Ajuda]; Organized to Accomplish Our Ministry (1983) [Organizados Para Efectuar o Nosso Ministério], que é mencionado como Organized [Organizados]. Visto que a revista conhecida desde Março de 1939 como The Watchtower Announcing Jehovah's Kingdom [A Sentinela Anunciando o Reino de Jeová] era originalmente Zion's Watch Tower and Herald of Christ's Presence (1879-1908) [Torre de Vigia de Sião e Arauto da Presença de Cristo], depois The Watch Tower and Herald of Christ's Presence (1909-31) [A Torre de Vigia e Arauto da Presença de Cristo], The Watchtower and Herald of Christ's Presence (1931-8) [A Torre de Vigia e Arauto da Presença de Cristo], The Watchtower and Herald of Christ's Kingdom (1938-9) [A Torre de Vigia e Arauto do Reino de Cristo], é simplesmente citada como WT em todas as ocorrências. Os Yearbooks of Jehovah's Witnesses [Anuários das Testemunhas de Jeová] são geralmente mencionados por um ano específico e a palavra Yearbook [Anuário].

Quando é feita referência a 'WT reprints', essa designação indica que a citação em questão é de Zion's Watch Tower and Herald of Christ's Presence ou de The Watch Tower and Herald of Christ's Presence (Julho de 1879 até Junho de 1919) conforme editada e publicada em forma de volume em 1919. Visto que a paginação é sequencial em volumes ou 'reprints', como são geralmente chamados, os números das páginas são, é claro, muito diferentes daqueles que apareceram nas edições originais da revista.

1 H. Richard Niebuhr, The Social Sources of Denominationalism [As Fontes Sociais do Denominacionalismo] (Nova Iorque: Henry Holt and Co. 1929).

2 Thomas F. O'Dae, The Sociology of Religion [A Sociologia da Religião] (Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, Inc. 1966), 66-9; Bryan R. Wilson, Sects and Society [Seitas e a Sociedade] (Berkeley: University of California Press 1961).

3 Melvin Dotson Curry, Jr, 'Jehovah's Witnesses: The Effects of Millenarism on the Maintenance of a Religious Sect' [Testemunhas de Jeová: Os Efeitos do Milenarismo na Manutenção de uma Seita Religiosa] (dissertação de doutoramento, Florida State University, Gainsville 1980), 243.

4 Veja as páginas 44-5.

5 Curry, 183.

6 Veja a página 32.

7 Trotsky chamou ao esquema de governo de Lenin uma 'teocracia ortodoxa' e declarou: 'Os métodos de Lenin levam a isto: primeiro a organização do Partido [o caucus] coloca-se no lugar do partido como um todo, depois o Comité Central coloca-se no lugar da organização; e finalmente um único "ditador" coloca-se no lugar do Comité Central.' Isaac Deutscher, The Prophet Armed, Trotsky: 1879-1921 [O Profeta Armado, Trotsky: 1879-1921] (Londres: Oxford University Press, 1954), p. 90.

8 Werner Cohn, 'Jehovah's Witnesses as a Proletarian Movement' [Testemunhas de Jeová como um Movimento Proletário], em The American Scholar [O Erudito Americano], 24:3 (Verão 1955), p. 288.

9 Ibid, p. 292.

10 Veja 'Millennium, Millenarianism' [Milénio, Milenarismo], em The New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge [A Nova Enciclopédia Schaff-Herzog de Conhecimento Religioso] (Grand Rapids, Michigan: Baker Book House 1977), 7:374-8.

11 Para uma discussão do milenarismo ao longo dos séculos, veja Norman Cohn, The Pursuit of the Millennium [A Busca do Milénio] (Nova Iorque: Oxford University Press 1961), e Edwin Leroy Froom, The Prophetic Faith of Our Fathers [A Fé Profética dos Nossos Pais] (Washington, DC: Review and Herald Publishing Association 1954), volumes 1-4.

12 Sobre este assunto, veja especialmente Jesús Jiménez, La Objectión de conciencia in España (Madrid: Editorial Cuadernos para el Diálogo, SA. 1973).

13 Veja as páginas 99-100.

14 Veja a página 218.

15 Veja a página 305.


Notas do Capítulo 1

1 Salvo indicação em contrário, a informação sobre Russell é tirada de Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião], 1906, reimpressões pp. 3820-3828; The Watch Tower [A Torre de Vigia], 1916, reimpressões pp. 5997-6013; The Laodicean Messenger [O Mensageiro Laodicense] (Chicago: The Bible Students Book Store, 1923); Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose [As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino] (Brooklyn, NY: Watchtower Bible and Tract Society, 1959); Timothy White, A People for His Name [Um Povo Para o Seu Nome] (Nova Iorque: Vantage Press, 1967).

2 Segundo Richard Rawe, de Soap Lake, Washington, que investigou de perto as actividades comerciais de Russell, muitas das alegações a respeito do seu grande talento para o negócio são um tanto exageradas. Por exemplo, em The Laodicean Messenger [O Mensageiro Laodicense] o seu biógrafo diz na página 6 que o negócio das lojas 'em breve enriqueceu-o, e pouco depois de atingir a maioridade ele já tinha um quarto de milhão de dólares.' Rawe argumenta que a riqueza de Russell só veio algum tempo mais tarde, depois de ter herdado 6.000 dólares (que usou para investimento de capital) de um tio. Não obstante, Russell era um empresário extremamente hábil que usou a sua riqueza inicial, muito modesta, para acumular uma fortuna significativa.

Russell admitiu em 1907 que tinha 'bens no valor de 60.000 dólares em 1879, que incluíam duas lojas de roupas em Allegheny e três em Pittsburgh.' De fato, ele provavelmente tinha muito mais do que isso. Numa carta a um tal Sr. J. H. Brown, enviada aproximadamente em 1898, ele tinha escrito: 'Você conheceu-me através dos negócios há 20 anos atrás, quando me vendeu mercadoria. Você provavelmente sabia nesse tempo que eu tinha uma avaliação nas agências comerciais de cerca de 150.000 dólares -- que eu tinha a maior loja de vestuário para homem em Pittsburgh, além de várias sucursais mais pequenas.' Transcrição do registro no caso Russell v. Russell em apelo no Tribunal Superior de Pennsylvania (abril de 1907), pp. 23, 42, 43.

3 Pastor Russell's Sermons [Sermões do Pastor Russell] (Brooklyn, NY: International Bible Students Association, 1917), p. 517.

4 Menção da correspondência de J. L. Russell aparece no Herald of Life and the Coming Kingdom [Arauto da Vida e do Reino Vindouro] da Life and Advent Union [União da Vida e do Advento].

5 Veja o prefácio do autor em The Laodicean Messenger [O Mensageiro Laodicense] e em The Finished Mystery [O Mistério Consumado] (Brooklyn, NY: International Bible Students Association, 1917), pp. 45-47.

6 WT, 1906, reimpressões, p. 3821.

7 Stetson pregou durante algum tempo em Pittsburgh mas depois mudou-se para Edinboro, Pennsylvania, onde serviu como pastor de uma grande congregação. Uma referência à sua morte pode ser encontrada na WT, 1879, reimpressões, p. 46. O último desejo dele foi que Russell devia dirigir o seu serviço fúnebre.

8 A maior parte da informação apresentada aqui sobre Storrs é tirada de Herald of Life and the Coming Kingdom [Arauto da Vida e do Reino Vindouro], 7 de janeiro de 1880; Bible Examiner [Examinador da Bíblia], março de 1880; Frank S. Mead, Handbook of Denominations in the United States [Manual de Denominações nos Estados Unidos] (Nova Iorque: Abingdon-Cokesbury Press, 1951), p. 19; e LeRoy Edwin Froom, The Conditionalist Faith of Our Fathers [A Fé Condicionalista dos Nossos Pais] (Washington, DC: The Review and Herald Publishing Association, 1967), vol. 2, pp. 305-315.

9 Froom, vol. 2, pp. 300-305.

10 A história do condicionalismo de Froom, em dois volumes, é a única história completa do assunto em inglês. Para uma abordagem mais breve, veja 'Annihilationism' [Aniquilacionismo] na The New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge [A Nova Enciclopédia Schaff-Herzog de Conhecimento Religioso], vol. 1, pp. 236, 237.

11 Veja 'Annihilationists' [Aniquilacionistas] na McClintock and Strong Cyclopaedia of Biblical, Theological and Ecclesiastical Literature [Enciclopédia de McClintock e Strong de Literatura Bíblica, Teológica e Eclesiástica] (Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1980), vol. 1, pp. 236, 237.

12 Bible Examiner [Examinador da Bíblia], março de 1880, p. 404.

13 O Dr. John Thomas, fundador dos Cristadelfos, associou-se durante um breve período com os Milleritas. Tal como muitos que se associaram com os Milleritas, ele passou a aceitar o condicionalismo.

14 'Synopsis of Our Faith' [Sinopse da Nossa Fé], em Bible Examiner [Examinador da Bíblia], janeiro de 1877, p. 104. As últimas idéias de Storrs sobre o resgate e a restituição foram elaboradas em 1870 e 1871.

15 O hábito de celebrar a Ceia do Senhor em 14 de Nisã começou entre os membros da União da Vida e do Advento na década de 1860. Storrs continuou a prática até à sua morte. Veja, por exemplo, Bible Examiner [Examinador da Bíblia], fevereiro de 1877, p. 131.

16 Jonathan M. Butler, 'Adventism and the American Experience' [Adventismo e a Experiência Americana], em Edwin Scott Gaustad, ed., The Rise of the Adventism [A Ascensão do Adventismo] (Nova Iorque: Harper and Row, 1974), p. 177.

17 É verdade que Storrs teve outra opinião sobre a matéria depois da Guerra Civil Americana.

18 Em The Last Times and Great Consumation [Os Últimos Tempos e a Grande Consumação] (1863), Seiss ensina nas páginas 218-220 que depois das suas ressurreições Cristo e os santos têm 'corpos espirituais glorificados'.

19 Há real incerteza quanto à data exata da primeira publicação de The Object and Manner of Our Lord's Return [O Objeto e Maneira da Volta de Nosso Senhor]. Embora a Sociedade Torre de Vigia apresente a data 1873, parecem não existir quaisquer cópias que contenham uma data anterior a 1877, quando foi publicada uma edição por The Herald of the Morning [O Arauto da Manhã], editado por Nelson H. Barbour. Além disso, segundo Paul S. L. Johnson, o próprio Russell declarou que passou a aceitar a doutrina da presença invisível de Cristo em outubro de 1874. Paul S. L. Johnson, The Parousia Messenger [O Mensageiro da Parousia] (Filadélfia: Paul S. L. Johnson, 1938), pp. 368, 369, 437.

20 C. T. Russell, The Object and Manner of Our Lord's Return [O Objeto e Maneira da Volta de Nosso Senhor] (Rochester, NY: The Herald of the Morning, 1877), p. 45.

21 Existem três interpretações tradicionais de Revelação: a preterista, que afirma que as profecias foram cumpridas no fim do primeiro século; a historicista, que argumenta que Revelação fornece uma história simbólica, profética, desde o primeiro século até depois do fim do milênio; e a futurista, que defende que Revelação só trata de eventos escatológicos que começam imediatamente antes do segundo advento de Cristo. Ao adotar a posição historicista, Russell estava de acordo com a maior parte do protestantismo inglês e americano.

22 O artigo de Jonsson, intitulado a 'Theory of Christ's Parousia as an "Invisible Presence"' [Teoria da Parousia de Cristo como uma "Presença Invisível"], aparece nas edições de novembro-dezembro de 1982 e janeiro-fevereiro de 1983 do The Bible Examiner [O Examinador da Bíblia], publicado por Christian Koinonia International of Lethbridge, Alberta, Canadá.

23 Carl Olof Jonsson, The Bible Examiner [O Examinador da Bíblia] (janeiro-fevereiro de 1983), vol. 3, p. 12. Para um excelente estudo sobre história do milenarismo na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos durante o século XIX, veja Ernest R. Sandeen, The Roots of Fundamentalism: British and American Millenarianism, 1800-1930 [As Raízes do Fundamentalismo: Milenarismo Britânico e Americano, 1800-1930] (Chicago: University of Chicago Press, 1970).

24 Alan Rogerson, Millions Now Living Will Never Die [Milhões Que Agora Vivem Nunca Morrerão] (Londres: Constable and Co. Ltd., 1969), pp. 8, 9. Durante os anos 1879 a 1882 Keith escreveu vários artigos para a Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião] sobre as doutrinas do resgate, da igreja, da presença invisível de Cristo e da restituição de todas as coisas.

25 WT, 1906, reimpressões, p. 2822.

26 Herald of the Morning [Arauto da Manhã], maio de 1879, p. 88. Russell também se refere repetidamente a Barbour como 'o autor' de Three Worlds nos primeiros números de Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião].

27 A idéia, tirada de Números 14:33, 34 e Ezequiel 4:1-8, de que dias proféticos como aqueles mencionados em Daniel e em Revelação em particular deviam ser entendidos como representando anos, foi geralmente aceite por muitos apocalípticos e milenaristas católicos e protestantes desde o tempo de Joaquim de Flora até ao tempo de Russell, incluindo Wycliffe e muitos dos principais reformadores.

Curiosamente, o mentor de Russell, George Storrs, encarava a teoria do ano-dia como sendo um disparate. Num artigo do Herald of Life and the Coming Kingdom [Arauto da Vida e do Reino Vindouro] de 2 de outubro de 1867, na página 2, ele congratula o seu velho adversário Dr. Josiah Litch por abandonar a teoria.

28 O 'ano profético' de 360 dias é muitas vezes chamado um ano lunar. Na realidade, um ano lunar é um pouco mais do que 354 dias, e não existe evidência de que um calendário de 360 dias fosse sequer usado pelos antigos israelitas, a menos que o tenham usado em relação a outros povos antigos como os egípcios. O ano profético enquanto tal, é baseado numa extrapolação protestante do século XVII de Revelação 12:6, 14, onde 1.260 dias são igualados a 'um tempo, tempos, e metade de um tempo'. Com base nestes versículos e, também, Revelação 13:5, muitos 'estudantes proféticos' passaram a defender que 'tempo' era um 'ano' de 360 dias.

29 N. H. Barbour e C. T. Russell, Three Worlds and the Harvest of This World [Três Mundos e a Colheita Deste Mundo] (Rochester, NY: The Herald of the Morning, 1877), p. 42.

30 Ibid, p. 63, 67-77, 93-103.

31 Ibid, p. 85-93.

32 Ibid, p. 68.

33 Ibid, p. 93-103.

34 Ibid, p. 158.

35 Praticamente nada se sabe acerca de Brown.

36 Páginas 27, 28.

37 John A. Brown, The Even-Tide: or Last Triumph of the Blessed and Only Potentate, the King of Kings, and Lord of Lords: Being a Development of the Mysteries of Daniel and St. John [A Noite: ou Último Triunfo do Abençoado e Único Potentado, o Rei dos Reis, e Senhor dos Senhores: Sendo um Desenvolvimento dos Mistérios de Daniel e S. João] (Londres: J. Offor e outros editores, 1823), vol. 2, pp. 130-152. Brown não se referiu aos 2.520 anos como os Tempos dos Gentios de Lucas 21:24; isso foi feito por várias pessoas incluindo William Miller, que seguiu a sua interpretação de Daniel 4.

38 Barbour e Russell, pp. 77-85. Evidentemente John Brown tinha reconhecido que se começássemos os 'sete tempos' no outono do ano 604 a.C., os 2.520 anos terminariam em 1917 A.D., não em 1916.

Karl Burganger diz, acerca de Russell e do término em 1914: 'Gradualmente, Russell e os seus associados tinham começado a perceber que a aritmética [usada por Barbour] empregada na contagem dos 2.520 anos desde 606 a.C. até 1914 A.D. (2520-606 = 1914) não era tão simples como tinha parecido inicialmente. Foi apontado que desde outubro de 606 a.C. até ao início da era cristã não passaram 606 anos completos, mas 605 anos e 3 meses. Isto deslocaria a data final dos "tempos dos gentios" de outubro de 1914 para outubro de 1915.' Karl Burganger, The Watch Tower Society and Absolute Chronology: A Critique [A Sociedade Torre de Vigia e a Cronologia Absoluta: Uma Crítica] (Lethbridge: Christian Fellowships International, 1981), p. 9. Veja também WT, 1912, reimpressões, pp. 5141, 5142.

39 Barbour e Russell, pp. 19-22.

40 Ibid, p. 84.

41 Bible Examiner (julho de 1877), p. 317.

42 White, pp. 80, 81.

43 Veja por exemplo Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose [As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino] (Brooklyn, NY: Watchtower Bible and Tract Society, 1959), pp. 17-21.

44 Ibid. Barbour continuou a publicar as suas ideias no Herald e em 1907 publicou um livro intitulado Washed in His Blood [Lavados no Seu Sangue], que apresenta uma imagem clara do seu pensamento nos anos posteriores.

45 WT, 1906, reimpressões, p. 3823. Na realidade, a imagem dada por Russell e pelas Testemunhas de Jeová hoje é um tanto tendenciosa, para dizer o mínimo, e Russell certamente citou Barbour fora do contexto. O que Barbour negou foi a doutrina da expiação substitutiva e o significado da morte de Cristo. Até ao fim da sua vida, Barbour continuou a usar os termos 'resgate' e 'expiação'.

A posição dele é completamente delineada em The Herald of the Morning [O Arauto da Manhã] (agosto de 1877), páginas 26-28 e em resposta a críticas de Russell e Paton nas páginas 40-43 da edição de setembro e páginas 56-58 da edição de novembro. A primeira declaração de Russell sobre este assunto aparece na edição de setembro nas páginas 39 e 40; a de Paton, mais conciliadora, aparece na página 56 da edição de outubro.

É difícil acreditar que Russell ou Barbour compreendessem as ramificações dos assuntos sobre os quais estavam a argumentar. Embora Barbour acreditasse na doutrina da incarnação, a sua posição de 1877 a respeito da expiação era muito mais sociniana (unitariana) na natureza do que ortodoxa. No entanto, Russell, que não acreditava na incarnação em qualquer sentido ortodoxo, defendeu a expiação substitutiva. Se analisarmos as suas idéias sobre este assunto, eram virtualmente arminianas. Para uma breve perspectiva histórica da doutrina da expiação, veja Louis Berkhof, The History of Christian Doctrine [A História da Doutrina Cristã] (Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1975), pp. 165-199.

46 WT, 1906, reimpressões, pp. 3822, 3823. Na sua descrição do ataque de Barbour a ele, Russell certamente não estava a exagerar. Por exemplo, veja The Herald of the Morning [O Arauto da Manhã], maio de 1879, pp. 87, 88.

47 WT, 1906, reimpressões, pp. 3822, 3823.

48 Ibid.

49 Ibid.

50 Ibid, 1881, reimpressões, p. 224. Veja também WT, 1880, reimpressões, p. 172.

51 Melvin Dotson Curry, Jr., 'Jehovah's Witnesses: The Effects of Millenarianism on the Maintenance of a Religious Sect' [Testemunhas de Jeová: Os Efeitos do Milenarismo na Manutenção de uma Seita Religiosa] (dissertação de doutoramento, Florida State University, 1980), p. 147.

52 WT, 1881, reimpressões, pp. 224, 288, 289.

53 Veja Curry, p. 150, e Joseph F. Zygmunt, 'Prophetic Failure and Chiliastic Identity: The Case of Jehovah's Witnesses' [Falhanço Profético e Identidade: O Caso das Testemunhas de Jeová], em Patrick H. McNamara, ed., Religion American Style [Religião ao Estilo Americano] (Nova Iorque, Harper and Row Publishers, 1974), p. 148. O comentário de Russell em Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião] encontra-se em reimpressões, p. 152, na edição de novembro de 1880.

54 WT, 1880, reimpressões, p. 167.

55 Ibid, p. 224.

56 O compromisso de Russell com a cronologia de Barbour era tão completo que ele tinha a certeza de que algo importante tinha de acontecer no outono de 1881. No entanto, ele tinha sido obrigado a espiritualizar o falhanço de 1878 e parecia inseguro na sua própria mente sobre como a 'mudança' ocorreria em 1881. Por isso ele fez sugestões para ajustar os fatos à teoria numa base quase mensal e, no seu zelo para o fazer, contradisse-se de uma maneira extraordinária.

57 James Parkinson, The Bible Student Movement in the Days of Pastor Russell [O Movimento dos Estudantes da Bíblia nos Dias do Pastor Russell] (Los Angeles: impressão privada, 1975), A-2.

58 WT, 1881, reimpressões, p. 214.

59 The Laodicean Messenger [O Mensageiro Laodicense], pp. 62, 63, 105, 106; Divine Purpose [Propósito Divino], pp. 62, 63.

60 WT, 1916, reimpressões, p. 5998.

61 WT, 1906, reimpressões, pp. 3745, 3746.

62 Ibid, 1884, reimpressões, pp. 584, 585; 1887, reimpressões, p. 918; 1887, reimpressões, p. 1071; 1906, reimpressões, p. 3746.

63 Ibid, 1882, reimpressões, pp. 369-377.

64 Barbour e Paton eram trinitaristas. Nas páginas 57 e 58 de Three Worlds Barbour atacou os cristadelfos por negarem a personalidade do Espírito Santo. Para a posição de George Storrs sobre o assunto, veja Bible Examiner (maio de 1878), p. 231.

Embora Henry Grew e George Stetson -- outros dois que o influenciaram -- fossem não-trinitaristas, Russell não tomou posição na matéria, pelo menos publicamente, até depois da sua separação de Paton. As suas declarações anteriores sobre cristologia realmente forçaram-no a tomar uma posição ariana.

65 Como segundo Russell a Igreja de Cristo estava limitada a 144.000 membros, a maioria das pessoas ou ganhariam salvação como membros da 'Grande Companhia' -- uma classe celestial secundária -- ou sobreviveriam para um novo paraíso edênico na terra. Os judeus naturais seriam restaurados na Palestina. Veja Russell, Thy Kingdom Come [Venha o Teu Reino], capítulos VI e VIII.

66 WT, 1907, reimpressões, pp. 3942, 3943; 1916, reimpressões, p. 5998.

67 Ibid.

68 Para um relato completo sobre o desenvolvimento do movimento Estudantes da Bíblia/Testemunhas na Grã-Bretanha, veja o 1973 Yearbook [Anuário 1974], pp. 88-141.

69 M. James Penton, Jehovah's Witnesses in Canada [Testemunhas de Jeová no Canadá] (Toronto: Macmillan of Canada, 1976), pp. 35, 36. Veja também o 1979 Yearbook [Anuário 1980], pp. 78-80.

70 Estes debates foram reimpressos recentemente pelos Chicago Bible Students [Estudantes da Bíblia de Chicago] em Harvest Siftings, vol. 1 (Chicago: Chicago Bible Students, sem data).

71 The Laodicean Messenger [O Mensageiro Laodicense], p. 99.

72 WT, 1915, reimpressões, p. 5730.

73 C. T. Russell, The New Creation [A Nova Criação] (Brooklyn, NY: International Bible Students Association, 1924), p. 280.

74 Todas as classes eram mantidas completamente independentes. Leslie W. Jones, MD, ed., What Pastor Russell Said [O Que Disse o Pastor Russell] (Chicago: impressão privada, 1917), p. 346. Veja também WT, 1915, reimpressões, p. 5743; e 1916, reimpressões, pp. 5981, 5982.

75 Jones, pp. 479, 480.

76 Ibid, pp. 100-102, 232; Russell, The New Creation [A Nova Criação], pp. 263, 264, 326-328.

77 Russell, The New Creation [A Nova Criação], pp. 289-293.

78 Ibid. Para uma excelente discussão de todo este assunto, veja White, pp. 115-117.

79 Russell, The New Creation [A Nova Criação], pp. 326-328. Veja também WT, 1913, reimpressões, p. 5284.

80 The New Creation [A Nova Criação], pp. 449, 450.

81 Ibid, pp. 263, 264.

82 Para a atitude geral de Russell nesta matéria, veja a edição extra da WT, abril de 1894, pp. 16, 17.

83 Para uma discussão do controlo de Russell sobre a sociedade, veja White, pp. 122, 123. Embora Russell geralmente fosse muito cuidadoso para não tentar controlar a 'igreja' ou eclésias locais através do seu cargo de presidente da sociedade, dentro da sociedade ele mantinha controlo firme. Um cisma em 1894 resultou largamente desse fato. Veja a edição extra da WT, abril de 1894.

84 WT, 1894, reimpressões, p. 1320. Timothy White diz: 'Houve apenas um ponto, tanto quanto sei, onde Russell usou a corporação descuidadamente, e isto foi ao designar os seus peregrinos como representantes da corporação em vez de serem representantes de si mesmo ou de uma congregação' (White, p. 123).

85 WT, 1895, reimpressões, p. 1868.

86 Ibid, 1905, reimpressões, pp. 3517, 3518.

87 WT 1910, reimpressões, pp. 4684-4686.

88 Veja White, pp. 135-137; e Walter R. Martin, Jehovah of the Watchtower [Jeová da Watchtower] (Chicago: Moody Press, 1974), pp. 24, 25.

89 Timothy White acusa Russell de se basear numa 'tirania da maioria' ao forçar a sua vontade sobre os seus irmãos. Veja White, pp. 129-137. No entanto, Russell estava disposto a basear-se na sua influência, não na sua autoridade administrativa, para conseguir que fosse feita a sua vontade entre os seus irmãos. Embora fosse por vezes cáustico em relação a Estudantes da Bíblia críticos, ele nunca os condenou à maldição eterna como a Watch Tower Society [Sociedade Torre de Vigia] atualmente.

90 Reimpressões, p. 5156.

91 White, p. 137.

92 WT, 1881, reimpressões, p. 291.

93 Ibid, 1906, reimpressões, p. 3811.

94 Ibid.

95 Ibid. Veja também WT, 1895, reimpressões, pp. 1796, 1797; e 1896, reimpressões, p. 1946.

96 Ibid, 1895, reimpressões, p. 1797.

97 The Watch Tower [A Torre de Vigia] de 15 de fevereiro de 1927, página 56, declarou que Russell nunca tinha afirmado ser o servo fiel e sábio. A revista disse textualmente: 'Ele próprio nunca fez essa afirmação.'

Mais recentemente a Sociedade disse o mesmo. O livro God's Kingdom of a Thousand Years Has Approached [Aproximou-se o Reino de Deus de Mil Anos] cita a declaração de Russell da Watch Tower [Torre de Vigia] de 1881 (reimpressões, p. 291) nas páginas 345 e 346 e depois observa: 'Disto se torna bem claro que o redator e editor da Torre de Vigia de Sião repudiava qualquer reivindicação de ser individualmente, na sua pessoa, esse "servo fiel e sábio". Nunca afirmou ser tal.'

Numa nota de rodapé a esta declaração, o autor do livro Aproximou-se o Reino de Deus, de modo muito estranho, remete o leitor para o livro de Russell The Battle of Armageddon [A Batalha do Armagedom], p. 613. Nessa página Russell indica claramente que considera que o 'servo fiel e sábio' é uma pessoa, não a igreja cristã. Evidentemente, portanto, o autor do livro Aproximou-se o Reino de Deus não compreendeu de todo as observações de Russell ou é culpado de tentar distorcer os fatos.

98 Reimpressões, p. 5998.

99 Barbour e Russell, pp. 96-99. A idéia era e é comum entre os dispensacionalistas protestantes.

100 WT, 1918, reimpressões, p. 6212.

101 The Laodicean Messenger, p. 150.

102 WT, 1918, reimpressões, p. 6212; The Laodicean Messenger, p. 150.

103 Para a discussão de Russell sobre as suas tribulações com a esposa, veja Watch Tower, 1906, reimpressões, p. 3808-3820. Pode ser encontrada informação adicional nas transcrições do registro nos julgamentos de Russell v. Russell no tribunal de Common Pleas of Allegheny, Pennsylvania (junho de 1906), e na apelação perante o Supremo Tribunal de Pennsylvania (abril de 1907); a opinião de Justice Orlady a favor do Supremo Tribunal em 37 Pennsylvania Superior Court 348, Russell v. Russell (1908); e J. F. Rutherford, A Great Battle in the Ecclesiastical Heavens [Uma Grande Batalha nos Céus Eclesiásticos] (Brooklyn, NY: Impressão privada, 1915), pp. 17-19.

104 Watch Tower, 1906, reimpressões, p. 3815.

105 Ibid.

106 Ibid. Nenhuma declaração neste sentido aparece na transcrição do registro de Russell v. Russell (1906). Russell, no entanto, refere-se indubitavelmente a uma conferência que ocorreu entre o advogado de Maria e o seu próprio perante o juiz sobre numa 'matéria delicada'. Parece que o juiz não permitiria que fosse discutido abertamente no tribunal o falhanço de Russell de coabitar.

107 Veja a transcrição do registro em Russell v. Russell (1906), pp. 10-17.

108 Veja a transcrição do registro em Russell v. Russell (1907 em apelo), pp. 117-127.

109 Ibid. Veja também WT, 1906, reimpressões, p. 3816.

110 WT, 1906, p. 3810.

111 Ibid.

112 Ibid.

113 Transcrição do registro em Russell v. Russell (1907 em apelo), pp. 130.

114 Justice Orlady, ao falar pelo Supremo Tribunal da Pennsylvania, foi particularmente crítico em relação à conduta de Russell para com Maria. Numa decisão em que avaliou as próprias observações de Russell, Orlady disse: 'O seu [de Russell] modo de conduta em relação à esposa evidenciou tal egoísmo insistente e auto-elogio extravagante que seria manifesto para o júri que a sua conduta em relação a ela foi de contínua dominação arrogante, que transformaria necessariamente a vida de qualquer mulher cristã num fardo e tornaria a sua condição intolerável.' 37 Pennsylvania Superior Court 348, Russell v. Russell (1908).

115 WT, 1906, reimpressões, p. 3812.

116 Ibid, reimpressões, p. 3811.

117 Página 99.

118 WT, 1906, reimpressões, p. 3812.

119 Ibid.

120 Ibid.

121 Ibid, reimpressões, p. 3813.

122 Ibid.

123 Ibid, reimpressões, pp. 3814, 3815. Veja também a transcrição do registro em Russell v. Russell (1907 em apelo), pp. 210, 211, 225-228.

124 A 'História da Medusa' ainda é repetida por muitos críticos de Russell como se tivesse substância real. De fato, a 'História da Medusa' reflete-se mais negativamente sobre Maria Russell do que sobre Charles. Parece, a partir de toda a evidência, que ela estava excessivamente amarga em relação a ele -- talvez com alguma justificação -- e queria simplesmente atacá-lo de qualquer modo.

125 White, p. 39.

126 Conforme Timothy White observa com razão, as duas perspectivas sobre o divórcio de Russell que se tornaram populares são ambas 'extremas'. A verdade provavelmente está algures no meio. White, pp. 33-39.

127 WT, 1906, reimpressões, pp. 3824, 3825; Russell, Tabernacle Shadows of the Better Sacrifices [Sombras do Tabernáculo de Sacrifícios Melhores], passim.

128 A doutrina católica das indulgências é baseada neste conceito. Veja a Catholic Encyclopedia, vol. 8, pp. 784, 785.

129 WT, 1909, reimpressões, pp. 4370, 4371.

130 Ibid, 1881, reimpressões, p. 283.

131 White, pp. 109, 110.

132 Ibid, 110.

133 WT, 1909, reimpressões, p. 4310.

134 WT, reimpressões, pp. 4191, 4192.

135 Ibid.

136 Veja 'What the Vow Signifies' [O Que Significa o Voto], reimpressões, pp. 4263-4266.

137 Ibid.

138 Ibid.

139 White, p. 111; Parkinson, P-3, P-4.

140 White, p. 111.

141 Ibid.

142 P-3, P-4.

143 White, p. 111.

144 Ibid.

145 Ibid; Parkinson, P-3, P-4.

146 Parkinson, P-4.

147 Rutherford, p. 10.

148 Ibid, p. 19.

149 Ibid, pp. 22-30. Uma cópia da transcrição do registro da ação judicial de Russell contra o Brooklyn Eagle está na Biblioteca de Betel da Watch Tower Society [Sociedade Torre de Vigia] em Brooklyn, NY.

150 Para uma discussão completa deste caso, veja Penton, Apêndice A.

151 C. T. Russell, The Time Is at Hand [O Tempo É Iminente] (Brooklyn, NY: International Bible Students Association, 1908), p. 77.

152 Curry, pp. 157, 158.

153 Macmillan, p. 47.

154 Ibid, pp. 48-63. Macmillan refere-se ao eclodir da Primeira Guerra Mundial como 'a coisa errada no tempo certo', uma idéia defendida pelas Testemunhas de Jeová até hoje.

155 Penton, pp. 42-47.

156 Ibid, p. 4.

157 Para detalhes sobre a sua morte, veja WT, 1916, reimpressões, pp. 5997-6016.

158 WT, 1916, reimpressões, pp. 5950-5951.


Notas do Capítulo 2

1 A maior parte da informação sobre Rutherford vem de Marley Cole, Jehovah's Witnesses: The New World Society [Testemunhas de Jeová: A Sociedade do Novo Mundo] (Nova Iorque: Vantage Press, 1955); Timothy White, A People for His Name [Um Povo Para o Seu Nome] (Nova Iorque: Vantage Press, 1967); A. H. Macmillan, Faith on the March [A Fé em Marcha] (Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, 1957); Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose [As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino] (Brooklyn, NY: Watchtower Bible and Tract Society, 1959); e ficheiros do Departamento de Justiça sobre o caso United States v. Rutherford et al. nos U. S. National Archives em Washington, DC.

2 Rutherford de fato fez campanha a favor de Bryan em 1896.

3 Página 68.

4 Em 27 de abril de 1926, George H. Fisher escreveu uma carta para W. Nieman, de Magdeburg, Alemanha, acusando Rutherford de ter comparecido ao Al Jolson's Winter Theater para ver a Edição Parisiense do então notório espetáculo 'Artistas e Modelos'. Fisher queria trazer Rutherford, como ancião por inerência de todas as eclésias de Estudantes da Bíblia, perante as igrejas individuais para disciplina. Fisher alegou que tinha as testemunhas necessárias para fazer isso. Mas em julho do mesmo ano Fisher morreu e o assunto nunca foi mais adiante. Nieman, porém, publicou a carta de Fisher e uma análise das suas acusações num prospecto intitulado 'Irmão George H. Fisher'. A fraca resposta de Rutherford à acusação de Fisher foi que estava demasiado ocupado no trabalho do Senhor para se incomodar em responder a tal criticismo e, de qualquer modo, ele nunca tinha visto Al Jolson na sua vida e não sabia como era o aspecto dele. Veja The Golden Age [A Idade de Ouro] (4 de maio de 1927), p. 505, 506.

5 WT, 1916, reimpressões, pp. 5999, 6000.

6 Ibid.

7 Ibid, 1917, reimpressões, p. 6035.

8 Para mais detalhes, veja a página 51.

9 Macmillan, pp. 75, 76. Anuário das Testemunhas de Jeová de 1974, pp. 101-106.

10 Anuário de 1974, p. 101.

11 Ibid, pp. 101, 102.

12 Ibid, pp. 102, 103.

13 Ibid, pp. 103-105.

14 Ibid, p. 106; Anuário de 1976, p. 89.

15 Macmillan, pp. 76, 77; Divine Purpose [Propósito Divino], p. 70; Anuário de 1976, p. 87.

16 Páginas 91, 92.

17 J. F. Rutherford, Harvest Siftings -- Part I [Peneiramento da Colheita -- Parte I] (Brooklyn, NY: International Bible Students Association, 1917), p. 17.

18 Anuário de 1976, pp. 90, 91.

19 WT, 1906, p. 3825.

20 Divine Purpose [Propósito Divino], pp. 70, 71.

21 Rutherford, Harvest Siftings -- Part II [Peneiramento da Colheita -- Parte II]. Para outros relatos deste evento, veja A. N. Pierson, J. D. Wright, A. I. Ritchie, I. F. Hoskins, e R. H. Hirsh, Light after Darkness [Luz Após as Trevas] (Brooklyn, NY: impressão privada, 1917), p. 9; Paul S. L. Johnson, Merarism (Filadélfia: Paul S. L. Johnson, 1938), pp. 73-84.

22 Macmillan, p. 81.

23 Veja os próprios comentários de Johnson em Harvest Siftings Reviewed [Análise do Peneiramento da Colheita] (Brooklyn, NY: impressão privada, 1917), p. 8, onde ele diz: 'Parecia-me que as minhas experiências na Grã-Bretanha eram retratadas pelas de Neemias, Esdras e Mordecai (o Irmão Hemery acreditava que ele anti-tipificava Eliasibe e Hanani em Neemias): que as minhas credenciais estavam em Esdras 7:11-26 e simbolizadas em Ester 8:2, 15. Concluí que eu era privilegiado para me tornar o mordomo e o sucessor do Irmão Russell.'

Outros além de Rutherford pensaram que Johnson estava mentalmente doente. Francis H. McGee, um advogado que era Estudante da Bíblia e que apoiou os quatro diretores demitidos, certamente pensava isso. Numa carta aberta escrita para os quatro em 15 de agosto de 1917, que foi publicada em Light after Darkness [Luz Após as Trevas], ele tornou isso muito claro. Veja a página 18.

24 Johnson, Harvest Siftings Reviewed [Análise do Peneiramento da Colheita], pp. 83, 84; Pierson et al., pp. 5, 6; Rutherford, Harvest Siftings -- Part I [Peneiramento da Colheita -- Parte I], p. 10; Alan Rogerson, Millions Now Living Will Never Die [Milhões Que Agora Vivem Nunca Morrerão: Um Estudo Sobre as Testemunhas de Jeová] (Londres: Constable and Co., Ltd. 1969), pp. 33, 34.

25 Johnson, Harvest Siftings Reviewed [Análise do Peneiramento da Colheita], pp. 82, 83. Pierson et al., pp. 3, 4.

26 Rutherford, Harvest Siftings -- Part I [Peneiramento da Colheita -- Parte I], p. 20.

27 Ibid, p. 16.

28 Veja 'Vice-President's Statement against the Management in August' ['As Declarações do Vice-Presidente contra a Administração em Agosto'] em A. I. Ritchie, J. D. Wright, I. F. Hoskins, e R. H. Hirsh, Facts for Shareholders of the Watch Tower Bible and Tract Society [Factos para os Detentores de Acções da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados] (Brooklyn, NY: impressão privada, 1917), p. 5.

29 O Testamento de Russell, conforme foi publicado pouco depois da sua morte, pode ser visto na WT, 1916, reimpressões, pp. 5999, 6000.

30 Barbara Grizutti Harrison, Visions of Glory: A History and a Memory of Jehovah's Witnesses [Visões de Glória: Uma História e uma Memória Sobre as Testemunhas de Jeová] (Nova Iorque: Simon and Schuster, 1978), pp. 118-120.

31 William H. Cumberland, 'A History of Jehovah's Witnesses' (dissertação de doutoramento, Universidade de Iowa, 1958), p. 131.

32 Pierson et al., p. 4.

33 Harrison, pp. 118-120.

34 Cumberland, p. 131.

35 Rutherford, Harvest Siftings -- Part I, pp. 19, 20.

36 Ritchie et al., p. 5.

37 Ibid.

38 Rutherford, Harvest Siftings -- Part I, p. 20; Johnson, Harvest Siftings Reviewed, p. 19.

39 Pierson et al., p. 8.

40 Ibid, p. 6; Macmillan, pp. 78-80. Os relatos dados pelos diretores demitidos e por A. H. Macmillan sobre o que aconteceu nesta ocasião estão de acordo exceto quando os diretores demitidos afirmam que o polícia não os obrigou a sair, ao passo que Macmillan afirma o contrário. O relato de Light after Darkness é como se segue: '"Guarda, ponha estes homens na rua!" disse o representante do Presidente. "Vamos, cavalheiros!" disse o polícia para os Diretores. "Guarda, você não tem o direito de nos pôr na rua," respondeu um dos Diretores; "nós somos empregados por esta Sociedade e não estamos a perturbar nada nem ninguém." "É claro que não tenho direito de os pôr na rua!" respondeu o polícia. "Em vez disso, sou eu quem devia sair"; e lá foi ele.'

O relato de Macmillan diz: 'Eu disse "Guarda, estes homens não têm que estar aqui. O lugar deles é na Columbia Heights, 124, e eles estão a perturbar o nosso trabalho aqui. Eles recusaram sair quando lhes ordenamos que saíssem. Agora apenas pensamos em chamar a lei."

'Eles saltaram e começaram a argumentar. O polícia rodopiou o bastão e disse: "Cavalheiros, agora [a situação] está a ficar séria para vocês. Faith e eu conhecemos estes dois, Macmillan e Martin, mas a vocês eu não conheço. Agora é melhor que vocês comecem a ir embora, por receio de que vá haver sarilhos."

'Eles apanharam os seus chapéus e desceram os degraus dois a dois e apressaram-se para Borough Hall para entrarem em contato com um advogado.'

Sejam quais forem os fatos do caso, Macmillan admite que não queria que os diretores obtivessem um quorum para efetuarem negócios e estava decidido a impedi-los de realizar uma reunião de negócios quando Rutherford estava ausente. Macmillan estava por isso a mentir quando disse que os diretores estavam a perturbar o trabalho das pessoas que estavam nos escritórios da rua Hicks. Além disso, ele não menciona que os quatro estavam em Hicks St Chapel quando ele chamou a polícia para os expulsar.

41 Pierson et al., p. 10.

42 'An Open Letter to People of the Lord Throughout the World' [Uma Carta Aberta Para o Povo do Senhor em Todo o Mundo] e 'A Petition to Brother Rutherford and the Four Deposed Directors of the W.T.B. and Tract Society' [Uma Petição ao Irmão Rutherford e aos Quatro Diretores Depostos da Sociedade T.V.B. e Tratados]. Ambos sem data, 1917.

43 WT, 1918, reimpressões, pp. 6197, 6198.

44 Cumberland, p. 118.

45 Ritchie et al., p. 3.

46 WT, 1917, reimpressões, pp. 6184, 6185.

47 Rogerson, p. 39.

48 Para uma discussão destes movimentos desde 1918, veja Alan Rogerson, 'Qui est schismatique?' [Quem é Cismático?], em Social Compass 24:1 (1977), pp. 33-43; e J. Gordon Melton, The Encyclopedia of American Religion (Wilmington, NC: McGrath Publishing Co., 1978), pp. 487-491.

49 Os Standfasters também acreditavam que o trabalho de pregação estava terminado e que a porta para a 'chamada celestial' (para a santidade entre os 144.000) se fechara. O 'Preamble and Resolutions of the Stand Fast Bible Students Association' [Preâmbulo e Resoluções da Associação dos Estudantes da Bíblia Intransigentes] de 1.º de dezembro de 1918 começava com as palavras: 'CONSIDERANDO, Agora que a Páscoa de 1918 já passou, e consequentemente que a "Colheita" terminou, finda a "Era do Evangelho", o "Trigo" reunido, os "Santos" selados e a "Porta" fechada ...' Para mais detalhes sobre o movimento standfast e os grupos que se originaram dele, veja Johnson, Merarism, pp. 731-749.

50 The Golden Age (edição inglesa e canadiana), 29 de setembro de 1920, passim; J. F. Rutherford, Millions Now Living Will Never Die [Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão] (Brooklyn, Nova Iorque: International Bible Students Association, 1920), p. 83; M. James Penton, Jehovah's Witnesses in Canada [Testemunhas de Jeová no Canadá] (Toronto: Macmillan of Canada, 1976), pp. 56-62.

51 Divine Purpose, pp. 74-78.

52 Penton, pp. 69-80.

53 Divine Purpose, pp. 81-83; The Golden Age (29 de setembro de 1920), passim.

54 Divine Purpose, p. 83.

55 Macmillan, pp. 105, 106.

56 Ibid, pp. 107-109.

57 Ibid, pp. 112, 113.

58 WT, 1919, p. 280; Divine Purpose, pp. 89, 90.

59 Russell tinha declarado especificamente: 'Tal como a Sociedade já me jurou que não publicará quaisquer outros periódicos, também será requerido que a Comissão Editorial não escreva nem esteja ligada a quaisquer outras publicações de nenhuma maneira ou grau. O meu objetivo nestes requerimentos é salvaguardar a comissão e a revista de qualquer espírito de ambição ou orgulho ou liderança, e que a verdade possa ser reconhecida e apreciada pelo seu próprio valor, e que o Senhor possa mais particularmente ser reconhecido como a Cabeça da igreja e a Fonte da verdade.' WT, 1916, reimpressões, p. 5999.

60 Divine Purpose, p. 95.

61 Ibid, p. 96.

62 Penton, p. 84.

63 Divine Purpose, pp. 96, 97.

64 Ibid.

65 Ibid.

66 Rutherford, Millions Now Living Will Never Die [Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão], p. 88 [pp. 110, 111 em português].

67 Rutherford, The Harp of God [A Harpa de Deus] (Brooklyn, Nova Iorque: International Bible Students Association, 1921), pp. 230, 231.

68 Páginas 214-236.

69 Página 57.

70 William J. Whalen, Armageddon Around the Corner [Armagedom ao Virar da Esquina] (Nova Iorque: The John Day Company, 1962), p. 66.

71 Cumprir-se-á, Então, o Mistério de Deus (Brooklyn, Nova Iorque: Watchtower Bible and Tract Society, 1971), pp. 209-247, 283-296.

72 Ibid. Veja também Divine Purpose, pp. 101-111; e o Anuário de 1976, pp. 135-139.

73 Anuário de 1976, p. 192.

74 WT, 1925, pp. 67-74.

75 WT, 1938, p. 185. Veja também White, pp. 186-188. Os outros membros da comissão editorial -- W. E. Van Amburgh, J. Hemery, R. H. Barber e C. E. Stewart -- eram todos partidários de Rutherford. Mas quando eles se opuseram às idéias de Rutherford, ele achou que eles estavam a agir de forma contrária à vontade do Senhor. Escrevendo em 1938 na edição da The Watchtower [A Sentinela], citada acima, ele declarou: 'The Watchtower [A Sentinela] de 1.º de março de 1925 publicou o artigo "Nascimento da Nação", significando que o reino tinha começado a funcionar. Uma comissão editorial, providenciada humanamente, nessa altura era suposta controlar a publicação de The Watchtower [A Sentinela], e a maioria da comissão objetou energicamente à publicação do artigo "O Nascimento da Nação", mas pela graça do Senhor, o artigo foi publicado e isso realmente marcou o princípio do fim da comissão editorial, indicando que o Senhor está ele mesmo a governar a organização.'

76 White, pp. 181, 182.

77 Página 7.

78 WT, 1927, pp. 51-57.

79 WT, 1921, p. 329; White, pp. 181, 182.

80 Consolation [Consolação], 4 de setembro de 1940, p. 25.

81 WT, 1931, pp. 278, 279.

82 White, p. 260.

83 Veja o gráfico na página 61.

84 Sem dúvida muito do descontentamento causado por este artigo estava ligado ao falhanço da profecia da Torre de Vigia a respeito de 1925 e ao gradual repúdio dos ensinos de Russell.

85 Para se compreender quão completamente Rutherford e os representantes da Sociedade detestavam os anciãos eleitos, repare na lista de artigos que os atacam sob cabeçalhos tais como 'expostos e impuros' e 'rebeldes' no Watch Tower Publications Index: 1930-1960 [Índice de Publicações da Torre de Vigia: 1930-1960], p. 91.

86 Anuário de 1976, p. 165. Veja também William J. Schnell, Thirty Years a Watchtower Slave [Trinta Anos Escravo da Torre de Vigia] (Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1956), pp. 56, 57, 59.

87 Isto começou logo em 1923. Divine Purpose, p. 104.

88 Veja por exemplo WT, 1938, pp. 87, 233.

89 Werner Cohn, 'Jehovah's Witnesses as a Proletarian Movement' ['Testemunhas de Jeová enquanto Movimento Proletário'], em The American Scholar, 24 (1955), pp. 281, 282.

90 WT, 1923, pp. 310-313.

91 WT, 1930, pp. 275-281.

92 Consolation [Consolação], 6 de maio de 1936, p. 508; WT, 1938, pp. 133, 313, 314, 326, 376, 377; 1939, p. 170; J. F. Rutherford, Salvation [Salvação] (Brooklyn, Nova Iorque: Watch Tower Bible and Tract Society, 1939), p. 43.

93 J. F. Rutherford, Vindication -- Book II [Vindicação -- Livro II] (Brooklyn, Nova Iorque: Watch Tower Bible and Tract Society, 1932), pp. 257, 258.

94 Divine Purpose, pp. 143, 144.

95 Baseado no relato do meu pai, Levis B. Penton, que estava presente nessa ocasião.

96 Rutherford, Vindication -- Book I [Vindicação -- Livro I, pp. 155-157, 188, 189; The Golden Age [A Idade de Ouro] (20 de junho de 1934), p. 594. A citação Rutherford sobre Kipling foi feita no congresso da Torre de Vigia em St. Louis, Missouri, em 1941, perante milhares de Testemunhas de Jeová. Causa alguma ofensa.

97 Anuário de 1976, pp. 147-149.

98 Só foram restaurados mais de dois anos depois da morte de Rutherford. Divine Purpose, p. 215.

99 Anuário de 1975, pp. 97, 98.

100 White, p. 173. Uma idéia clara sobre as idéias de Woodworth só pode ser obtida examinando a própria The Golden Age [A Idade de Ouro]. Embora White descreva Woodworth como 'inteligente', temos de questionar a estabilidade emocional dele ao publicar as muitas coisas que publicou.

101 Divine Purpose, p. 312.

102 Ibid, p. 313.

103 É impossível dizer exatamente quantos Estudantes da Bíblia dos dias de C. T. Russell depois cortaram a sua associação com a Sociedade, mas o próprio Rutherford admitiu que muitos tinham feito isso. WT, 1930, p. 342. Veja também White, pp. 251-258.

104 When Pastor Russell Died [Quando o Pastor Russell Faleceu], pp. 24-30. Melton, p. 491.

105 Divine Purpose, p. 190.

106 John S. Conway, The Nazi Persecution of the Churches 1933-1945 [A Perseguição Nazi às Igrejas 1933-1945] (Toronto: Ryerson Press, 1968), pp. 195-200.

107 Penton, p. 128.

108 Página 198.

109 Este era o título de outro dos discos de fonógrafo de Rutherford.

110 Divine Purpose, pp. 134-140; Penton, pp. 94-110.

111 Divine Purpose, p. 133.

112 Ibid, p. 145.

113 Penton, pp. 98, 106.

114 Divine Purpose, p. 140.

115 Ibid.

116 The Golden Age [A Idade de Ouro] (19 de março de 1930), pp. 404-407; Herbert H. Stroup, The Jehovah's Witnesses [As Testemunhas de Jeová] (Nova Iorque: Columbia University Press, 1945), p. 42.

117 Divine Purpose, pp. 191, 192.

118 Ibid.

119 Ibid, p. 194.

120 The San Diego Union (12 de janeiro de 1942), p. 2A.

121 The Tribune-Sun (San Diego), 21 de janeiro de 1942, p. 12; The San Diego Union, 21 de janeiro de 1942, p. 3A.

122 WT, 1945, p. 45; Consolation [Consolação], 4 de fevereiro, 17 e 27 de maio, pp. 3-16.

123 Minutes of Regular Meeting of the County Planning Commission [Minutas da Reunião Regular da Comissão de Planeamento do Condado] (San Diego, Califórnia), 24 de janeiro de 1942, pp. 229-235. Meeting of the Board of Supervisors [Reunião da Diretoria de Supervisores] (San Diego, Califórnia), 26 de janeiro de 1942, no. 63. Minutes of Regular Meeting of the County Planning Commission [Minutas da Reunião Regular da Comissão de Planeamento do Condado], 28 de fevereiro de 1942, pp. 240-243. Minutes of the Meeting of the County Planning Commission [Minutas da Reunião da Comissão de Planeamento do Condado], 14 de março de 1942, p. 247.

124 Whalen, p. 67.

125 Ibid.


Notas do Capítulo 3

1 A maior parte dos dados bibliográficos sobre Knorr apresentados aqui provém de Jehovah's Witnesses in the Divine Purpose [As Testemunhas de Jeová no Propósito Divino] (Brooklyn, NY: Watchtower Bible and Tract Society, 1959); 1975 Yearbook of Jehovah's Witnesses [Anuário das Testemunhas de Jeová de 1975]; Marley Cole, Jehovah's Witnesses: The New World Society [Testemunhas de Jeová: A Sociedade do Novo Mundo] (Nova Iorque: Vantage Press, 1955); Timothy White, A People for His Name [Um Povo Para o Seu Nome] (Nova Iorque: Vantage Press, 1967); e Alan Rogerson, Millions Now Living Will Never Die [Milhões Que Agora Vivem Nunca Morrerão] (Londres: Constable and Co., Ltd., 1969).

2 Transcrição do Registro no caso Moyle v. Franz, et al., p. 568.

3 Muitos relatórios de trabalhadores de Betel e de outros sobre os casos das 'podas' de Knorr. Os comentários dele têm sido descritos como 'cruéis', 'maldosos' e 'vulgares' por muitos que os escutaram como ouvintes neutros.

4 A maioria dos dados sobre Covington foi tirada de Rogerson, A. H. Macmillan, Faith on the March [Fé em Marcha] (Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall, Inc., 1957), e vários registros de tribunal e entrevistas pessoais.

5 Veja as páginas 83 e 163.

6 O conflito entre Knorr e Covington é de conhecimento público entre Testemunhas de Jeová que conheciam ambos no Betel de Brooklyn, embora não haja, evidentemente, qualquer documentação pública sobre isso.

7 Colin Quackenbush, em tempos editor da Awake! [Despertai!], amigo de Covington, e que tinha ganho a animosidade amarga de Knorr, pregou no funeral de Covington na primavera de 1980. No seu discurso Quackenbush afirmou que Covington era 'um workaholic [viciado no trabalho] em vez de um alcoólico'. Para apoiar esta asserção há alguma evidência de que Covington pode ter sofrido de uma doença do ouvido interno que era afectada de forma dramática por qualquer ingestão de álcool.

8 Os dados sobre Franz são tirados principalmente de Macmillan, vários registros de tribunal e entrevistas pessoais.

9 Macmillan, 181. Macmillan evidentemente embelezou o relato. No máximo, o que Franz alguma vez afirmou foi que teria sido recomendado para uma bolsa Rhodes se tivesse continuado na Universidade de Cincinnati.

10 A informação sobre este caso foi recolhida principalmente na transcrição do registro de Moyle v. Franz et al.

11 Moyle v. Rutherford et al., 261 App. Div. 968; 26 N.Y.S. 2d 860; Moyle v. Franz et al., 267 App. Div. 423; 46 N.Y.S. 2d 667; Moyle v. Franz et al., 47 N.Y.S. 484.

12 WT, 1940, p. 207.

13 Ibid.

14 Ibid. Estes estranhos cumprimentos a terminar a carta referiam-se à interpretação alegórica da Sentinela de um relato do livro de Joel que descreve uma praga de gafanhotos sobre a nação de Israel. Segundo a Sentinela, as Testemunhas de Jeová estavam a ser uma praga para o Israel antitípico (a cristandade) com mensagens de destruição.

15 WT, 1940, p. 207.

16 Prova da acusação no caso Walsh v. Clyde, pp. 340-343.

17 Os servos de zona eram então chamados "servos para os irmãos". Divine Purpose [Propósito Divino], p. 198.

18 Ibid., p. 216.

19 Ibid., pp. 237, 238.

20 Ibid., pp. 201-205, 213, 214.

21 Rogerson, p. 48.

22 1947 Yearbook [Anuário de 1947], pp. 137-149.

23 Ibid., p. 149.

24 1951 Yearbook [Anuário de 1951], p. 24.

25 1956 Yearbook [Anuário de 1956], p. 32.

26 1961 Yearbook [Anuário de 1961], p. 38.

27 1947 Yearbook [Anuário de 1947], p. 174.

28 1951 Yearbook [Anuário de 1951], p. 26.

29 1961 Yearbook [Anuário de 1961], p. 38.

30 WT, 1 de Janeiro de 1985, p. 21.

31 Divine Purpose [Propósito Divino], pp. 277-279.

32 1947 Yearbook [Anuário de 1947], pp. 215-218; Divine Purpose [Propósito Divino], pp. 168, 171, 172, 279-281.

33 1947 Yearbook [Anuário de 1947], pp. 215-218; Divine Purpose [Propósito Divino], pp. 279-281.

34 Divine Purpose [Propósito Divino], p. 251.

35 Ibid.

36 Ibid., p. 264-268.

37 Ibid., p. 274; WT, 1956, pp. 152-156; 1974 Yearbook [Anuário de 1974], pp. 237, 238.

38 Awake! [Despertai!], 22 de Setembro de 1958, pp. 13-18; WT, 1959, pp. 114-123; Divine Purpose [Propósito Divino], pp. 283-292.

39 Para exemplos de tais respostas favoráveis, veja o 1959 Yearbook [Anuário de 1959], pp. 73-78.

40 Qualified to Be Ministers [Qualificados Para Ser Ministros] (Brooklyn, NY: Watchtower Bible and Tract Society, edição de 1955), p. 330.

41 Na verdade, foram dadas 23 decisões favoráveis em 37 casos e 10 decisões desfavoráveis em 13 casos. WT, 1955, p. 618.

42 Veja Victor V. Blackwell, O'er the Ramparts They Watched [Eles Observavam Sobre as Muralhas] (Nova Iorque: Carlton Press, Inc., 1976).

43 Veja M. James Penton, Jehovah's Witnesses in Canada [Testemunhas de Jeová no Canadá] (Toronto: Macmillan of Canada, 1976), passim.

44 White, p. 368.

45 Ibid.

46 Página 151.

47 WT, 1951, pp. 239, 240; 1952, pp. 113-115; 1954, pp. 590-596.

48 WT, 1955, p. 607.

49 WT, 1961, pp. 63, 64.

50 White, p. 372.

51 WT, 1956, pp. 597, 598; 'Your Word Is a Lamp unto My Foot' [A Tua Palavra É uma Lâmpada Para o Meu Pé] (Brooklyn, NY: Watchtower Bible and Tract Society, 1967), pp. 182-186.

52 Esta norma foi abolida em 1972. Veja Organization for Kingdom-Preaching and Disciple Making [Organização para Pregar o Reino e Fazer Discípulos] (Brooklyn, NY: Watchtower Bible and Tract Society, 1972), pp. 177, 178.

53 Muitos artigos da Sentinela trataram directamente de costumes de casamento em países onde a poligamia e casamentos consensuais eram comuns. Veja, por exemplo, WT, 1956, pp. 567-574.

54 Tanto quanto sei, só houve um caso em tribunal sobre o assunto durante todo o período e muito poucas queixas mesmo entre aqueles desassociados.

55 Veja "Why are You Looking Forward to 1975?", WT, 1968, pp. 494-501 ["Por Que Está Aguardando 1975?", A Sentinela, 15 de Fevereiro de 1969, pp. 110-117 em português]; e "What Will the 1970's Bring?", Awake! (8 de Outubro de 1968), pp. 13-16 ["O Que Trará a Década de 1970?", Despertai!, 22 de Abril de 1969, pp. 13-16 em português].

56 WT, 1971, pp. 755-762.

57 Ibid., pp. 695-701.

58 Ibid., pp. 755-762.

59 Ibid., pp. 695-701.

60 Organization for Kingdom-Preaching and Disciple Making [Organização para Pregar o Reino e Fazer Discípulos], pp. 82-89.

61 Ibid., pp. 53-90.

62 Ibid., p. 56.

63 Para uma discussão excelente sobre esta matéria e outra opinião quanto a por que razão o novo sistema foi introduzido, veja Joseph F. Zygmunt, "Jehovah's Witnesses in the USA: 1940-1975" ["Testemunhas de Jeová nos EUA: 1940-1975"], in Social Compass, 24:1 (1977), pp. 52, 53.


Notas do Capítulo 4

1 Página 30.

2 Anuário de 1977, p. 30.

3 Anuário de 1978, p. 30.

4 Anuário de 1976, p. 28.

5 Anuário de 1980, p. 28.

6 Segundo os Anuários de 1976 e 1980, havia 17.546 Testemunhas de Jeová a menos na Nigéria em 1979 do que em 1975. Na Alemanha havia 2.722 a menos, e na Grã-Bretanha houve uma perda de 1.102 no mesmo período de tempo.

7 Durante o mesmo período (1975-1979) a comunidade das Testemunhas japonesas aumentou 16.990 publicadores. Assim, de facto, a população de Testemunhas no Japão aumentou em cerca de um terço.

8 A sociedade tinha tendência a culpar 'materialismo', 'nacionalismo' e 'vários factores' pelo grande decréscimo de publicadores em 1977. Veja o Anuário de 1978, pp. 8-13, 32.

9 Em Janeiro de 1975 Franz fez um discurso público na Austrália no qual indicou que acreditava que 1975 era um ano marcado. Embora ele tenha contado como os Estudantes da Bíblia tinham ficado desapontados por a predição de Russell acerca de 1914 ter falhado, e citado o Juiz Rutherford no sentido de que 'tinha feito figura de parvo' no que diz respeito a 1925, Franz sugeriu vez após vez que 1975 veria o início do milénio.

O membro do corpo governante Karl Klein discutiu este assunto durante mais de uma hora numa reunião com o Departamento de Serviço de Notícias do Congresso num congresso de distrito em Vancouver, Colúmbia Britânica, em 1977. Klein declarou abertamente que 'nós acautelámos Nathan [Knorr] e Fred [Franz] para não serem tão dogmáticos.'

10 Franz fez vários discursos públicos que enfatizaram este tema. Os mesmos argumentos apareceram na WT, 1 de Janeiro de 1976, pp. 3-8.

11 Cerca de duas décadas antes a Sociedade Torre de Vigia tinha tomado a mesma posição nesta matéria que Franz enunciou depois de nada escatologicamente significativo ter ocorrido durante 1975. Veja WT, 1955, pp. 93-95 [em inglês]. Em 1963 [1966 em português] o livro 'Toda a Escritura É Inspirada Por Deus e Proveitosa' tomou mais uma vez a mesma posição. Depois de calcular que Adão tinha sido criado em 4026 A.E.C., afirmou nas páginas 286 e 287: 'De que importância é isto hoje? A primeira edição deste livro em português, de 1966, dizia: "Significa isto, então, que até 1966 temos passado 5.991 anos do 'dia' em que Jeová 'vem descansando de toda a sua obra'? (Gên. 2:3) Não, pois a criação de Adão não corresponde com o começo do dia de descanso de Jeová. Seguindo a criação de Adão, e ainda dentro do sexto dia criativo, parece que Jeová formou outras criações de animais e aves. Também, fez que Adão desse nome aos animais, que levaria algum tempo, e passou a criar a Eva. [...] Qualquer tempo decorrido entre a criação de Adão e o término do 'dia sexto' deve ser subtraído dos 5.991 anos, a fim de dar o real período de tempo desde o princípio do 'dia sétimo' até [1966]. Não adianta usar a cronologia bíblica para especular sobre datas que se acham ainda no futuro, na corrente do tempo. -- Mat. 24:36.' Em 1968, porém, tanto a Sentinela como a Despertai! proclamaram que Eva foi criada no mesmo ano que Adão. The Watchtower de 1 de Maio de 1968 [em inglês] declarou na página 271: 'Para calcular onde está o homem na corrente do tempo em relação ao sétimo dia de 7.000 anos de Deus, precisamos determinar quanto tempo decorreu desde o ano da criação de Adão e Eva em 4026 A.E.C.' A Awake! de 8 de Outubro de 1968 [em inglês] declarou enfaticamente na página 14: 'Segundo cronologia bíblica de confiança, Adão e Eva foram criados em 4026 A.E.C.'

12 Várias Testemunhas em posições administrativas no Betel de Brooklyn admitiram-me isto no Verão de 1979.

13 Veja o Anuário de 1980, p. 23.

14 No Canadá representantes da sede da filial da sociedade foram enviados por todo o país para falar a reuniões especiais com anciãos de várias localidades. Tais declarações -- em nítido contraste com o que fora publicado em Organização Para Pregar o Reino e Fazer Discípulos -- foram feitas pelos representantes de Betel nos termos mais fortes e ásperos. Estava a ser dito aos anciãos para se porem na linha; o controlo hierárquico estava a ser imposto novamente.

15 A princípio apenas umas poucas posições foram isoladas do sistema rotativo. Com a continuação, foram todas. Para informação a respeito destas mudanças, ver a edição canadiana de Our Kingdom Service [Nosso Serviço do Reino], Agosto de 1975, pp. 3-6; Setembro de 1977, pp. 3-6; Agosto de 1978, p. 3; e Organizados Para Efetuar o Nosso Ministério (Brooklyn, NY: Watchtower Bible and Tract Society, 1983), p. 41.

16 Como controlam praticamente toda a correspondência para e da sociedade e tratam mais de perto com os superintendentes de circuito e de distrito, os secretários da congregação têm a maior parte dos poderes que eram exercidos pelos servos de congregação antes de 1972. Também, como muitos secretários são pessoas que detêm posições de administração nas suas ocupações seculares, com frequência têm tendência a ser bastante conservadores nas suas perspectivas. Muitos tratam as congregações como 'pequenas empresas'. Parece ser exactamente isso que a sociedade quer. Para uma descrição das tarefas dos secretários, ver Nosso Serviço do Reino (edição canadiana), Setembro de 1977, pp. 3, 4; e Organizados Para Efetuar o Nosso Ministério, p. 42.

17 Organização Para Pregar o Reino e Fazer Discípulos, pp. 126, 127.

18 Eles deviam assinalar o tempo que tinham gasto no 'trabalho de pastoreio' nas suas folhas de relatório de serviço de campo.

19 Esta ideia foi enfatizada especialmente em assembleias de circuito mas também em vários artigos no Nosso Ministério do Reino. Veja, por exemplo, Nosso Serviço do Reino (edição canadiana), Agosto de 1979, pp. 1, 3, e Setembro de 1979, pp. 1, 3.

20 Quando as comissões hospitalares foram estabelecidas, várias grandes reuniões foram realizadas em Toronto nas quais numerosas Testemunhas canadianas proeminentes estiveram presentes. Em resultado do 'trabalho nos hospitais', três livros contendo artigos fotocopiados de revistas médicas e da imprensa popular foram produzidos e encadernados na filiar da sociedade em Toronto. Estes eram: Jehovah's Witnesses -- Alternatives to Blood Transfusions in Adults [Testemunhas de Jeová -- Alternativas às Transfusões de Sangue em Adultos], Jehovah's Witnesses -- Alternatives to Blood Transfusions in Minors [Testemunhas de Jeová -- Alternativas às Transfusões de Sangue em Menores], e Jehovah's Witnesses -- Alternatives to Blood Transfusions [Testemunhas de Jeová -- Alternativas às Transfusões de Sangue]. A maior parte do material nelas foi compilado por Alex Trost, um ex-missionário da Torre de Vigia e químico de Hamilton, Ontário.

21 Foram estabelecidas comissões em várias comunidades tanto na parte oriental como na parte ocidental do Canadá. Eu estive pessoalmente envolvido em ajudar a organizar uma destas 'comissões hospitalares' que durante algum tempo foi muito activa e eficaz.

22 Uma carta da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, Filial Canadiana, 150 Bridgeland Ave., Toronto, Ontário, para William D. Johnson, 2726-25 Ave., Vancouver BC, datada de 4 de Outubro de 1974 cita longamente uma carta enviada para a filial canadiana da parte do escritório de Brooklyn da sociedade. Uma citação dessa carta declara: 'Nós não encorajámos os anciãos em geral ou qualquer comissão de anciãos numa cidade particular a visitar todos os hospitais como se fossem representantes e porta-vozes de todas as Testemunhas de Jeová nessa cidade. Quando se trata de tratamento médico, eles definitivamente não o são.'

23 Carta da Sociedade Torre de Vigia de Bíblias e Tratados, Filial Canadiana, 150 Bridgeland Ave., Toronto, Ontário, para os Corpos de Anciãos das Congregações das Testemunhas de Jeová de Galt Park, Lakeview, e Westminster, Lethbridge, Alberta, datada de 30 de Maio de 1975.

24 Isto aconteceu especialmente na área de Toronto.

25 Página 10.

26 Ibid.

27 Herbert H. Stroup, The Jehovah's Witnesses (New York: Russell and Russell, 1967), p. vi.

28 Curiosamente, a sociedade praticamente recusou-se a citar directamente os trabalhos de investigadores que eram Testemunhas. O meu próprio livro Jehovah's Witnesses in Canada [Testemunhas de Jeová no Canadá] recebeu um comentário na The Watchtower [A Sentinela] através de uma recensão crítica no Toronto Daily Star e, posteriormente, no relatório histórico sobre as Testemunhas de Jeová no Canadá no 1979 Yearbook [Anuário de 1979]. Em geral, contudo, a sociedade -- particularmente em Brooklyn -- era fria em relação ao livro e não permitiu que aparecesse qualquer notícia geral sobre ele nas suas publicações ou em congressos. Em resultado disso, algumas Testemunhas manifestaram hostilidade directa em relação ao livro. Algumas vezes, fui abertamente criticado por Testemunhas particularmente tacanhas de espírito que diziam que eu tinha 'tentado ganhar dinheiro à custa dos irmãos' ou que tinha tentado 'fazer de mim próprio uma pessoa importante'.

29 Cole admitiu que a sociedade insistiu que ele rescrevesse o seu primeiro manuscrito do livro Jehovah's Witnesses: The New World Society [Testemunhas de Jeová: A Sociedade do Novo Mundo] porque não era suficientemente positivo.

30 Antes do seu falecimento há alguns anos, Percy Chapman, um ex-superintendente de filial da Sociedade Torre de Vigia no Canadá, disse-me pessoalmente que o segundo livro de Cole 'não se saiu muito bem porque não teve a aprovação da sociedade ou do Irmão Knorr.' 'Ele estava', disse Chapman, 'a correr adiante da sociedade.'

31 Embora parte da minha informação sobre o caso Blackwell seja baseada em correspondência com o próprio Blackwell, boa parte foi obtida a partir de declarações de várias Testemunhas de todo o Canadá e de uma conversa com Karl Klein, do corpo governante. Klein disse-me que 'Blackwell queria que a sociedade publicasse o livro dele'. Blackwell declarou que isto é 'absolutamente falso'. De facto, Blackwell publicou O'er the Ramparts They Watched [Sobre os Muros Eles Observavam] a um grande custo pessoal para si próprio. Deve ser dito, contudo, que alguns dos problemas de Blackwell surgiram devido a problemas na sua congregação local e devido ao facto de ele ter escrito cartas longas e muito ásperas para o corpo governante. Ainda assim, não pode haver dúvida que ele sofreu directamente por causa da publicação do seu livro.

32 Carta de Ditlieb Felderer, de Taby, Suécia, para M. James Penton, 21 de Outubro de 1976. Durante algum tempo Felderer publicou uma revista intitulada Bible Researcher [Pesquisador Bíblico], que contém muita informação acerca da história dos Mórmones e das Testemunhas de Jeová. O Bible Researcher é uma excelente fonte de informação sobre as dissidências entre as Testemunhas durante o início da década de 1970.

33 Detalhes sobre o caso Christenson podem ser encontrados na transcrição do registo [de tribunal do caso] Christensen v. Bodner et al, Manitoba Court of Queen's Bench, Winnipeg, Manitoba (Setembro de 1977).

34 Cartas de R. L. Wysong de East Lansing, Michigan, para a Watchtower Bible and Tract Society Brooklyn, NY, datadas de 23 de Setembro de 1975, 7 de Outubro de 1975, 17 de Outubro de 1975, 28 de Outubro de 1975, 7 de Novembro de 1975, 23 de Janeiro de 1976 e 13 de Fevereiro de 1976. Cartas de R. L. Wysong para o Corpo Governante das Testemunhas de Jeová, 9 de Outubro de 1975 e 28 de Outubro de 1975. Cartas da Watchtower Bible and Tract Society Brooklyn, NY, para R. W. Wysong, 29 de Setembro de 1975, 13 de Outubro de 1975 e 17 de Outubro de 1975.

35 Veja, por exemplo, o Göteborgs-Tidningen, 30 de Setembro de 1980, pp. 14, 15.

36 Para mais detalhes, veja Witness, the Official Organ and Communication Department of the Victorian Conference of Seventh-Day Adventists [Testemunha, o Órgão Oficial e Departamento de Comunicação da Conferência Vitoriana de Adventistas do Sétimo Dia], 3:4 (Setembro-Dezembro, 1977).

37 Muitas das descobertas de Jonsson foram publicadas em 1981 por Christian Fellowship International de Lethbridge, Alberta [Canadá], numa brochura intitulada The Watch Tower Society and Absolute Chronology [A Sociedade Torre de Vigia e a Cronologia Absoluta], por Karl Burganger. Antes disto, o documento dactilografado de Jonsson teve um impacto importante em pessoas por todo o oeste do Canadá que saíram das Testemunhas de Jeová entre 1979 e 1982.

38 Baseado numa declaração gravada que foi reproduzida em parte no Toronto Star (21 de Fevereiro de 1981), p. G6.

39 Havor Montague, 'The Pessimistic Sect's Influence on the Mental Health of Its Members: The Case of Jehovah's Witnesses' ['A Influência Pessimista da Seita na Saúde Mental dos Seus Membros: O Caso das Testemunhas de Jeová'], em Social Compass, 24:1 (1977), p. 141.

40 Ibid.

41 Segundo o Anuário de 1974, p. 31, houve um aumento real de 173 Testemunhas que professavam ter uma esperança celestial no ano 1973.

42 Em 1974 houve um aumento adicional de 200 'participantes do Memorial'. Anuário de 1975, p. 31. Em dois anos o restante de Testemunhas de Jeová ungidas tinha aumentado em 373 pessoas.

43 Veja o Anuário de 1981, p. 31.

44 Página 319.

45 Página 287 [da edição em português].

46 A sociedade forneceu vários esboços para discursos públicos que são muito explícitos nestes assuntos. Para mais informação, ver WT, 15 de Fevereiro de 1975, p. 128, 100-102, 1 de Maio de 1975, p. 287. A Sentinela de 1 de Maio de 1975 declarou na página 287: 'Que porneía pode corretamente ser considerada como incluindo as perversões dentro do arranjo marital é visto em que o homem que obriga sua esposa a ter com ele relações sexuais desnaturais virtualmente a "prostitui" ou "corrompe". Isto o torna culpado de porneía, porque o verbo grego relacionado, porneúo, significa "prostituir, corromper".'

47 WT, 15 de Março de 1973, p. 191. Quando a sociedade enunciou originalmente a sua posição sobre este assunto, aconselhou os anciãos que não deviam fazer perguntas sobre se pessoas casadas estavam ou não a violar este 'princípio cristão' levítico.

48 Páginas 29, 30.

49 Ibid., p. 31.

50 Isto foi anunciado discretamente em reuniões de anciãos e em congregações onde tinham sido desassociadas pessoas por porneia marital. Que seja do meu conhecimento, nunca qualquer das pessoas que foram desassociadas recebeu qualquer tipo de desculpa pessoal apesar do que a sociedade, agindo através de comissões judicativas das congregações, lhes tinha feito.

51 A Sentinela, 1 de Fevereiro de 1962, p. 96.

52 Página 350.

53 Página 351.

54 Página 31.

55 Ibid.

56 Ibid.

57 Segundo Raymond Franz, foi este o caso.

58 Página 12.

59 Afirmado durante um discurso público proferido pelo Superintendente de Circuito canadiano Larry Gray em 1 de Dezembro de 1979 em Lethbridge, Alberta [Canadá].

60 WT, 1935, p. 254.

61 Veja Divine Purpose [Propósito Divino] (Brooklyn, NY: Watchtower Bible and Tract Society, 1959), pp. 222-231.

62 Páginas 149-154 [em português].

63 Divine Purpose [Propósito Divino], pp. 222-231.

64 Para um breve resumo desta questão, veja o Anuário de 1974, pp. 133-136, que discute de forma bastante equilibrada o famoso caso Walsh na Grã-Bretanha. Segundo os tribunais britânicos, embora as Testemunhas de Jeová fossem uma 'religião', não tinham 'ministros' no sentido em que o parlamento tinha pretendido que o termo fosse entendido.

65 Página 154.

66 Páginas 18, 19.

67 Billings Gazette, 23 de Outubro de 1975; 26 de Janeiro de 1976; 22 de Maio de 1976, p. 14-B; 5 de Julho de 1976, p. 8-A.

68 Tri-City Herald, 27 de Fevereiro de 1976, p. 13.

69 Ibid.

70 Franklin Peninsula News, 6 de Abril de 1977. Mais informação sobre este cisma apareceu no Journal de Dandenong nas edições de 7 e 14 de Abril de 1977.

71 Para relatos na imprensa sobre o caso Christenson, veja as edições de 16 e 17 de Setembro de 1977 do Tribune de Winnipeg.

72 Detalhes sobre estes desenvolvimentos só agora estão a começar a ser amplamente conhecidos. Por razões óbvias a Sociedade Torre de Vigia não publicou informação sobre eles e a maioria das Testemunhas de Jeová ainda não está a par deles.

73 Embora os números não tenham sido grandes, certamente fortaleceram os movimentos tradicionais de Estudantes da Bíblia. Os Estudantes da Bíblia têm estado muito activos em ajudar ex-Testemunhas de Jeová. Veja The Bible Examiner (Lethbridge, Alberta), Setembro de 1981, p. 1.

74 Estes movimentos são muito activos e estão a ter muito sucesso em converter ex-Testemunhas de Jeová. Alguns dos que saíram do Betel de Brooklyn na Primavera de 1980 tornaram-se protestantes evangélicos.

75 Baseado em entrevistas com Rene Vasquez, Mark Nevejans, Cristobal Sanchez, Nestor Kuilan e Edward Dunlap durante o primeiros meses de 1981.

76 Todos os activos em estudo independente parecem ter-se considerado a si mesmos Testemunhas completamente leais. Como a sociedade tinha mudado muitas vezes as doutrinas no passado, eles não viam qualquer razão para ela não o fazer novamente. Portanto não existe qualquer razão para insinuar, como o corpo governante tem feito desde então, que estes 'dissidentes' eram 'lobos apóstatas' com motivos iníquos.

77 Randall Watters, What Happened at the World Headquarters of Jehovah's Witnesses in the Spring of 1980? [O Que Aconteceu na Sede Mundial das Testemunhas de Jeová na Primavera de 1980?] (Um panfleto impresso e publicado privadamente por Randall Watters, Drawer CP-258, Manhattan Beach, Califórnia). Watters serviu no Betel de Brooklyn durante seis anos até Julho de 1980. Ele saiu com 'boa reputação' e mais tarde renunciou como Testemunha de Jeová porque achava que a sociedade estava a ensinar doutrinas falsas. Consequentemente, o relato dele é o de um observador preocupado, e não o de uma pessoa directamente envolvida nos acontecimentos que descreve.

78 Embora muita da informação dada aqui seja baseada em entrevistas pessoais, muita também foi publicada ou reproduzida electronicamente a respeito destes acontecimentos. Muito do que aconteceu a Rene e Elsie Vasquez é descrito no St. Paul Dispatch (31 de Julho de 1982), página 5D e 6D. Os relatos de Sanchez e da sua esposa podem ser obtidos a partir de uma gravação áudio agora distribuída por Bethel Ministries, Drawer CP-258, Manhattan Beach, Califórnia. A informação sobre o caso de Kuilan é de uma carta de apelo de Nestor Kuilan para Lyman Swingle do corpo governante, 6 de Junho de 1980. Contudo, o melhor relato global do que aconteceu na sede da Torre de Vigia na Primavera de 1980 encontra-se em Raymond Franz, Crisis of Conscience [Crise de Consciência] (Atlanta: Commentary Press, 1983), pp. 223-288. Embora as desassociações e eventos que as rodearam sejam de conhecimento público, não há, claro, maneira de verificar declarações sobre observações feitas durante audições perante as comissões judicativas, pois essas são sempre realizadas à porta fechada.

79 St. Paul Dispatch (31 de Julho de 1982), página 5D e 6D.

80 Os comentários de Franz foram gravados electronicamente.

81 Watters, p. 5.

82 Ibid.

83 Ibid., p. 4.

84 Ibid.

85 Veja por exemplo WT, 15 de Janeiro de 1981, pp. 22-28; 1 de Fevereiro de 1981, pp. 17-22; 15 de Fevereiro de 1981, pp. 14-20.

86 Toronto Star, 19 de Fevereiro de 1981, p. G-6.

87 A comunidade de Lethbridge, outras ex-Testemunhas, Estudantes da Bíblia e outros formaram o que é conhecido como Christian Koinonia International e publicam literatura, incluindo The Bible Examiner [O Investigador Bíblico].

88 Toronto Star, 1 de Abril de 1981.

89 Ex-Testemunhas manifestaram-se em numerosos congressos por todos os Estados Unidos no Verão de 1981. Relatos da imprensa apareceram por todo o país. Veja, por exemplo, The Seattle Times, 19 de Julho de 1981.

90 Evening Herald de Dublin, 22 de Novembro de 1982, p. 18.

91 Nesse ano tiveram um aumento mundial de 0,5 porcento. Anuário de 1980, p. 30.

92 Anuário de 1981, p. 30.

93 Ibid., p. 31.

94 Ibid., p. 32.

94a Isto foi escrito em 1985. Frederick W. Franz morreu em 1992. [N. do T.]

95 Watters, p. 3.

96 Ibid.

97 Ibid.

98 Veja por exemplo o artigo 'O "mordomo" diante do Har-Magedon' na Sentinela de 15 de Junho de 1982, pp. 25-31. Nesse artigo o escritor da sociedade dá uma interpretação alegórica de Isaías 22:15-25. Eliaquim, filho de Hilquias, é descrito como um 'tarugo num lugar duradouro' que prefigura o 'restante ungido' ou a classe do 'mordomo fiel, o discreto'. Curiosamente, porém, a Comissão de Redacção escolheu não comentar Isaías 22:25, embora a Sentinela de 15 de Junho o cite no artigo 'O "mordomo" diante do Har-Magedon'. Esse versículo diz: '"Naquele dia", é a pronunciação de Jeová dos exércitos, "o tarugo pregado num lugar duradouro será removido, e terá de ser cortado e terá de cair"'. Então, evidentemente, se a interpretação alegórica deles deve ser alargada, pela sua própria lógica os escritores da Torre de Vigia esperam que o 'restante ungido' seja 'cortado' e 'caia'. Claro que eles não pretendem dizer isso, mas o artigo em questão está tão mal escrito que é extremamente difícil fazer com que tenha qualquer sentido.

99 WT, 15 de Junho de 1982, p. 28.

100 WT, 15 de Novembro de 1974, pp. 686, 687.

101 Veja 'Quando um parente é desassociado...', pp. 22-27 [edição em português].

102 WT, 1 de Janeiro de 1984, p. 21.

103 Segundo estatísticas publicadas no Nosso Serviço do Reino (edição americana) para Novembro e Dezembro, houve 588.503 publicadores em Agosto, mas em Setembro houve apenas 541.185.


Notas da Conclusão

1 Página 30.

2 Norman Cohn, The Pursuit of the Millennium [A Busca do Milénio] (Londres: Oxford University Press, 1957), pp. 309-310; veja também pp. 58-74.

3 Richard Hofstadter, The Paranoid Style in American Politics and Other Essays [O Estilo Paranóico na Política Americana e Outros Ensaios] (Nova Iorque: Alfred A. Knopf, 1965), pp. xii, 3, 5, 21, 22.

4 WT, 1984, p. 30.

5 Ibid, pp. 8-13.

6 James Beckford, 'Jehovah's Witnesses World-Wide', em Social Compass, 24:1 (1977), p. 14.

7 Veja, por exemplo, o Calgary Herald, de 13 de Dezembro de 1983, BI. Nos Estados Unidos várias ex-Testemunhas lançaram uma série de processos contra anciãos das Testemunhas, contra a Watch Tower Society, e contra o corpo governante das Testemunhas de Jeová.

8 A legislação originalmente proposta tornaria ilegal que qualquer organização voluntária expulsasse membros por qualquer coisa não considerada ilegal sob a lei canadiana. Embora a proposta de lei em questão tenha sido modificada devido a pressão das igrejas e de várias organizações religiosas que argumentavam que isso envolvia o Estado em assuntos geralmente considerados fora da sua jurisdição, alguma versão modificada da proposta de lei ainda pode ser apresentada ao Parlamento.

9 WT, 1.º de Janeiro de 1985, pp. 20-23.

10 Raymond Franz, Crisis of Conscience [Crise de Consciência] (Atlanta: Commentary Press, 1983), pp. 336-355.

11 Página 17.


Notas do Posfácio

1 WT, 1.º de Janeiro de 1987, p. 13; 1.º de Janeiro de 1996, p. 15.

2 WT, 1.º de Janeiro de 1996, p. 12.

3 Com aproximadamente o mesmo número de publicadores, as Testemunhas japonesas têm mais do dobro do número de estudos bíblicos domiciliares com potenciais conversos do que as Testemunhas italianas. Ibid, p. 13.

4 Ibid, pp. 14, 15.

5 Anuário de 1991, pp. 35-37. Veja também as páginas 102-103, 328 nota 20.

6 Um comunicado de imprensa da Amnistia Internacional (229/95) colocado na Internet e datado de 22 de Novembro de 1995 dá os detalhes das detenções, multas e aprisionamentos das Testemunhas de Singapura. O comunicado diz em parte: '"As Testemunhas de Jeová deviam ser autorizadas a reunir-se e a praticar pacificamente a sua religião sem a ameaça de detenção ou aprisionamento. A liberdade de religião é um direito fundamental que é garantido pela Constituição de Singapura," disse hoje a Amnistia Internacional.'

O U.S. News and World Report de 2 de Maio de 1996 relatou a recusa dos apelos das Testemunhas de Singapura e observou que o juiz presidente Yong Pung How 'criticou repetidamente os argumentos do advogado de defesa W. Glen How, do Canadá.' U.S. News and World Report também declarou: 'Mostrando irritação crescente, Yong interrompeu How duas vezes com o comentário: "Você está louco!" O juiz mais tarde perguntou ao canadiano: "Você está medicamente bem, Sr. How? Você está a delirar."'

7 O crescimento nestes países recentemente tem sido entre 2 e 3 porcento ao ano. Por exemplo, em 1994 o crescimento das Testemunhas esteve dramaticamente baixo na maioria dos países do G-7, as sete nações mais industrializadas do mundo. A França e a Alemanha tiveram aumentos de 1%. A Grã-Bretanha e o Canadá, 2%; e a Itália e os Estados Unidos, 3%. O Japão teve, de longe, o maior crescimento, com um aumento de 6%. De facto, as Testemunhas de Jeová em geral estão apenas a manter-se ligeiramente à frente do crescimento normal da população através dos nascimentos e da imigração na maioria dos países industrializados. Nos países desenvolvidos do Ocidente, muitos novos convertidos das Testemunhas vêm dos grupos de imigrantes recentes. Por isso, a população nativa dessas terras está a rejeitar mais a mensagem das Testemunhas do que no passado.

8 WT, 1.º de Abril de 1994, pp. 16-17. É verdade que alguns dos desassociados são readmitidos mais tarde.

9 Se tomarmos o número dos desassociados mais o número dos que se dissociam voluntariamente do movimento quer formal quer informalmente, a perda de membros das Testemunhas de Jeová é muito provavelmente superior a 1% ao ano.

10 Para detalhes completos sobre este desenvolvimento, veja o artigo 'Jehovah's Provision, the "Given Ones"' [A Provisão de Jeová, os "Dados"], na The Watchtower [A Sentinela] de 15 de Abril de 1992, pp. 12-17. A terminologia é retirada do livro de Esdras.

11 Páginas 18, 19-20.

12 Ibid.

13 Veja a página 275.

14 Houve muitos casos de custódia de crianças envolvendo pais Testemunhas de Jeová e não-Testemunhas ou ex-Testemunhas nos Estados Unidos e no Canadá. Nos Estados Unidos, ex-Testemunhas como Duane Magnani e Jerry Bergman têm estado activos como testemunhas especialistas no apoio a pais não-Testemunhas e ex-Testemunhas. Magnani e Bergman têm tentado mostrar que os pais Testemunhas são treinados pelos advogados da Watch Tower a negar declarações que foram feitas na brochura School and Jehovah's Witnesses [A Escola e as Testemunhas de Jeová]. Para mais detalhes a respeito destes casos de custódia, veja a nota 59, adiante.

15 Página 31.

16 WT, 15 de março de 1993, p. 32.

17 Raymond Franz, Crisis of Conscience [Crise de Consciência] (Atlanta: Commentary Press, 1992, 1994), p. 392. Embora a segunda edição de Crisis of Conscience tenha sido publicada em 1992, Raymond Franz depois disso actualizou-a para a segunda impressão.

18 Parece não existir biografia de Henschel na literatura da Watch Tower ou em qualquer outro lado. O que se sabe acerca dele é que serviu como secretário particular de N. H. Knorr e que tem sido um orador frequente na escola missionária de Gileade da Watch Tower e nos escritórios das filiais no estrangeiro.

19 Franz, Crisis of Conscience [Crise de Consciência], p. 394.

20 Ibid, pp. 389-390.

21 WT, 15 de Outubro de 1995, pp. 24-27.

22 WT, 1.º de Novembro de 1995, pp. 18, 19.

23 Página 20.

24 James A. Beckford, The Trumpet of Prophecy: A Sociological Study of Jehovah's Witnesses [A Trombeta da Profecia: Um Estudo Sociológico das Testemunhas de Jeová] (Nova Iorque: John Wiley and Sons, 1975), p. 170.

25 Isto aconteceu em particular no caso do Bible Research and Commentary International que tem uma linha telefónica de ajuda para as Testemunhas de Jeová, que pode ser contactada nos Estados Unidos e no Canadá ligando para o número 1-800-WHY-1914. Contudo, outros ministérios também indicaram muitos contactos com Testemunhas de Jeová desiludidas devido à modificação da doutrina da Torre de Vigia. Para mais informação, veja BRCI Quarterly, edições do Inverno, Primavera e Verão de 1996. Cópias dessa publicação podem ser obtidas escrevendo para Biblical Research and Commentary International, Inc., 1207 Marston Avenue, Gadsden, AL, 35904-1403 U.S.A.

26 Raymond Franz acredita que mudanças na administração não trarão grandes reformas à Sociedade Torre de Vigia ou às Testemunhas de Jeová. Veja os seus comentários sobre este assunto nas páginas 333-334, acima.

27 WT, 15 de Março de 1983, pp. 30-31. Deve notar-se que uma mudança em relação à posição anterior da Sociedade sobre a porneia (fornicação) é que mulheres casadas já não se podem divorciar dos seus esposos por se envolverem em sexo oral ou anal com elas. Isto provavelmente explica porque o assunto não tem sido tão importante como foi no passado.

28 O número de mudanças num sentido e noutro que a Sociedade Torre de Vigia fez neste assunto chega a ser cómico. Na Zion's Watch Tower [Torre de Vigia de Sião] de Julho de 1879 (p. 8), C. T. Russell defendeu que os homens de Sodoma e Gomorra seriam ressuscitados. Esta posição continuou a ser defendida até 1952, quando a edição de 1.º de Junho da Watchtower defendeu que eles não seriam ressuscitados. Treze anos mais tarde, a Watchtower de 1.º de Agosto de 1965 afirmou que seriam ressuscitados. Publicadas pela primeira vez em 1982, as primeiras edições do livro You Can Live Forever in Paradise on Earth [Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra] afirmaram essa posição (p. 179), tal como fez também o volume 2 do dicionário bíblico da Sociedade, Insight on the Scriptures (p. 985). Em 1988, The Watchtower [A Sentinela] de 1.º de Junho decidiu novamente que eles não seriam ressuscitados. Consequentemente, o livro Revelation -- Its Grand Climax at Hand [Revelação -- Seu Grandioso Clímax Está Próximo] tomou a mesma posição, e Our Kingdom Ministry [Nosso Ministério do Reino, edição dos Estados Unidos] de Dezembro de 1989 declarou: 'Serão feitos alguns ajustes em futuras edições do livro Live Forever [Viver Para Sempre]. A única mudança significativa é a respeito dos sodomitas, nas páginas 178 e 179. Esta mudança apareceu no livro Revelation [Revelação], página 273, e na The Watchtower [A Sentinela] de 1.º de Junho de 1988, páginas 30, 31. Você poderá desejar tomar nota disso nas edições anteriores que tem à mão.' Estou em dívida para com David Reed, Steve Huntoon e John Cornell por terem indexado estas mudanças em David A. Reed, ed., Index of Watch Tower Errors [Índice de Erros da Torre de Vigia] (Grand Rapids: Baker Book House, 1990), p. 116.

Será que a linha dura da Sociedade contra os sodomitas e os seus vizinhos de Gomorra mortos há muito tempo tem alguma coisa a ver com o facto de dois 'sodomitas' terem sido expulsos do corpo governante em décadas recentes?

29 Franz, Crisis of Conscience [Crise de Consciência], p. 397. Dois membros do corpo governante morreram depois do falecimento de Frederick Franz. Foram George Gangas, que morreu com a idade de 98 anos em 28 de Julho de 1994 e John Booth, que morreu com a idade de 93 anos em 8 de Janeiro de 1996. [N. do T.: Lloyd Barry morreu em 2 de Julho de 1999.]

30 Jimmy Swaggart Ministries v. Board of Equalization of California 110 S. Ct. 688.

31 Comments from the Friends [Comentários dos Amigos] 9:3 (Verão de 1990), pp. 3-4. [N. do T.: Suponho que deve haver aqui um engano na data da carta de 21 de Fevereiro de 1990.]

32 22 de Fevereiro de 1990, p. 1.

33 Comments from the Friends [Comentários dos Amigos] 9:3 (Verão de 1990), p. 4.

34 WT, 1.º de Janeiro de 1990, p. 7; 1990 Yearbook [Anuário de 1990], p. 10.

35 Franz, Crisis of Conscience [Crise de Consciência], pp. 365-366.

36 O Anuário das Testemunhas de Jeová de 1980 (p. 257) disse laconicamente que 'No ano passado, Ewart C. Chitty deixou o cargo, de modo que atualmente há 17 membros neste corpo' governante. Quando Leo Greenlees foi expulso do cargo, não apareceu qualquer declaração nas publicações da Sociedade. O nome de Greenlees simplesmente desapareceu das publicações da Torre de Vigia depois de 1984. A única declaração da Torre de Vigia que pode ser considerada uma alusão a homossexualidade da parte de membros do corpo governante é um comentário breve que aparece na Watchtower [Sentinela] de 1.º de Janeiro de 1986 (p. 13) que diz: 'Embora seja chocante, mesmo alguns que foram proeminentes na organização de Jeová sucumbiram a práticas imorais, incluindo homossexualidade, troca de esposas e molestação de crianças.' [Tradução do inglês] Ainda assim, os factos que rodeiam a expulsão tanto de Chitty como de Greenlees são bem conhecidos entre anteriores trabalhadores do Betel da sede da Watch Tower e entre muitos outros. Greenlees contactou algumas ex-Testemunhas de Jeová pessoalmente depois de ter sido exilado de Brooklyn.

A falta de candura da Sociedade a respeito de Chitty e de Greenlees levou muitas Testemunhas de Jeová a supor erradamente que o comentário da Watchtower [Sentinela] de 1.º de Janeiro de 1986 se referia a Raymond Franz e a outros 'apóstatas'. Seja dito em abono de Franz que ele nunca quis expor Chitty nem Greenlees pelos seus 'pecados', mas como ele e outros associados ex-Testemunhas são agora o alvo das insinuações das Testemunhas de Jeová a respeito da homossexualidade, os factos precisam de ser conhecidos.

37 Rutherford et al. v. The United States, Transcript of Record [Transcrição do Registo], I:981-982 em 2943-2945.

38 As próprias estatísticas da Sociedade mostram que isso é falso. Veja o gráfico sobre a assistência ao Memorial durante a década de 1920 na página 61.

39 Veja as páginas 147-149.

40 Depois da publicação da Awake! [Despertai!] de 22 de Agosto de 1995, eu coloquei cópias da Declaration of Facts [Declaração de Factos] tanto em inglês como em alemão e uma cópia da carta que a Sociedade enviou a Hitler, junto com uma tradução para inglês, no Holocaust Museum [Museu do Holocausto] em Washington, D.C., onde estes documentos podem ser vistos e lidos pelo público.

41 Para uma visão geral sobre as doutrinas da Watch Tower a respeito das autoridades seculares, veja M. James Penton, 'Jehovah's Witnesses and the Secular State: A Historical Analysis of Doctrine' [As Testemunhas de Jeová e o Estado Secular: Uma Análise Histórica da Doutrina], Journal of Church and State 21:1 (1979), pp. 55-72.

42 WT, 1.º de Maio de 1996, p. 14. [Tradução do inglês]

43 Ibid. [Tradução do inglês]

44 Citado, com a permissão do autor, de um artigo agora em preparação para publicação, intitulado 'Theology and Art in a Sectarian Community' [Teologia e Arte numa Comunidade Sectária].

45 Creighton Law Review, 29:4 (Junho 1996), 1483-1516. Bergman também publicou recentemente um artigo importante, 'The Jehovah's Witnesses' Experience in the Nazi Concentration Camps: A History of their Conflict with the Nazi State' [A Experiência das Testemunhas de Jeová nos Campos de Concentração Nazis: Uma História dos seus Conflitos com o Estado Nazi], no Journal of Church and State, 38:1 (1996), pp. 87-113.

46 Estas incluem David A. Reed, ed., Index of Watch Tower Errors [Índice de Erros da Torre de Vigia] e Jehovah's Witnesses Literature: A Critical Guide to Watchtower Publications [Literatura das Testemunhas de Jeová: Um Guia Crítico para as Publicações da Torre de Vigia] (Grand Rapids: Baker Book House, 1993). Ainda não pude examinar o trabalho mais recente de Reed, Blood on the Altar [Sangue no Altar] (Amherst, NY: Prometheus, 1996).

47 O trabalho de Magnani tem sido feito através da Witness Incorporated.

48 Este livro e as outras publicações de Watters podem ser obtidas a partir de Box 3818, Manhattan Beach, CA 90266 U.S.A.

49 Páginas 479-488.

50 Nobel apresenta esta informação e fotocópias de registos da Gestapo assinados por Frost nas páginas 195-200 de Falschspieler Gottes. Esta informação foi revelada antes pela revista noticiosa alemã Der Spiegel na sua edição de 19 de Julho de 1961 [página 38, 39] sob o título 'Väterchen Frost' [Paizinho Frost].

51 Datada de 15 de Setembro de 1943, a declaração, traduzida para português [a partir da tradução para inglês], diz o seguinte:

'Toda a guerra traz inúmeros infortúnios sobre a Humanidade. Toda a guerra traz dilemas morais difíceis para milhares, sim, milhões de pessoas. Isto aplica-se especialmente a esta guerra, que não poupou qualquer canto da terra e sido espalhada através do ar, da água e da terra. Por essa razão, é inevitável que em tais tempos, não apenas os indivíduos, mas também comunidades de todo o género, sem querer ou deliberadamente, são falsamente suspeitas.

'Até mesmo as Testemunhas de Jeová não foram poupadas a este destino. Fizeram de nós uma associação, cujo objecto da actividade é descrito como "minar a disciplina militar, especialmente para obrigar ou enganar os recrutas para que se insubordinem contra as ordens militares, negligenciem ou recusem o dever ou se tornem fugitivos."

'Tal opinião só pode ser avançada por alguém que se equivoca completamente quanto ao espírito e actividade da nossa Sociedade ou que, apesar de ter um conhecimento melhor, distorce-o de forma malévola.

'Nós declaramos expressamente que a nossa associação não ordena nem recomenda, nem sugere de qualquer outra forma, que se tome acção contra as ordens militares. Perguntas desse tipo não são tratadas pelas nossas congregações nem na literatura publicada da Sociedade. Nós não nos preocupamos de todo com tais questões. Nós vemos os nossos assuntos [N. do T.: lit. negócios] como sendo unicamente prestar um testemunho a Jeová Deus e proclamar a verdade bíblica a todos os povos. Centenas dos nossos membros e concrentes realizaram o seu dever militar e continuam a fazê-lo.

'Nós nunca presumimos em tempo algum, e nunca o faremos, encarar a realização do dever militar, conforme está estabelecido pelos vossos estatutos, como uma ofensa contra os princípios e aspirações da associação das Testemunhas de Jeová. Nós pedimos aos nossos membros e concrentes, na proclamação da mensagem do Reino de Deus (Mateus 24:14), que se limitem estritamente à proclamação da verdade da Bíblia, e que evitem sempre dar base para mal entendidos, e certamente que nunca sejam mal entendidos como se estivessem a oferecer qualquer incitamento à insubordinação contra as ordens militares.'

52 Página 103.

53 Our Kingdom Ministry [Nosso Ministério do Reino] (edição dos Estados Unidos), Junho de 1982.

54 Antes de 1980, a Sociedade procurava publicidade para os seus congressos e construção de salões do reino. Durante a última década, a Sociedade tem sido muito menos activa na procura de tal publicidade porque esta tem dado aos críticos das Testemunhas a possibilidade de tornar conhecidas as suas opiniões através da imprensa e dos meios electrónicos.

55 WT, 15 de Março de 1986, pp. 12, 13.

56 Our Kingdom Ministry [Nosso Ministério do Reino] (edição dos Estados Unidos), Setembro de 1995.

57 Isto é evidente a partir da declaração juramentada do advogado James M. McCabe, director do Departamento Legal Americano da Sociedade Torre de Vigia. Nessa declaração, escrita em parte como resposta às preocupações expressas pela escritório da filial norueguesa, McCabe alega que existe uma rede de ex-Testemunhas de Jeová que têm tentado servir como testemunhas especialistas em casos de custódia de crianças contra pais Testemunhas. Ele cita os nomes de Jerry Bergman, Dwane Magnani, Raymond Franz e Paul Blizard -- todos ex-Testemunhas bem conhecidas. Contudo, as únicas pessoas que ele discute na sua declaração juramentada são Bergman e Magnani, que ele tenta descredibilizar atacando os seus backgrounds pessoais.

58 Sei disto por experiência pessoal. Quando eu estava a preparar um artigo sobre as Testemunhas de Jeová para a segunda edição da The Canadian Encyclopedia [A Enciclopédia Canadiana], o editor dessa obra recebeu uma carta de Eugene Rosam, dos escritórios da filial canadiana da Sociedade em Georgetown, Ontário, queixando-se sobre o artigo que eu tinha escrito para a primeira edição da enciclopédia, e dizendo que, como eu já não estava associado com as Testemunhas de Jeová, o editor devia encontrar uma Testemunha bem vista pela Sociedade para escrever o artigo sobre as Testemunhas. Rosam depois citou o exemplo da The Encyclopedia Americana [A Enciclopédia Americana], que tinha pedido a Frederick Franz para escrever o artigo sobre as Testemunhas de Jeová para a sua edição corrente nesse tempo. Depois disso, a Encyclopedia Americana contactou-me para substituir o artigo de Franz por um artigo escrito por mim. A edição corrente da Encyclopedia Americana contém o meu artigo, tal como também acontece com a terceira edição da The Canadian Encyclopedia [A Enciclopédia Canadiana].

59 Conforme Jerry Bergman observa, 'Jeff Atkinson, ex-Presidente da American Bar Association's Child Custody Committee [Comissão de Custódia de Crianças da Associação Americana de Advogados], concluiu em 1990 que as Testemunhas de Jeová provavelmente eram responsáveis por metade dos casos de custódia constestados que estão nos tribunais em todo o país.' Bergman, Creighton Law Review, p. 1488.

60 Newsletter de e-mail de Stephen E. Wolf, Novembro de 1995, sobre o estatuto das Testemunhas de Jeová na Alemanha.

61 Susan Alter, do Research Branch of the Library of Parliament [Filial de Investigação da Biblioteca do Parlamento], em Otava, realizou em 1992 um artigo (não publicado) para os membros do Parlamento, intitulado 'Jehovah's Witnesses, Disfellowshipping and Shunning' [Testemunhas de Jeová, Desassociação e Ostracização], cujas primeiras duas frases dizem: 'A ostracização ou assédio às anteriores Testemunhas de Jeová (TJ), por membros activos da seita, é um comportamento ordenado pelo corpo governante da igreja das Testemunhas de Jeová (cujo nome oficial é Watch Tower Bible and Tract Society [Sociedade Torre de Vigia de Bíblia e Tratados]). Sabe-se que a ostracização causa uma angústia emocional severa às Testemunhas afastadas, levando ocasionalmente até a suicídios.' Embora Alter no fim tenha decidido, depois de examinar a evidência, que no caso das ex-Testemunhas desassociadas, 'uma abordagem de auto-ajuda talvez seja mais eficaz, no fim do dia, do que perseguir meios legais', no seu artigo ela indica que a lei canadiana está a mudar de maneiras que podem permitir a ex-Testemunhas tomar acção judicial bem sucedida contra anciãos das Testemunhas e contra a Sociedade Torre de Vigia no futuro.

Depois da elaboração do artigo de Alter, vários membros do Parlamento, pertencentes tanto ao governo como à oposição, mostraram preocupação a respeito da desassociação das Testemunhas. Num caso recente em Vancouver, Colúmbia Britânica, um membro do parlamento estava tão preocupado que chegou a oferecer-se para estar presente numa reunião de desassociação [das Testemunhas de Jeová].

62 Alguns anos atrás, Støttegruppen for tidligere Jehovas Vidner (uma associação dinamarquesa preocupada com o apoio às ex-Testemunhas) contactou o Registertilsynets, a Autoridade de Supervisão de Dados Dinamarquesa, para se queixar de que acreditavam que a Sociedade Torre de Vigia estava a manter ficheiros contendo informação ilegal sobre Testemunhas de Jeová desassociadas. Em 1991, uma Testemunha indignada roubou vários ficheiros dos escritórios da Sociedade Torre de Vigia em Holbaek. Quando ele depois entregou estes ficheiros à polícia em 1995, o Støttegruppen pediu que o Registertilsynets examinasse esses ficheiros para se certificar de que a Sociedade não estava a manter informações ilegais sobre Testemunhas desassociadas, incluindo as razões porque foram desassociadas. Embora o Registertilsynets tenha permitido que representantes do Støttegruppen se encontrassem com representantes da Sociedade, e tenha insistido que a Sociedade desse passos em conformidade com a lei dinamarquesa para remover qualquer informação sobre as razões porque disciplinou ou desassociou alguém, devolveu os ficheiros à filial da Torre de Vigia dinamarquesa sem tomar acção adicional. Devido aos relatórios da imprensa, o assunto criou um sério embaraço para as Testemunhas de Jeová em toda a Dinamarca e Noruega.

63 Franz, Crisis of Conscience [Crise de Consciência], p. 343.

64 Ibid.

65 Para uma discussão deste assunto, veja Ruth A. Tucker, 'From the Fringe to the Fold', Christianity Today, 15 de Julho de 1996, pp. 26-32.

66 Jehovah's Witnesses: Proclaimers of God's Kingdom [Testemunhas de Jeová: Proclamadores do Reino de Deus] (Brooklyn, NY: Watchtower Bible and Tract Society e International Bible Students Association, 1993), pp. 83-84.


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